A sopa

O ser humano é complicado. Como se pode defender ou aplaudir um corte no subsídio mínimo de desemprego, esmigalhando a miséria para 377 euros por mês?

Simplificando, fico-me por uma frase chave da minha educação: “é um fenómeno há muito tempo conhecido que as pessoas que vivem em palácios pensam de maneira diferente das que vivem em choupanas“. Nem todos tiveram o privilégio da educação que tive, admito, e de ter nascido com isto numa parede  à entrada da casa, que variou da quase choupana ao pequeno palácio mas nunca mudou a moldura do sítio.

É gente triste, esta que vive em palácios e não percebe a diferença de 10% para quem tem muito pouco, falamos de uns 40 euros, coisa que gastam facilmente num almoço. Nunca entenderão que isso corresponde a umas 15  sopas familiares, nunca tiveram fome ou, pior ainda, não sabem decifrar o que é ter um filho com fome. Gente triste porque tem um destino triste; um dia os homens que vivem em choupanas assaltam-lhes os palácios. Da próxima vez espero bem que não os enviem para campos de reeducação, de má memória e um custo para o estado. Ficarem a viver com 178,15 euros  de RSI chega perfeitamente para se atingir a escala da sopa na explicação do género humano.

fotografia Margaret Bourke-White, Georgia, URSS, 1932, roubada-me aqui.

Comments

  1. Marta M says:

    Só uma palavra me ocorre: Vergonhoso.
    Como professora, acrescento outras (parairmos ponderando):Revolta; inconformismo; mudança e acção.

  2. Espero que o povo lhes dê o que merecem.

    mário

  3. Já comi assim em casa de meus bisavós na aldeia de Vale de Cavalos (Chamusca) era muito pequenina mas recordo comermos todos da mesma malga que nem sequer era de porcelana – era de esmalte – e havia forno de pão – de milho apenas – mas cá estou a ver estes desgraçados dos governos e sequazes que tiram até a “malga” – desgraçados – não é pecado ser pobre – mas é crime que empobrece os que constroem as RIQUEZAS desses pilantras – nem os que a ver comer nem no tachinho do meu gatinho – deviam comer no chão sujo do cócó de cão a merda que fazem

  4. RTP! – Jorge Sampaio que certamente falará na 1ª greve universitária de 1962 que fizémos (com risco de até perder o emprego que já tinha e certamente que fui a 1ª universitária a ser estudante-travalhadora) embora os cagões dos intelectuais de hoje que ainda ontem (como sempre) só tenham falado do Maio 98 – não sabem nada do país universitário claro – podem emigrar não fazem cá falta – ou têm vergonha da história do meu querido país ou deles mesmo – não há HOJE sem ONTEM

  5. Magoou-me, como pessoa e como memória, a fotografia daqueles 3 mulheres a comer da mesma malga, e que conheci tantas, no ribatejo que era onde os donos da terra (os latifundiários que mais tarde encontreai am Agronomia) que tinham o que tinham porque conheci quem lhes cavava a terra, muito antes até de haver mecanização agrícola qie só no fim dos anos 50/60 aparceu em Portugal e, até aí, a terra era sachada (cavada) à mão e semeada à mão com ajuda da mula e as culturas levantadas do chão à enxada
    Por isso adoro um óleo da sala de Actos do ISA – cor de rosa, mas de quem não sei o nome do autor, de grupo de cavadores a cortar a terra – mas os ilustres latifundiários quando apareceu o parelho de projectar slides, taparam com um écran (branco) e curiosamente lá está há anos tapando aquele lindísimo óleo – mas que gente é que não DESTAPA o símbolo de agronomia e do levantar a terra com enxada – bestas – mas que bestas – há anos que está tapado – não faz mal a ninguém viver e ver o que vivi e vi – apenas que tenho mais raiva pelos mentecaptos que quanto mais universitários mais patéticos – sem saber como nem porquê nunca queiz amigos nem sequer namoradops de agronomia – e hoje conheço os que foram ministros da agricultuta e deputados da UE (meus vizinhos de rua) e fizeram à terra que dava pão, mesmo com gente que mal tinha de comer porque eles nada sabem fazer – nem mandar fazer – mas certamente ainda terão, como donos da terra, os seus escravos – miseráveis – nunca quiz exercer agronomia e voltei para a universidade tirar outra licenciatura – não sei o que ficou denytro de mim de tão profundo que não consigo retirar da memória esses miseráveis – alguns estão tão velhos e a cir de avc que nem me provocam nenhuma emoção – não tenho ódio ou outra sentimento – mas nem os posso nem cheirar – e como estes há outros miseráveis, como na AR e no govermo – miseráveis – vou uvir os sábios dos eis ministros Braga de Macedo e >Pina Moura que andam muito na moda – RTP2Informação novo programa de 2ª à 6ª de Fátima não sei quê – a sábia do Prós e Contars que fez agora o 1º programa ÚLTIMA PALAVRA – esta gaja não deixa falar – é uma gaja

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