A PROPÓSITO DAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS

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AO CUIDADO DO SR DR RUI RIO
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A propósito de uma notícia que no JN de há dias atrás li, na qual o sr da Sonae, a convite da sra d Elisa, tecia considerandos sobre a nossa cidade e a região Norte, lembrei-me do que eu mesmo tinha escrito, […. Vem isto a propósito das corridas, de carros e de aviões que em boa hora o Sr. tratou de trazer para a nossa cidade.

Será que é asneira pensar que a nossa cidade precisa de eventos destes e de outros para que seja ainda mais visitada, para que forasteiros venham cá trazer o seu dinheiro para movimentar o comércio e os serviços, para criar emprego nem que seja temporário e todos nós vivermos melhor?
Aproveitando esta onda, não se poderia pensar em fazer no Porto anualmente, um festival aéreo, corridas de motos, concursos de poesia em que o mote fosse a cidade, concursos de ideias para melhorar a vida da cidade, para melhorar e incentivar a visibilidade do Porto lá fora, concursos de estatuária e de pintura em que o mote fosse também a cidade e suas gentes, em posições e estados do dia-a-dia, sei lá, todos as hipóteses de coisas que possam elevar ainda mais a cidade, e leva-la ao conhecimento mundial, pelas coisas que só cá existam?
Ó meu caro amigo presidente, que não duvido que o seja já que sou um seu concidadão, até que ponto será difícil fazer ainda mais coisas pela cidade, sejam elas populistas ou não, mas de que todos beneficiemos economicamente, seja directa ou indirectamente?
Temos que trazer para cá cada vez mais turistas nacionais e estrangeiros, mas turismo de qualidade, e isso só se consegue com a realização de muitos e bons eventos ou a construção de coisas que não haja noutro lado.
Vamos incentivar a vida nocturna, com qualidade e segurança. Vamos trazer ao Porto um S. João todos os meses, que dinamize o comércio e os serviços …..]
em Setembro de 2007, e publicado no “O Primeiro de Janeiro” de Novembro desse ano.

De facto, só com eventos do género das corridas de aviões ou de automóveis ou de barcos, ou outros eventos, quaisquer que eles sejam, que pela sua grandiosidade, pela sua escassez na região, ou ainda que só pela diferença se façam notar, poderemos ter a nossa cidade cada vez mais conhecida e visitada.

A casa da Música, pela sua grandiosidade e diferença, o Sea Life, pela diferença e escassez na região, as corridas de automóveis e as de aviões, serão alguns dos exemplos a que me referi na altura e que continuam actuais. O sr da Sonae, tem toda a razão nesse aspecto.

Só que na verdade não chegam. Precisamos de meia dúzia de eventos do género das corridas, por ano. Quase mês sim, mês não. Precisamos de oferecer coisas que mais ninguém tenha ou ofereça, e publicitá-las bem (há infrainstruturas baratas, como por exemplo as necessárias para as modalidades de Bike Trial e outras, que não existem na região, e poderia começar por esse apoio a modalidades minoritárias). A concentração de eventos no verão, mormente nos meses de Junho e Julho, não é suficiente. É preciso distendê-los ao longo do ano. Só assim se mantém o nível desejado de movimento na cidade, e se insentiva o turismo de qualidade.

O dr Rui Rio, vai, com toda a certeza, ter mais quatro anos à frente da nossa Câmara, tempo mais que suficiente para acabar de nos elevar ao patamar que todos desejamos.

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Não há PM como eu

Ainda está para nascer um PM que tenha controlado o déficite e as contas públicas como eu! Mais ou menos assim.

Dois dias antes o Ministro das Finanças diz : a única maneira virtuosa de controlar as contas públicas é pelo lado das despesas.

Ora o maior, o único, o extraordinário PM que a Nossa senhora de Fátima nos concedeu limitou-se a aumentar todos os impostos. Depois de nos ter prometido que não o faria. Aumentar os impostos é a acção governativa mais simples, um DL e a máquina começa a sacar.

