Planeta Ronaldo

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De repente já nada interessou. Nem os polícias baleados, nem a crise, os números da economia, a gripe A, tudo isso passou para um plano muito inferior. O quer contou foi Ronaldo, Cristiano Ronaldo. Qual o número de adeptos presentes, qual o número da camisola, o que iria o craque dizer… Eram esses os mistérios. Para cerca de 30 minutos de directo televisivo.

De um jogador de futebol, passou, pelo menos por uns momentos, para uma estrela galáctica. E as televisões nacionais e espanholas seguiram tudo a par e passo. Dos 80 mil no estádio – mais que Maradona no Napolés -, para largos milhões nos dois países e não só. Como se explica?

Milicianos – Os peões das nicas, de Rui Neves da Silva

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Um livro que conta a história dos militares que foram duas vezes para a vida militar. Pela primeira vez como aspirantes milicianos. Pela segunda vez como Capitães. Foram estes a quem foi oferecida a possibilidade de passarem ao Quadro Permanente da Carreira Militar e que levou às primeiras movimentações dos oficiais do quadro permanente contra o regime.
Este livro conta a história do ninho mais longínquo do 25 de Abril.
Rui Neves da Silva foi um desses Milicianos que esteve sete anos na vida militar, sem preparação. Enviaram-no com 126 homens para a guerra. Este livro fala dessa história.

LIVRO SEGUNDO

A GUERRA: FÁBRICA DE HERÓIS

A seu lado, Felisberto Barroso parecia mais interessado no comportamento da assistência do que nos meneios eróticos das bailarinas, o que fez Rafael pensar que talvez o seu amigo estivesse a treinar-se para o recomendável adormecimento da líbido após ter sido avisado sobre os riscos que o exercício sexual naquelas terras comportava. Mas o interesse de Felisberto ao observar a excitação que levava homens adultos a portarem-se como feras esfomeadas residia tão somente no desejo de querer saber quanto tempo poderia ele resistir a ter igual comportamento se, como era esperado, ficasse privado de qualquer actividade sexual enquanto estivesse no mato.

– Vou passar um mau bocado – quase gritou ao ouvido de Rafael. – Ando cá a pensar que a descompressão manual não vai resultar.

O seu interlocutor fez uma careta. Gostava de Felisberto como de um irmão, mas aquela obsessão por sexo já começava a aborrecê-lo. Nos quase nove dias de viagem por mar, não deixara de lamentar-se. Farto daquela lengalenga, Rafael aconselhara-o a procurar o remédio dos solitários.

– Não me basta assistir ao desespero diário dos soldados a vomitar as tripas no convés como ainda tenho de levar com as tuas taras sexuais, pá! Se não tens pito à mão usa a mão como pito, porra! Ou estás com medo que te nasçam borbulhas?

– As mulheres de Moçâmedes são das mais bonitas de Angola. Não sei que raio de cruzamentos de raças foram ali feitos que o produto final é isso que vocês vêem: cabritinhas altas, de rostos bonitos, onde sobressaem uns olhos quase negros e sempre risonhos, e corpos esculturais e cheios de promessas… que para nós não passam disso mesmo. Quando as virem de mamocas ao léu vão dar-me razão, camaradas!

Não era necessário vê-las despidas para Felisberto poder ajuizar da beleza de formas das “strippers”; naquele negócio não entravam coxas nem marrecas, da mesma forma que para a tropa não iam fulanos que tivessem um cérebro bem calibrado e equilibrado. Curiosamente, sendo o capitão miliciano um apreciador, e um provador, do belo sexo, as mulheres que exerciam aquela actividade nada lhe diziam. Segundo ele, padeciam todas de um insanável exibicionismo, o que lhes circunscrevia o gozo sexual à excitação que o olhar guloso dos “voyeurs” lhes provocava, ficando-se, regra geral, por aí.

No estrado, as raparigas prosseguiam nos seus meneios de ancas, aparentemente alheias às paixões bestiais materializadas na vozearia em crescendo. A mesa onde os quatro oficiais se encontravam estava encostada a um dos lados do estrado; tinha a vantagem de quase se poderem tocar as pernas das raparigas, se tal lhes fosse permitido, mas o inconveniente de poderem levar com qualquer objecto contundente que algum dos clientes de ânimo mais exaltado decidisse arremessar para o palco.

– Quem são estes gajos? – perguntou Rafael ao braquicéfalo.

