Sim, Joaquim, claro que o PS tem muitas culpas no estado a que o nosso país chegou. Fui dos que mais atacou José Sócrates neste blogue. Claro que poderíamos continuar a andar para trás e falar dos 10 anos de cavaquismo, em que o défice cresceu como cresceu à custa do eleitoralismo de quem queria ganhar eleições, da mesma forma que a força produtiva do país ia desaparecendo.
Ou recuando mais ainda, poderíamos falar dos 800 anos de Monarquia, forma de governo profundamente ridícula e essa sim responsável pelo país que temos hoje.
Mas é a actual crise política que está em causa. Mais do que a crise económica e financeira, que seria exactamente igual se estivesse o PS a governar – com este PS, as medidas seriam as mesmas. As que a Troika mandasse.
E por muito que te custe, a actual crise política não tem nada a ver com o PS. A coligação PSD – CDS anda às turras há 2 anos. Passos Coelho diz uma coisa e Paulo Portas vem dizer outra. Passos Coelho anuncia medidas e Paulo Portas vem dizer que não aceita. Passos Coelho apresenta o rumo do Governo e Paulo Portas, no CDS, apresenta um rumo diferente.
Foi aí que começou a actual crise política. Que continuou com a demissão de Vítor Gaspar. E com a nomeação da nova Ministra das Finanças sem que Passos Coelho se dignasse a dar cavaco dessa decisão ao seu parceiro de coligação. E que teve um novo episódio com a demissão de Paulo Portas. E que culminou com a não-aceitação da remodelação por parte do Presidente da República. Que culpa é que o PS tem de tudo isto?
Se o PS cometeu algum erro na actual crise política, foi quando aceitou iniciar negociações com o Governo. Não o devia ter feito. Fazendo-o, permitiu que agora a Direita venha dizer coisas como as que tu dizes. Ditas como se nós fossemos todos burros.
PSD e CDS, inocentes vítimas de uma maquinação diabólica do PS
A Culpa é do PS
O PS é uma nódoa. Tudo o que o PS fez no passado agudizou os problemas portugueses do presente e basta isso para não merecer qualquer espécie de felicitações pelos próximos cem anos. Tudo o que o PS faz no presente é empatar. O PS não disse que não. Fingiu voz grossa. O não de hoje, impostura e fingimento, será o sim de joelhos amanhã.
O PS não é mais decente nem menos decente que aquela gente do PSD e do CDS. Se formos a falar de demagogia, na medíocre competição demagógica entre a Esquerda e a Direita Portuguesas, não há defesa possível para ninguém, só a necessidade fisiológica de flagelar as nádegas da Esquerda e da Direita pelos próximos cinquenta anos, se não quisermos ser mais drásticos. Além de ser uma nódoa, o PS é medíocre, filho da mediocridade técnica económica-financeira do dr. Soares, sobrinho da mediocridade intelectual e da indigência moral do coiso Alegre.
Foi o PS que governou os últimos treze anos e fez deslizar Portugal para a Bancarrota. Não foi o PSD e o CDS. Foi o PS que armadilhou as Contas Públicas com um número infindável de ónus, dívidas, trapalhadas, swap, PPP, último fellatio ao lóbi do betão, dívidas, dívidas, dívidas, compromissos pesadíssimos aos contribuintes pelos anos dos anos e as décadas das décadas, o que explica parte da necessidade de ir além da Troika, se tal, mesmo exigindo muitos mais sacrifícios no curto prazo ao povo português, significasse menos sacrifícios por menos anos e o fim dos sacrifícios em poucos anos. Não foi o PSD e o CDS.
Foi o PS que deixou as empresas públicas de transportes num estado verdadeiramente calamitoso, com resultados operacionais negativos, défices acumulados. Era o PS que desorçamentava inúmeras parcelas que agora comparecem nos exercícios orçamentais, tendo passado anos a disfarçar a real dimensão da dívida, tal como fizera o último Governo Grego, antes da respectiva bancarrota. Um Estado miserável, esventrado, apenas útil à cambada de rapaces e parasitas da política, um Estado assim herdado não permite que se cumpra com facilidade um único resultado positivo em termos de indicadores económicos e sociais, coisa aliás consistente com o facto de estarmos sob resgate, com um magno problema de dívida pública, da qual é preciso sair segundo a realdade e não, porque isso é impossível, segundo os nossos mais generosos e voluntaristas desejos. [Read more…]
A culpa não é do PS
Não dou os Parabéns ao PS porque o PS fez a única coisa admissível: dizer que não. Um Partido em condições nem sequer se tinha sentado à mesa com gente daquela.
Mas perante tanta demagogia da Direita mais vergonhosa de que há memória em Portugal, sou obrigado a vir defender o PS, algo que nunca pensei vir a acontecer.
Não foi o PS que governou desdizendo tudo o que prometera em campanha eleitoral. Foi o PSD e o CDS.