Pelo contrário, controlar o déficite pelo lado da despesa, obriga a políticas de contenção salariais, a profundas reformas na Administração, na Justiça, na Educação, na Saúde …

Ora nenhuma foi feita, houve aqui e ali mudanças positivas mas nenhuma profunda, no essencial. Limitou-se a declarar guerra a algumas corporações de interesses, incapaz de negociar e de dar o exemplo, com as acções que se iam conhecendo, ao nível da ética política e das relações perigosas com o o grande capital.

Dizer que se controlou o déficite como mais ninguem, quando sabemos o Estado em que se encontram as contas públicas, e o os bolsos dos portugueses, é dançar o malhão em pleno funeral.

Este homem tem de si mesmo uma perigosa imagem de grandeza, ainda mais estarrecedora por conhecermos a pequenez de certos episódios da sua vida pessoal e política.

Sócrates é um político muito perigoso!

Compromisso Portugal – Governo falhou

O Governo falhou no apoio às empresas e no ímpeto reformista que mostrou no ínicio da legislatura.

A situação do país não é melhor do que no ínicio em 2005, continuamos a divergir em relação à Europa, e ainda antes da crise internacional o país não conseguiu aproximar-se dos outros países da UE!

Não conseguiu melhorar o enquadramento favorável à actividade económica, não melhorou a contenção do intervencionismo do Estado, falhou na reforma do Estado, da Administração Pública e na Justiça.

A situação do país é preocupante, apresentando uma posição líquida em relação ao exterior negativa em 100% do PIB.

Apresenta como políticas positivas o Plano tecnológico, as Novas Oportunidades e o desenvolvimento das energias renováveis.

A situação das contas públicas é uma incógnita (à margem do relatório é de referir aqui, o número de circo do PS na AR, que não fornece os números das contas públicas, porque o grupo técnico de apoio existente na AR não é competente!!!)

Deve ser por não estar assegurado um conveniente relatório…

Em busca do tempo perdido

Nessas páginas que se tornaram célebres, o sabor de uma madalena tomada ao pequeno-almoço resgatava memórias de uma infância em Combray, em casa da tia Léonie, e aquele que seria um prosaico pequeno-almoço transforma-se numa evocação de um tempo perdido e que apenas a memória pode resgatar. Deixem-me que partilhe convosco, amigos proustianos, a evocação com que me deparei hoje, capaz de rivalizar com a madalena do nosso amado Marcel: “Tomando o café da manhã, lembrei-me, ao sabor da minha memória, de algumas políticas sectoriais empreendidas por este Governo: a Escola a Tempo Inteiro, a compilação das Leis Laborais (fragmentadas durante mais de 30 anos), o aumento dos recursos na Investigação Científica, a batalha pela Igualdade de Género, a vacinação gratuita contra o Papiloma responsável pelo cancro do colo do útero (…). . Como o café da manhã não é milagreiro e eu queria sistematizar políticas e resultados objectivos, voltei para o meu lugar de trabalho (actualmente em casa) e percorri alguns sites ministeriais e institucionais à procura de elementos que me permitissem fazer um rápido ponto da situação do trabalho efectuado pelo actual Governo, nas diversas áreas.” O seu a seu dono: é de Vera Santana esta evocação laboriosa, à qual, porventura, apenas faltará a sua madalena, que bem poderia ter sido substituída pelo português papo seco, já que, como bem diz, “o café da manhã não é milagreiro” e quem começa o dia a evocar “o Papiloma” cedo ou tarde sentirá azia.

Quadra do dia

Ó meu rico S. João
Ó meu santo milagreiro
Se não deitas mão a isto
Vamos todos pró galheiro.

Chover no molhado

O “Estudo sobre a Pobreza na Região Norte de Portugal”, elaborado pelo Centro de Estatística da Associação Nacional das PME e pela Universidade Fernando Pessoa, para a Comissão Europeia, indica que a região Norte é a mais pobre de Portugal e está entre as 30 mais pobres das 254 regiões da UE25, enquanto Trás-os-Montes é classificada como a Sub-Região mais pobre da UE27.

