Cuidado com as poupanças

São cerca de 30 milhões de Euros, a dívida do Ministério da Justiça aos advogados que prestam apoio judiciário a quem não tem dinheiro para pagar custas judiciais ou honorários.

Além da questão da dívida em si – que só reforça a mentalidade caloteira enraizada no nosso país, da qual o Estado é o maior responsável pelo exemplo que dá -, está em causa saber qual o modelo que o presente Governo quer implementar? Qual o sistema de protecção jurídica para salvaguardar os mais desfavorecidos, num país onde as custas judicias são próprias de um serviço de luxo?

A criação da figura de Defensor Público em detrimento do pagamento dos serviços prestados por advogado, representaria um perigoso retrocesso em sede de cidadania: o cidadão mais desfavorecido deixaria de poder contra com os serviços de um profissional liberal, independente, sujeito a disciplina ética e deontológica, para passar a ser servido numa lógica de funcionalismo público, com os clássicos horários de atendimento e sem quaisquer garantias de totais independência e responsabilidade. [Read more…]

Académica-Porto, dramas existenciais à beira do paradoxo

À 7ª jornada a Académica tem um complicado drama existencial: se ganha, arrisca-se a perder o treinador. E não me parece que ficar com o Vítor Pereira em troca seja boa ideia. O FCP tem outro: se ganha arrisca-se a continuar com o mesmo treinador, o que se demonstra jogo após jogo ser uma péssima ideia.

Isto não me facilita nada a vida, que sou da Académica desde pequenino e do Porto depois de grandinho, e pese embora normalmente duas vezes por ano a força do primeiro amor, hoje, está decidido, nem o relato ouço, lá perde a minha RUC dos mais facciosos e brilhantes relatos da rádio portuguesa* um ouvinte.

* e onde não é habito escutar-se aquele pleonasmo tantas vezes repetido de “Académica de Coimbra”. Entre outras coisas, em Viseu há, ou houve, um Académico, o que não é bem a mesma coisa.

700 manifestantes detidos em Nova Yorque

Antes que venha a conversa do anti-americanismo, venho eu com a conversa dos burros e das palas e, também, com aquela do maior cego ser o que não quer ver. A América (EUA), que andou décadas a celebrar a liberdade de expressão, a “exportar” democracia e a “ensinar” valores ao resto do mundo, parece ter-se esquecido da sua história e da sua Constituição.

Hoje foram detidas 700 pessoas numa das manifestações que, como temos visto, os grandes grupos de media procuram ocultar.

Voltando ao tal anti-americanismo primário de que não padeço: quem ouve os discursos dos líderes americanos (internos e externos) e os compara com as suas práticas (internas e externas) acha que actos e palavras não batem certo. E não batem mesmo.

A partir do minuto 5.17 vê-se como a imprensa é “convidada” abandonar o local.

Uma boa notícia para as árvores

O lançamento pela Amazon de um Kindle (leitor de e-books, ou livros digitais, não confundir com tablets) é um salto na progressiva substituição do livro em papel pelo livro digital. Adeus Gutenberg, o suporte de leitura mudou, numa revolução só comparável à da impressão em papel substituindo a cópia manual em pergaminho.

Isto é possível (pese que o baratucho só está disponível nos States e inclui publicidade no screensaver) porque a Amazon vende livros, e quem adquirir este produto estará agarrado a comprá-los à Amazon. Quem quiser fornecer-se onde lhe apetece continuará a pagar mais, mas o preço vai rebentar com o mercado. E com os velhos livros em papel também.

Uma boa notícia para as árvores dos países produtores de papel. Se pensarmos no custo de produção de um livro digital, uma boa notícia para a leitura também.

Na mesma data o mundo dos tablets também mudou, mas sobre isso recomendo que leiam este artigo do José Freitas.