Não foi o PS que governou para além da Troika e que exigiu muitos mais sacrifícios ao povo português do que aqueles que estavam no Memorando. Foi o PSD e o CDS.
Não foi o PS que não conseguiu cumprir um único resultado positivo em termos de indicadores económicos e sociais. Foi o PSD e o CDS.
Não foi o PS que apresentou Orçamentos sucessivamente inconstitucionais. Foi o PSD e o CDS.
Não foi por causa do PS que se demitiu o Ministro das Finanças Vítor Gaspar.
Não foi por causa do PS que a Srª Swap foi nomeada para substituí-lo.
Não foi por causa do PS que se demitiu o Ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas.
Não foi por causa do PS que o Presidente da República não aceitou a remodelação do Governo.
Não foi no PS que o Presidente da República perdeu a confiança. Foi no PSD e no CDS. E se o Presidente da República não tem confiança no PSD e no CDS, por que razão haveria o PS de ter?
O povo português foi muito claro em 2011. O PS não devia governar. Quem é o Presidente da República, o PSD ou o CDS para dizerem que o PS deve fazer algo para o qual não foi mandatado pelo povo português? [Read more…]
Sucumbirá Seguro à Pressão Interna?

Muito cuidado com a morsa Soares e a morsa Alegre, Seguro. Um filhote como tu pode ser esmagado. Que seria de um partido de Governo sem tais figuras… tutelares, exemplos de trabalho, uma vida inteira longe da teta generosa do Estado?!
Repare-se no triste espéctáculo que nos dá o PS, pelas suas figuras e figurões com acesso fácil aos microfones patéticos do Regime e às antenas repetidas e passentas das TV e das Rádios. Dois PS avultam. O PS extinto e o PS ainda a fumegar de ter sido Governo. Ambos exercem uma pressão insolente e pornográfica sobre Seguro, capaz de suscitar compaixão por Seguro, terna condescendência por Seguro. Quantos PS há, afinal?! Quantas falanges, falangetas, alas, nichos? E por que motivo a Esquerda dentro do PS esperneia tanto?! A ameaça de cisão desse partido é a mais cómica e sonsa ameaça de que há memória na história recente politico-partidária nacional.
Refresquemos a memória de rato dos promotores da pressão interna com que Seguro tem de se haver: a crise política não começou com uma grave crise no Governo de Emergência Nacional. Começou com o grave desafio eleitoral colocado pelo cumprimento escrupuloso e sério do Memorando só pela via financeirista, cujo peso foi quase absoluto até 1 de Julho último. Mesmo a admissão de falhanço a que inaudita e humildemente o próprio Vítor Gaspar alude é, antes de mais, a admissão de um falhanço pessoal, não das políticas. Um falhanço das previsões. Um falhanço da dose, graduação e temporização dos efeitos negativos das políticas antes de os seus efeitos virtuosos começarem a surgir. O falhanço, sobretudo, do apoio e adesão, dentro do próprio Governo, para que, junto da Troyka, Gaspar pudesse manter a face e declarar possível garantir o cumprimento dos cortes mais decisivos para 2013 e 2014. [Read more…]
A esquerda no poder
Ouço dizer, muitas vezes, que se a esquerda tivesse chegado ao poder, o país teria entrado numa crise brutal, com o desemprego e a dívida pública sempre a aumentar, com a economia a estagnar e muitos outros episódios do apocalipse.
A não ser que esteja distraído, o país está numa crise brutal, o desemprego e a dívida continuam a aumentar e a economia está estagnada, com tendência para piorar. Por estes sinais, ficamos a saber que os governos responsáveis por este descalabro são de esquerda, como é óbvio.
Diante da necessidade de um governo de salvação nacional, penso que está na hora de o país virar à direita, permitindo que o PCP e o BE passem a governar o país. Só assim será possível emendar aquilo que os esquerdistas irresponsáveis do PSD, do PSD e do CDS andam a fazer há vários anos, num infindável processo revolucionário em curso, propiciador de instabilidade, com o Estado ao serviço de alguns privilegiados, à semelhança, aliás, do que aconteceu em muitos países do Pacto de Varsóvia.
O presente envenenado
O apelo presidencial de um compromisso de salvação nacional, foi aceite pelo PS que já iniciou diligências com o PSD e o CDS. Esse apelo, ao contrário do que muitos poderão pensar, é um forte apoio ao Governo. É um modo de arrastar o PS para a lama, para o lodaçal criado por este Governo, que além de piorar o défice, conseguiu alastrar a pobreza, atrofiar a economia e esvaziar o sentido de vida de um povo. E só um PS sem carisma, titubeante e ideologicamente vazio, aliás à imagem e semelhança do seu líder, aceitaria semelhante engodo. Só um PS sem liderança ou carisma, amarrado a compromissos estranhos ao interesse nacional, sem qualquer independência ou ideologia. Para significar mudança, o PS teria de ser aquilo que não é. E este PS não é esse partido. Não é este PS, nem nenhum partido do chamado arco governativo – PS, PSD e CDS. Uma falência de independência que é a causa primeira da inoperância dos partidos políticos com responsabilidades governativas ao longo da democracia portuguesa, cuja factura andamos a pagar. E a razão primeira de aceitar negociar o inaceitável: pactuar na manutenção no poder de quem mentiu descaradamente para ganhar as eleições e assim tornou a mentir para se manter no poder; de quem não soube governar nem escutar; de quem não tem escrúpulos para conseguir mais poder ou nele se perpetuar. O apelo presidencial não é um apelo: é um presente envenenado, aceite pelo PS. Um presente e um futuro.
