Elisabete Figueiredo
O esmagador mistério da fé torna-se maior quando visitamos igrejas
A manhã vai dedicada às igrejas. Apesar de agnóstica ou lá o que sou, sempre gostei de igrejas e tenho visitado milhares em toda a parte. Sinagogas, igrejas católicas romanas, ortodoxas, reformistas, franciscanas, evangélicas… Mesquitas não, por dificuldades, à falta de melhor expressão, técnicas. Numa manhã visitei 5 igrejas de religiões diferentes. Em todas elas o mesmo deus, creio, a existir. A mesma fé, o mesmo mistério, a mesma submissão voluntária dos Homens a qualquer coisa que talvez entendam. Eu não. Mas tenho inveja, sei-o bem, destas pessoas que têm esta fé. Talvez aceitem melhor tudo. A vida. O que acontece. A morte.
Não tendo esta fé, gosto assim mesmo de igrejas. Acabei de o dizer. São lugares onde outras pessoas materializam o que eu jamais saberei sentir. Em havendo deus, estaria em todos estes sítios. Ou não. Em havendo deus talvez estivesse sossegado, a pescar, em qualquer parte, cofiando a barba (deus terá barba, seguramente) muito pensativo. Talvez fumasse cachimbo (o meu deus começa a parecer-se com o Hemingway. É capaz de haver comparações piores). Ou se risse dos Homens, das suas pequeníssimas vidas, dos seus problemazinhos.
Se houvesse deus talvez cavalgasse por montes e vales, num cavalo possante, como o da estátua do Rei Matias, na Piata Unirii, num desassossego tão humano como aquele que nós, os que acreditamos ou não em deuses, sentimos em vez de pescarmos, fumarmos cachimbo e rirmos. Mas eu não sei nada disto. E, apesar das muitas igrejas que visito, nunca encontrei deus em nenhuma delas, apenas homens e mulheres, como eu, mas cheios de fé. Por isso, para mim, deus há-de continuar a parecer-se com o Hemingway e, de madrugada, quando estou sozinha, irei, de vez em quando (como, aliás, o próprio Hemingway) acreditar nele.
Já visitou a Capelinha de Nª Srª de Guadelupe no Algarve e a do Promontório de Armação de Pêra, de Nª Srª da Rocha, mesmo em cima do Mar onde em fim de agosto a escuridão é total e só o céu ilumina tudo – forrada de madeira com frescos llndos e 2 colunas com capitéis com ornamentos diferentes e com as estralas cadentes que só se vêm assim em agosto ? É quase obrigatório visitar em que a luz é apenas a do céu
Maria Celeste nunca visitei não, mas agora fiquei com vontade 🙂