Afeganistão – Karzai realiza reformas?

A definição de loucura é fazer a mesma coisa, uma e

outra vez, e ficar à espera de um resultado diferente”

Einstein

 

“Não me façam rir”, foi o primeiro pensamento que me passou pela cabeça quando li esta manhã a notícia online “Visita relámpago em Afeghanistão: Westerwelle (o novo ministro dos Negócios Estrangeiros alemão) impele Karzai a realizar reformas”.

 

Foi mais uma daquelas notícias tão bombásticas como banais e ocas sobre mais uma das inúmeras tentativas inúteis de alterar coisas que assim não podem ser alteradas. E coloca-se a questão: quem afinal somo nós, o 1º mundo e membros do sistema de liderança da pax americana –  „God’s own Country“ and his partners in misleadership – (ainda) em exercício, para indicar àqueles países o caminho certo? Más que reformas, as mesmas que as nossas que ou surtem efeitos contrários ou ficam em águas de bacalhau? Quem somos precisamente nós, que segundo a nossa própria convicação não somos corruptos como o 3º mundo mas em realidade nos encontramos no centro da corrupção sem contudo nos darmos conta?

 

 

É chocante mas a verdade é esta: devido ao nosso comportamento sócio-económico de há décadas que nos faz agarrar com todos as forças nas coisas do passado, em realidade nos encontramos mesmo no centro do furacão onde reina a calma – a tempestade apanham os outros.

 

O quê, precisamente nós, os éticos, honestos e civilizados alemães e os nossos demais parceiros europeus e transatlânticos do 1º mundo, que como é sabido só queremos o melhor para o 3º mundo, padrinhos da corrupção? Não se trata de uma afirmação absurda e impertinente? Bom, para a grande maioria é, mas graças a Deus ainda existe a minoria daqueles que conta e que não se deixando confundir tem sempre presente a tal citação do Prof. Dietrich Dörner: “QUERENDO O BOM, CRIAM O CAOS”.

 

Se, portanto, quisermos convencer o Afeghanistão e a um crescente número de países que actualmente se encontram a caminho de “failed states” das vantagens de um sistema aberto, se quisermos dar exemplo, então primeiro teremos terminar a nossa própria marcha para um sistema fechado. É isso o que realmente importa resolver primeiro. Se isto for feito, todos os inúmeros problemas que afligem o mundo – economia, clima, fome, guerras, saúde, etc. – serão resolvidos mais facilmente. (O clima mudará de qualquer forma, com ou sem os nossos esforços para reduzirmos seja o que for. Todas aquelas vistosas cimeiras apenas desviam a atenção do essencial).

 

Todavia, em primeiríssimo lugar teremos que ficar conscientes do porque da nossa actual situação e das consequências dos nossos actos. Como já dizia Goethe?  "O mais dífícil de tudo é sempre o que parece mais fácil, ver o que está diante dos olhos". De facto, enquanto somos incapazes de “ ver o que está diante dos olhos" a crescente pressão de sofrimento que nos espera será de grande ajuda. E o aumento do mesmo encontra-se invariavelmente pré-programado.

 

Oxalá que consigamos dar a volta às coisas em breve. Caso contrário nos espera uma “Afeghanização”, ou seja, situações violentas parecendo em comparação as descritas pela “Brasilianização” do Prof. Ulrich Beck um tremor de baixa intensidade. Impossível de acontecer nas nossas bandas? Isto, porventura, os povos da ex-Iugoslavia, que vivem todos em plena Europa, também teriam pensado quando de repente nos anos 90 lá eclodiu a guerra civil e a barbárie.

 

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