– Na sua maior parte são madeireiros das florestas do Alto Maiombe, do enclave de Cabinda. Fretam avionetas e vêm passar o fim de semana a Luanda, onde às vezes gastam numa noite o que ganharam num mês. Imaginem vocês que chegam a reservar toda a capacidade deste tipo de casas só para eles e para os seus amigos da capital! E quando não são eles são outros, como os traficantes de feijão branco, da região de Malange.

– Feijão branco?! – exclamou Rafael.

  • Diamantes – esclareceu-o o capitão Januário, que acrescentou: – A “Diamang” tem a concessão da exploração dos terrenos diamantíferos de Angola, mas passam mais diamantes pelos circuitos clandestinos a caminho da Holanda e da Suiça do que pelos cofres fortes da Empresa.

FALANDO SOBRE TRANSPORTES. AS FALÁCIAS DO MOPTC ( 2ª PARTE) – VII

Nesta ordem de ideias, os capítulos anteriores merecem mais alguns comentários – que pretendo ver esclarecidos – dada a gravidade do que está em causa; analisando a matéria, pode constatar-se a existência de duas grandes questões que puz em destaque:

a pretensa ilegalidade das funções exercidas pelo Sr. Engº Valente de Oliveira e

o prolongamento da concessão do terminal de contentores de  Alcântara reformulada, agora, em condições técnico-económicas nuito mais vantajosas, com o alargamento da área concessionada e maiores fundos para este terminal.

No que se refere à primeira, já expuz os meus pontos de vista e resta-me aguardar que os responsáveis se pronunciem, dado que a minha sensibilidade para estes problemas pode não coincidir com a dos juristas que, penso eu, deveriam ter-se pronunciado, há muito.

Em todo o caso, neste país de brandos costumes e muita corrupção (dizem), ainda confio no Tribunal de Contas, bem apetrechado de meios humanos e cuja intervenção em casos anteriores tem impedido a ocorrência de nuitas situações inaceitáveis. Tanto mais que este MOPTC extingiuu o Conselho Superior de Obras Públicas e o novo Observatório de Obras Públicas previsto no Código dos Contratos Públicos (CCP) ainda não se encontra operacional.

Nada obsta, suponho, que o Tribunal de Contas proceda a uma fiscalização prévia na defesa das regras da concorrência, enquanto não se pronuncia o Conselho de Prevenção da Corrupção. Deixo aqui o meu apelo.

Lembro que em 72 empreitadas de obras públicas auditadas pelo T.C. concluiu-se, em média, que essas obras apresentaram um desvio de 100% (!) relativamente às verbas inicialmente previstas (Prof. Antº F.M. do IST).

Passando à segunda questão e analisando, criticamente, e Memorando de Entendimento, levanto algumas dúvidas e objecções, muito embora algumas das medidas anunciadas sejam, de há muito, consideradas imprescindíveis e urgentes. Vejamos com mais algum pormenor:

  • A reclassificação do terminal de Alcântara para águas profundas, como acontecia em 1984 antes do seu assoreamento, é aconselhável quer se trate de um porto para contentores, quer um terminal de cruzeiros, dada a tendeência irreversível para o uso de navios cada vez maiores e, por isso mesmo, de maior calado tendo como objectivo a redução dos custos unitários do transporte;
  • Não se compreende, porém, a urgência manifestada pelo MOPTC ao considerar esgotada a capacidade de movimentação dos contentores muito antes do limite da concessão, em 2015. O raciocínio é simples: basta comparar com o que se pasda noutros portos congéneres, p.e. na vizinha Espanha presentemente envolvida num enorme programa de requalificação dos seus (Algeciras, Valência, Barcelona, entre outros).

Admitindo, no nosso caso, que a área de terrapleno é relativamente modesta, nada obsta que – numa situação de emergência – se mande aterrar 1/3 ou mesmo ½ da doca de Alcântara, vulgo do Hespanhol, tão mal aproveitada (mais uns 4 ha na primeira hipótese e cerca de 6ª, na segunda). E, aínda, aproveitar parte da área ocupada pelos Estaleiros Navais, adjacentes, para o chamado armazenamento de 2ª linha e manutenção dos contentores, a prolongar-se eventualmente para as plataformas logísticas a montante.

Mas antes disto, penso eu, a dragagem do cais iria permitir desde logo a atracagem de porta-contentores de 3ª e 4ª geração (1980), com um comprimento de 250 – 295 m e podendo transportar 3.000 – 5.000 contentores para uma calado de 13,5 m. Ou, então, os Post-Panamax (1992), com o comprimento de 284 – 318 m e transportando 5.000 – 6.000 contentores. Estou a referir-me, evidentemente, aos chamados navios-mãe dado que os navios “feeder” com uma capacidade inferior, destinados ao “transhipment” transportam 1.500 e mais contentores.