Este é, claro, mais um estudo que serve apenas para confirmar o que já se sabia. Uma espécie de chover no molhado. Só quem andou e anda distraído é que não sabia deste panorama. Depois estranham que não haja emprego, equipamentos sociais, desenvolvimento e que o maior desejo de qualque transmontano seja mudar de vida e de local de residência.

Este é um país cada vez mais inclinado para o litoral. E ninguém parece incomodado com isso.

Barak Obama o novo Médico de Família dos EU

Barak Obama, o novo Médico de Família dos EU.

Li há dias um artigo de Ignacio Ramonet, na primeira página do “Le Monde Diplomatique”, sobre Barak Obama. Tenho uma grande admiração por Ignacio Ramonet, e uma grande credibilidade naquilo que escreve. Por isso, aceitei de muito bom grado todos os encómios que ele tece à volta de Obama, considerando positivo o saldo de seis meses da sua governação. No fim, passei a ver Obama como um pobre clínico, chegado a um campo de refugiados onde as doenças fervilham, fazendo tudo por tudo para deitar mãos á obra, tentando curar o mais que pudesse.
Mas trata-se de doenças muitas vezes genéticas e com uma cronicidade tal, que se me afigura muito difícil que ele próprio não seja contaminado ou não transcreva vícios terapêuticos pouco recomendáveis.
São ás dezenas os exemplos destas doenças sociais e políticas que minam e minaram os EU. Mas há duas que pelo seu carácter epidémico constituem um perigo para a humanidade inteira: a sede imperialista e a alergia às democracias, levadas pela América às mais diversas partes do mundo, sob a forma de tratamentos envenenados.
No Chile foi o que se viu, gravíssima hemorragia produzida pela injecção traiçoeira de uma vacina de vírus vivos. No Vietname, uma agressiva terapêutica intensiva, que não matou o doente porque ele esperneou até ao “washout”. Em Cuba, acentuada astenia, resultante da criminosa imposição de uma dieta rigorosíssima e envenenada que visava preparar a invasão dos abutres. Granada quase desapareceu do mapa, tal a força do laxante. A Somália vomitou incoercivamente enquanto não lhe retiraram o enjoativo xarope da interferência humanitária. O massacre e a violência dos americanos sobre o povo indefeso do Panamá não deixou dúvidas quanto à semelhança com o holocausto, embora a realidade tivesse sido bem mais negra do que a do filme de Barbara Trent. Duvalier, Somosa, Batista, Pinochet e tantos outros amigos dentro e fora do Vaticano, nunca deram preocupações “democráticas”. A América sempre resolveu tudo com a implantação de próteses ditatoriais, tendo como instrumentista neste tipo de cirurgias a sua fiel ajudante, a igreja católica. Apenas no Iraque e no Afeganistão as suas próteses romperam, e nada mais poderiam fazer do que tentar a eutanásia de quase um milhão de seres humanos, cujo processo ainda decorre, e cujo resultado está longe de garantido, dado o violento espernear dos agredidos.
Na pobre mentalidade de Reagans, Clintons e Bushs, sempre assentou a monumental hipocrisia dos donos deste país, responsável por centenas de execráveis agressões, secretas e às escâncaras, levadas a cabo em todo o mundo. Chocante! A receita das suas imperialistas doutrinas, a desvergonha com que fabricam e sempre fabricaram os letais remédios para a “cura das democracias” e as bulas impressas sob a forma de comunicação social, levando à grosseira manipulação e desinformação da humanidade, constituem ainda hoje o seu “vademecum”. Os “melhores do mundo” pulverisando milhões de seres humanos para dar gás à “democracia” dos cemitérios. Não há razão para as razões nem razões para a razão. Não há Bushs para a razão. Não há razão para Reagans, Clintons, Bushs e todos os seus acólitos por esse mundo fora. São o que são, pobres efervescências de cérebros a decompor-se na podridão. Com a cura do mundo e da vida nas mãos desta gente, não deve estar muito longe a diarreia planetária. Por isso, a minha prudente satisfação com a esperança de Ignacio Ramonet. A despeito da arrogância e pouco senso da sua enfermeira Hillary, que começa a ser pouco simpática e muito mandona, há uma tardia esperança de que os EU tenham encontrado, finalmente, o seu médico de família, um médico que respeite e seja respeitado, um médico que reconheça a humanidade em cada ser humano, um Obama que não erre o diagnóstico e tente de forma séria encontrar o caminho da verdadeira cura. As dúvidas são, porém, muito grandes.

