Apelo ao rigor nas prioridades de vacinação

A DGS anuncia a recomendação de vacinar contra SARS-CoV-2 crianças dos 5 anos aos 11 ano. Não tenho opinião, nem conhecimento científico para a formar, nem filhos dessa idade, mas sei que os especialistas se encontram muito divididos.

Imagem site da DGS

A DGS, em comunicado, assenta a sua recomendação na posição da “Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19 (CTVC), segundo a qual, a partir dos dados disponíveis, a avaliação risco-benefício é favorável”.
Ora, segundo Cristina Camilo, presidente da Sociedade de Cuidados Intensivos Pediátricos, “apenas 4 crianças dos 5 aos 11 anos estiveram internadas com doença Covid aguda, das quais três tinham comorbilidades importantes”.
Não será por acaso, mas talvez pela mesma razão que Cristina Camilo indicou, que o Centro Europeu de Doenças (ECDC) considerou que [Read more…]

Conversas Vadias 37

Na trigésima sétima edição das Conversas Vadias, saúda-se o regresso do António de Almeida, depois de ter sobrevivido bravamente às comemorações da vitória do Sporting. Ana Reis, João Mendes e Fernando Moreira de Sá foram ausentes especiais. Estiveram, ainda, presentes Francisco Miguel Valada, Orlando Sousa, José Mário Teixeira, António Fernando Nabais e Carlos Araújo Alves.

Assuntos: vacinação, imunidade de grupo, tretas relacionadas com os testes gratuitos, a eternidade dos telejornais televisivos, a multidão de comentadores televisivos, o PSD, a derrota de Rangel e a vitória de Rio, a quantidade de desempregados políticos que a vitória de Rio pode gerar, o gosto do portuguesinho pela figura do político-pai-autoritário-castigador.

Sugestões: mais abaixo, se não se importam.

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Conversas Vadias
Conversas Vadias
Conversas Vadias 37
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Negacionismo

da Grande Mentira. Basta seguir a argumentação de geometria variável.

Deixem as fardas em paz

Foto: Miguel A. Lopes/Lusa@DN

Ainda o bem-sucedido processo de vacinação não estava concluído, já os portugueses se tinham rendido à eficiência e ao low profile abnegado do vice-almirante Gouveia e Melo. E foi, de facto, um trabalho notável e exemplar. Merece, a meu ver, todos os elogios. E a recusa categórica do messianismo foi a cereja no cimo do bolo:

Eu não sou político. Qualquer ser que apareça como o salvador da pátria é mau para a democracia, porque a democracia salva-se em conjunto com todos os atores do sistema democrático.

Não foram poucos, aqueles que, num ápice, se converteram à religião das fardas. Alguns por admiração, outros por desencanto de longa-duração com o funcionamento da democracia, outros ainda com os olhos postos numa solução autoritária, olhando para Gouveia e Melo como um meio para atingir um fim. Felizmente para nós, os militares portugueses têm tido um papel central nos combates pela democracia e pela liberdade, e, parece-me, são poucos dados a cantos de sereias fascistas. Basta ver o que fizeram aos antepassados desta nova vaga de extremistas de direita, naquela madrugada inicial, inteira e limpa.

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Somos governados por negacionistas

Nestes tempos que vivemos, aos olhos do Estado e sua armada, a linha entre céticos e negacionistas é bastante ténue. Toda e qualquer atitude que questione decisões do Governo ou das altas instituições em relação à pandemia é intitulada de negacionismo. Os progressistas de antigamente combatiam o sistema em busca de algo mais, os de hoje tornaram-se servos do Estado sem saber muito bem porquê. Talvez por todos termos cada vez mais poder nas mãos, podendo dar opiniões em plataformas ao alcance de qualquer um, boa parte da sociedade deixou de reconhecer o cinzento e tornou tudo numa questão de preto ou branco.

