Seguindo a série Música com corpo e alma, este segundo episódio é dedicado a Hindi Zahra.

Expor ao vento. Arejar. Segurar pelas ventas. Farejar, pressentir, suspeitar. Chegar.
Seguindo a série Música com corpo e alma, este segundo episódio é dedicado a Hindi Zahra.
Já há muito que queria ter Elogio da Loucura nas minhas mãos, sopesá-lo. Um livro com 500 anos é «pesado», embora esta edição que tenho seja uma «coisinha» de 141 páginas num formato A5.
Esta obra de Erasmo de Roterdão faz doer as costas!!
Logo na página 16, eu me fico:
” (…) já que o rosto não mente porque é o espelho da alma. Não dissimulo no rosto o que sinto dentro do peito. Sou sempre idêntica a mim própria (…)
José Mestre foi, durante muito tempo, um homem sem rosto. Nunca o vi. Deambulava pelo Rossio e pelos Restauradores em Lisboa… Conquistou um rosto depois da operação ao tumor que lhe pesava mais de 5 quilos no corpo e na alma. Como espelhava ele a sua alma antes de ter este rosto?
Claro, sr. Erasmo, há outras maneiras, outros veículos para reflectir o que vai na alma.
O rosto é apenas um dos muitos espelhos que ela tem!
Se não, o que seria de nós aventadores e de vós, leitores do Aventar, gente sem rosto?!!
Um leitor deste blogue levantou uma questão interessante em reação à frase “viva a liberdade de podermos aqui no Aventar, por exemplo, dizermos o que nos vai na alma”. Ele perguntou: “E quem não tem alma, também pode escrever no Aventar?” Ora aí está uma bela pergunta. Fiquei a pensar nela. Fui ao dicionário consultar sinónimos de «alma»: ânimo, cabeça, consciência, espírito, coração, ideia, inteligência, mente, sentimentos, etc. A wikipédia, por seu turno, diz-nos que «alma» significa ‘vida’, ‘criatura’ e ‘o que anima’.
Podemos expressar-nos, seja de que maneira fôr, sem todos ou alguns daqueles requisitos? [Read more…]
Tinha um nome muito bonito que não vamos revelar. Contentemo-nos em chamar-lhe Linda, que também não é feio. Tinha um ar luminoso, os olhos cheios de sol. Os cabelos douravam como uma auréola o ar límpido do azul do céu à volta da sua cabeça. Abria-se em nós como romã sumarenta. Uma onda transparente de um qualquer mar de inesperado encanto embalava o olhar de quem dela não conseguia desviá-lo. Tinha quarenta anos e um provável cancro do colo do útero. Mas eu não sabia. [Read more…]
Vergílio Ferreira escreveu Pensar há 20 anos e cada um dos pensamentos que fazem este livro estão enumerados. Gosto de os ler, assim, avulso, ao acaso (mas Nada é ao Acaso, escreveu outro) …
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Nós temos a idade do nosso olhar. Não dos olhos – do olhar, que é o consabido «espelho da alma», ou seja da fonte da vida, ou seja da força de estar no mundo. Assim há velhos com uma alma reativa de juventude, portanto com um olhar cheio dela. Para sabermos a idade do seu corpo, ou seja dos olhos e não do olhar, basta decerto vê-los a dormir.
«I’m the captain of my soul» (de um poema de W.E. Henley citado por Morgan Freeman no papel de Nelson Mandela no filme Invictus)
Usura-pintura a óleo de Van Dyck, Século XVI.
É bem conhecido o texto de Max Weber (Erfurt, 21 de Abril de 1864 — Munique, 14 de Junho de 1920) sobre A ética protestante e o Espírito do capitalismo, de 1905, resultante do trabalho de campo que Weber fez entre os católicos no sul do rio Elba (Alemanha). Embora de fé agnóstica, toda a sua obra está dedicada à religião. Estimando que a dedicação ao credo e à fé enriquece os protestantes, isto é, os cristãos separados da Igreja Católica Romana no Século XVI.
A sua curiosidade científica levou-o, em 1888, a morar entre católicos alemães, para entender a sua pobreza e comparar essa condição com a dos protestantes, que eram ricos ou tinham uma ética da riqueza.
