Texto que me foi enviado

Verdadeiramente Impressionante!!!

Depois de passar os olhos por este pacote de coincidências, pode-se de certeza concluir que a ilha da Madeira encontra-se completamente (do)minada…

Calma!…
Vejamos. (vale a pena ler até ao fim!) :

Alberto João Jardim – Presidente do Governo Regional
Filha – Andreia Jardim – Chefe de gabinete do vice-presidente do Governo Regional
João Cunha e Silva – vice-presidente do governo Regional
Mulher – Filipa Cunha e Silva – é assessora na Secretaria Regional do Plano e Finanças
Maurício Pereira (filho de Carlos Pereira, presidente do Marítimo) assessor da assessora
Nuno Teixeira (filho de Gilberto Teixeira, ex. Conselheiro da Secretaria Regional) é assessor do assessor da assessora
Brazão de Castro – Secretário regional dos Recursos Humanos
Filha 1 – Patrícia – Serviços de Segurança Social
Filha 2 – Raquel – Serviços de Turismo
Conceição Estudante – Secretária regional do Turismo e Transportes
Marido – Carlos Estudante – Presidente do Instituto de Gestão de Fundos Comunitários
Filha – Sara Relvas – Directora Regional da Formação Profissional
Francisco Fernandes – Secretário regional da Educação
Irmão – Sidónio Fernandes – Presidente do Conselho de administração do Instituto do Emprego
Mulher – Directora!!! do pavilhão de Basket do qual o marido é dirigente
Jaime Ramos – Líder parlamentar do PSD/Madeira
Filho – Jaime Filipe Ramos – vice-presidente do pai
Vergílio Pereira – Ex. Presidente da C.M.Funchal
Filho – Bruno Pereira – vice-presidente da C.M.Funchal, depois de ter sido director-geral!!!! do Governo Regional
Nora – Cláudia Pereira – “trabalha” (…!!!!!) na ANAM empresa que gere os aeroportos da Madeira
Carlos Catanho José – Presidente do Instituto do Desporto da Região Autónoma da Madeira
Irmão – Leonardo Catanho – director Regional de Informática (nem sabia que havia este cargo)
Rui Adriano – Presidente do Conselho de administração da Sociedade de Desenvolvimento (?!!!!!) do Norte e antigo membro do Governo Regional
Filho – (????…) – Director do Parque Temático da Madeira
João Dantas – Presidente da Assembleia Municipal do Funchal, administrador da Electricidade da Madeira e ex. presidente da C.M.Funchal
Filha – Patrícia – presidente do Centro de Empresas e Inovação da Madeira
Genro (marido da Patrícia) – Raul Caíres – presidente da Madeira Tecnopólio (alguém sabe o que isto é?!)
Irmão – Luís Dantas – chefe de Gabinete de Alberto João Jardim
Filha de Luís Dantas – Cristina Dantas – Directora dos serviços Jurídicos da Electricidade da Madeira (em que o tio João Dantas é administrador)
João Freitas, marido de Cristina Dantas director da Loja do Cidadão
E a lista continua…….

Agora cantem lá com a letra do fado: – tudo isto existe, tudo isto é triste …

Coimbra é uma lição…*

O prédio estava há venda há anos e ninguem lhe pegava. O preço resulta da oferta e da procura no mercado e o prédio, “aquele prédio”, não tinha procura. O preço baixou e com isso encontrou procura, que procurou e comprou. Nessa tarde vendeu-o por um milhão de contos acima. Ganhou um milhão de contos!

Até aqui tudo bem. O mercado é assim, o problema é que há gente “pública” no processo e pode ter “evitado” a procura” e “incentivá-la” segundo os interesses privados. E parece que há comissões e “comilões” que estão descritos numa agenda de um tipo esperto que se lembrou de escrever algo de muito suspeito.

Gente do PSD e do PS, gestores públicos dos CTT e até o Presidente da Câmara aparece ao barulho. Muito dinheiro a saltar “vivo” em levantamentos e depósitos, com cheques de empreiteiros convertidos em notas.

