Well I keep seeing this stuff and it just comes a-rolling in
And you know it blows right through me like a ball and chain— Robert Allen Zimmerman, “Brownsville Girl“
***
Eis um Governo que sorri e encolhe os ombros, enquanto “aguarda serenamente“, mas depois é apanhado a entregar documentos de duvidosa qualidade técnica. Aliás, na senda daquilo que aconteceu com o OE2012, o OE2013, o OE2014, o OE2015 e o OE2016.
Antes de passarmos ao Relatório do Orçamento do Estado de 2017, debrucemo-nos muito rapidamente sobre exemplos da Proposta de Lei:
- «publicações especializadas do sector» (p. 159) e «orçamento do subsector Estado» (p. 91), mas «entidades públicas do setor da saúde» (p. 76) e «orçamento do subsetor Estado« (p. 48);
- «prestada com carácter de urgência» (p. 195), mas «caráter excecional» (p. 81).
Depois deste pequeno intróito, demoremos algum tempo a verificar aquilo que se passa no Relatório:
- «sector empresarial do Estado» (p. 39), mas «Setor Empresarial do Estado» (p. 54);
- «tutela sectorial»(p. 63), mas «foco setorial» (p. 54);
- «mantenha o caráter excecional» (p. 65), mas «assumido um carácter restritivo» (p. 40);
- «caraterísticas do fundo marinho» (p. 220), mas «características dos beneficiários e dos agregados familiares» (p. 53);
- «expetativa de continuação da recuperação financeira» (p. 105), mas «expectativa de aceleração de 0,2 p.p. da Comissão Europeia» (p. 22);
- «afetação de dotação» (p. 100), mas “a reafectação de recursos da estrutura produtiva” (p. 22);
- «a previsão da receita efetiva total» (p. 105), mas «Contribuições Sociais Efectivas»;
- «correções abruptas nos preços dos ativos» (p. 25), mas «um papel mais proactivo na governação das empresas» (p. 55);
- «a componente de projetos» (p. 121), mas «total da despesa no âmbito de projectos» (p. 120);
- «Sociedade de Transportes Coletivos do Porto, S.A.» (p. 67), mas Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, S.A.» (p. 237);
- «Eletricidade, Combustível Rodoviário e Gás Natural» (p. 55), mas «COMBUSTÍVEIS, ELECTRICIDADE E OUTRAS FONTES DE ENERGIA» (p. 205);
- «maior preponderância nos impostos indiretos em detrimento dos impostos diretos» (p. 29), mas «Impostos indirectos» e «Impostos directos» (p. 227);
- «vigilância eletrónica» (p. 135), mas «SIEV – Sistema de Identificação Electrónica de Veículos, S.A»;
- «faturas comunicadas à AT» (p. 94), mas «Facturas em recepção e conferência» (p. 242);
- «ação social» (p. 151), mas «Acção social» (p. 150);
- «proteção do ambiente e educação» (p. 93), mas « Protecção do meio ambiente e conservação da natureza» (p. 212);
- «exceto para a OCDE» (p. 22), mas «excepto privatizações» (p. 113).
Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.
Apoiado!
Francisco Manuel Valada
Para além do “exame escolástico” da 4.º classe da instrução Primária, o que é que, afinal, tem de substantivo a dizer sobre o OE 2017 ?
Qual a “classificação” dada ao “aluno” ?
Ah ! Percebo ! “Não tem nada a dizer” ! O que gosta é de dizer…”coisas”…
É Francisco Miguel Valada e não Manuel.
As minhas desculpas.
Está a falar comigo? Ou com o Francisco Miguel Valada?
Ah! OK.
Vou levar-vos a sério nesta luta quando, de forma coerente, disserem não a todos os acordos ortográficos, no Português de antes de 1911/1943.
Isso de escrever em Português moderno é uma violação da língua de Camões, que já foi ainda pior que isto:
Abstrahir, Abysmo, Acceder, Acquisição, Addiar, Adhesão, Aldèa, Alphabeto, Alumno, Analysar, Anecdota, Anniversario, Antipathico, Apoz, Appendix, Apprehender, Archeologo, Architectura, Arithmetica, Assignatura, Assucar, Assumpto, Asthma, Athmosphera, Attrahir, Aucthor, Azues.
Isto é só para dar alguns exemplos da letra A. Era assim que escreveríamos se nos tivéssemos recusado a aceitar os anteriores Acordos Ortográficos.
E como cereja no topo do bolo, uma das minhas favoritas:
Çapato
Haverá coisas que estão mal no AO1990? Com certeza, como é exemplo a palavra “pára”, do verbo parar, que passou a “para”, e que gera enorme confusão antes de ser ler o restante contexto, pois só aí ficamos a saber se é mesmo para parar, ou se é para continuar “para” algum lugar.
De resto, a vossa implicância não passa de estultícia, ao sublinharem exemplos de palavras que sofreram uma alteração mais que justificada.
Se depois continuam a haver idiotas que não percebem que em Portugal continua a ser um “facto” e não um “fato”, isso é ignorância de quem não se informou ou se distraiu e usou o Corretor Ortográfico com a grafia Brasileira.
O que está a dizer é que, se um governo não tivesse mutilado o português por decreto escreveríamos de um modo mais próximo do francês e do inglês actuais (asthme, asthma).
E?