(adão cruz)
(Texto de Marcos Cruz)
O desejo
Nada expressa com a eloquência do desejo os limites do pensamento, como nada expressa com a eloquência do filho os limites do pai. O desejo nasce atado às expectativas de quem o criou, não podendo o abrir dos seus olhos dar-lhe a ver a liberdade essencial que o constitui. O meu pensamento formula um desejo e atem-se a ele, à sua sorte, prende-se a algo que lhe escapa, a uma magia cujo truque desconhece, ficando a glória ou a revolta do pensador suspensas do cumprimento ou da frustração desse desejo. Até que o pensamento se dilua ele próprio no céu da vida, muitos desejos partirão para lá como seus enviados, não causando surpresa que uns lá não cheguem e outros de lá não voltem. É preciso crer para ver, e crer mais não é do que viver. Crer é amar. O desejo representa a incapacidade, o medo de crescer, a recusa em abrir os olhos da alma. Daí que a expressão “matar o pai” adquira tanto significado na psicologia: matar o pai é justamente matar o desejo a que cada filho nasce agarrado. [Read more…]
Durante o almoço do Aventar, no Porto, falou-se de Angola e de um novo correspondente que se prepara para nos enriquecer com novas da antiga jóia da Coroa lusitana.
Ao ouvir falar de Angola, como que revisitei esta minha alma, amaldiçoada a ser errante, por entre caminhos, pousos e, também, rótulos.
Por ter nascido em Angola, fui rotulado de “branco de segunda”. Essa tão iluminada condecoração, dada pelo provincialismo reinante no colonialismo português. Tal como, uma vez cá, tentaram catalogar-me de “retornado”. Estatuto que sempre repudiei. O resto da família, sim. Eu, não. Pois que “retornado” seria no dia em que retornasse aonde nasci: Angola. Era uma questão de semântica. E o meu refúgio, e também o meu tormento, desde então, foi esse: o da língua portuguesa, o das palavras.
Em Portugal não me sinto “retornado”, pois não parti de cá. Disso, tenho safado a pele. Do “branco de segunda”, é que não, embora a pele ateste o contrário. Mas, disso, pouco importa.
O problema maior, é estar como que preso no tempo, e perdido no espaço. Pois que a terra onde nasci mantém-se no espaço, mas perdeu-se no tempo. E o país onde vivo, é diferente do que me contam de outrora, e diferente, também, do que me disseram que ia ser.
Entre o passado suspirado e o presente entristecido, a memória e a dúvida, o sonho e desalento, algures, ruma a minha alma, errante, como que em busca de si mesma.
Um dia ela há-de reencontrar-se, entre a saudade viva e o desalento sentido. Como portuguesa que é.
Na tertúlia de que já aqui falei (ver Tintaralela de Luna), hoje foi a vez da Prof. Clara Pinto Correia nos falar sobre um tema fantástico, que é discutido desde os Egípcios que, aliás, até fixaram um prazo para a alma entrar no embrião! Dez dias!
Antes de tudo, tenho que dizer que a Clara é uma mulher extremamente simpática, sem ponta de peneiras, que ouve e dialoga como fazem todos os que estudaram e sabem muito.
Aristóteles começou por abrir uma janelinha no ovo da galinha e foi comparando o que acontecia ao embrião nos diversos ovos, tendo percebido que eram iguais até uma certa altura e depois começavam a divergir e a modificarem-se, a que atribuiu a entrada da “alma” no embrião.
Grandes nomes da filosofia e da ciência estudaram esta questão que continua sem resposta, como ficou bem patente na discussão do aborto, há ou não ali um ser, ou é apenas um conjunto de células..
A dissecação de cadáveres veio, mais tarde, postular que a alma afinal vivia no coração (até que foi descoberto o funcionamento do coração e a circulação sanguínea) ou noutros órgãos do corpo como na cabeça.
A regeneração, capacidade que alguns animais têm , veio dar um contributo enorme a esta questão quando se percebeu que a calamandra, por exemplo, ou o ouriço do mar, eram capazes de continuar a fazer a sua vida mesmo depois de lhes ser cortada a cabeça ou o rabo. É caso para dizer que “vendem a alma ao diabo”.
Com Santo Agostinho , S. Tomás de Aquino e Sta Ildegarda, chegamos ao conceito da origem sobrenatural da alma, o que desde logo esbarra com o conceito do “pecado original”, pois difícil é compreender que sendo o “ser” de origem divina possa carregar o pecado.
