Onde estava eu no 25 de Abril?
Fisicamente estava no meu local de trabalho, no Hospital de Santo António.
Psicologicamente sentia-me num imenso parque frondoso, cheio de flores e pássaros chilreantes, respirando profundamente a liberdade e o ar fresco de uma bela manhã primaveril, com a sensação de ter saído de uma prisão perpétua.
Politicamente encontrava-me do lado de cá da barricada, isto é, do lado que havia lutado contra a cobarde ditadura fascista de Salazar.
A minha consciência política, ainda que pouco sólida e pouco profunda nos anos sessenta, foi fortalecida por uma guerra colonial fortemente esclarecedora e foi inevitavelmente acordada por uma ditadura grosseira e primária, sinistra e assassina.
A explosão do 25 de Abril apanhou-me em cheio, e fez brotar no meu coração um rio de liberdade. Fez rebentar na minha mente e na mente dos portugueses conscientes e sãos um vulcão de amor, fraternidade e solidariedade, nunca até aí vivido. Foi o mais belo fenómeno político e social de toda a minha existência. A mais fantástica lição de pedagogia humana que algum dia se pode ter vivido. O mais eficaz detergente de toda a podridão de meio século.
Se as pessoas parassem um pouco para pensar, se não tivessem os olhos embaciados e a sua cultura cheia de lodo, sabiam que o 25 de Abril não foi a causa da caricatura democrática que hoje vivemos, mas sim a sua a vítima.
Adão Cruz
A nossa geração é assim que pensa, caro Dr. depois os valores vão-se perdendo no nevoeiro da memória.
é por causa desse “nevoeiro da memória” que todos os anos tento provocar uma outra meteorologia para a memória … arranjo sempre oportunidade para ir perguntando “amanhã onde vais estar no 25 de Abril?” … meus caros como as pessoas se colam a interesses de conveniência….
Maria alguma vez esteve presa na PIDE só por curiosidade???
não
ok ja fui censurado outra vez..já me vou habituando ao FáCismo!