Adão Cruz

   A cura da "doença" democrática (adao cruz")

Palestina

Há dias em Espanha dei com um grande painel sobre a fachada da “Confedaration Intersindical Galega”, que dizia: “Solidariedade con Palestina. Deixadeos vivir en paz”. Isso levou-me a deixar aqui o poema:

Palestina

Não há sol nos céus da Palestina
não há luz nos olhos da Palestina.

Roubaram o sorriso à Palestina!

São de sangue as gotas de orvalho da madrugada
e o vento só é vento quando as balas assobiam.

Roubaram as manhãs à Palestina!

O céu de chumbo esmaga as almas e os ossos
e é de lágrimas a chuva quando cai.

Não há sol nos céus da Palestina!

Do ventre da lua cheia – cheia de aço e de amargura –
nasce a cada hora
um menino com bombas à cintura.

Mataram a infância na Palestina!

Rasgam as mães os seios com arroubos de ternura
para alimentar a raiva
– por cada filho que perdem outro nasce da sepultura -.

Semearam a dor na Palestina!

Nas casas esventradas
rompem por entre as pedras leitos de sofrimento
onde à noite se acoitam os amantes
queimando a dor na paixão de um momento.

Fizeram em pedaços o amor na Palestina!

Cada instante é uma vida na vida da Palestina
cada momento uma taça de vingança clandestina
cada gesto um vulcão de raiva que nem a morte amansa.

Roubaram a paz à Palestina!

Na sombra do dia ou na calada da noite
cravam os vampiros nazis seus dentes de ferro
no coração da Palestina
– não há sangue que farte a fúria assassina- .

Sangraram cobardemente a palestina!

Para atirar contra os tanques uma pedra
Agiganta-se o ódio a cada bater do coração.
Por não haver sangue de tanto sangue vertido
outra força não há para erguer a mão…

e dar à Palestina algum sentido.

Adão Cruz

       (adao cruz)

(adao cruz)

Almada rocks!

Allmada Negreiros, 1917 A malta quando quer lançar uma crítica que seja, a um tempo, mordaz e subtil, inteligente e precisa, lembra-se do Almada. E é vê-los, tão modernos e tão criativos, a repescar o Morra Dantas, morra, pim!, ouvido pela primeira vez em 1916. Ainda nem a virgem tinha aparecido aos pastorinhos…

EU (?), NÃO SEI DE NADA!