Cá o pagode ouve e lê isto e percebe porque é que a Justiça está como está. Prescreve no silêncio dos gabinetes, arquiva no pó das gavetas…

Este processo saltou agora, vai ser usado contra o Freeport e contra as pressões de magistrados, numa tentativa de “equilíbrio do terror”. Mas eu já me estou “a cagar” que os senhores importantes descridibilizem a política.

Fumam? A gente leva-lhes lá o tabaco!

* em directo da Escócia.

E você, não tem medo da gripe?

Agora que por todo o lado nos incentivam a lavar as mãos com um zelo nunca antes visto, e nos explicam pacientemente, e com recurso a grafismos detalhados, que somos ignorantes no que respeita à técnica elaborada que essa lavagem exige, parece haver um abismo cada vez maior entre a preocupação daqueles que assumem de forma tão altruísta a tarefa de preocupar-se, e a populaça, que incautamente teima em continuar a ir ao cinema, à praia, a andar de autocarro e a tossir sem lavar as mãos em seguida. Avisam-nos que a pandemia vem a caminho, que em breve chegará em força a Portugal, e é de temer que, num país em que ainda se vêem tantos inspeccionar o conteúdo das narinas em público e escarrar estrepitosamente nas ruas, a coisa possa vir a assumir proporções gigantescas. E apesar de tudo, a vida continua sem sobressaltos maiores do que aqueles que provocam a ubíqua crise e a morte do Michael Jackson. Explicam-nos que as grandes empresas delinearam planos de contingência para superar as baixas quando as houver (por quarentena e não por óbito, tranquilizem-se), e que os carregamentos de tamiflu (aquele que foi produzido em grande escala para uma epidemia que não chegou a concretizar-se) haverão de chegar. E talvez alguém venha a lembrar-se de relançar no mercado essas máscaras de bico de pássaro que os venezianos celebrizaram nos tempos da peste negra, e na qual escondiam especiarias para dissipar o cheiro da morte, já que se acreditava que os vapores traziam a doença. Quando a gripe afinal chegar, e com ela se adensar a nuvem negra da crise, havemos de tomar refúgio na quarentena a que nos condenarão, quietos e silenciosos, cada um na sua toca, e limitaremos todo o contacto com o exterior ao abastecimento que faremos na farmácia e no supermercado, equipados com máscara e ansiosos por chegar a casa e lavar, com escrúpulo, as mãos que tocaram o mundo lá de fora.

José Ferraz Alves – Empreendedorismo Social no Porto (parte I)

A Prof.ª Elisa Ferreira promoveu no dia 25.06.09 uma tertúlia dedicada ao tema do Micro-crédito e do Empreendedorismo Social. Dado que este último conceito é novo, proponho-me aqui deixar alguns elementos para sua melhor caracterização.

O conceito de empreendedorismo social foi criado por Bill Drayton da Fundação Ashoka a partir da sua constatação de que o pensamento inovador e criativo podia ser aplicado na solução de problemas sociais aparentemente irresolúveis. Além da Ashoka, existem várias outras fundações que se dedicam a promover o empreendedorismo social, incluindo a Fundação Skoll fundada por Jeff Skoll (CEO do e-Bay) e a Fundação Schwab para o empreendedorismo social, criada por Klaus Schwab, fundador do Fórum Económico Mundial. Tornou-se até, em 1995, numa disciplina académica em Harvard, e é hoje leccionada em cerca de 30 escolas de gestão nos EUA. Em Portugal, ao nível do ensino superior, existem cursos na Universidade de Évora, Escola Superior de Educação da Guarda, Universidade da Beira Interior e acompanhamentos em papers pela Universidade do Porto e Nova de Lisboa.

Começo por uma pequena história:

“Cristóbal Colón é um psiquiatra catalão que trabalha num hospital psiquiátrico em Girona. Nas décadas de 70 e 80, o tratamento preferido nos estabelecimentos psiquiátricos era a terapia ocupacional. O Dr. Colón foi encarregado de um programa que consistia em estipular tarefas aos pacientes para os manter ocupados, como fazer cinzeiros de cerâmica, marcadores de livros e outras pequenezas que as crianças de 5 anos levam para casa como frutos das aulas de artes ou colónias de férias. Não há mercado para esses bens e, na verdade, apenas as mães lhes dão valor.