Occupied States of America

Duas semanas depois a comunicação social portuguesa descobriu que Wall Street tinha uma acampada. Foi preciso a polícia deter 700 manifestantes. Mais uns dias e ainda descobrem os Occupied States of America:

(fonte da imagem)

Já faltou mais para serem todos. O movimento dos 99% cresce tipo bola de neve. É sabido que estas também derretem, mas mesmo que apenas 1% se manifestem pelos 99% que pagam a crise sem pertencerem à ínfima maioria que a provocou, vale a pena. I ♥ America.

Merecem brinde

Confirma-se a existência de um desvio no processo de consolidação orçamental. Palavras do deputado do PS João Galamba.

TOMA LÁ: Andou a dormir na forma. Este especialista acorrentado acordou de coma profundo.

António José Seguro, disse este sábado que a conferência de imprensa do ministro das Finanças sobre a situação financeira na Madeira se tratou de uma  maquilhagem feita para proteger eleitoralmente o PSD na Madeira.

TOMA LÁ: Esconda as mãos. Será melhor que o Dr. Seguro abra uma rede de salões de estética unisex espalhados pelo país. O investimento está feito bastando descer à arrecadação do seu partido e dar aproveitamento aos equipamentos de maquilhagem grossa que se amontoam inúteis e que o contribuinte paga. [Read more…]

Coitus Interruptus

Senhor ministro da educação,

Imagine que lhe prometem um prémio (por exemplo, uma reforma antecipada por bons serviços prestados ao Bem da Nação) se atingir determinado objectivo à frente do seu ministério. Por exemplo, se conseguir aumentar o nível de credibilidade do sistema de ensino, o Estado entrega-lhe um prémio (qualquer, ainda que de valor pouco mais que simbólico) em mãos, numa cerimónia perante a comunidade escolar.

Volvido todo um ano de empenho, esforço e expectativa, o senhor ministro sai de casa, apanha o transporte público para chegar à escola que o viu dedicado durante todo o ano lectivo já vencido; sai de casa animado porque vai receber um prémio prometido e merecido porque cumpriu e até superou objectivos.

O senhor ministro da educação entra na escola para receber o prémio e descobre que um ministro da educação, que ali está para lhe entregar o merecido prémio, deliberara entretanto suspender a entrega dos prémios já conquistados no ano lectivo anterior.

Como se sentiria o senhor ministro?

Quem o Ouvir Não é Mouco

“O pecado da Madeira foi saber aproveitar a autonomia de quem quis continuar a ser português”

Jardim entende que “o pecado da Madeira foi saber aproveitar a autonomia de quem quis continuar a ser português” no processo depois do 25 de abril.

“Porque não optámos pela independência, mas por ser portugueses, embora com autonomia própria”, frisou, acrescentando que, “se calhar, Lisboa ficou aborrecida com isso. Se pudesse queria entregar tudo. Ia a Madeira, Açores e as Berlengas”.

“Angola tem petróleo, ouro e diamantes, mas Lisboa continuou a mandar-lhes dinheiro e a pagar dívidas”

Para Jardim, “o pecado da Madeira foi primeiro ganhar autonomia política, quando as antigas colónias romperam com Lisboa”, acrescentando que o Estado português “continuou a mandar-lhes dinheiro de graça”.

Mencionou que “Angola tem petróleo, ouro e diamantes, mas Lisboa continuou a mandar-lhes dinheiro e a pagar dívidas”.

Referiu mais uma vez que decidiu aumentar a dívida da Madeira para evitar que a região parasse, destacando que esta “tem património. Tem ativos. Não comeu e bebeu o dinheiro. Não gastou em subsídios. Não está como as empresas públicas, que só têm coisas velhas no seu património”.

“Por que é que o Estado português continua a esconder a quantidade de dinheiro que direta e indiretamente dá às colónias desde 1974”

O candidato do PSD-M questionou “por que é que o Estado português continua a esconder a quantidade de dinheiro que direta e indiretamente dá às colónias desde 1974 e só fala da Madeira?”, justificando a pergunta com o argumento de que o Governo Regional “pôs tudo clarinho cá fora”: onde estão as dívidas e onde gastou o dinheiro.

“Onde está a dívida direta do Estado?”, interrogou.

In Expresso 2/10/2011