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A IGNORÂNCIA DESCULPABILIZADORA
Vários doentes cegaram após tratamento oftalmológico com Avastim.
Depois da Farmacêutica ter vindo a público dizer que no princípio do ano tinha enviado aos hospitais Portugueses uma circular a dizer que o medicamento não era recomendado para tratar problemas dos olhos, e de mesmo assim, continuar a ser administrado as doentes de oftalmologia, já começaram as reacções.
Eu não sei de nada! Não tenho conhecimento da circular. Ouvi falar da carta mas nunca a vi. Por todo o mundo se aplica o medicamento nestes tratamentos. Aplica-se em casos semelhantes, em milhares de doentes e não há notícia destes acontecimentos. Não é comigo! Só faço o que me mandam! Nunca ouvi dizer que o Avastim fizesse mal.
Todos sacodem a água do capote. Ninguém é responsável por nada. Ninguém sabe de nada. Ninguém é culpado do que quer que seja.
O certo é que o Avastim pode provocar problemas quando se usa para tratamentos oftalmológicos, podendo atingir a cegueira. E provoca. E provocou em vários doentes do Hospital de Santa Maria. Esses doentes cegaram, esperando-se que a falta de visão seja reversível.
O Infarmed, a Farmacêutica Roche, a Ordem dos Médicos, o Hospital, os Enfermeiros, os ajudantes, o pessoal da limpeza e os trabalhadores indiferenciados, todos, mas mesmo todos, se puseram já fora de quaisquer suspeitas ou culpas.
O Hospital promete um relatório dentro de quinze dias.
O certo é que ninguém quer assumir responsabilidades, e, mais uma vez, a culpa vai morrer, solteirona.
A irresponsabilidade grassa no nosso País povoado de gente irresponsável.
Mais uma vez, a culpa não será assacada a ninguém, prevendo-se que os relatórios finais sobre este caso, concluam ter-se tratado de um acidente infeliz.

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PSD vai apresentar Programa no Twitter

Sendo um programa minimalista deve certamente caber em 140 caracteres… digo eu.

Os Jugulares simplexaram-se…

Diverti-me imenso ali na Jugular e tive boas disputas, aprendi, abordei assuntos que não eram do meu interesse e que passaram a ser, enfim, gratas recordações.

Uma questão que ensombrava a Jugular era que, na opinião de alguns, não passava de uma corrente de transmissão do PS. Claro que a presença da Fernanda Câncio ajudava a que se pensasse assim. Mas havia grande cumplicidade entre eles, e uma manifestação que me divertia, era eles “piscarem” um olho cúmplice e dizerem algo como,”então já foste ao rato?” ou ” já recebeste a avença?”.

Naturalmente que o facto de defenderem o governo (e faziam-no passando ao largo dos verdadeiros problemas, introduzindo matérias fracturantes e outras que não as questões que já naquela altura afundavam Sócrates,) não impedia uma salutar conversa.

Mas não é que alguns dos Jugulares se passaram agora para o Simplex e, tal como o ínsigne aventador João J. Cardoso demonstra, o que dizem agora nem parece ser escrito pelas mesmas pessoas? O que dizem agora nada tem a ver com a moderação de há três meses atrás.

O que escrevem agora é realmente o que pensam? O que é que os fez mudar? Dificuldades na vida, promessas, desespero?

E quem se ficou pela Jugular subscreve, ou vão manter-se no mesmo registo? Há duas Jugulares com nomes e registos diferentes? Se o PS deixar de ser governo voltam à Jugular?

Alguns deles passam mesmo pelo Rato?

Mário Soares, Angola e o tráfico de diamantes

Mário Soares visto pelo jornalista António Marinho (actual Bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho e Pinto), no «Diário do Centro» de 15 de Março de 2000

MÁRIO SOARES E ANGOLA

A polémica em torno das acusações das autoridades angolanas segundo as quais Mário Soares e seu filho João Soares seriam dos principais beneficiários do tráfico de diamantes e de marfim levados a cabo pela UNITA de Jonas Savimbi, tem sido conduzida na base de mistificações grosseiras sobre o comportamento daquelas figuras políticas nos últimos anos.
Espanta desde logo a intervenção pública da generalidade das figuras políticas do país, que vão desde o Presidente da República até ao deputado do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, passando pelo PP de Paulo Portas e Basílio Horta, pelo PSD de Durão Barroso e por toda a sorte de fazedores de opinião, jornalistas (ligados ou não à Fundação Mário Soares), pensadores profissionais, autarcas, «comendadores» e comentadores de serviço, etc.

Tudo como se Mário Soares fosse uma virgem perdida no meio de um imenso bordel.

Sei que Mário Soares não é nenhuma virgem e que o país (apesar de tudo) não é nenhum bordel. Sei também que não gosto mesmo nada de Mário Soares e do filho João Soares, os quais se têm vindo a comportar politicamente como uma espécie de versão portuguesa da antiga dupla haitiana «Papa Doc» e «Baby Doc».