Questionar a necessidade de máscaras com 85% da sociedade vacinada é negacionismo? Questionar a necessidade de máscaras em salas de aula com indivíduos vacinados e que pertencem a um grupo etário com taxa de mortalidade praticamente nula, prejudicando a aprendizagem e dando mais probabilidade a problemas de saúde a longo prazo, é negacionismo? Questionar a eficácia das vacinas, devido aos rumores de uma possível terceira dose ou não, é negacionismo? Questionar as imposições feitas às pessoas que são divididas entre vacinados e não-vacinados é negacionismo? [Read more…]

Simplicidades

O Popeye das vacinas é um castiço. Este figurão apareceu nas nossas vidas de forma mais repentina do que o vírus e nunca mais de cá saiu. Para a sua universal popularidade, beneficiou em larga medida da absoluta inutilidade do seu antecessor. Convém recordar que Francisco Ramos foi afastado depois de, com o semblante bonacheirão de jantar bem regado, ter vomitado que disponibilizar a segunda dose da vacina a pessoas que passaram à frente na fila só era imoral para quem votou André Ventura.

O país ficou embasbacado e até António Costa terá posto as mãos à cara. Parecíamos condenados a mais do mesmo: um cargo de grande responsabilidade iria ser ocupado por um inimputável, parcial, incompetente e francamente execrável actor político.

Quando toda a esperança parecia fugir, eis que do nevoeiro emerge o GI Joe de Quelimane. Carregado aos ombros pela nossa inclinação sebastianista, estimulado por uma imprensa fetichista que saliva por homens de farda, munido de vacinas refrigeradas e experiência em submarinos, era a autoridade de que o país precisava para aniquilar o vírus e conquistar finalmente o Quinto Império. Os jornalistas orgasmaram, as mulheres pediram autógrafos nos sutiãs, começou a conjeturar-se uma candidatura presidencial. Mas por trás de todo o show está, na verdade, uma ternurenta ilusão.

É que aqui o nosso Capitão Iglo está genuinamente convencido de que está na guerra. Encontramo-nos todos, em sociedade, a brincar aos covides, num faz-de-conta que nos trará no futuro uma colossal vergonha comunitária retroativa. Mas o almirante é o gajo que está a levar isto mais a sério. Fala em dar pancadas ao vírus, em não lhe dar férias, numa linguagem bélica absolutamente adorável. Assemelha-se a um veterano de guerra traumatizado que trouxe o corpo de volta ao país, mas cuja cabeça ainda está nas trincheiras. Claro que esta atitude messiânica faz prolongar a ilusão colectiva de que temos algum tipo de controlo sobre o vírus ou de que líquidos não aprovados e mesquinhas atitudes ditatoriais terão algum impacto na sua evolução. Mas o almirante parecia pelo menos – mesmo que esquizofrénico – ser um sujeito íntegro e competente. O homem certo no lugar errado.

Pois, enganei-me. Aquilo que começou como um promissor líder que parecia priorizar a eficiência e a transparência transformou-se num espetáculo de vaidades infantis e declarações estapafúrdias. A pior surgiu esta semana.

Para este senhor, a questão da segurança destas injecções para os jovens é “muito simples”. E ele espera que os pais entendam, porque é muito simples. Se tiverem, claro está, suficientes capacidades mentais para entenderem algo tão simples. A segurança das injecções em jovens é tão incrivelmente simples que os pediatras (provavelmente a área médica com menos anti-vacinas per capita) da comissão reunida pela DGS foram unânimes em manifestar-se contra. Nada que não pudesse ser resolvido ao estilo Grouxo Marx.

Esta questão é tão irrefutavelmente simples que efeitos adversos graves das vacinas mRNA – como inflamações cardíacas – estão a ser frequentemente detetados especificamente em jovens. É tão assustadoramente simples que – como as vacinas já estavam compradas e há acordos a cumprir, bazucas a colectar e ânus a lamber – foram necessárias inenarráveis pressões políticas para despoletar o processo. Tão absolutamente simples que foi necessário inventar “novos dados” para proceder a essa pirueta, dados esses que ninguém sabe quais são. Tão espantosa, extrema e brutalmente simples que – de forma a contornar a incómoda questão de esta ser uma doença que virtualmente não afecta os mais jovens – foi necessário colocar um infeliz avençado a justificar a decisão com o “peso psicológico”, porque as crianças estão aterrorizadas com a possibilidade de infectar os seus familiares mais frágeis; ignorando desta forma não apenas a inutilidade da vacina no que toca à transmissão, mas também e sobretudo o facto de esse bem-estar ter sido completamente dizimado por prostitutas como ele e as suas abjectas campanhas de terror.

