Crato e os conservadores, saudosistas de um passado que não pode voltar, pregaram hoje mais um prego no caixão em que estão a embrulhar a Escola Pública e a Educação em Portugal.
Mais de cem mil alunos realizaram hoje o exame da 4ª classe, agora mais conhecido por Prova Final do 1ºciclo do Ensino Básico (pode consultar a prova em formato pdf: Caderno 1 | Caderno 2 | Critérios.
Sobre a prova haverá certamente gente mais qualificada para comentar, mas há dois aspectos que importa salientar e que são mais um exemplo da ignorância de quem procura gerir estas coisas:
– deslocar as crianças de 9 e 10 para a escola dos grandes é um esforço que não acrescenta nada, não valoriza o processo e que cria desigualdades;
– a desconfiança em relação aos docentes do 1ºciclo – impedidos de vigiar a realização das provas – é um insulto que eu não deixo passar em branco. Talvez o intelectual que decide estas coisas considere que todos os docentes do 1ºciclo são eticamente do seu género, mas, permita-me que lhe sugira que está enganado. Muito enganado, mas do alto da sua ignorância não entende isso, pois não?
Depois de ler o 1º Caderno, espero estar enganado, os chumbos vão ser elevados.
Acho que o que é verdadeiramente importante é lutar empenhadamente por um ensino público gratuito e de qualidade. Esse deve ser o grande objectivo de todos os preocupados com o bem e o interesse comum. Os exames são provas para aferir os conhecimentos e devem ser desdramatizados. Estamos todos sujeitos a vários exames ao longo da vida, qual o problema de começar no quarto ano de escolaridade?. Não é isso que traumatiza os meninos. O que os pode prejudicar seriamente é a fome, pais desempregados, famílias desestruturadas, ensino de má qualidade, insegurança na escola, falta de acompanhamento durante o seu processo de educação, entre outras realidades com nossa a sociedade os brinda.
Não me vou pôr aqui a arengar sobre se deve ou não haver exames nesta fase. Com esta idade fiz 3, com provas orais em anfiteatros e públicas. Se era bom pedagogicamente, não sei. Mas penso que houve exagero quanto ao stress provocado e esse foi devido ao ambiente que se criou. Sou obrigado no entanto a afirmar que se os miúdos fizerem esta prova com sucesso, estão muito bem preparados a português. Quando dei aulas ao ciclo preparatório, em 1979, a maioria dos alunos não conseguiria interpretar estes textos e muito menos escrever qualquer coisa de jeito.
Pelo que descreve os alunos em 1979 do
ciclo preparatório não sabiam interpretar
um texto e muito menos escrever alguma
coisa de jeito.Mas, pela data se conclui
que esses tinham feito o exame da quarta
classe. Pelo seu texto fica exposto ,que os
exames da quarta classe não são uma condição para o bom desenvolvimento dos
alunos.
s
Essa é uma conclusão abusiva, pois também podia dizer que os alunos de 79 não sabiam interpretar um texto porque eram o fruto da rebaldaria em que caiu o ensino logo após 74. Ninguém no seu perfeito juízo dirá que os exames servem para provocar o desenvolvimento dos alunos. Servem só para aferir esse desenvolvimento. Se o ensino for uma xxxxx não serão os exames a salvá-lo mas pelo menos ficamos a saber a xxxxx em que estão metidos. Por este exame pode verificar-se que o ensino, ao contrário do que é voz comum, está muito melhor do que se fazia crer.
Hoje senti-me mal com esta coisa dos exames e, especialmente, com toda esta logística à sua volta.
– porquê professores de outros ciclos de ensino a vigiarem os exames do 1º ciclo? E esta desconfiança, mencionada no post, também me desagradou;
– em consequência disto, como entender que tantas turmas de outros ciclos tenham ficado sem aulas nesta 3ª feira e continuem a ficar sem aulas na próxima 6ª feira?;
– como entender a má gestão de tanto pessoal para este efeito – a vigilantes por sala, dois vigilantes por aluno (em muitos casos), vigilantes suplentes, secretariado de exames, pessoal auxiliar;
– como entender que, nalguns casos, os alunos tivessem de mudar de escola e noutros, não?;
Porque é que esta ideia não me larga e me persegue – a de que, com tanto ainda a melhorar no 1º ciclo, se remata a coisa com um exame cujos objectivos não me parece serem o do rigor mas o da propaganda a rodos?