Enquanto a maioria das pessoas teria concordado com essa abordagem, como a forma adequada de tratamento de pessoas com deficiências mentais, Colón ficava cada vez mais frustrado com a actividade inexpressiva dos pacientes. Percebeu que a única coisa que lhes ofereceria sentido de um propósito às suas vidas seria um trabalho a sério numa empresa real que produzisse algo que os consumidores quisessem realmente comprar. Em 1982 decidiu criar uma empresa de lacticínios. Mas precisava de capital e por isso visitou um banco para pedir um empréstimo. Agora, imagine-se o que terá pensado o gerente de balcão de um banco, em que um médico psiquiatra aparece a pedir dinheiro emprestado para iniciar uma empresa que lacticínios que empregaria, em grande parte, doentes mentais…

Sem se deixar desanimar, conseguiu o que queria. Actualmente:

  • – A sua quinta e fábrica, La Fageda, são negócios prósperos que ocupam o terceiro lugar em termos de participação no mercado de iogurtes da Catalunha, perdendo apenas para a Danone e Nestlé.
  • – É uma empresa auto-sustentável, dependente de si própria que paga bem aos seus funcionários que podem optar por viver na própria fábrica, o que muitos acabam fazendo.
  • – Trabalha junto ao sector público, que envia pacientes psiquiátricos para a Empresa para receberem formação, estágio e emprego e, eventualmente, reincorporação na sociedade.
  • – Tem uma equipa de profissionais de saúde mental, oferecendo apoio constante aos seus trabalhadores.
  • – Está certificada pelo Ministério de Agricultura Espanha como quinta de lacticínios.

As pessoas compram os produtos da La Fageda porque são realmente saborosos, não por caridade. A maioria dos seus clientes tem total desconhecimento de que os doentes mentais são responsáveis pela fabricação dos produtos que consomem. Enquanto isso, os doentes mentais não são mais vistos como pacientes, ganham a vida contribuindo para uma das principais empresas de lacticínios do seu país e sentem orgulho por isso.

A La Fageda é uma empresa com fins lucrativos, mas não é um negócio que maximize os lucros. O seu objectivo é a transformação social e o seu lucro é usado como um meio para atingir esse fim. Trabalhar com doentes mentais é o principal negócio da La Fageda. Não é uma ideia tardia de relações públicas ou parte das actividades de responsabilidade social da Empresa. Embora ofereça um serviço de saúde pública ao apoiar doentes mentais – uma tarefa geralmente delegada ao Governo – não é uma organização governamental e não é uma instituição de caridade, o que a tornaria dependente de doações e da filantropia.”

Antes de dizer o que é empreendedorismo social, vou, inicialmente, explicar o que não é empreendedorismo social:

  • – O empreendedorismo social não é responsabilidade social empresarial, pois esta supõe um conjunto organizado e devidamente planeado de acções internas e externas, e uma definição centrada na missão e actividade da empresa, antes de atender às necessidades da comunidade.
  • – Não é uma profissão, pois não é legalmente constituída, não havendo formação universitária ou técnica, nem conselho regulador e código de ética profissional legalizado.
  • – Não é também uma organização social que produz e gera receitas, a partir da venda de produtos e serviços.
  • – E, muito menos, é representado por um empresário que investe no campo social, o que está mais próximo da responsabilidade empresarial, ou, quando muito, da filantropia e da caridade empresarial, que já se mostraram inadequadas, não somente para os ajudados, mas também para os negócios e para a sociedade, pois a solidariedade produz um tipo de ajuda que é assistencialista.

Então, em palavras simples, o que é o empreendedorismo social? Trata-se, antes de tudo, de uma acção inovad
or
a voltada para o campo social, cujo processo se inicia com a observação de determinada situação-problema local, para a qual se procura, em seguida, elaborar uma alternativa para o enfrentar. Observa-se, também que essa ideia tem de apresentar algumas características fundamentais, tais como:

  • 1.º) ser inovadora;
  • 2.º) ser realizável;
  • 3.º) ser auto-sustentável;
  • 4.º) envolver várias pessoas e segmentos da sociedade, principalmente a população atendida;
  • 5.º) provocar impacto social e permitir que seus resultados possam ser avaliados.

