Estava eu, ontem à noite, sossegadinha na minha cama a ler o Peter Ackroyd que interrompi durante meses em prol de um bem superior quando de repente me deparo com uma passagem excelente. Contava eu à meia noite e meia, o número de hereges cuja morte tinha sido da directa responsabilidade de Thomas More, (foram 7, embora o John Petyt tenha morrido na prisão por isso não sei bem se conta), quando o Ackroyd escreve isto:
Ah Thomas é curioso como mesmo no fim do mundo medieval as preocupações eram as mesmas. Sim, vocês viam o Lutero como um anti-cristo e o Tyndale era uma “beste” com uma ” brutyshe bestely mouth” mas não deixa de ser curioso como as coisas funcionam. More era católico e defendia uma fé antiga. Lutero era um homem novo como se chamavam. Tudo apontava para que quem morresse pela fé fosse Lutero e não More.
E enquanto eu reflectia na questão dos padres e Igreja e tudo, aparece-me isto. O novo destrói sempre o velho, já dizia o Beresford no “Felizmente há luar”. Mas nem por isso o velho é esquecido ou diminuído. Ou pelo menos, não o deve ser. E Sir Thomas é o melhor exemplo disso.
Claro que a história dos abusos sexuais no seio dos clérigos não é recente. É, no entanto, mais recente que a história dos abusos sexuais. Os clérigos não passam de homens. E a carne é fraca.