A EDP continua a apagar as mensagens politicamente incorrectas do seu mural fendido.
“O distrito (Bragança) está transformado num estaleiro, com empreitadas em simultâneo de estradas e barragens que representam um investimento sem precedentes no Nordeste Transmontano, superior a 1500 milhões de euros, só na fase de construção.”
Mais de meio século após o início da construção das grandes barragens do rio Douro, uma parte substancial do “povo” (essa coisa) de Trás-os-Montes ainda acredita na lenga-lenga apregoada por uns senhores da Rotunda do Marquês que vem à televisão garantir que as barragens são o progresso, são o futuro, garantem muito emprego (milhares de postos!).
Então como se explica que os municípios ribeirinhos sejam os mais pobres de toda a província, quando geram, pela força das suas águas, lucros de milhões de euros a uma empresa maioritariamente privada, a quem o Estado garante, por via da Entidade Reguladora do Sector Energético, o direito de aumentar as tarifas quanto importe?
Perante tão obtusa falta de memória histórica, alguns autarcas colocam-se mesmo em bicos de pés, apregoando os benefícios das barragem. Por exemplo, o democraticamente eleito presidente da autarquia de Alijó garante que o rio Tua, depois de sequestrado pela anunciada barragem-maravilha, vai ficar com “um espelho de água extraordinário“, o “turismo de natureza”, “um espaço museológico”, “um turismo diferente”, “a paisagem”, “quatro núcleos museológicos”.
Entretanto, e voltando ao mundo real, enquanto estas inimputáveis personalidades apregoam as maravilhas das barragens (parecendo esquecer o que não-aconteceu desde os anos 50), as notícias dão conta que Trás-os-Montes continua tão pobre, tão desempregado, tão emigrado, tão espoliado como antes…
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