Momentos históricos íncriveis

Não há muitos momentos históricos na vida de uma pessoa. Eu tive a sorte de viver numa época fantástica, embora o salazarento me tenha roubado 28 anos de vida. Vivi o Maio de 68, o 25 de Abril, a ida à lua, e o primeiro transplante cardíaco.

Não resisto a contar-vos, na sequência da bem apanhada incredulidade do Zé, que me lembro perfeitamente, da primeira página dos jornais a anunciaream o primeiro transplante cardíaco.

Eu trabalhava na Baixa e ouviam-se os ardinas a gritarem a notícia. Parei para comprar o jornal, e um gajo que estava ali ao meu lado e que eu não conhecia de lado nenhum, diz-me: estes gajos são uns mentirosos. Então o tamanho do coração não é igual como é que cabe na caixa toráxica de outro gajo? Eu fiquei com aquela a moer-me a cabeça. Então há pessoas que passam uma vida a correr atrás de um sonho, trabalham duramente, e nunca viram o que este gajo, que nunca tinha sequer pensado nisto, viu logo à primeira?

Há duas formas de olhar para estes momentos que valem uma vida. Outra história para explicar esta ideia.

O Imperador Carlos V foi visitar as obras da Catedral de Rems (não vale a pena ir ver porque eu não tenho a certeza) e perguntou a um pedreiro. Tu que fazes aqui? E o pedreiro respondeu. Parto pedra. A seguir pergunta a outro pedreiro. E tu, o que fazes aqui? responde o pedreiro. Construo uma Catedral!

Se não sonharmos nunca iremos à lua, não teríamos feito o transplante cardíaco e nunca teríamos construído uma Catedral!

Entre o fabuloso e o horroroso

40 anos depois, porque é que nunca mais houve nenhum homem na Lua?

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O pé de Buzz Aldrin na Lua, há quarenta anos.

Foto: Nasa

Crianças vs. restaurantes

Uma escapadela de fim de semana, a criança já vai quase nos três anos e a gente começa a devanear com um tímida recuperação de uma coisa parecida com uma vida social.

Como uma ida a um restaurante decente, por exemplo. A esperança ilumina-se quando espreitando a carta descobrimos que milagrosamente, entre o creme de espargos, o carpaccio de novilho e o crocante de frutos silvestres existe um inesperado esparguete à bolonhesa. Ah, isto vai agradar-lhe. O restaurante, sendo carote e de aspecto cuidado, tem poucos clientes a esta hora. Tudo parece bem encaminhado.

Conduzem-nos a uma mesa um pouco mais afastada, como aliás é comum quando levamos crianças ainda por civilizar, o que, de resto, os pais agradecem. Uma revista do Ruca até aí escondida é o trunfo que a ferinha não esperava e que parece suficiente para entretê-la.

Há um número alarmante de copos e talheres sobre a mesa que nos fazem lembrar a última experiência num restaurante semelhante em que a ferinha, sonolenta e desesperada com a lentidão da cozinha que nunca mais lhe fazia chegar o leite creme, resolveu usar os pãezinhos de sete cereais como arma de arremesso e os copos de água como alvo. Mas isso foi há uns meses e a ferinha já não faz essas coisas.

A música ambiente é agradável, ainda que um pouco pedante, como parecem ser, aliás, os ocupantes das outras mesas. Esboço uma tentativa de dar início a um diálogo adulto e interessante, agora que a ferinha se mostra contente com a revista. O meu par aceita o desafio e conseguimos, por segundos, sustentar a aparência de que mantemos um diálogo inteligente e adulto. E então ouve-se aquela vozinha, tão melodiosa e, ainda assim, capaz de se fazer ouvir a uma distância de um quilómetro. “Mamã, o Ruca fazeu chichi nas cuecuas”.

O chefe de sala olha com horror para nós, antevendo o desastre, mas todos respiramos de alívio quando constatamos que, de facto, apenas a revista do Ruca, sobre a qual tombou o copo da água, parece ter tido um acidente.

Tem, então, início uma sucessão de desastres de magnitude vária. Talheres que caem ao chão emitindo o máximo ruído possível, guardanapos de linho mergulhados no prato da sopa, arroz saltitante e que se gruda à cobertura aveludada e aparentemente caríssima dos estofos das cadeiras, saleiros avant-garde transformados em carrinhos que se lançam em loucas perseguições pela mesa, a nossa refeição devorada às pressas e à vez para que possamos conter a espiral de destruição que está em marcha.