É evidente que uma maior capacidade de manuseamento obriga a mais equipamento. Isto é, o concessionário terá de abrir os cordões à bolsa. A título de exemplo: um navio Post-Panamax, em princípio, deverá ser assistido simultâneamente por três gruas “portainer” (duas à frente e uma à popa); e, também, simultâneamente por três gruas “portainer” (duas à frente e uma à popa); e, também, os chamados “Mafi”, tractores de terminais, assim como as gruas “transtainer” para a movimentação dos contentores no terrapleno do cais.

Facilmente se atingiria, estou convicto, mais de 400.000 TEU’s / ano com este mesmo comprimento de cais e haveria tempo mais do que suficiente para se definir uma estratégia de desenvolvimento para o porto de Lisboa.

A título de curiosidade, esclareço que os novos pórticos “portainer” atingem 115 m de altura e conseguem alcançar 20 filas de contentores, dado que têm um alcance de 45 m.

Aumentar a produtividade passa, também, pela simplificação dos procedimentos administrativos, aliás um dos objectivos das A-E marítimas que irão favorecer o transporte multimodal. E, logo à partida, é bom que isso suceda na verificação da carga dos contentores, pelos “scanners” (pude constatar, de visu, que este é um dos pontos de demora quando se trata de libertar os camiões carregados, antes de abandonarem o cais).

Concluímos, assim, que há aínda muito que possa ser feito para se aumentar a rentabilidade do actual cais de contentores, concessionado à Liscont. Concessão esta que, repito, só acaba em 2015.

Compreendemos, perfeitamente, o interesse da Mota-Engil em prolongar esta concessão, tanto mais que a compra da Tertir, a liderança da plataforma logística do Poceirão e a parceria com os espanhois da ACS-Dragados, em Setúbal, leva esta empresa a ficar numa posição dominante.

Mas, o que é que  faz  assim correr o MOPTC?

E qual é a posição do regulador, neste caso o IPTM – Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos? Cabendo-lhe elaborar uma proposta para a nova lei dos portos a apresntar a sua estratégia em função dos mercados-alvo, porque não se pronuncia? E cabendo-lhe identificar e padronizar com a colaboração e apoios das AP’s os instrumentos de acompanhamento e reporte anual de informação sobre as concessões, porque não se pronuncia?

Mas, o que é que faz correr assim o MOPTC, sabendo-se que a APL apresentou como taxa de ocupaçãp 67% para a carga geral, em 2015 e, mesmo assim, a AGEPOR – Associação dos Agentes de Navegação de Portugal – declara que esta meta é demasiado optimistas.

Não seria mais prudente aguardar aquilo que este mesmo MOPTC recentemente prometeu, isto é, a elaboração do Plano Nacional Marítimo-Portuário e o Plano de Estratégia e Exploração do porto? E a sua integração nos serviços de A-E do Mar?

Há, ou não, opções e investimentos programados?

Há, ou não orientações estratégicas a cumprir?

Julgo ser inevitável a futura expansão do porto de Lisboa para a Margem Sul do rio Tejo, dada a insuficiência de terraplenos livres na sua margem Norte e, por outro lado, a escassez de bons fundos estes, relativamente fàceis de obter a custo razoável, nessa hipótese. E, sendo assim, dada essa inevitabilidade, porque não “aguentar” um pouco mais o terminal de Alcântara (com algumas correcções, conforme atrás indiquei) e faze-lo parte integrante do Plano de Exoansão do Porto de Lisboa, quando for aprovado?

Este Ministério, aliás à semelhança do que sucedeu com o Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), avançou com determinadas soluções, nomeia um Serviço por si tutelado ou, então, uma equipa mandatada para o efeito; baseado nos seus pareceres, por vezes incompletos, decide. No caso vertente, será lìcito perguntar quais os termos do mandato e quais as declarações de voto dos componentes dess
a
equipa… .

Nos dois casos a táctica é sempre a mesma: alijar responsabilidades, mesmo se essas análises ficam desde logo circunscritas e, pelo teor do mandato, de âmbito limitado.

