O país do tudo a mais

Era uma vez um país tão pequeno, tão pequeno, tão pequeno que até começou a parecer que as coisas deixaram de caber lá dentro. De um dia para o outro, talvez por causa da desarrumação, o país passou a ter tudo a mais. Pelo menos, foi o que os governantes do país disseram, porque os governantes são pessoas que dizem.

Passou a ser conhecido pelo país do tudo a mais. De um dia para o outro, como havia muitas coisas a mais, como, por exemplo, dívidas, impostos, miséria ou fome, também começou a haver pessoas a mais. As pessoas e as coisas a mais já não cabiam todas dentro do país. Como as pessoas tinham pernas e as coisas não, as pessoas, quando deram por ela, estavam fora do país e começaram a andar para países em que havia coisas a menos ou pessoas a menos, ou esperança a mais, que a esperança era das poucas coisas que havia a menos no país do tudo a mais.

Ao fim de algum tempo, por causa das pessoas que foram, porque estavam a mais, e por causa das que ficaram, porque tinham dificuldades a mais, as lojas começaram a ser lojas a mais. O mais curioso foi saber que no país do tudo a mais, em que passou a haver fome a mais, os governantes acabaram por dizer que havia restaurantes a mais, porque os governantes são pessoas que dizem.

Esta história era para ter uma moral, mas, no país do tudo a mais, até a moral estava a mais.

Comments

  1. patriotaeliberal says:

    Ele há bifes a mais, funcionários públicos a mais, velhos a mais, doentes a mais, professores a mais, enfermeiros a mais, médicos a mais, pensões de reforma a mais, direitos a mais, ricos a ganharem 1000 euros a mais, centros de saúde a mais, escolas a mais, subsídios a mais, farmácias a mais, carros a mais, restaurantes a mais, …..há tudo a mais , mas o que há mais são as pessoas que estão desempregadas e velhas e os jovens, que chatos, que querem trabalho.

    Caraças!

    É difícil governar-se um país com pessoas a mais!
    Morram, emigrem, suicidem-se, porra!

  2. Amadeu says:

    E há gatunos que vão para a política a mais
    E há gatunos que nem bons advogados são a mais.
    E há gatunos que também são economistas a mais.
    E há gatunos que são maus empresários a mais.
    (… a lista é infindável … )

    • patriotaeliberal says:

      E há o PR que não está a mais nem a menos porque simplesmente não existe na realidade. Só no mundo virtual online, mais conhecido pelo Faissebuk, e já estamos todos a ver a Ti Maria e o Ti Joaquim, as Bias e os Maneles, lá em Monsanto e em Odemira, a googlar e surfar na net e a ler as mensagens do dito PR:

      “Bia, já prantaste o like no facebbok?”

      “Estou prantando, Manel…..”

  3. maria celeste d'oliveira ramos says:

    Mas há novas profissões e funções – os politólogos que falam a mais e dizem a menos mas têm empregos novos e úteis para não termos dúvidas a mais

    • Luis says:

      Nem fale dos politólogos, maria celeste!

      Resmas deles!

      (que raio de nome este, politólogo!)

      E há o Cantigas e o Duque que são 2 grandes exemplos de uma espécie de econotólogos.

      E há também o Carreira, o Medina, não o Tony. Embora um e outro façam algum pessoal chorar muito, um pela desgraça do viver acima das possibilidades e o outro pela possibilidade da amante dar de frosques.

      Ambos os 4 partem o coração. E são demais!

Trackbacks

  1. […] melhor mas que o país estava muito melhor. Para folgazões como Montenegro, mais do que haver pessoas a mais, as pessoas estão sempre a mais. Se fosse guia turístico, o líder parlamentar do PSD diria aos […]

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