Vejamos então por que é que eu não gosto dele(s).

A primeira ideia que se agiganta sobre Mário Soares é que é um homem que não tem princípios mas sim fins.

É-lhe atribuída a célebre frase: «Em política, feio, feio, é perder».

São conhecidos também os seus zigue-zagues políticos desde antes do 25 de Abril. Tentou negociar com Marcelo Caetano uma legalização do seu (e de seus amigos) agrupamento político, num gesto que mais não significava do que uma imensa traição a toda a oposição, mormente àquela que mais se empenhava na luta contra o fascismo.

JÁ DEPOIS DO 25 DE ABRIL, ASSUMIU-SE COMO O HOMEM DOS AMERICANOS E DA CIA EM PORTUGAL E NA PRÓPRIA INTERNACIONAL SOCIALISTA. Dos mesmos americanos que acabavam de conceber, financiar e executar o golpe contra Salvador Allende no Chile e que colocara no poder Augusto Pinochet.

Mário Soares combateu o comunismo e os comunistas portugueses como nenhuma outra pessoa o fizera durante a revolução e FOI AMIGO DE
NICOLAU CEAUCESCU, FIGURA QUE CHEGOU A APRESENTAR COMO MODELO A SER SEGUIDO PELOS COMUNISTAS PORTUGUESES.

Durante a revolução portuguesa andou a gritar nas ruas do país a palavra de ordem «Partido Socialista, Partido Marxista», mas mal se apanhou no poder meteu o socialismo na gaveta e nunca mais o tirou de lá. Os seus governos notabilizaram-se por três coisas: políticas abertamente de direita, a facilidade com que certos empresários ganhavam dinheiro e essa inovação da austeridade soarista (versão bloco central) que foram os salários em atraso.

INSULTO A UM JUIZ

Em Coimbra, onde veio uma vez como primeiro-ministro, foi confrontado com uma manifestação de trabalhadores com salários em atraso. Soares não gostou do que ouviu (chamaram-lhe o que Soares tem chamado aos governantes angolanos) e alguns trabalhadores foram presos por polícias zelosos. Mas, como não apresentou queixa (o tipo de crime em causa exigia a apresentação de queixa), o juiz não teve outro remédio senão libertar os detidos no próprio dia. Soares não gostou e insultou publicamente esse magistrado, o qual ainda apresentou queixa ao Conselho Superior da Magistratura contra Mário Soares, mas sua excelência não foi incomodado.

Na sequência, foi modificado o Código Penal, o que constituiu a primeira alteração de que foi alvo por exigência dos interesses pessoais de figuras políticas.

Soares é arrogante, pesporrento e malcriado. É conhecidíssima a frase que dirigiu, perante as câmaras de TV, a um agente da GNR em serviço que cumpria a missão de lhe fazer escolta enquanto presidente da República durante a Presidência aberta em Lisboa: «Ó Sr. Guarda! Desapareça!». Nunca, em Portugal, um agente da autoridade terá sido tão humilhado publicamente por um responsável político, como aquele pobre soldado da GNR.

Em minha opinião, Mário Soares nunca foi um verdadeiro democrata. Ou melhor é muito democrata se for ele a mandar. Quando não, acaba-se imediatamente a democracia. À sua volta não tem amigos, e ele sabe-o; tem pessoas que não pensam pela própria cabeça e que apenas fazem o que ele manda e quando ele manda. Só é amigo de quem lhe obedece. Quem ousar ter ideias próprias é triturado sem quaisquer contemplações.
Algumas das suas mais sólidas e antigas amizades ficaram pelo caminho quando ousaram pôr em causa os seus interesses ou ambições pessoais.

Soares é um homem de ódios pessoais sem limites, os quais sempre colocou acima dos interesses políticos do partido e do próprio país.