Com o advento do microscópio, cada vez mais potente, percebe-se a existência de uma vida até ali desconhecida, infinitamente pequena, e que começa a responder e a dar significado a questões até aí desconhecidas, como a existência do espermatozóide que o homem ejacula aos milhares de cada vez, mas que só um se transforma num ser com alma. Perdem-se os outras milhares de almas com os espermatozóides que perderam a corrida?
E Clara Pinto Correia termina com humor mas que é também uma verdade científica: se a alma entra no embrião no momento da união então só pode ser pelo ânus, que é, nos vertebrados, o início da vida!
PS: é um resumo, necessariamente incompleto, de uma bela aula que quis partilhar com os meus leitores.
Foi enquanto lia uma compilação da correspondência entre dois autores que comecei a pensar: “Ah, bons tempos!”, o que nunca augura nada de bom, é certo. Mas reparem: a carta chegava, quase sempre a horas previsíveis, e podia ser aberta de imediato ou guardada para momento mais oportuno. Guardá-la podia ser, aliás, mais saboroso do […]
Fotografia: Sérgio Valente
O 1.º de Maio de 1974 na Avenida dos Aliados, na cidade do Porto.
Debate político entre Aventadores. A Esquerda, a Direita, e não só.
A actualidade em análise com as opiniões dos participantes no Aventar sobre a actualidade.
Debate sobre política, sociedade, actualidade, entre outros.
As músicas escolhidas pelos participantes do Aventar com espaço para entrevistas e apresentação de novas bandas, tendências e sonoridades.
Aqui reinam as palavras. Em prosa ou poesia. A obra e os autores.
“Ponte Dona Antónia Ferreira“. Mas o nome que ganhou foi “Ponte da Ferreirinha“. “Vontade popular”? “Pela população”? Como diria Krugman, yuk-yuk-yuk, hahaha.
Foto: FMV, 26/05/2023
o centrão, lá como cá, é um viveiro de corruptos.
Uma sueca que grita muito voltou a vencer a Eurovisão. O Benfica vai ser campeão. Andam à procura de uma inglesa desaparecida há dezasseis anos. O Cavaco anda a balbuciar coisas de velho.
De repente, estamos em 2010.
Certificando-o judeu sefardita. Portugal tem produção em série, mas até nos EUA se safam em grande.
Mal Santana Lopes desse o flanco («a que eu tinha aventado…»), aproveitava-se e atacava-se: «Por falar em aventado, então, “agora facto é igual a fato (de roupa)”»?
Já tivemos populares a bater em gajos do PS. Já tivemos gajos do PS a ameaçar bater em populares. Parece-me óbvio que, mais tarde ou mais cedo, iríamos ver gajos do PS a bater em gajos do PS.
Parece que o ditado sempre fez sentido: quem se mete com o PS, (dá ou) leva!
«Ora bem, então, “agora facto é igual a fato (de roupa)”»?
Além do previsível sujeito nulo (“eu estou orgulhosa”), o verbo nulo (“eu estou orgulhosa”): “Orgulhosa de ser oradora portuguesa convidada”.
positiva e a *”inação do acionista” é extremamente negativa.
Com tanta crítica do PS ao PS, qualquer dia descobrimos que, afinal, o PS não teve culpa nenhuma nisto da TAP.
Hoje no JN, João Gonçalves, num artigo sobre a TAP (entre outros assuntos) cita Vasco Pulido Valente (em 2001).
“O PS no Estado é isto: uma trupe aventureira e esfomeada, que a seu belo prazer dispõe do património colectivo. No fundo, não se acha representante do povo, mas pura e simplesmente dona do País”.
E assim estamos.
foi o que fez Ricardo Paes Mamede. No Público.
Rotura? Rotura incide sobre o físico (ligamentos, canos). Ruptura, sim, diz respeito à interrupção da continuidade de uma situação. Ruptura, portanto. *Rutura não existe.
O analfabetismo tem 292 809 pessoas, enquanto no Porto há menos de 232 000 (dados de 2021).
O assunto é tão grave que até partilho um artigo do Expresso.
Amanhã, em Liège, no Reflektor, Thurston Moore Group (com Steve Shelley). Depois de amanhã, em Courtrai (Kortrijk, no original), Lee Ranaldo, com os fabulosos The Wild Classical Ensemble. Só nos falta a Kim Gordon.
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