Por Portugal, claro!
“Manso! Manso! Manso!” – ululava a turba. Não eram muitos, mas eram insolentes. E no meio daquela bruma, o uivo persistia e dava-lhe vergonha. Muita. Quando abriu os olhos, aquilo ainda lhe ribombava nos ouvidos. Passou a mão pela testa encharcada em suor e, apesar de mal acordado, a irritação voltou. Avassaladora. Como se não tivesse descanso. Como se tivesse aproveitado aqueles momentos em que dormitou para ir buscar, lá ao fundo, as memórias que o perseguiam e atormentavam há tanto tempo. Como podia ele esquecer aquele presunçoso efeminado que o havia perseguido com aquele pasquim miserável. Com aquelas notícias sem nenhuma importância. E porque é que as pessoas não conseguiam ver que aquilo não interessava para nada? Que ele estava acima disso e que mesmo que fossem verdade, ele era demasiado importante. Às pessoas como ele não se aplicavam as regras da gente comum. As pessoas deviam ver isso. Mas não viam, os ingratos, e a culpa era daquele asqueroso jornalistazeco que o importunava. E sempre com aquele sorriso cínico e empertigado. Maldito. Mil vezes madito.
O mundo das crianças – guerras e debates – IV
Os mais novos da família não conseguiam entender os desencontros dos mais velhos. Quem tinha mais família nas guerras de Europa, era a mulher do Engenheiro, bem como uma larga parentela no sítio em que estavam, em Valparíso, Chile , sítio em que estavam as indústrias, o comércio, as fábricas que eles tinham instalado ao começo do Século XX. No velho continente, duas guerras tinam começado: o levantamento das Forças Armadas na Espanha, contra a Segunda República desse reino. A primeira, tinha sido no Século XIX, contra a monarquia de Isabel II, quem teve que fugir para Itália com a sua corte. A bisavó e avó da mulher do engenheiro, iam nesse grupo. A Segunda República tinha começado com o levantamento popular contra Alfonso XIII, que já no governava, apesar de continuar a ser rei. Quem chefiava o país era o seu Primeiro-ministro, Miguel Primo de Ribera, com a protecção do Rei: as Cortes tinham sido abolidas e a Constituição não funcionava. Afonso XIII (nome completo: Alfonso León Fernando María Jaime Isidro Pascual Antonio de Borbon y Habsburgo-Lorena; Madrid, 17 de Maio de 1886 — Roma, 28 de Fevereiro de 1941) foi rei de Espanha entre 1886 e 1931. [Read more…]
a usura dos membros da confissão católica
Usura-pintura a óleo de Van Dyck, Século XVI.
É bem conhecido o texto de Max Weber (Erfurt, 21 de Abril de 1864 — Munique, 14 de Junho de 1920) sobre A ética protestante e o Espírito do capitalismo, de 1905, resultante do trabalho de campo que Weber fez entre os católicos no sul do rio Elba (Alemanha). Embora de fé agnóstica, toda a sua obra está dedicada à religião. Estimando que a dedicação ao credo e à fé enriquece os protestantes, isto é, os cristãos separados da Igreja Católica Romana no Século XVI.
A sua curiosidade científica levou-o, em 1888, a morar entre católicos alemães, para entender a sua pobreza e comparar essa condição com a dos protestantes, que eram ricos ou tinham uma ética da riqueza.
Mais consenso ainda?
Parece que anda por aí um apelo ao consenso, que é preciso que os principais partidos políticos se entendam e que os partidos menos principais se mantenham nas franjas, até porque são imprestáveis para a governação, ao contrário dos que têm governado nos últimos trinta anos, sempre tão prestáveis, como se pode avaliar pelo estado do Estado.
Mas será possível haver maior consenso do que aquele que tem sido praticado pelos partidos que têm ocupado o poder? Todos gastaram mais do que podiam, todos transformaram o Estado numa plataforma de negócios privados com dinheiros públicos, todos vêem o poder como uma agência de empregos para a multidão de lambedores de botas criados pelas juventudes partidárias. São estes mesmos partidos que vivem neste consenso há anos que, agora, vão resolver os problemas que criaram?
O país está em crise por causa do consenso. Abaixo o consenso!
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