Em 1980, não hesitou em APOIAR OBJECTIVAMENTE O GENERAL SOARES CARNEIRO CONTRA EANES, NÃO POR RAZÕES POLÍTICAS MAS DEVIDO AO ÓDIO PESSOAL QUE NUTRIA PELO GENERAL RAMALHO EANES. E como o PS não alinhou nessa aventura que iria entregar a presidência da República a um general do antigo regime, Soares, em vez de acatar a decisão maioritária do seu partido, optou por demitir-se e passou a intrigar, a conspirar e a manipular as consciências dos militantes socialistas e de toda a sorte de oportunistas, não hesitando mesmo em espezinhar amigos de sempre como Francisco Salgado Zenha.

Confesso que não sei por que é que o séquito de prosélitos do soarismo (onde, lamentavelmente, parece ter-se incluído agora o actual presidente da República – Cavaco Silva), apareceram agora tão indignados com as declarações de governantes angolanos e estiveram tão calados quando da publicação do livro de Rui Mateus sobre Mário Soares. NA ALTURA TODOS METERAM A CABEÇA NA AREIA, INCLUINDO O PRÓPRIO CLÃ DOS SOARES, E NEM TUGIRAM NEM MUGIRAM, APESAR DE AS ACUSAÇÕES SEREM ENTÃO BEM MAIS GRAVES DO QUE AS DE AGORA. POR QUE É QUE JORGE SAMPAIO SE CALOU CONTRA AS «CALÚNIAS» DE RUI MATEUS?».

«DINHEIRO DE MACAU»

Anos mais tarde, um senhor que fora ministro de um governo chefiado por MÁRIO SOARES, ROSADO CORREIA, vinha de Macau para Portugal com uma mala com dezenas de milhares de contos. *A proveniência do** dinheiro era tão pouco limpa que um membro do governo de Macau, ANTÓNIO **VITORINO, *foi a correr ao aeroporto tirar-lhe a mala à última hora.
Parece que se tratava de dinheiro que tinha sido obtido de empresários chineses com a promessa de benefícios indevidos por parte do governo de Macau. Para quem era esse dinheiro foi coisa que nunca ficou devidamente esclarecida. O caso EMAUDIO (e o célebre fax de Macau) é um episódio que envolve destacadíssimos soaristas, amigos íntimos de Mário Soares e altos dirigentes do PS da época soarista. MENANO DO AMARAL chegou a ser responsável pelas finanças do PS e Rui Mateus foi durante anos responsável pelas relações internacionais do partido, ou
seja, pela angariação de fundos no estrangeiro.

Não haveria seguramente no PS ninguém em quem Soares depositasse mais confiança. Ainda hoje subsistem muitas dúvidas (e não só as lançadas pelo livro de Rui Mateus) sobre o verdadeiro destino dos financiamentos vindos de Macau. No entanto, em tribunal, os pretensos corruptores foram processualmente separados dos alegados corrompidos, com esta peculiaridade (que não é inédita) judicial: os pretensos
corruptores foram condenados, enquanto os alegados corrompidos foram absolvidos.

Aliás, no que respeita a Macau só um país sem dignidade e um povo sem brio nem vergonha é que toleravam o que se passou nos últimos anos (e
nos últimos dias) de administração portuguesa daquele território, com
os
chineses pura e simplesmente a chamar ladrões aos portugueses. E isso não foi só dirigido a alguns colaboradores de cartazes do MASP que a dada altura enxamearam aquele território.

Esse epíteto chegou a ser dirigido aos mais altos representantes do Estado Português. Tudo por causa das fundações criadas para tirar dinheiro de Macau. Mas isso é outra história cujos verdadeiros contornos hão-de ser um dia conhecidos. Não foi só em Portugal que Mário Soares conviveu com pessoas pouco recomendáveis. Veja-se o caso de BETINO CRAXI, o líder do PS italiano, condenado a vários anos de prisão pelas autoridades judiciais do seu país, devido a graves crimes como corrupção. Soares fez questão de lhe manifestar publicamente solidariedade quando ele se refugiou na Tunísia.

