Sócrates, Lopes da Mota e a demissão… de Sócrates

A discussão em torno do processo disciplinar instaurado a Lopes da Mota (ilustre presidente do Eurojust) anda a passar completamente ao lado das questões essenciais.
Obviamente que a comunicação social também é responsável por este desvio de atenções (o Fórum TSF no dia seguinte a esta notícia tinha como tema “a credibilidade e representatividade dos políticos” e não discutiu as pressões), mas o que me surpreende é mesmo a posição de todos os partidos da oposição.
Todos nós sabemos o estado da justiça, todos nós já emitimos opiniões e todas elas convergem. Mas a discussão hoje não deve, nem pode ser em torno do estado da justiça, nem mesmo em torno da demissão ou não de Lopes da Mota. O que se deve discutir seriamente é o facto de um governo querer a todo o custo controlar este processo que deveria estar apenas alocado aos protagonistas judiciários. Este caso prova uma vez mais que o actual elenco governativo também pretende manipular a justiça. Isto não é grave… é muito grave!
Num país normal, o mínimo que tinha acontecido era a demissão imediata do governo, ou seja, a demissão de José Sócrates.
Não é normal que não se questione o porquê das pressões. Lopes da Mota pressionou a justiça apenas com o intuito de beneficiar aparentemente o seu amigo José Sócrates, primeiro ministro de Portugal.
Esta atitude déspota do governo português põe em causa todo o sistema democrático e a discussão política está quase toda ela a passar ao lado do essencial.
Exigem-se consequências! Portugal não pode continuar a conviver com casos mal explicados que envolvem altas figuras do estado. Por muito menos, Miguel Cadilhe, Murteira Nabo, António Vitorino, demitiram-se dos respectivos governos.
A bem da democracia, José devia demitir-se e não ser candidato a primeiro ministro nas próximas eleições.

Comments

  1. Luis Moreira says:

    Sem dúvida,Ricardo!Não há a percepção na sociedade que estes casos minam a democracia e o Estado de Direito, e isso devia preocupar-nos bem mais!

  2. Queiram desculpar-me mas não é vulgar (mesmo nas ‘grandes’ democracias) que ocorram situações deste género? Vejam a circunspecta Inglaterra, com os problemas relacionados com o pagamento de despesas por deputados e pelo chefe do Governo. Nos EUA, casos deste género são aos milhares todos os anos. Os lobbys ‘moram’ no senado, na Casa Branca… Lopes da Mota devia demitir-se. Pois devia. Mas o primeiro-ministro também? Se assim for, não teremos nunca um Governo por mais de um ano. Nem nós, nem nenhum país.

  3. Luis Moreira says:

    Mas Sócrates não é um caso, são vários e isso torna-se insustentável!

  4. Maria** says:

    sócrates ao new york times-o sol não traduziu, traduzo eu. http://bit.ly/bBXwIg

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