A quem serve a abstenção?

É fácil prever uma subida da abstenção nas eleições presidenciais. Os motivos são vários e óbvios, começando pelo desencanto com a situação do país e com a classe política, acabando nestes candidatos e nesta paupérrima marcha sem ideias nem propostas de futuro a que erradamente se chama campanha eleitoral.

Os meus colegas do Aventar -blogue pluralista, importa repetir – foram aqui deixando a sua opinião e análise.

Nem sempre é possível prever quem ganha com a abstenção numas dadas eleições. É frequente o candidato ou partido mais bem posicionado temer uma elevada abstenção, receando que o eleitorado se desmobilize ao dar por certa a vitória. Nesse cenário os adversários dão, sem o dizerem expressamente, a abstenção por bem vinda.

Mas também acontece o contrário: o candidato ou partido menos bem colocado recear que a interiorização da derrota leve à desistência do ato de votar, confirmando não só os temores como, também, erodindo a base de apoio e os equilíbrios representativos que em função dela se estabelecem, até nas presidenciais (Alegre deve o apoio do PS ao resultado que obteve nas eleições anteriores, por exemplo).

Nestas eleições, para ser claro, penso que a abstenção não beneficia nem prejudica efectivamente nenhum dos candidatos. Primeiro e desde logo, pela elevada diferença nas sondagens e intenções de voto. Segundo, porque não me parece que algum dos candidatos tenha realmente mobilizado eleitores indecisos e os tenha convencido a exercer o direito de votar. Terceiro, por uma mistura das duas hipóteses acima expostas: muitos dos que votariam Cavaco Silva acham que este já ganhou e abster-se-ão.  Dos que votariam noutros candidatos, muitos pensam que os mesmos já perderam e não se deslocarão às urnas.

Assim como assim, os mais mobilizáveis serão os apoiantes de Fernando Nobre, pois são os que acreditam que o seu gesto poderá estar na génese de algo diferente.

Poderá daqui sair alguma surpresa? Infelizmente, não creio.

Comments

  1. JVLV says:

    Cavaco Silva, para muitos portugueses, se for reeleito, será certamente mais um factor de crise, instabilidade e inquietação. Claro que, para outros, nem tanto. Porém, vejamos. No periodo 2005/2011, Cavaco empossado em Março/2006, superintendeu quase toda a governação Sócrates, até à data. Que iniciativas tomou para alterar o rumo do país, sobretudo a partir das legislativas de 2009? Nada, apenas “boas intenções”, “piedosos propósitos” e “contemporizações”. Cavaco Silva mostrou, à saciedade, não ter perfil, competência e capacidade para lidar com situações de alta pressão politica e social, numa altura em que, estando o PS/Sócrates seriamente fragilizados mais se impunha uma intervenção soberana para não deixar “deslizar” o poder politico e a governação para a tomada de medidas drásticas e extremamente penalizadoras das empresas e cidadãos mais carenciados e desprotegidos.
    Sabemos agora que, pelo menos, por três razões, Cavaco Silva não se assumiu :

    1ª) A inexistência de qualquer alternativa de governação válida.
    2ª) O medo da instabilidade social e politica que iria provocar.
    3ª) O medo de colocar em risco a sua reeleição.

    Haja quem me convença do contrário.

  2. Força Emergente says:

    NOBRE, A REVOLTA POSSÍVEL!
    E é mesmo aquela que está mais à mão.
    Se continuar Cavaco Silva, tudo continuará na mesma.
    Se entrasse o poeta Alegre, da prosa não iria sair poesia.
    A cartilha é a mesma e nem as virgulas se alteravam. Ou seja, o Sistema continuaria a fluir tal como até aqui. Nada de novo iria surgir.
    Nem rasgos de imaginação ou novas descobertas, ou novas gentes.
    Continuaríamos a ouvir os mesmos discursos…….. apenas com entoação diferente.
    As frases já as conhecemos.
    Lá voltaremos a ouvir dizer que o País precisa de Estabilidade.
    De respeito pelas Instituições.
    Do esforço de todos os Portugueses. Dos sacrifícios de agora para um futuro melhor depois.
    Com mais segurança. Com mais oportunidades para os jovens. Etc, etc.
    E acima de tudo lembrarem-nos que é preciso ter confiança nas Instituições Democráticas !
    Toda esta conversa desde 75…79…80….85….90….95….2000…..2005……2010….,
    São 35 anos de falsas promessas a par do enriquecimento ilícito de toda uma classe politica que se apropriou do País.

    Qualquer dos candidatos garantem este discurso e a consequente decadência a curto prazo.
    Nenhum destes candidatos nos interessa.
    Nenhum nos merece confiança.
    Nenhum conseguirá contribuir para a solução que se exige para o País.
    Essa seria uma mudança de Regime e a responsabilização da Classe politica que conduziu o País ao estado em que se encontra.
    Sabemos que isto não irá acontecer. Mas pode ser o primeiro passo.

    E se Fernando Nobre conseguisse ir a uma 2ª volta e ser alternativa viável ?
    Só traria vantagens, mesmo que traga ás costas alguns penduras de ocasião.
    Penso contudo, que a dimensão humana e social deste homem nunca se vergará a jogos de interesses, mesmo que eventualmente surgissem dos tais apoios socialistas.
    Se se apresenta como um homem fora do Sistema, não nos parece que pudesse vir a integrá-lo agora.
    Nem nos parece que possa vir a pactuar com as mentiras de qualquer 1º ministro em exercício.
    Nem que deixasse passar em claro os gastos e roubos que sistematicamente se fazem no erário publico.
    Nem que ficasse insensível aos desiquilibrios sociais existentes.
    Basta isto, para fazermos um esforço de mobilização em favor de Fernando Nobre.
    NOBRE, A REVOLTA POSSÍVEL.

    Quando há 4 anos, numa cerimónia então realizada, estive ao seu lado, senti vontade de o abraçar ( pois não o conheço pessoalmente ) e agradecer por todo um trajecto de vida que só os Homens com H grande conseguem e merecem.
    Agora, podem-se fazer todas as conjecturas sobre a sua candidatura.
    Podem-se traçar alguns cenários. Até nem se gostar de saber que por perto já farejam os abutres.
    Mas uma coisa é certa.
    Neste momento Fernando Nobre é a centelha de revolta a que podemos deitar mão.
    Não a desperdicemos. Façam esse favor ao País e a cada um em particular.
    Amanhã, o Sol talvez brilhe um pouco mais.
    Se não brilhar, também não se perdeu nada.

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  1. […] causa destes leitores a quem agradeço, ocorreu-me abrir um espaço para que o leitor faça a sua declaração de […]

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