Posso acrescentar, também, que o MOPTC  ignora majestáticamente o contraditório. Haja em vista a ausência de reacção da SET às críticas por mim formuladas no texto “Alguns Erros Grosseiros Quando da Apresentação da AV – 3 de Abril de 2006”; posteriormente, “Nos Bastidores de Alta Velocidade  – 8 de Agosto 2006” e, por último, “O Silêncio dos Responsáveis. O Desfazer de Algumas Ilusões – 25 de Abril de 2007”

Nestes trabalhos não me limitei a apontar os numerosos erros que encontrei num Documento de Trabalho apresentado publicamente por um Vice-Presidente, da A.T. Kearney (empresa de consultadoria contratada pelo MOPTC), dando desde logo os números correctos, baseado em fontes indiscutíveis.

Indiferente e descaradamente, a SET participou posteriormente com o Sr. Ministro das O.P. em vários Fóruns da especialidade onde comparecia o citado Vice-Presidente, como orador.

Concluí, assim, que os números oficialmente apresentados não eram, afinaal, uma base para reflexão, antes podendo dar azo a uma vulgar manipulação política.

De forma idêntica e com o mesmo à-vontade, o MOPTC procedeu relativamente às alterações sofridas pelo Plano de Plataforma Logística a que fiz referência no meu trabalho de 8 de Agosto de 2006.

Na verdade, em 9 de Maio de 2006 o MOPTC anunciou um Plano Estratégico que previa a construção de 11 plataformas logísticas. Dois meses depois, em 7 de Julho, inopinadamente, informa que foi entregue (sem concurso) uma nova plataforma à  em presa espanhola Albertis, accionista da Brisa, situada em Castanheira do Ribatejo.

Caso curioso, o chamado Portugal Logístico parece também ter ignorado o Terminal Multimodal do Vale do Tejo (TVT) em Riachos, perto do Entroncamento o qual, até à data, é a única plataforma logística portuguesa que a Comissão Europeia considera na rede transeuropeia de transportes. A trapalhada é lamentável.

Conforme escrevi, o que agrava ainda mais esta decisão é o facto da futura plataforma de Castanheiro do Ribatejo ficar situada em terrenos da Reserva Agrícola Nacional (RAN) e da Reserva Ecológica Nacional (REN). Aliás, numa zona que constitui parte da Reserva Aquífera Estratégica Nacional, ocupando um área no mínimo com 150 ha, ou seja, o equivalente a outros tantos campos de futebol.

Mas há mais: Conforme demonstrei no texto a que faço referência, há muito que se sabia que o Governo e a empresa espanhola estavam em negociações. Por isso mesmo, não se compreende o motivo que o levou a “esquecer” esta plataforma no seu Plano Logístico apresentado dois meses antes.

O que motivou a conceituada cronista Luísa Schmidt a escrever no semanário Expresso:”Por que razão a REFER construiu uma estação de comboio tão bem apetrechada e moderna num lugar praticamente ermo com Castanheiro do Ribatejo, ali mesmo a servir como uma luva à futura plataforma… ou urbanização? No mínimo cheira a esturro”.

De projecto em projecto, de plataforma em plataforma, a mais importante reserva aquífera do país vai sendo neutralizada; a saber: a plataforma logística de Castanheiro do Ribatejo, a do Poceirão, o novo aeroporto de Lisboa (NAL) com todas as suas urbanizações satélites e acessibilidade. É muito; é, mesmo, demasiado.

Paulo Guinote – O orgulho de ser professor

Em mais um dia marcado por um concurso de colocação de professores em que milhares de profissionais dos quadros ficaram sem saber onde estarão a trabalhar em 1 de Setembro do próximo ano, é muito importante renovar a ideia de que estamos nesta profissão por gosto, por prazer e não, como alguns querem fazer crer, por comodismo, ausência de alternativas ou inércia.

Ao contrário do que máquina comunicacional da actual equipa ministerial quis fazer crer ao longo de quase todo este mandato, a classe docente é uma classe profissional orgulhosa do seu ofício e consciente do seu papel fundamental para um efectivo desenvolvimento integrado do país.

É uma classe que, na sua esmagadora maioria, preza o rigor e a qualidade do seu desempenho, não receando qualquer tipo de comparação com qualquer outro grupo profissional altamente qualificado.

E é, contra os preconceitos de políticos de segunda linha e meia dúzia de opinadores de prosa fácil e preconceito à flor da pele, constituída por profissionais altamente qualificados, polivalentes e que sabem colocar os interesses dos alunos acima dos seus próprios, como se constatou ao longo dos últimos anos de confronto aceso com este Governo e a tríade que está prestes a abandonar a 5 de Outubro no mais completo descrédito.