Os passos seguintes são:

  • 1.º) colocar essa ideia em prática,
  • 2.º) institucionalizar e gerar um momento de maturação até que seja possível a sua multiplicação por outras localidades, criando, assim, um processo de rede de atendimento ou de franquia social, até se tornar política pública.

Afinal Elisa Ferreira fica. E Sócrates?

Sábado, 11 de Julho. Mais uma conferência de imprensa para dizer mais do mesmo. Elisa Ferreira afinal tem uma agenda própria de campanha, mas baseada nas suas próprias trapalhadas.
A candidata do PS consegue marcar a agenda politica com a sua própria insegurança e com as suas fragilidades. E como se não bastassem os erros de comunicação e estratégia que tem evidenciado, arrasta hoje o Secretário Geral do PS para o buraco que tem sido a sua candidatura. A partir de hoje o resultado que Elisa Ferreira obtiver é da exclusiva responsabilidade de José Sócrates. In JN “Elisa Ferreira reafirmou a intenção de manter a candidatura à Câmara do Porto até ao fim, depois de ter recebido de José Sócrates a garantia de “apoio total” e de confiança política”.
Toda a campanha, que está no terreno, de Elisa Ferreira será da responsabilidade de Sócrates. O ainda primeiro ministro também será julgado pela opção que fez em manter uma candidata a uma câmara depois de ter sido candidata ao Parlamento Europeu. Não basta apregoar bons princípios, é necessário praticá-los… em relação a todos os candidatos e não só a alguns.
Elisa Ferreira já estava frágil, mas a partir de hoje associa José Sócrates à derrota mais que evidente da candidata socialista.
No Porto, a proximidade das eleições legislativas com as eleições autárquicas, provocará um efeito de arrastamento, com uma clara perda de votos para o Partido Socialista.
A conjuntura não está nada fácil para o PS.

Elisa Ferreira continua na corrida ao Porto, o PS nem por isso

Elisa Ferreira mantém-se na corrida à Câmara do Porto. Faz bem. Sempre passa mais umas semanas em Portugal, antes de regressar a Bruxelas.

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Elisa começou por prometer, até desatar a cometer erros importantes, como o de “ir a Bruxelas dar o nome”. O Porto não costuma perdoar a quem se envolve noutras aventuras. Fernando Gomes que o diga.

Depois deste deslize, Elisa ainda cometeu outros, como as verbas do PS para a reabilitação dos bairros sociais, por exemplo. Mas este é um lapso e não passaria de um ‘fait-divers’ se não fosse o PS Porto a estar na rectaguarda da candidata. E a alimentar estas estórias.

O PS Porto tem feito um esforço significativo para não ajudar a cidade e os seus representantes. Não se sabe muito bem, aliás, onde andou o PS Porto nos últimos quatro anos. Muito menos se sabe o que andam a fazer agora. Ou não andam.

Assim, Elisa prepara-se para uma derrota pessada. E será apontada como a responsável por ela. A única responsável. Talvez com Sócrates como co-autor. Os dirigentes do PS Porto lá continuarão. Afinal, não foi e não é nada com eles.

Novas Oportunidades: aprender compensa, a fraude também

Os processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) constam, na prática, na produção pelo candidato de um Portefólio Reflexivo de Aprendizagens (PRA), onde irá reunir trabalhos sobre algumas dezenas de temas (isto para obter um diploma do ensino secundário).

Esses trabalhos são “orientados” por uma equipa técnico pedagógica, mas feitos em casa.

Só numa página de anúncios classificados a pesquisa por RVCC devolve-nos 137 resultados, desde o “Posso ajudar-te a realizar os teus trabalhos manda mail.” ao “RVCC e EFA com qualidade e a baixo preço! Contacte-me!

Há de tudo, ou estavam à espera de quê com tanto candidato a professor no desemprego, incluindo bastantes que acabaram o contrato no CNO onde aprenderam o ofício?