Finalmente, ante a visão do prato de arroz doce, as tréguas parecem chegar. A cada colherada que leva a boca a ferinha parece tranquilizar-se. Respiramos fundo, os olhares afastam-se por fim de nós. Talvez ainda nos atrevamos a pedir café. Nesse momento de paz, irrompe um som inconfundível, escandalosamente inconfundível.

“Mamã, dei um pum”.

Pedimos a conta e vamos passar a tarde ao parque. A partir de amanhã voltamos à pizzaria.

Mais uma promessa socrática

A promessa Socrática de hoje é que o Estado dará um subsídio de cinco mil euros a quem comprar um carro eléctrico, perdão, um carro movido a energia electrica.

O carro dificilmente se moverá, não há estrutura logística de apoio de carregamento das baterias, mas isso não vale nada para Sócrates. Não interessa nada. Quem comprar, já sabe, cinco mil euros.

As promessas socráticas são diárias, por volta das 12.30 horas para chegar a tempo dos noticiários das 13 horas. Algumas são já conhecidas por repetidas, outras são um portento de imaginação, outras ainda foram-lhe sugeridas por mil vezes com Sócrates a dizer que não prestavam.

Mas aguenta-se o sacríficio diário. A gente percebe que isto está muito mau mas divertimo-nos à brava. Um Primeiro Ministro que está há quatro anos em maioria absoluta vem agora prometer o que nunca quiz fazer. O mesmo que prometeu 150 000 postos de trabalho e que não aumentaria os impostos.

Proponho aqui no aventar um jogo que se chamará Sopromessa. Qual será a promessa de amanhã de Sócrates?

O primeiro prémio será para quem conseguir acertar na promessa. O segundo prémio será para quem conseguir acertar na área da governação e o terceiro prémio para quem conseguir acertar no valor do subsídio.

Jogue e verá que acerta. Pelo menos promessa há todos os dias.

Space Oddity também faz 40 anos

Terá o Major Tom rompido o silêncio fantasmagórico do Mar da Tranquilidade?

Os gays não devem doar sangue

Estou completamente de acordo que os gays sejam impedidos de doar sangue. Como estaria de acordo se os casados promíscuos fossem impedidos, ou os solteiros com várias namoradas, ou quem, por uma vez que fosse, não tivesse utilizado o preservativo.

Não é uma questão de discriminação. É uma questão de segurança.

Se fosse possível isolar comportamentos de risco individuais seria por aí o caminho, mas não é possível. Mas é possível definir grupos onde a prevalência é alta, tão alta como noutros grupos, mas alta.

Todos os grupos de pessoas que pelas suas características possam ser isoladas, contribuem de uma forma fácil, simples e segura de diminuir a probabilidade de transmissão, mesmo que isso acarrete injustiças várias. Para o grupo e para os individuos!

Não é possível fazer o mesmo com o resto da população, mas a ser possível, devia fazer-se em nome da segurança. Sem juízos de valor pelas suas opções de vida.

Diminuir a probabilidade de transmissão é o objectivo, tem que ser o objectivo, das autoridades de Saúde. É preciso não esquecer que com a diminuição probabilistica de transmissão, procura-se não só o despiste do HIV mas tambem outras doenças como sejam as hepatites, estas com elevada incidência entre os homosexuais.

As autoridades de Saúde não podem seguir outro caminho que não seja diminuir a probabilidade de transmissão. Se fosse possível fazer rastreio prévio a todos os dadores seria obrigatório esse procedimento, em nome da segurança.

Isolar grupos, diminuindo as probabilidades de transmissão, é procedimento obrigatório de segurança, não tem a ver com discriminação. Com este procedimento controlo 500 000 pessoas ? número irrelevante para as necessidades de colheita, e afasto de certeza absoluta, vários casos de comportamento duvidoso individual. Um que fosse, já teria valido a pena.

Não posso fazer o mesmo a 5 000 000 de pessoas casadas sob pena de não ter “massa crítica” de colheita!

É só uma questão de bom senso!

Nel Monteiro: falar em merda hoje já não é um palavrão

a merda é realmente uma porcaria onde milhões de pessoas vivem.

Já gostava do Edgar Pêra. Agora por sua conta e risco começo a gostar do Nel Monteiro. Sim, desse mesmo. Estou completamente sóbrio. Juro.

