“Minha laranja amarga e doce”

“Cavalo à solta” é, para mim, uma das mais belas canções alguma vez concretizada pela genial dupla Ary dos Santos e Fernando Tordo.

A dualidade de sentimentos e perceções próprias da precária condição humana, o modo como em cada um de nós os opostos lutam e dessa luta nasce um sentido, tem uma dimensão singular nos trilhos da vida.

A dado momento, diz o genial Ary dos Santos:

“Minha laranja amarga e doce, minha espada
Poema feito de dois gumes, tudo ou nada”

Tudo isto, acompanhado pelos tons dramáticos que as notas musicais de Fernando Tordo, e a sua voz precisa e profunda, que nos levam a compreender melhor a mensagem, sem subterfúgios ou equívocos, num embalo semântico e dual.

Ali está, sem dúvidas ou ambiguidades, ou com todas elas, toda a contradição harmonizada que compõe a condição e o sentimento.

Revisitei ontem esta canção quando via os resultados eleitorais do meu meu clube, do meu Futebol Clube do Porto.

Outrora sócio, e, há muito anos anos, mero adepto, se sócio continuasse a ser, teria votado André Villas-Boas.

Mas, jamais teria comemorado tão grande derrota sofrida por Jorge Nuno Pinto da Costa. Pela simples razão que entendo que do passado se faz melhor futuro. E eu não posso esquecer as dimensões europeia e mundial que Pinto da Costa deu ao meu clube.

Foram décadas de consolidação de um modo de ser e de sentir, não apenas de um clube, mas, acima de tudo, de um modo inconformado de estar na vida de uma região e, até mesmo, de qualquer um que não se resigna.

É verdade que os últimos anos foram de desacerto e que o clube atingiu perigosos níveis de endividamento. E, não menos verdade, faltou visão e até coerência, entre princípios e acções.

E, mais ainda, faltou a aquilo que John Pappas – personagem do filme “City Hall”, interpretada por Al Pacino – denomina por “menschkeit” (um termo Yiddish que significa “the space between a handshake”: [Read more…]

O fato das alianças, a persistência dos contatos e o massacre contínuo

MAÎTRE DE PHILOSOPHIE. La voix U se forme en rapprochant les dents sans les joindre entièrement, et allongeant les deux lèvres en dehors, les approchant aussi l’une de l’autre sans les joindre tout à fait : U.
MONSIEUR JOURDAIN. Il, U. il n’y a rien de plus véritable : U.
MAÎTRE DE PHILOSOPHIE. Vos deux lèvres s’allongent comme si vous faisiez la moue : d’où vient que si vous la voulez faire à quelqu’un, et vous moquer de lui, vous ne sauriez lui dire que : U.
— Molière, “Le Bourgeois gentilhomme

Considering that the sound /y/ is absent from the vowel space of the subjects in the present study, both at the phonemic and allophonic levels, and consequently that /u/ varies freely, beginner L1 American English learners of L2 French should have difficulty establishing contrastive phonemic categories for /y/ and /u/.
Ruellot

Specifically, the study focused on production by native English speakers of the French vowels /u/ and /y/. French /u/ is realized with variants that are similar, yet acoustically non-identical, to the realizations of the /u/ category of English. French /y/, on the other hand, does not correspond directly to an English vowel, and can therefore be regarded as a new sound for English native speakers who learn French as an L2.
Flege

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Há um importante aspecto — com <c>, que em português do Brasil ilustra /k/ e em português europeu fixa o /ɛ/, impedindo um /ɛ/→[e] (cf. ‘espeto’) — a ter em mente, ao reflectirmos — também com <c>, que ilustra o /k/ subjacente e fixa igualmente o /ɛ/, evitando-se /ɛ/→[ɨ] (cf.repetirmos‘) — sobre a recorrência de grafias como aquela ali à esquerda:

Agora, de forma escorreita.

Há um importante aspecto a ter em mente, [Read more…]

Bruno Santos tem razão

Depois da Lusa, temos Expresso a dar notícias sobre Portugal com fotos espanholas: Alejandro Talavante, em Saragoça. «Com bandarilhas de esperança afugentamos a fera».

Tordos

tordo

Esta semana aprendi que o Tordo do pimba de esquerda (ou social-cançonetismo, para haver precisão histórica) é pai de outro Tordo, de quem me sobra a recordação de um imenso tédio ao fim de meia-dúzia de páginas na tentativa de entender o mistério de alguns sucessos literários em Portugal; a desgraça numa família nunca vem só. Parece que o pai foi cantar para o Brasil.

Alguma esquerda choninhas lamenta e segue o drama familiar através de epistolas pregadas em jornais. Não li.

Sou da esquerda internacionalista, e nas presentes circunstâncias deixo aqui a minha solidariedade com o heróico povo brasileiro, desde 1974 a sofrer por nós, ao menos o Marcelo Caetano não cantava, estão feitos ao bife.

Banda sonora

Não há dúvidas que a canção é uma arma. Acho, assim, muito bem, que se cante em protesto. Apenas sugiro que se diversifique mais um pouco as escolhas. Com todo o respeito pela “Grândola, Vila Morena” e pelo Zeca Afonso, com todo o respeito pela máxima “O povo é quem mais ordena” e pela herança revolucionária, acho que seria, também, de cantar bem alto outras canções que fazem, outra vez, todo o sentido, como por exemplo:

Entram empresários moralistas. Entram frustrações. Entram antiquários e fadistas. E contradições. E entra muito dólar, muita gente. Que dá lucro aos milhões.

Isso mesmo, cante-se também a “Tourada” de Ary dos Santos e Fernando Tordo:

Aceitam-se mais sugestões.

Sónia Araújo de Malas Feitas para Lisboa

Jorge Gabriel está pelo Porto. E a sorridente Sónia Araújo?
Ah, parabéns ao Fernando Tordo, parabéns a todos os homens livres.

O Baú das Músicas Portuguesas – V

Desta vez dou mesmo um doce a quem conseguir cantar isto (e já nem peço que seja afinado e sem engasganços).