Não sei se isto é exactamente ilegal. O anúncio acima remete-nos para a página de uma psicóloga devidamente identificada, mas na maior parte dos casos os trabalhos são enviados por mail, a troco de uma transferência bancária. E sei que as autoridades competentes sabem, limitando-se a responsabilizar as equipas dos Centros Novas Oportunidades pela autenticidade dos trabalhos apresentados.

Dessas equipas já sei outras coisas, das metas que estão obrigadas a cumprir,ao tempo que têm para o fazer. Mas essa conversa fica para uma próxima. Deixo-vos  com esta pérola ministerial:

Respondendo às críticas de facilitismo do Novas Oportunidades, a ministra assinalou que “o testemunho” dos beneficiários, dos técnicos e dos avaliadores externos “rejeita essa hipótese”.

Falando de democracia: A questão do islamismo e de outros integrismos

A crença islâmica é a mais recente das três religiões de Abraão – judaísmo, cristianismo e islamismo. São três religiões irmãs, baseadas em princípios muito semelhantes, embora a organização do Corão, dividido em 114 capítulos («suras») seja diferente da que orienta quer a Bíblia cristã, quer a Torah hebraica. A primeira perplexidade de um ateu convicto como me prezo de ser, imune até mesmo à prova ontológica da existência de um Ser Supremo como a que Santo Anselmo tão laboriosamente teceu, é a seguinte – como pode haver, desde há séculos, tanto ódio entre três crenças, basicamente tão semelhantes, como puderam os príncipes das três religiões não ter feito um acordo, estabelecido uma plataforma ecuménica, baseada no que é comum (que me parece ser tanto) e secundarizando o que é específico de cada uma delas, que é mais litúrgico do que essencial? Não me vou envolver na análise teológica, por diversas razões, mas principalmente porque é matéria na qual sou profunda e voluntariamente ignorante (razão de peso, não acham?). E cuja essência não me interessa minimamente. O tema só me interessa pelas repercussões históricas, sociais e políticas que assume desde, pelo menos, a época das Cruzadas. Para nos entendermos: neste texto, vou usar o termo «islamitas» para designar os crentes no Islão e de «islamistas» quando me referir aos activistas dos grupos islâmicos (vulgo «terroristas islâmicos»). Roger Garaudy, no seu livro Religiões em Guerra – O debate do século, usa o termo «islamismo» para definir o conceito de fundamentalismo ou integrismo do Islão.
Sou um admirador devoto da obra do grande Omar Khayyam, um poeta nascido no actual Irão, no distante século XI. Alguns dos seus maravilhosos rubayat são dedicados ao vinho e ao prazer de beber (Fernando Pessoa, inspirou-se neles para escrever as suas «Canções de Beber»). Rubayat, plural de rubai, constitui uma forma particular de poesia, com uma métrica quantitativa específica. A poesia popular do Irão continua a respeitar os cânones do rubai. Omar Khayyam era crente no Islão. Como conciliava essa crença com o gosto pela bebida, sabendo-se que o Corão proíbe o consumo de álcool. Segundo também me disse um entendido nessas matérias, o profeta apenas pôs reticências ao vinho de tâmara. Tal como aconteceu com a Bíblia, em que os teólogos ligados ao aparelho da Igreja, manipularam os textos e os moldaram às suas seculares conveniências – o Concílio de Trento terá sido um festival de ajustamentos dos textos sagrados à práxis de Roma – Não se terá passado o mesmo com o Corão? Os islamistas encontram no seu livro sagrado todas as justificações para o seu integrismo e para a sua acção fanática. Há mil anos, quando uma grande parte da bacia do Mediterrâneo estava submetida ao Islão, a tolerância era muito maior. E o esplendor cultural muçulmano, também.
Nessa altura, foi o integrismo cristão que espalhou o terror entre os muçulmanos, com base em princípios religiosos de duvidosa limpidez. Como é possível, pelo menos aparentemente e para quem, como eu, quase nada sabe sobre religiões, que quatro ou cinco séculos depois de Maomé ter divulgado a sua palavra, houvesse uma compreensão «do outro» muito mais moderna por parte dos islamitas do que acontece agora, um milénio depois. A nós, ocidentais, a visão do mundo revelada pelos islamitas é semelhante à da nossa Idade Média. O que se terá passado para os muçulmanos terem regredido?
