O lobo com pele de Coelho

São várias as razões, das altruístas às egoístas, que me levam a pensar em todo o vernáculo que deveria usar para exprimir aquilo que penso e aquilo que sinto, duas coisas que normalmente distingo, ao contrário do que acontece hoje, depois de ter sido, mais uma vez, roubado pelo mesmo bando que me anda a roubar há mais de trinta anos, alternando siglas. Passos Coelho nem sequer é o macho alfa da alcateia, é apenas um pobre roedor que os chefes mandam à frente.

Entretanto, podemos ver aqui alguns pobres assalariados que têm andando a perorar sobre a necessidade de nós, os outros, fazermos sacrifícios, sempre sentados no dinheirinho que têm retirado da máquina registadora, antes, quando estavam na gerência, e agora, quando mandam no gerente.

Ao melhor estilo abrantino, agora em tons laranja, Pedro Correia repete um refrão já conhecido: a culpa foi dos outros antes de nós. Os que se aproveitaram das corporações, sem sequer disfarçar o cheiro salazarento, exigem que o povo aguente. Pois.

De repente, apetecia-me que o voto deixasse de ser secreto e que os votantes se submetessem a pagar o dízimo exigido por aqueles que elegessem, já que tanto acreditaram que esta seita iria resolver-lhes a vida. Pela minha parte, vivo com a consciência tranquila: eu não tenho culpa, não votei neles. Em nenhum deles.

OGE 2012: Ter razão antes de tempo, mas…

Parecerá auto-elogio ou excesso de auto-estima. Mas não é. Com um misto de tristeza e de dever cumprido, escrevi duas horas antes da comunicação de Passos Coelho, às 20 horas, um ‘post’ com o título:

OGE de 2012, um instrumento criminoso do governo (e do PS?)

Designei, antecipadamente, o OGE de 2012 aprovado pelo Conselho de Ministros de criminoso, por saber a tempo que estava a ser perpetrado um autêntico crime contra as classes trabalhadoras em geral, funcionários públicos à cabeça, pensionistas e outros beneficiários de prestações sociais, caso dos desempregados.

Aos trabalhadores da função pública e aos pensionistas que auferem mais de 1.000 euros mensais, o governo de Passos Coelho decidiu eliminar o pagamento dos subsídios de férias e de Natal em 2012 e 2013. Curiosa e triste, a audácia de anunciar uma medida que vai afectar centenas de milhares de cidadãos em 2013, quando a comunicação se destinava a noticiar medidas do Orçamento Geral do Estado de 2012. Contudo, a falta de decoro dos nossos governantes, destes e de outros que há 35 anos nos governam, é efectivamente um fenómeno endémico dessa gente.

Em suma, e infelizmente, no ‘post’ antes referido, tive razão antes do tempo, ainda que por defeito. Omiti o corte radical dos subsídios de férias e de Natal.

Não me orgulho do feito. Preferia ter errado e não sentir o forte sentimento misto de revolva contra o governo e de solidariedade com muitos concidadãos, grande parte dos quais passarão a viver em condições ainda mais penosas.

Caminhamos aceleradamente para ser gregos. ABAIXO O GOVERNO!

Declaração ao País – Medidas de Austeridade

(Audio dessincronizado – as minhas desculpas – Resumo das medidas depois do corte)

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Revolution Solution (2)


Banda sonora original… para os dias do Fim…”… escrevi há quase um ano.

Insisto na Solução. Revolução (mas desta vez sem a paneleirice das flores no cano das espingardas).

Pedro Passos Coelho – Best of 2010-2011


Durante 2010 e 2011, Pedro Passos Coelho disse que sim, disse que não e disse o contrário. Durante várias semanas recolhi, compilei e compus as melhores declarações deste extraordinário homem. Hoje, tenho o prazer de apresentar os melhores momentos de Pedro Passos Coelho (e o Rodrigo Moita de Deus há-de desculpar o roubo descarado deste texto).

Adenda: Especialmente esclarecedoras as afirmações deste extraordinário homem, nos últimos 2 anos, após a declaração ao país acerca do Orçamento de Estado para 2012.

OGE de 2012, um instrumento criminoso do governo (e do PS?)

O actual governo, na senda do neoliberalismo e insensibilidade social cultivados ao jeito de gente que se ajeita a benefícios próprios e enjeita servir os interesses legítimos da maioria da população, ignora deliberadamente a distinção entre o bem e mal – o objectivo é acomodar-se a interesses dos privilegiados, um economicismo que o idiota útil António Barreto, em termos contraditórios, abomina, da forma aqui  ilustrada.

No ideário governativo, e em sectores que o apoiam, os seres humanos reduzem-se a objectos e o dinheiro é o valor supremo da vida. Barreto está de acordo, embora se esforce, sem sucesso, por demonstrar o inverso. Deixemos, por aqui, o “anti-epitáfio” do ex-militante do PCP, do PS, aliado da ‘Aliança Democrática’, funcionário público durante muitos anos e agora reconfortado com a presidência da Fundação Manuel Soares dos Santos, reconhecendo, embora, o mérito de ter criado a ‘Pordata’, fonte de base de dados de valor inquestionável.

