A Fenprof paga a traidores?

Mário Nogueira é presidente do meu sindicato e da Fenprof. Nunca com o meu voto, pela simples razão de ter por princípio não votar em listas únicas, seja onde for, assim não fosse e nos 20 e tal anos de sindicalizado logo se teria visto. Temos as nossas divergências, tem os seus defeitos mas também qualidades muitas vezes obscurecidas pela espuma da propaganda dos governos e dos preconceitos sobre os militantes do PCP.

Nunca imaginei que esta fotografia oficial fosse sonhada pelo pior dos seus adversários, sobretudo porque tirada em plena campanha eleitoral.

Constato que uma das qualidades que lhe reconhecia, intuição, faro, traquejo, chamem-lhe o que quiserem, político, desapareceu. Não tenho dúvidas de que vai pagar por isto mais dentro do seu partido que fora dele.

Prefiro ler este acontecimento como mais uma demonstração da velha máxima: a profissionalização dos sindicalistas mata o sindicalismo, e pelos vistos os próprios sindicalistas.

Quanto ao Sindicato dos Professores da Madeira ou explica muito bem explicadinho onde arranjou tanto euro para a sua fantástica sede, ou deve ser imediatamente corrido da Fenprof. Assim seria, não fosse ser-se sindicalista uma profissão em Portugal.

Bolsa de Recrutamento de Professores: Critérios feitos à medida


Denunciei há poucos dias uma das maroscas habituais dos Agrupamentos de Escolas para contratar professores através da Bolsa de Recrutamento: estabelecer critérios feitos à medida de alguém que se quer contratar. Nem de propósito, apareceu há pouco tempo na net um manifesto contra a forma como as ofertas de escola estão a decorrer.
O exemplo que trago hoje chega a ser escandaloso. O Agrupamento de Escolas de Rates (Póvoa de Varzim) colocou um anúncio na Bolsa de Recrutamento para um professor de Inglês. Os critérios, para além de já ter leccionado no Agrupamento (mais importante do que ser profesor de Inglês), são de rir: ser Licenciado em Línguas, Literaturas e Culturas – Perfil Bidisciplinar de Português e Inglês pela Faculdade de Letras do Porto; e ter o Curso Superior de Tradutores-Intérpretes do ISAI.
Uma explicação: o curso de Línguas, Literaturas e Culturas – Perfil Bidisciplinar de Português e Inglês, ministrado pela FLUP, curso pós-Bolonha, é muito recente e não há muitos alunos que o tenham concluído. Ora, se é para leccionar Inglês, por que razão excluir desde logo todos os milhares de licenciados em Línguas e Literaturas Modernas, variante Inglês, um curso que existe há várias décadas?
Mas para que não existam surpresas de última hora, ainda se pede ao candidato ao horário que seja licenciado em Tradutores-Intérpretes pelo ISAI, esse magnífico Instituto Superior. Para quê um curso de Tradutores para leccionar Inglês ao 3.º Ciclo?
E quantos candidatos a professores serão ao mesmo tempo licenciados em Tradutores-Intérpretes pelo ISAI e em Línguas, Literaturas e Culturas – Perfil Bidisciplinar de Português e Inglês pela FLUP? Provavelmente, um. Exactamente, esse mesmo.

Outra república, outro feriado. Mais uma moeda, mais uma voltinha.

Nem só na república portuguesa houve festa, ontem. Na república da Chechénia também foi dia feriado. O presidente Ramzan Kadyrov, por acaso (e só por acaso, claro, que isto de repúblicas é tudo por mérito e sem segundas intenções) filho do anterior presidente Ahmkad Kadyrov, gastou à fartazana para assinalar o seu dia de aniversário. Sob a desculpa de que se tratava da inauguração de um dos maiores empreendimentos imobiliários do país o presidente Kadyrov (filho) não olhou a despesas para levar a Grozni figuras como Kevin Costner, Hillary Swank, Jean-Claude Van Damme, Seal e Vanessa Mae, entre outros. Estas criaturas, que entre os desfiles nas passadeiras e revistas e os fundos de caridade e beneficência, se vendem a ditadores e presidentes de países com economias emergentes, foram a correr à Chechénia para bater palmas ao ex-guerrilheiro e, pelos vistos, aprendiz de feiticeiro – já que como muitos dos seus amigos republicanos de Cuba, do Chile, da Líbia, da Síria, etc., faz desaparecer os opositores “por artes mágicas”. E assim se comemoram as repúblicas, sempre tão democráticas e sem sinais de consanguinidades e hereditariedades. Umas com 101 anos, outras com menos, mas todas movidas pelos mesmos interesses.

A Grande Ameaça

Os representantes de uma esquerda bafienta, que ainda por cima são, irritantemente, apelidados de “grandes senadores”, numa tentativa de justificar e branquear as suas gigantescas incompetências, encontraram a grande ameaça: “O RECUO CIVILIZACIONAL“!