Veja-se também a amizade com Filipe González, líder do Partido Socialista de Espanha que não encontrou melhor maneira para resolver o
problema político do país Basco senão recorrer ao terrorismo, contratando os piores mercenários do lumpen e da extrema direita da Europa para assassinar militantes e simpatizantes da ETA.

Mário Soares utilizou o cargo de presidente da República para passear pelo estrangeiro como nunca ninguém fizera em Portugal. Ele, que tanta
austeridade impôs aos trabalhadores portugueses enquanto primeiro-ministro, gastou, como Presidente da República, milhões de contos dos contribuintes portugueses em passeatas pelo mundo, com verdadeiros exércitos de amigos e prosélitos do soarismo, com destaque para jornalistas. São muitos desses «viajantes» que hoje se põem em bicos de pés a indignar-se pelas declarações dos governantes angolanos.

Enquanto Presidente da República, Soares abusou como ninguém das distinções honoríficas do Estado Português. Não há praticamente nenhum amigo que não tenha recebido uma condecoração, enquanto outros cidadãos, que tanto mereceram, não obtiveram qualquer distinção durante o seu «reinado». Um dos maiores vultos da resistência antifascista no meio universitário, e um dos mais notáveis académicos portugueses, perseguido pelo antigo regime, o Prof. Doutor Orlando de Carvalho, não foi merecedor, segundo Mário Soares, da Ordem da Liberdade. Mas alguns que até colaboraram com o antigo regime receberam as mais altas distinções. Orlando de Carvalho só veio a receber a Ordem da Liberdade depois de Soares deixar a Presidência da República, ou seja logo que Sampaio tomou posse. A razão foi só uma: Orlando de Carvalho nunca prestou vassalagem a Soares e Jorge Sampaio não fazia depender disso a atribuição de condecorações.

FUNDAÇÃO COM DINHEIROS PÚBLICOS

A pretexto de uns papéis pessoais cujo valor histórico ou cultural nunca ninguém sindicou, Soares decidiu fazer uma Fundação com o seu nome. Nada de mal se o fizesse com dinheiro seu, como seria normal.
Mas não; acabou por fazê-la com dinheiros públicos. SÓ O GOVERNO, DE UMA SÓ VEZ DEU-LHE 500 MIL CONTOS E A CÂMARA DE LISBOA, PRESIDIDA PELO SEU FILHO, DEU-LHE UM PRÉDIO NO VALOR DE CENTENAS DE MILHARES DE CONTOS. Nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Alemanha ou em qualquer país em que as regras democráticas fossem minimamente respeitadas muita gente estaria, por isso, a contas com a justiça, incluindo os próprios Mário e João Soares e as respectivas carreiras políticas teriam aí terminado. Tais práticas são absolutamente inadmissíveis num país que respeitasse o dinheiro extorquido aos contribuintes pelo fisco.

Se os seus documentos pessoais tinham valor histórico Mário Soares deveria entregá-los a uma instituição pública, como a Torre do Tombo ou o Centro de Documentação 25 de Abril, por exemplo. Mas para isso era preciso que Soares fosse uma pessoa com humildade democrática
e verdadeiro amor pela cultura. Mas não. Não eram preocupações culturais que motivaram Soares. O que ele pretendia era outra coisa.
Porque as suas ambições não têm limites ele precisava de um instrumento de pressão sobre as instituições democráticas e dos órgãos de poder e de intromissão directa na vida política do país. A Fundação Mário Soares está a transformar-se num verdadeiro cancro da democracia
portuguesa.»

O livro de Rui Mateus, que foi rapidamente retirado de mercado após a celeuma que causou em 1996 (há quem diga que “alguém” comprou toda a edição), está disponível em:

 http://www.scribd.com/doc/12699901/Livro-Contos-Proibidos

ou http://ferrao.org/documentos/Livro_Contos_Proibidos.pdf

ou ainda > http://rapidshare.com/files/23967307/Livro_Contos_Proibidos.pdf