António Costa foi sempre conhecido por ser um político moderador e um homem de diálogo. Temos que reconhecer que a sua gestão política na autarquia de Lisboa, nos últimos anos, é disso um excelente exemplo.
Nos últimos 40 anos estivemos habituados que o Partido que ganhava as eleições, independentemente de ter maioria absoluta, era quem governava o País. Mas também não me esqueci ainda que um governo de maioria absoluta, presidido por Pedro Santana Lopes, foi demitido pelo Presidente da República, Jorge Sampaio. Isto foi o passado, esta é a hora de tratar do futuro.
Pela primeira vez coloca-se a hipótese que o Partido mais votado possa não vir a formar Governo atendendo a que estes tempos exigem estabilidade governativa. Eu apoiei e votei em Pedro Passos Coelho. Lamento muito que eventualmente não venha a ser o próximo Primeiro- Ministro, mas confesso que, neste momento, estou mais preocupado com a estabilidade governativa e o futuro do meu País, do que com os interesses do meu Partido. Estou convicto que o exercício do poder ” amacia ” e modera os partidos e os seus políticos. Ainda me recordo bem do tempo em que Paulo Portas tinha decidido que nunca ia ser político. Recordo-me também que quando chegou à liderança do CDS/PP era um anti-europeísta convicto. Hoje é Vice-Primeiro- Ministro e é o maior de todos os europeístas.
Parece-me que se poderá estar a inaugurar um novo tempo. As reacções, atitudes e comportamentos de António Costa, desde o dia 5 de Outubro, deixam transparecer que o líder socialista está envidar todos os esforços no sentido de conseguir congregar à sua volta o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista, Os Verdes e o PAN, de modo a poder apresentar ao Presidente da República uma solução governativa maioritária no Parlamento que garanta a estabilidade preconizada e defendida pelo Professor Cavaco Silva nos últimos anos.
É óbvio que a federação de toda a esquerda em torno de António Costa terá que implicar muitas cedências de todas as partes. E muitas delas profundas. Também sabemos que, no actual momento, António Costa pode estar a tratar da sua sobrevivência política. Mas se as cedências se traduzirem em benefícios para os portugueses, em nome do futuro do País, e não em torno dos interesses partidários, são todas bem-vindas, independentemente de onde elas venham. Neste momento estamos a tratar do futuro de Portugal. A campanha eleitoral terminou e as eleições tiveram lugar no passado dia 4 de Outubro.
Entendo também que uma solução governativa maioritária estável apresentada por António Costa deixará pouca margem de manobra ao Presidente da República para não a aceitar até porque não quererá ficar com o ónus de um eventual insucesso e de uma instabilidade política decorrente de um governo sustentado por uma maioria relativa assente apenas no apoio parlamentar do PSD e CDS.
Se António Costa conseguir federar toda a esquerda em torno da sua pessoa fará história. Pela primeira vez um líder socialista, em 40 anos de Democracia, poderá unir e envolver toda esquerda à volta do mesmo projecto político. Também cairá o mito dos três partidos do arco da governação, que assim se alarga, como deverá ser em democracia, a todos os partidos com assento parlamentar. E mais: consegue chegar a Primeiro-Ministro sem ter sido o mais votado. António Costa terá, nos próximos dias, o grande desafio de conseguir federar toda a esquerda. Mas se o conseguir terá pela frente o desafio maior de todos que será governar nos próximos anos mostrando aos portugueses se ficou na nossa história política pelos piores ou melhores motivos.
Muito bem!
No seu texto, e a propósito do demitido Santana Lopes, está a esquecer-se da “moeda boa e da moeda má” que lhe esteve adjacente. Faz toda a diferença !!
E daquele que não sendo demitido se demitiu. O que tinha visto a prova da existência das tais armas que justificaram a guerra no Iraque, a guerra que os invasores ganharam à fartazana ..
Ao afirmar que está “mais preocupado com a estabilidade governativa e o futuro do meu País”, não está a criticar a postura de quase todo o mandato do seu guru Passos Coelho, nomeadamente quando este enxovalhava o PS e, cobardemente, atirava-lhe com o défice que ele, Passos Coelho,não se inibiu de muito aumentar ?
É o principio do fim!
Quando o PSD em coligação com o CDS formou governo defendi que o PS deveria fazer parte desse mesmo governo, dada a situação do país.
Agora, que o país já saiu da bancarrota e a coligação ganhou as eleições, não vejo razões para não defender o mesmo.
O Dr. Mario Centeno dava um bom ministro do trabalho e da solidariedade e ainda lhe poderiam oferecer mais umas secretarias de estado.
O país está primeiro , assim, pelo andar do comboio qualquer dia não há país para governar.
Com mais dívida impagável e com o mesmo défice saiu da bancarrota?
http://questoesnacionais.blogspot.pt/2015/10/faleceu-o-joao-cardoso.html
Mas é que quer mesmo fazer história. Para já, já conseguiu a proeza de obter a derrota mais humilhante de sempre da democracia portuguesa. Agora, parece que quer ir ainda mais longe e oferecer uma maioria de dois terços à coligação nas legislativas que o Marcelo há-de convocar lá para a Primavera.
Boa, Toni! O PASOK está contigo. (E o Seguro também, ahahah!)
Por acaso era giro…..outra vez!
Cavaco, faz uma coisa boa, por favor, inventa uma merdice qualquer para anular estas eleições e convoca outras, pode ser que o PS as ganhe, nem que seja com o meu voto! Meus senhores, nem sempre vale tudo……! Pior que perder…..é não saber perder…..principalmente quando se teve tudo para ganhar! E nessa loucura que te rogo, Cavaco, impõe uma luta a dois, Direita contra Esquerda! Vade retro Satanás!
Eu estou na mesma condição. Votei PAF mas sou aberto a um governo de esquerda estável. Contudo não é isto que nos estão a vender. O que passa cá para fora é que não aprovarão uma moção de censura a um governo do PS. Mas e sujar as mãos na governação? nada. E aprovar orçamentos? nada. Mal o PS tente cumprir o tratado orçamental mandam o governos ao chão… É esta a estabilidade que Costa propõem? É esta a maioria não negativa? Isto é ser responsável para com o seu país?