Aniversário do nascimento de Salvador Allende. A Tencha o chora

Tencha chora morte marido

A conheci como Primeira-dama da República do Chile. Sempre bem penteada, bem vestida, magra, sorridente, amável e serena. Falava de forma cadenciada, com o seu sorriso sempre alegre, sem gargalhadas: uma Senhora. O seu marido, que era um pituco (betinho em Português Europeu), gostava de vê-la bem vestida

perfumada, mas sem pintura: devia ser o exemplo da mulher do povo chileno, que tinha sérios limites para comprar indumentária como Dona Tencha. Era, porém, parca na sua vestidura, mas elegante para o seu marido.

Tinha nascido em Rancagua, cidade situada no centro sul do Chile, a 22 de Julho de, 1914 e falecido em Santiago a 18 de Junho de 2009, seis anos após a comemoração do centenário do seu marido. Foi a última vez que assistira a uma comemoração pública, Seis anos depois, falecera aos seus 95 anos.

Coube-me o prazer da receber em Cambridge, por ser o chileno mais antigo n Grã-Bretanha, ter boas relações com o Primeiro-ministro Billy Callgham, quem a tratara como a toda Primeira-dama, um apoiante de Allende, da sua família, e do povo chileno. Com ele, entramos mais do que trezentos chilenos a morar nas ilhas, com trabalho e bolsas para estudos, outorgadas pela instituição do World University Service.

Em Cambridge ficara em casa do amigo de Allende, o seu Embaixador César Bunster e a sua mulher Raquel Parot.

Foi ai que reparei que o estipêndio concedido pelo Presidente do México, tinha acabado junto com a sua presidência. O sucessor de Echeverria era de outra ideologia. Começamos a juntar moeda para a sustentar e, na nossa Universidade, reparei que, de forma digna, tentava ocultar os buracos das mexias, manter a sua única indumentária limpa e elegante. Falei com as minhas amigas Mónica Echeverria Yáñes de Castilho, a mulher do meu antigo Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Chile, aos que asilara e conseguira trabalho como Catedrático na nossa britânica Universidade. Raquekl Parot não precisava, estava asilada já na ruiva albeão, como mulher do Embaixador exilado pela ditadura chilena.

Em silêncio e discrição, elas e a minha mulher, compraram a vestimenta apropriada e nunca contaram a ninguém. A Tencha ficou vestida como correspondia a sua hierarquia de Primeira-dama, não apenas para Cambridge, bem como para muitos anos da sua vida.

Era assim querida a Tencha, os dinheiros oferecidos eram por poucas pessoas e em segredo. Coube a Senadora Isabel Allende Bussi, manter a família, em conjunto com a filha adoptada, a sobrinha Isabel Allende Llona.

A seguir esses dias, nunca mais a vi, mas no meu coração guardo um carinho especial por tão valente e convicta mulher.

11 de Setembro de 2011

Comments

  1. Raul Iturra says:

    Texto escrito no dia devido.O Presidente Allende foi obrigado a matar-se no dia do levantamento da burguesia chilena, intermediada pelas Forças Armadas, para evitar uma guerra civil. Primeira-dama tornava de uma viagem a representar ao seu marido. unca mais o viu nem vivo nem morto. Andou pelo mundo a proferir as ideias socialistas chilenas e os factos que fizeram do seu marido o melhor Presidente do Chile . Tornou ao país ao começo da rebelião popular contra a ditadura, bem mais dura que a do Hitler. O plebiscito foi ganho e o ditedor faleceu velho, reu de crimes provados. Doña Hortênsia o amou sempre. Como Primera-dama que sempre foi, foi ao aniversário do seu marido. A última vez vista na rua. Dois anos depois, falecia ela. Poe-s apreciar na imagem a sua angústia de viúva, o que me inpirara este texto. Infelizmente
    os colegas Aventar, que não permitem que eu publique os meus , atrasarm dois este louvor para a Tebcha.

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