Chegou-me isto por via do António Luís Catarino, um velho amigo que já leva décadas a encontrar grandes merdas. Boa Luís.

ATÉ ONDE IREMOS?

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QUANDO IREMOS?
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Ainda há quem se divirta a não acreditar na ida do Homem à Lua.
Há quarenta anos, estive especado frente ao televisor, a preto e branco, a ver, a imaginar, a sonhar.
Hoje, a minha capacidade de sonho, continua, felizmente intacta. Continuo a gostar dos livros de literatura fantástica, dos livros de ficção científica, dos filmes que ao longo dos anos se foram produzindo.
Até onde seremos capazes de ir? Até onde conseguiremos enviar homens, para descobrir o que suspeitamos existir?
Quando daremos nós, outros pequenos passos, pequenos para o Homem, mas enormes para a Humanidade?

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Apollo 11, a alunagem

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Foi a primeira vez que me deixaram ver a radiotelevisão portuguesa até tão tarde houston era mais rádio que televisão

(ouvejam aqui a recriação em directo)

e bem portuguesa com os comentários e locução em estúdio roger viouvi o gajo com o escafandro branco a descer houston eagle o segundo Aldrin roger se calhar nem foi nessa noite que se viu e a frase houston eagle lua mal deram uns passos após a alunagem foram logo meter a bandeira e neste caso Armstrong a humanidade não tem razões de queixa. A lua não sei mas sempre foram uns dias com uma emoção do caraças.

Vi-vos a chegar lá da Nazaré, que tem um céu cheio de carapaus a secar, e depois fui dizer ao meu avô que não estava lá ninguém na lua a apanhar silvas por ter trabalhado a um domingo. Ele riu-se. De certeza que já desconfiava.

Adenda: e quem duvidar que faça a sua google alunagem…

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Mau sinal – promessas diárias socráticas

Alguem devia dizer a Sócrates que é feio andar a prometer o que não fez em quatro anos de maioria absoluta. E promessas que não está em condições de cumprir. Mesmo sabendo, por experiência própria, que há promessas que não se podem cumprir (ninguem se esquece dos 150 000 postos de trabalho e do aumento de impostos) Sócrates, de cabeça perdida, todos os dias aparece a prometer.

Estas promessas estão todas voltadas para as pessoas, as mesmas, que ele e o seu governo ignoraram durante a mais longa legislatura de maioria absoluta. Foram os Bancos, os negócios, as causas, os grandes investimentos, os grandes grupos económicos, mas as pessoas e as PMEs, onde se contam 70% dos empregos, Sócrates descobriu-as agora.

E agora é “um fartar vilanagem”, todos os dias há subsídios, ajudas à exportação, ao emprego, aos pobres, às PMEs, aos alunos, aos idosos…

Ninguem lembra a Sócrates que se ele precisa de andar a prometer e a criar ( só na sua cabeça não no terreno) é porque não as criou antes? E não foi ele que disse que estava no caminho certo, que o país estava muito melhor preparado que todos os outros para enfrentar a crise? Que já havia sinais de fim de crise ? Que até estava convencido que ía vencer as eleições por maioria absoluta?

Alguem diga a Sócrates que ao menos se despeça com dignidade, ninguem acredita em promessas vindas de quem vem, é bem melhor o Sócrates convicto , embora errado, do que o Sócrates vulgar e cheio de truques, de Xico esperto!

O que se sabe da sua vida está aí e não dá espaço a dúvidas, quanto às promessas e à dura realidade em que meteu o país.

Além de tudo o mais dá sinais inequívocos que está desesperado com o que aí vem!

Operação Valquíria (atentado contra Hitler) foi há 65 anos


No dia 20 de Julho de 1944 uma bomba destruiu parcialmente o quartel general de Hitler, cuja sala de reuniões ficou como mostra a fotografia. O conde von Stauffenberg, um oficial conservador, mas antinazi, liderava um movimento de oficiais generais contra Adolf Hitler, movimento que tinha como objectivo a deposição do ditador – era a chamada «operação Valquíria». A bomba, levada para a reunião por von Stauffenberg, explodiu, provocou quatro mortos entre os 24 oficiais reunidos e apenas ligeiros ferimentos em Hitler. O movimento abortou e os seus responsáveis foram executados na noite do próprio dia 20.

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