ETICA E EDUCAÇÃO – 2ª PARTE (1)

ETICA E EDUCAÇÃO – 2ª PARTE (1)

Considerações sobre Ética e Educação social

Mais uma vez lembro que não sou especialista em Educação. Sou apenas um cidadão que se preocupa, receptivo a todo o tipo de crítica.

Falei atrás das minhas poucas esperanças e muitas angústias pois não acredito muito nas capacidades reflexivas dos povos. Que diferente seria a humanidade se os povos fossem ensinados a reflectir! Que diferente seria a História se os povos tivessem sabido reflectir! O conhecimento reflexivamente aplicado altera a vida no bom sentido, obrigando os indivíduos, as instituições e as organizações políticas, sociais e económicas a reformular os seus conceitos e valores. Isto é extremamente importante no actual processo de globalização.
Se alguma eficácia esperamos das nossas intervenções e das nossas vidas, ela começa a surgir na consciência da indispensabilidade de um movimento de abrangência nacional e internacional que defenda a dignidade das pessoas e a qualidade de vida a que têm direito. A ética da educação social começa, antes de mais nada, pela profunda reflexão sobre as condutas humanas, que leve à criação de um amplo processo educativo capaz de fornecer critérios seguros para a reconstrução do tecido de uma sociedade esfacelada pela miséria, pela violência, pelo belicismo imperialista, pela corrupção, pela injustiça, pela impunidade e pelo individualismo.
Ao invés do pensamento de alguns intérpretes da pós-modernidade, penso que o altruísmo está na base do comportamento social. Só há sociedade humana e solidária na medida em que cada indivíduo consagra uma parte do seu tempo e das suas energias em tarefas de interesse colectivo. Este altruísmo, um tanto biológico na origem, constitui uma predisposição para a construção das bases do altruísmo consciente, racional e moralmente indissociável da vida. As normas éticas são uma necessidade natural das sociedades humanas, embora não haja uma ética única, absoluta e universalmente válida, mas códigos éticos que mudam com os homens e as situações. Se não nos consciencializarmos de que a educação é um direito de todos e não um optativo bem de consumo, volto a dizer, é ridículo pensar-se em qualquer ética, até porque o campo da educação é hoje disputado por muitos e diferentes interesses e contraditórias racionalidades políticas e pedagógicas, decorrentes do profundo enraizamento de muitos dos responsáveis no sistema e com ele comprometidos. (Continua)

                          (manel cruz)

(manel cruz)

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