Regressemos, pois, à acção governativa e ao OGE de 2012. Segundo notícias do “i”, “Expresso” e “Público”, as medidas orçamentais ultrapassarão em 60% os objectivos do memorando da “troika”.

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E agora, algo completamente diferente: o “ganço”

Desde há uns anos que me apercebo da decadência do serviço de tradução com que somos brindados em filmes, séries documentários, etc.

A tradução é uma actividade interpretativa e não meramente mecânica.

O que se assiste, cada vez mais, é a legendas resultantes de uma tradução meramente literal, sem preocupação interpretativa ou análise semântica sequer. E, pior, os erros de escrita, estão cada vez mais presentes. Ainda a semana passada, li numa legenda de um filme, a palavra “ganço”.

Parece-me que o que se passa nas traduções, é apenas um sinal do declínio com que se trata a palavra escrita. Sinal que se estende a anúncios e até mesmo à imprensa. E os vícios do dialecto das mensagens de telemóvel em que petizes e adolescentes são mestres, não vão ajudar muito a melhorar as coisas no futuro, não.

Um dia, a tecnologia banirá a esferográfica e o corrector ortográfico brilhará para todos nós.

A História a ele não lhe assiste?

Pelo Paulo Guinote fico a saber de uma ameaça de poupança administrativa que

passará por corte nas aulas de História e Geografia e fim da segunda língua estrangeira obrigatória.

O que sai nesta altura do campeonato no pasquim de todos os governos, vulgo Diário das suas Notícias, pode ser muita coisa, de areia para os olhos a aviso prévio. Jornalismo ali há pouco, muito pouco, e sempre foi assim.

Ou se quiserem: não me apetece despertar hoje o corporativo que também há em mim. Até porque só um idiota chapado faria uma destas, levando em cima com todos os que têm formação em História (somos mesmo muitos, e somem os de Geografia, menos é certo, mas igualmente espalhados pelas mais diversas profissões) sejam ou não professores no activo, e com todos os que muito simplesmente teimam na mania de se pensarem portugueses. Embora tipos que evoluem da Economia para a matematicazinha (não estou a dizer mal da Matemática, que como todas a ciências sérias tem tronco grande mas também ramificações e ramos muito menores) sejam potenciais candidatos a mandar uma artilharia destas para o pé, com danos imediatos no corpo todo.

A acontecer também se pode interpretar como um discreto pedido de demissão, por vezes as pessoas acordam e descobrem que não nasceram para ministro. Se eu me chamasse Nuno Crato, ou não tinha dormido todo o mês de Setembro, ou já teria acordado assim.

Morreu Dennis Ritchie

Morreu Dennis Ritchie, aos 70 anos. Este sim, um verdadeiro génio da ciência e tecnologia. Foi o criador da linguagem de programação C e foi uma influência importantíssima no desenvolvimento do UNIX.

Poderão nunca ter ouvido falar nele, mas todos usamos de alguma forma o seu trabalho, todos os dias.

Porque não vou à manifestação no sábado

15 de outubro não vou nem a Angra do Heroísmo – Praça Velha (ainda apanhava o anti-ciclone dos Açores), nem a Braga – Avenida Central (só se for o Arcebispo), nem a Coimbra – Praça da República (ainda se fosse na Baixa), nem a Évora – Praça do Sertório (está muito calor), nem a Faro – Jardim Manuel Bivar (ainda deve estar pior) nunca a Lisboa – Marquês de Pombal (livra) ou ao Porto – Praça da Batalha (que horror).
E tu,  que desculpa vais arranjar?

Ainda Hortênsia Bussi Soto de Allende

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4 de Novembro de 1970, assume o seu cargo o Presidente Salvador Allende, com Tencha, a Primeira-dama

dedico o texto ao meu irmão mais novo, o Engenheiro Florestal e Agrónomo, que hoje está de aniversário, amante de História como ciência, licenciatura que também cursara com proveito, Presidente das Juventudes comunistas do Chile, antes, hoje em dia Conselheiro do PCCH…

A primeira Parte deste texto foi enviada ao sítio que corresponde. Reescrevo este outro, sobre os mesmos factos, para demonstrar, comparando textos diferentes, sobre factos semelhantes, como a História se engana nos factos.

A imagem que escolhi é do dia 4 de Novembro de 1970, data da tomada de posse do cargo de Presidente da República do Chile, do médico socialista Salvador Allende, como a mulher que sempre o acompanhou ao longe da sua vida, nomeadamente durante as campanhas políticas da sua vida, desde Deputado a Senador e nas quatro corridas  para a presidência da República. Foi a Tencha, alcunha dada pelo povo a hoje Primeira-dama, que o fez triunfar e ser eleito para o cargo. Fez, como era habitual desde os seus vinte anos ela, com vinte e quatro anos ele, quem o ajudara a governar, uma compincha amante do seu marido até o delírio, e vice-versa. As adversidades de governar, eram saradas pela sua mulher, a sua eterna embaixatriz em todos os sítios necessários, dentro e fora do Chile, arrecadando popularidade e apoio humano e económico, que permitiram esses quase três anos de Presidência.  O acompanhou até no dia do seu forçado suicídio, sem poder estar com ele na morte, por que essa única ditadura chilena, de uma República libertada a sangue e fogo em 1810-1818, não o permitira. [Read more…]