Sem sequer entrar na discussão do que é, verdadeiramente, um “avanço civilizacional”, não deixa de ser, no mínimo, repulsivamente imoral que os grandes responsáveis por este imenso buraco venham agora acenar com o “grande papão”, como se fosse possível prolongar, nem que seja mais um dia, uma situação suicida.

O que não vão seguramente assumir é que pelo facto de, criminosamente, terem insistido e protegido uma ideia de Estado completamente irreal e insaciável, além de terem posto em causa todo os “avanços civilizacionais”, quer os verdadeiros quer os que eles defendiam, no entretanto, colocaram-nos no auge da evolução a que qualquer civilização pode aspirar: A MISÉRIA!

O Silva das Vacas

Algumas das reminiscências da minha escola primária têm a ver com vacas. Porque a D.ª Albertina, a professora, uma mulher escalavrada e seca, mais mirrada que uva-passa, tinha um inexplicável fascínio por vacas. Primavera e vacas. De forma que, ora mandava fazer redacções sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca. A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo. Um dia, o Zeca da Maria “gorda”, farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudava no trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra forma. E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:

“A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda. [Read more…]

Prémio Nobel da Literatura para o poeta Tomas Transtromer

A Academia Nobel decidiu premiar o poeta Tomas Transtromer com o prémio Nobel da Literatura 2011. Praticamente desconhecido em Portugal, com apenas alguns poemas traduzidos e dispersos (alguns a partir do castelhano), Tomas Transtromer é, curiosamente, um conhecedor de Portugal, como descobri aqui. Com a devida vénia a Sylvia Beirute e ao poeta e tradutor Luis Costa, eis um poema significativamente intitulado “Lisboa”

LISBOA
No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas
subidas.
Havia duas prisões. Uma delas era para os gatunos.
Eles acenavam através das grades.
Eles gritavam. Eles queriam ser fotografados!
“Mas aqui”, dizia o revisor e ria baixinho, maliciosamente,
“aqui sentam-se os políticos”. Eu vi a fachada, a fachada, a fachada
e em cima, a uma janela, um homem,
com um binóculo à frente dos olhos, espreitando
para além do mar.
A roupa pendia no azul. Os muros estavam quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde, perguntei a uma dama de Lisboa:
Isto é real, ou fui eu que sonhei?

O dia em que o Estado me defendeu

Fui recentemente alvo de protecção estatal, a qual se concretizou no pagamento à Câmara Municipal de Sintra de diversos emolumentos. Para se ter uma ideia do que se está a falar, aqui fica uma amostra:

m.l. = metro linear; lista completa

Portanto, para me proteger – é para isso que estas coisas existem, não é? – preparar-me para o Inverno (algerozes, ter uma sebe com uma regueira que escoe as águas pluviais e arranjar um abrigo para um cão) ficar-me-ia neste exemplo, em cerca de 75 euros (considerando os 25 € a pagar pela “comunicação prévia”). Tive ainda que perder um dia de trabalho para seguir os trâmites que lhes permitam dizer que isto não é apenas extorsão. Ao menos que arranjassem um NIB e que se deixassem deste faz de conta. O resultado era o mesmo e sempre melhorava a produtividade nacional. Mas se calhar eu ficava mais desprotegido…

Portugal, República em permanente transição. A Troika

povo-unido.jpg

Em textos diferentes, tenho arguido que Portugal, como país, tem sido uma estrutura em permanente mudança. Mudanças que pretendo narrar en breves linhas desde o dia de hoje até à implantação da República. Para fazer do texto um ensaio leve, como as empresas de seguro, muito damos, pouco recebemos, digamos que é andar como o caranguejo, sempre para trás. [Read more…]

O 5 de Outubro à moda de Coimbra

Em Coimbra houve duas comemorações. A da República teve a representar o Município a sua vice-presidente, historiadora de profissão.

Aproveitando a data, um grupo excursionista de talassas veio comemorar o Tratado de Zamora, com que datam a fundação de Portugal (tolice pegada, ou consideramos a batalha de S. Mamede como a primeira tarde portuguesa ou o reconhecimento papal, afinal o suserano dos suseranos à luz do direito do tempo). A recebê-los, abrindo as portas da autarquia, esteve o presidente da Câmara, João Paulo Barbosa de Melo.

Estas coisas têm a sua lógica. Uma coligação PSD/CDS/PPM venceu as últimas eleições, numa lista encabeçada por Carlos Encarnação, que já cumprira dois mandatos. Decidiu entretanto reformar-se, e o segundo candidato herdou o seu lugar. Também podia acrescentar umas coisas sobre carreiras políticas feitas à sombra familiar, incluindo lugares em listas de deputados, mas nem vale a pena, está tudo explicado.

fotografia indecentemente expropriada a um amigo no facebook

Morreu Steve Jobs

Morreu Steve Jobs, pai e padrinho de muita da mais bela tecnologia do mundo moderno.

Parabéns, Res Púdica!

Parabéns, vaca que te ris!

%d