Como disse, não sou adepto nem defensor do terrorismo para resolver questões políticas. Não aceito a violência sobre pessoas inocentes (embora quem defende esse tipo de intervenção política afirme que «ninguém é inocente», o que constitui uma inaceitável falácia), venha essa violência da ETA ou dos grupos islamistas. No entanto, esse tipo de acção deve ser devidamente contextualizado. Podemos não aceitar, mas temos obrigação de compreender. Os Estados Unidos praticam o mais odioso dos terrorismos, arvorando-se em polícia do Mundo, arrogam-se o direito de ir destruir uma ditadura no Iraque, deixando, no entanto, florescer outras ditaduras ou «democracias musculadas», inclusivamente no seu continente. Pelos vistos, para a Casa Branca há «boas ditaduras» e «más ditaduras». O Irão não tem o direito de ter armas nucleares, mas o minúsculo e artificial estado de Israel, inventado pela inépcia da diplomacia britânica, tem esse direito – a França, a Grã-Bretanha, a Índia, podem ter armamento nuclear – a Coreia do Norte, não. Isto cabe dentro de alguma cabeça normal? Ainda nós falamos das arbitragens do nosso futebol!
Não seria muito mais aceitável que os Estados Unidos usassem o seu imenso poderio para acabar de uma vez por todas com um tipo de armas que já se viu ser de consequências incontroláveis e que pode, inclusive, conduzir à destruição da vida sobre o planeta?
Vêm estas considerações a propósito da intolerância islâmica e do fanatismo dos islamistas. O terrorismo é uma espécie de bomba atómica dos pobres. É criminoso e mata inocentes? Claro que é criminoso e mata inocentes. E as trezentas mil pessoas que morreram em Hiroxima e em Nagasáqui eram todas culpadas da arrogância e das ambições imperialistas dos senhores da guerra japoneses? Os muçulmanos têm sido espezinhados, espoliados, humilhados… Cria-se o Estado de Israel em território que tinha donos – os Palestinianos. Estes são acantonados em campos de refugiados. Que povo não ficaria enraivecido? O Sadam Hussein era um ditador? Pois era. Não competiria então aos iraquianos combatê-lo se queriam implantar a democracia? Por que foram os americanos ao Iraque, destruindo as estruturas do poder ditatorial, mas mostrando-se incapazes de as substituir e deixando o país, quando o vierem a abandonar, num estado muito pior do que estava quando o invadiram.
A democracia não se impõe do exterior, o amor por ela nasce no interior das sociedades. Temos, passados todos estes anos sobre a Revolução Francesa, de reconhecer que nem todos os povos querem ser governados de forma democrática. Obrigar africanos e asiáticos, por exemplo, a reger-se por esse sistema, é profundamente antidemocrático. É como a história do escuteiro que tendo de fazer uma boa acção diária, obrigou uma velhinha a atravessar a rua.
Condeno o terrorismo. Não gosto dos talibãs, nem aprovo as acções da Al-Qaeda. O fanatismo dos islamistas é intolerável. Como ousam querer impor a sua crença, por mais verdadeira que entendam que ela é a outros povos? Os clérigos islamitas são uma caricatura carregada dos padres cristãos da Idade Média. Roger Garaudy, na obra que referi na abertura desta crónica, afirma «O islamismo é uma doença do Islão, tal como o integrismo é uma doença de todas as religiões.» «O integrismo é a pretensão de se possuir a verdade absoluta e, por conseguinte, de possuir não só o direito mas também o dever de a impor a todos, sem olhar a meios. O primeiro integrismo é o colonialismo ocidental.» É uma boa e correcta explicação.
Porém, apesar desta visceral antipatia pela religiosidade fanática e tacanha dos islamistas, simpatizo muito menos com o terrorismo levado a cabo pelos governos norte-americanos, que, por exemplo, movem uma guerra económica a um pequeno estado das Caraíbas porque tem um regime ditatorial, mas protegem, por esse mundo fora, ditadores, criminosos de toda a espécie, incluindo barões da droga. Que invadem militarmente um país porque era dirigido por um déspota, mas que deixaram aqui na Península Franco e Salazar sem açaime durante décadas. Que me digam que todos os impérios têm sido assim, ainda vá; que me queiram explicar as razões por que é assim, vá lá. Não me queiram é convencer da razão deste império. A prepotência, o integrismo no conceito de Garaudy, dos Estados Unidos gera monstros como o do terrorismo islâmico. Monstros que morderam aos donos em 11 de Setembro de 2001, mas que mo
rd
em também noutras latitudes – Londres. Madrid… Aviso à navegação: o laboratório do Doutor Frankenstein situa-se em Washington. Está sempre em funcionamento, nunca encerra.