Porque é que o debate sobre estes exames se centra em questões periféricas tais como: quem é a favor é pelo rigor; quem é contra é pelo facilitismo?
E porque é que a questão levantada, mesmo entre professores e na blogosfera sobre educação, vai sempre conduzir à inenarrável ideia do ” não se ficar traumatizado” e do “ficar-se traumatizado” com exames neste nível de ensino? Do “eu não fiquei nada traumatizado quando fiz os meus exames da 4ª classe e gostei muito”?
E o que é que eu tenho a ver com estas experiências pessoais e bem datadas no tempo?
E pergunto-me: As provas de aferição não seriam mais adequadas? Ou é a questão formal e do aparato que é a principal – sim, porque nada de infantilizar os miúdos como escreve a jornalista Helena Matos….
E o pessoal “tá-se e fica bem e tudo jóia”
Mundo louco e alienado, este!
Sobre o exame de Português, propriamente dito, lembrei-me vagamente do Oscar Wilde que, no seu modo controverso, afirmava:
“Examinations consist of the foolish asking questions the wise cannot answer”
Onde está a avaliação contínua, quando os exames valem 25%?
Onde está a diferenciação pedagógica que as crianças têm direito porque têm capacidades diferentes, quando depois fazem um exame igual a todas as outras? Como comparar crianças que vivem em Lisboa com crianças que vivem no interior do país, se as vivências são tão diferentes?
Definitivamente o que ainda me faz entrar dentro da sala de aula são os olhos alegres dos meus alunos.
Onde está a avaliação contínua, quando os exames valem 25%?
Resposta: 100-25=75
Onde está a diferenciação pedagógica que as crianças têm direito porque têm capacidades diferentes, quando depois fazem um exame igual a todas as outras?
Resposta: Deve estar nas salas de aulas com o objectivo de superar capacidades diferentes e gerar igualdade de oportunidade de secesso perante obstáculos iguais.
Ninguém falou dos textos da prova.
O 1º Caderno tem um texto do Público (Ecoesfera): 1 página com 7 palavras consideradas “difíceis” (remetem para um “vocabulário”), pese embora seja um “texto adaptado”.
Uma delas – expedição – é introduzida na pergunta de desenvolvimento.
Gostaria de saber a opinião de professores da 4ª classe sobre o nível de dificuldade do exame…
O primeiro texto era difícil e confuso. Os exercícios sobre este também confusos. O 2.º texto era mais fácil, mais relacionado com a imaginação das crianças. Efetivamente, na minha opinião, é desapropriado o 1.º texto.
“O mais fácil foi o 2.º caderno. Era fácil o que pediam para escrever.” Disseram os meus alunos.
Tenebroso!!!!!!! É só o que tenho a dizer em relação ao que expuseram o meu filho de 9 anos e mais não sei quantos milhares de meninos como ele.
Depois de ter feito as provas de afriçao do 4º ano fiquei muito contente.
a minha professora disse que as provas eram difisseis mas eu nao o achei.
Foi muito fassil e para mim que sou um dos melhores alunos da escola dos casais.
Eu custumo ter nas fichas de avaliaçao satisfaz muito bem aquaze exelente.
Boa Noite, com tantos erros é normal teres achado a prova de LP “fássil”. Aproveito para corrigir os erros que não aprendeste em 4 anos de escola: fassil escreve-se fácil, difisseis escreve-se difíceis, afrição escreve-se aferição, custumo escreve-se costumo e para terminar aquaze (não esxiste no dicionário) mas sim quase.
Parabéns pelo excelente exame que achaste fácil.
Boa Sorte para amanhã, quando sairem as notas,
Carla
isto e muito, muito, mas muito importante
desculpa a pergunta és parvo
nao entendi nadaaa!!