Maria cheia de Graça ou Meu Bebé

 

Era um 25 de Novembro de um ano qualquer, mas poucos anos antes deste 25. Era de manhã. Deu imenso trabalho: a mãe já era crescida, antes haviam outras. Nasceu a rir, dizem por ai. À noite, nunca fazia barulho, apenas se tiver fome. Como acontece hoje em dia. A mais nova de quatro meninas, teve imensas mães para tratarem dela. Dizem que foi um acidente, mas nem por isso fatal. Era na aldeia, ao Norte de Portugal. O pai foi mudado, sociedade patriarcal, a família toda teve que ir trás o pai. Santo dia! Sair do Norte deste país onde o galo canta e bem, faz dos pintainhos limpar a terra até e passarem a ser raparigas ternurentas e trabalhadores.

 

 

 

 

 

 

 

 todas bonitas, serenas, gentis e colaboradoras umas com as outras. Todas estudaram e receberam o seu canudo das mãos de quem correspondia. Como a riqueza não era muita, trabalharam sem parar e apreenderam especialidades. E, entre trabalho e trabalho, iam nascendo crianças que concebiam com os seus homens. Homens compreensivos, mas manhosos. Maria Cheia de Graça não suportou e ficou só com a sua filha e a sua neta. E a tomar conta da descendência das mais velhas, mal podiam estar com ela, a descendência. Havia esse que mais amava e que, faz três semanas, a deixara para entrar na eternidade  e tomar conta dela desde esse sítio desconhecido para nós. Era um companheiro doce e querido tão inteligente, ou talvez ainda mais, que a tia. Entre eles não havia silêncio. Ele queria saber todo, ela que conhecia essa procura não conseguiu esperar e se especializou em saberes que o sobrinho adorava. Esse sobrinho especial, que desde o seu sítio por cima de nós, toma conta de todos, especialmente da mãe, da mãe da mãe e da tia mimada. Eram, ela, como ele, uma pura gargalhada que continua, em silêncio no dia de hoje, enquanto espera pela sua vez para vê-lo outra vez. Como ainda falta muito tempo, passou a esperar enquanto trata do seu cabelo, da família e dos seus seres queridos. Maria Cheia de Graça passou a ser uma Rapunzel. Homenagem que lhe rende quem apenas recebe favores dela, um Quixote a sua Dulcineia em dia de sol que comemora o seu aniversário à Bebé

Comments

  1. Nelson Diniz says:

    Está muito bonito. Acho que retrata na perfeição aquela que aprendi a amar como minha familia e, principalmente, alguém com um Amor tão Grande para dar que ainda teve espaço para “ter” mais um um “filho”. Uma Mãe fantástica e uma Mulher forte, âncora de muita gente, mas por muita gente agora apoiada. Beijos para ela e para si Professor

  2. Um texto muito bonito, professor. Há sempre espaço para mais um.

  3. Parece-me mais sério responder aos dois comentadores. Conheço bem ao Nelson Diniz, em pessoa, e ao Ricardo Santos, por e-mail. Agradeço a vossa simpatia de ler o meu texto, lamento não ter comentado no dia, mas, por engano meu, fiquei barrado , lamento. Sim, o título do [Error: Irreparable invalid markup (‘<em […] <a>’) in entry. Owner must fix manually. Raw contents below.]<br />Parece-me mais sério responder aos dois comentadores. Conheço bem ao Nelson Diniz, em pessoa, e ao Ricardo Santos, por e-mail. Agradeço a vossa simpatia de ler o meu texto, lamento não ter comentado no dia, mas, por engano meu, fiquei <EM>barrado </EM>, lamento. Sim, o título do <EM class=incorrect name="incorrect" <a>post</A> </A></EM>indica já o tipo de pessoa de quem falo. Se o Nelson está agradecido de ter sido adoptado pela Senhora de nome oculto por ser a minha íntima, O nome que criei, parece-me retratar a sua forma de ser. Tem andado, na realidade, pelas ruas da amargura,  mas sabe fazer como eu: não paramos de trabalhar porque o pensamento distrai da dura realidade do luto familiar. O Nelson não podia ter encontrado melhor mãe, porque Maria está chia de Graça e ri por todo ou por nada, apesar de, nestes dias, chorar amargamente pela morte de quem sabemos. Pessoa a quem dediquei ontem on textp especial, que a mãe agradeceu: Viver e morrer em Portugal. E a tiita, como era denominada pelo Luís, sirviu-lhe de bengala para su imensa perda. Nelson, não é qualquer mãe que aceita opções amorosas fora do hábito comum, eis porque a admiro, nem comenta. Soube de quem já não está, após ter partido. Têm sido dias pesados e pouco simpâticos. O Ricardo nada sabe de histórias pessoais nem eu vou dizer, mas se usou o adjectivo "lindo", é porque sentimentos foram mexidos em si. Um texto, com todo, nem é lindo nem feio: é. Passa a ser qualificado se as palavras manipulam os nossos sentimentos. E os vossos, são sentimetos gentis, de pessoas gnebtis, que devotam o seu tempo aos outros, como vó dois fazedes. Agradeço o comentário a um texto que foi uma surpreesa para a graça de maria. Se há qualquer coisa em ela, é essa graça, tão humana que, como muitos de nós, nem precissa divindade para andar como ser humano calmo e sereno. Lamento esta atraso, mas,,,nem podia recceber ou enviar comentários. Abraço aos dois e continuem a comentar os meus textos, se puderem… O vosso RI

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