Aquilo que é para muitos um terrível debate sobre bioética, moralidade, consciência social, individualismo, parentalidade, independência da ciência em relação ao poder político e corporativo, e cuja decisão irá impactar toda uma geração que temos obrigação de proteger é, para o nosso futuro presidente, uma “coisa muito simples”. É segura, caramba! O senhor almirante “garante”. Gouveia e Melo pode não ter a insolência ébria do seu antecessor, mas no que toca a condescendência e pedantismo, até Francisco Ramos tem muitos douradinhos para comer até chegar aos calcanhares do nosso adorável e mui sexy marinheiro.

Conversas vadias 24

Aqui está a vigésima quarta edição das Conversas Vadias. A cumprir o dever de vadiar, estiveram três mosqueteiros (ou seja, quatro): José Mário Teixeira, Orlando Sousa, António Fernando Nabais e António de Almeida.

Começámos por servir a vitória do Sporting na Supertaça, atacámos o disparate das janelas de mercado no futebol, provámos um pouco de outras modalidades, à custa dos Jogos Olímpicos, valorizámos Neemias Queta, explicámos o que significa “andar na berlinda”, degustámos a estranha intervenção do Presidente da República sobre a vacinação dos jovens, inquietámo-nos com a D. G. S., lembrámos o fecho da Dielmar, digerimos Bolsonaro e acabámos com sugestões para todos os gostos, incluindo um desgosto.

Conversas Vadias
Conversas Vadias
Conversas vadias 24
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Desnorte acerca do isolamento profilático e do Certificado Digital de Vacinação

António Costa, com vacinação completa e após teste PCR negativo, encontra-se em isolamento profilático por ter contactado com pessoa infectada, cumprindo instruções da DGS.
Sendo que ainda no fim-de-semana anterior o Certificado Digital de Vacinação era suficiente para evitar confinamento em áreas previstas, Marcelo Rebelo de Sousa pede, e muito bem, pede à DGS que esclareça os portugueses por que razão está o Primeiro-Ministro em isolamento profilático.

Lesta a esclarecer o pedido do Presidente da República, a DGS informa que, e cita-se,
“Pelo princípio da precaução em Saúde Pública, no atual momento epidemiológico, de acordo com a Norma 015/2020 e 019/2020 da Direção-Geral da Saúde, as pessoas vacinadas são abordadas, no que diz respeito ao isolamento e testagem, respetivamente, da mesma forma que as pessoas não vacinadas”, sendo que, “esta abordagem está em discussão e “poderá ser atualizada com base na evolução da evidência científica e se a situação epidemiológica assim o suportar”.
Ou seja, [Read more…]

Má sorte ser-se Cavaco

Cavaco tem todo o direito a escrever e a dizer o que lhe apetecer e a ser deselegante e malcriada, porque vivemos num país livre e é preciso respeitar as pessoas com incapacidades. Ninguém está livre de ter um filho assim e não é menos filho se for assim. Ainda por cima, ser malcriado não impede ninguém de chegar a bastonário ou de ter ambições políticas, como já foi demonstrado por outros antes dela.

Pelos vistos, Cavaco chamou “gorda fura filas” à Presidente da Câmara de Portimão, que se considera “obesa”, termo débil e politicamente correcto. Cavaco não é mulher de meias palavras. Sendo mestre em Saúde Comunitária e Saúde Pública, terá aprendido que a melhor maneira de tratar uma pessoa com problemas de peso é chamar-lhe “gorda”, havendo teóricos que defendem a importância curativa de apodos como “vaca” ou “baleia”. No fundo, isto é enfermagem. Acrescente-se que Cavaco tem, também, uma pós-graduação em Gestão pela Católica, onde aprendeu, decerto, a sentir-se superior e a espalhar pragas bíblicas.

Já é pior ser-se desonesto, mas também isso é um direito e os tribunais poderão resolver esse assunto daqui por dez anos. Cavaco escreveu que ouviu dizer que o secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local e a sua esposa, directora da Segurança Social de Faro, tinham sido indevidamente vacinados. Ficou a saber não era verdade e que, portanto, não se tinha verificado nada de indevido. No faroeste das redes sociais, Cavaco confessou que foi contactada pelo próprio secretário de Estado, o que a levou a acrescentar que não foi vacinado, mas que podia ter sido e que isto é tudo uma grande vigarice, porque há muito nepotismo, recorrendo a uma técnica habitual em qualquer tasca, quando um bêbado muda de insulto, por o anterior não ter resultado. [Read more…]