Não há muitos momentos históricos na vida de uma pessoa. Eu tive a sorte de viver numa época fantástica, embora o salazarento me tenha roubado 28 anos de vida. Vivi o Maio de 68, o 25 de Abril, a ida à lua, e o primeiro transplante cardíaco.
Não resisto a contar-vos, na sequência da bem apanhada incredulidade do Zé, que me lembro perfeitamente, da primeira página dos jornais a anunciaream o primeiro transplante cardíaco.
Eu trabalhava na Baixa e ouviam-se os ardinas a gritarem a notícia. Parei para comprar o jornal, e um gajo que estava ali ao meu lado e que eu não conhecia de lado nenhum, diz-me: estes gajos são uns mentirosos. Então o tamanho do coração não é igual como é que cabe na caixa toráxica de outro gajo? Eu fiquei com aquela a moer-me a cabeça. Então há pessoas que passam uma vida a correr atrás de um sonho, trabalham duramente, e nunca viram o que este gajo, que nunca tinha sequer pensado nisto, viu logo à primeira?
Há duas formas de olhar para estes momentos que valem uma vida. Outra história para explicar esta ideia.
O Imperador Carlos V foi visitar as obras da Catedral de Rems (não vale a pena ir ver porque eu não tenho a certeza) e perguntou a um pedreiro. Tu que fazes aqui? E o pedreiro respondeu. Parto pedra. A seguir pergunta a outro pedreiro. E tu, o que fazes aqui? responde o pedreiro. Construo uma Catedral!
Se não sonharmos nunca iremos à lua, não teríamos feito o transplante cardíaco e nunca teríamos construído uma Catedral!
Comentários Recentes