Os feriados em Portugal, na UE, e as deputadas fracturantes

Ouve-se muitas vezes que temos mais feriados que os outros países europeus, mas pela primeira vez alguém tem a coragem de propor no parlamento a sua redução.

É preciso coragem para afrontar o descanso e as tradições, e até era capaz de discutir a validade de alguns feriados religiosos referentes a práticas hoje ultra-minoritárias, mas antes achei melhor ir verificar os feriados dos outros.

Ora conforme a tabela que publico no final deste texto temos12 feriados por ano, sendo a média comunitária de 11,92. Sendo as médias o que são, mas os arredondamentos o que sempre foram, estamos na média, diria eu.

Faltam, aqui as tolerâncias de ponto, exclamarão os intolerantes. Pois faltam. Mas não só elas são supostamente excepcionais, como por regra só afectam a função pública, e convinha saber se outros países não as usam, para continuarmos a comparar como deve ser.

O tal excesso de feriados que não temos seria uma causa da nossa baixa produtividade, acrescido da tendência para gerarem pontes. Ora as pontes consistem muito simplesmente na utilização de um dia de férias, numa sexta ou numa segunda-feira. Diz o bom senso que férias repartidas têm efeitos bem mais positivos no descanso dos trabalhadores que o tradicional mês de férias por inteiro. Diria mesmo que fechar o país no mês de Agosto (o que é bem visível nas grandes cidades) é uma tolice, e ainda por cima num país que pretende atrair turistas.

Claro que o bom senso é subjectivo. Eu também acho que as férias e os períodos de descanso semanal, se a seu tempo foram um direito dos trabalhadores hoje devem ser vistas também como um dever: quem não descansa produz menos do que quem não pára, e o que mais por aí há são estudos que o demonstram.  Mas sei que para outros as férias são um luxo, e regressar ao tempo em que não existiam, ou ao velho horário de trabalho cristão (6 dias por semana, seguindo o exemplo bíblico, e do nascer ao pôr do sol) é que resolveria todos os nossos problemas económicos num instantinho. São opiniões. Eu por exemplo também opino que gente assim devia ir viver para outro lado, tipo Coreia do Norte, onde parece que as práticas laborais se aproximam dos seus desejos.

Quanto ao resto, vamos aos números:

Feriados por ano
Alemanha 9
Áustria 13
Belgica 12
Chipre 17
Dinamarca 11
Espanha 9
Estónia 12
Finlândia 14
França 11
Grécia 13
Hungria 12
Irlanda 11
Itália 11
Letónia 11
Lituânia 10
Luxemburgo 11
Malta 14
Holanda 9
Polónia 12
Portugal

12
Répública Checa 12
Inglaterra 8
Eslováquia 15
Eslovénia 18
Suécia 11
UE
11,92

(tabela extraída e traduzida daqui)

Comments

  1. “Mas sei que para outros as férias são um luxo, e regressar ao tempo em que não existiam, ou ao velho horário de trabalho cristão (6 dias por semana, seguindo o exemplo bíblico, e do nascer ao pôr do sol) é que resolveria todos os nossos problemas económicos num instantinho”.
    O que resolveria os problemas económicos num instantinho seria a não existência de altos salários (que ofendem qualquer reformado!, e não só!), pessoas a viverem de altas pensões duplas e triplas, pessoas a iniciarem funções na função pública com ordenados de 4000 euros ( e só com licenciatura!) e muito mais haveria para dizer, quer vivem na Babilónia que se chama Portugal!

  2. Eu bem sei que as opiniões são como os olhos do cú..toda a gente tem uma, e portanto permita-me alvitrar a minha. Não concordo. E por experiência própria. Trabalhei numa empresa, onde os feriados e pontes anuais eram sumariamente analisados no início de cada ano, levados ao crivo da administração, e depois afixados para que todos os funcionários pudessem assim jogar com estes números para a marcação das suas merecidas férias. O que se passava no entanto, era que, dada a natureza do ramo da empresa (Uma Gráfica), a grande maioria dos feriados e respectivas pontes (quando assim calhava) incidiam sempre na altura de maior produtividade do ano. O último trimestre. Ora chegava-se por vezes a pontos de pagar horas extraordinárias com custos elevadíssimos, para que a empresa tivesse pessoal disponível nessas datas para continuar a produção e não se perder clientes, o que muitas vezes acontecia dada a forte concorrência deste mercado. Bem sei que cada caso é um caso, mas..não será mesmo este o caso aqui em causa?

  3. Já agora acrescento que na Inglaterra, apesar de apenas existirem 8 feriados, sempre que um deles calha num Domingo ele é oficialmente gozado na segunda-feira, pelo que os oito feriados são reais. Em 2011, o 1º de Maio e o Dia de Natal calharam a domingo o que na realidades reduziu de imediato em dois dias os feriados. E isto acontece praticamente todos os anos, já para não falar os que calham ao sábado, onde metade das pessoas já não trabalham normalmente. Esta história dos feriados é uma falácia.

  4. machado says:

    Me desculpem mas como ve que Portugal tem 12 dias Portugal tem 9 dias, a França tem 16 e que eu saiba que Assiduidade não é sinónimo de produtividade, pois a Suiça esta no topo de Feriados e é um pais onde a sua economia esta estabilizada , Quando se fala de Produtividade são os inorgumes dos nossos Governantes e Presidentes apesar de viajarem muito nos locais onde há dinheiro e vão só para palestras e almoçara-das pagas pelos contribuintes mas não sabem a realidade do trabalho desse pais ja passei por vários países e me desculpam o trabalhador faz a coisas perfeitas mas tem tempo pois o que se faz em Portugal Perfeito que dura 2 dias nos outros Países demora 4 dias por isso não venham com balelas e não subestimem a inteligência dos outros.

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  1. […] This post was mentioned on Twitter by Blogue Aventar, joao j cardoso. joao j cardoso said: Os feriados em Portugal, na UE, e as deputadas fracturantes: Ouve-se muitas vezes que temos mais feriados que os o… http://bit.ly/afMx0q […]

  2. […] Não é verdade: temos 12 feriados por ano, a média europeia é de 11,92. […]

  3. […] Já aventei sobre o assunto, a mentira de que temos mais feriados do que os outros (sobre isto ler também este artigo e os seus comentários) ou a treta de considerar as pontes como algo mais que férias repartidas. […]

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