Eu não sei se os meus colegas de blogue conhecem o Douro.
Eu tive o privilégio de o conhecer nos anos oitenta graças a ter conquistado o coração de uma duriense. Desde essa altura que, num caso e noutro, o meu coração ficou aprisionado. Ao longo dos anos fui viajando por alguns lugares. Mas nada se compara ao Douro, aquele Douro justamente Património da Humanidade. Mesmo que a palavra Património seja um pouco deslocada da realidade. O Douro não é Património de ninguém, nem da Humanidade. O Douro é a mais universal das democracias, é o verdadeiro poder do Proletariado. É do Homem com h grande. É de todos e não é de ninguém. Confesso que não sei se existe Paraíso e Inferno, deixo isso para os entendidos mas se o Paraíso existe eu já o conheço, é o Douro. O Douro que caminha entre Barca de Alva e a Régua. É aquele que se encontra nos livros de Torga. É o que serpenteia pela estrada entre Folgosa e Valença do Douro, entre o Pinhão e a Quinta de Ventozelo e desta até S. João da Pesqueira. É o Douro da paisagem natural com mão do Homem, quente e seco, verde e castanho, do pó e do xisto, das mãos repletas de calos e de enormes sulcos que marcam anos e anos de vida enleados entre as videiras. É o Douro. O Douro do meu restaurante preferido (ESTE), do meu hotel de eleição (ESTE). O meu Douro.
No último fim-de-semana regressei ao Douro. Já não o via há muito, muito tempo. Já tinham passado talvez um quinze dias antes da última visita, uma eternidade. Fui matar saudades para o Pinhão. Se a viagem Pinhão – Valença do Douro – Castanheiro do Sul – Paredes da Beira – Penedono é absolutamente transcendente, imaginem fazê-la de noite, uma coisa indescritível que, valha a verdade, nunca antes tinha realizado. Foi de cortar a respiração. Se o Douro é o que é de dia, de noite é já coisa do divino. Não vos vou maçar muito mais com o Douro até por um motivo simples: qualquer descrição pecará sempre por defeito, o melhor mesmo é calçar os tamancos e “bute” para a estrada. Um roteiro? Ainda é cedo para vos guiar, terão de esperar. Em breve, em breve.
Deixo-vos com umas fotos tiradas no Pinhão. Aliás, vou-vos deixar com três fotos, tantas quantos os golos do Porto hoje, frente ao Nacional. Outra obra-prima da Humanidade este meu Porto e nem seria de esperar outra coisa. Senão reparem, onde desagua este belo pedaço de água a que chamam “de Ouro”?
No Porto, meus caros, sempre o Porto e a água é azul e branca a sua representação de pureza. Azul e Branca. Três bolas a zero. Pois.
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