INFIDELIDADE – Quem sofre são sempre as crianças !!!

mail

está quase…

131415

Afinal, o mundo natural ainda se pode salvar da destruição total, porque os senhores da economia estão a ficar preocupados. E eu a pensar que o Adam Smith estava errado e o “self-interest” não tinha vantagens nenhumas…

De golpe para golpe

 AP Photo-Esteban Felix

Imagem de AP Photo-Esteban Felix

No início do ano, o pouco popular Manuel Zelaya, presidente das Honduras, decidiu promover um referendo com o objectivo de fazer alterações na Constituição. A ideia foi contestada. O Congresso, o Supremo Tribunal e os militares disseram que era ilegal. Zelaya não gostou e despediu o chefe das forças armadas por não providenciar apoio ao referendo. O Supremo Tribunal gritou que era ilegal e recolocou o General Romeo Velasquez.

A 28 de Junho, o exercito decidiu tomar de assalto a residência oficial, prendeu Zelaya e instalou-o num avião com destino à Costa Rica.

O líder do Congresso, Roberto Micheletti, assumiu a liderança interina. Apoiantes e opositores de Zelaya têm, desde então, medido as diferenças políticas ao soco e ao tiro.

Eis como de uma tentativa de golpe ‘constitucional’ resulta num ‘golpe de Estado militar’. Eis como, de repente, tudo muda. Eis como fica tudo muito complicado para tentar mediar a situação. Eis como, de facto, as Honduras pouco contam no xadrez mundial.

Sugestão para laranjinhas espremidas no caso CTT

luis vilar

O processo do edifício dos Correios lá deu mais um passinho. Desta vez, e até por maioria de arguidos ou candidatos a tal, calha ao PSD a má fama, queixam-se alguns que à beira de eleições e tapando outras aventuras que doem mais para o lado do PS.

A verdade é que em Coimbra capital da corrupção estas coisas tocam quase sempre aos dois, PS e PSD.

Assim é injusto. Deixo um conselho aos aflitos: olhem melhor para Luís Vilar. Neste processo parece ser um homem perdido no meio de estranhos. Não é bem assim, Vilar não se perde. E até foi eleito para coordenar as eleições deste ano no distrito, embora quem o pronunciou (noutro processo) não tenha achado existir por causa disso risco de voltar a prevaricar:

O elenco da Comissão Técnica Eleitoral Distrital (CTED) de Coimbra do Partido Socialista, proposto por Luís Vilar à Comissão Política da Federação (CPF), obteve menos votos favoráveis do que a soma da adição dos boletins em branco e nulos e dos votos contra, disseram ao “Campeão” fontes partidárias. (…)
A indigitação de um arguido que aguarda julgamento – pronunciado pela presumível autoria de um crime de corrupção passiva, de três crimes conexos à corrupção e de um crime de financiamento partidário ilícito – tinha implicado a menos expressiva das quatro votações efectuadas na primeira reunião da nova CPF (39 sufrágios a favor, 16 contra, 13 brancos e um nulo).

Podem seguir mais pistas a partir do que escrevi quando o presidente da distrital de Coimbra do PS foi o único deputado a votar contra a lei do sigilo bancário.

E não têm nada que agradecer: mesmo que um dia vos amanheça aos quadradinhos, o sol quando nasce é para todos.