Todos os estudos de opinião e sondagens são unânimes: apesar da violenta propaganda que contra si foi movida, a classe docente é das mais respeitadas pela opinião pública, contrastando com a credibilidade mínima daqueles que a quiseram manietar e calar, enquanto a prejudicavam materialmente e degradaram as suas condições de trabalho como não há memória no regime democrático.

Que, apesar do cansaço, tenhamos conseguido manter a chama viva é a melhor prova de que os professores serão sempre o elemento essencial para a formação das novas gerações, liderando pelo exemplo e despertando o respeito pela sua conduta.

É tempo, pois, de termos orgulho em nos afirmarmos professores e assumirmos todo o nosso poder..

Paulo Guinote

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Nota: Com este texto do Paulo Guinote, a quem agradeço muito, inauguramos oficialmente o «ESPECIAL PROFESSORES». Porque muitos de nós são professores, porque muitos dos nossos leitores são professores e porque o momento assim o justifica (esperemos que um dia deixe de ser necessário, será sinal que deixámos de ser notícia).
E quem melhor do que o Paulo para nos dar esta honra?

Não somos muito felizes

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O nome ajuda a explicar: Costa Rica. Não é preciso muito para chegarmos lá. Quando por lá aportaram os espanhóis, liderados por Cristóvão Colombo, a terra recebeu o nome de nova Cartago. Só alguns anos mais tarde foi baptizada da forma que é hoje conhecida. Era Rica por causa do ouro que os indígenas ostentavam, claro. Hoje é rica devido à fantástica biodiversidade que faz as delícias dos investigadores e dos viajantes que apreciam a ecologia.

O DN conta que a Costa Rica foi considerada o “país mais feliz do mundo”, num estudo que mede o Índice do Planeta Feliz, isto é, a capacidade que cada país tem para proporcionar um bem-estar sustentável aos seus cidadãos. A New Economics Foundation, uma organização não governamental ecológica britânica, divulgou o relatório durante este fim-de-semana.

Na Costa Rica, revela o documento, citado pelo DN, a esperança de vida é de 78,5 anos, o grau de satisfação da população é de 8,5, numa escala de zero a dez, a pegada ecológica, ou seja, a quantidade de terra e água que seria necessária para sustentar as gerações actuais tendo em conta todos os recursos materiais e energéticos gastos pelos seus cinco milhões de habitantes, é de apenas 2,3.

Portugal, que surpresa, aparece em 98.º. Não é bom, mas, ainda assim, à frente dos EUA, que estão no 114.º lugar do ranking do Índice do Planeta Feliz. Em Portugal, a esperança média de vida é de 77,7. O grau de satisfação é de 5,9. 4,4 é a pegada ecológica do país. O Índice do Planeta Feliz dos portugueses é de 37,5.

Enfim, nestas coisas da felicidade andamos fraquinhos, como na maior parte das coisas. Pena é que, em conjunto, enquanto comunidade, fazemos tão pouco para resolver os nossos problemas e tentarmos ser mais felizes. Em todos o caso, há sempre quem diga que a felicidade é um mito. Por isso, se calhar não vale mesmo a pena irmos mais longe.

Já foram publicadas as listas de colocação de professores

E tal como previa, não fiquei colocado.
Voltaremos ao assunto.
Ver aqui.

José Ferraz Alves – Cidades e artificialidades

1. O concelho de Paredes pretende vir a acolher uma cidade tecnológica, denominada Planit Valley, que ocupará uma área de 17 quilómetros quadrados e que será um laboratório vivo à escala urbana, no qual serão implementadas, de forma sustentável, “tecnologias que melhoram a qualidade de vida”. A Planit Valley terá “edifícios inteligentes, soluções avançadas de mobilidade, transportes e comunicações”. Além de espaços dedicados à investigação e desenvolvimento, na Planit Valley vão nascer também espaços de retalho, hotéis, centros de conferência, uma pista de testes, um centro de entretenimento e habitação. As razões que levaram à escolha de Portugal para a instalação desta cidade sustentável prendem-se não só com as políticas nacionais sobre o ambiente, mas também com o apoio que a Living Planit encontrou junto dos autarcas de Paredes, da CCDR-N e da agência de investimento AICEP”, tendo sido referido que o seu financiamento será exclusivamente externo à esfera pública.

2. A construção da nova cidade deverá começar este ano, apesar da crise económica mundial. Já agora, não esqueçamos de que há centenas de milhares de habitações desocupadas em Portugal e dezenas de milhar a necessitar de uma urgente reabilitação.

3. Tendo já referido a desarticulação que encontro entre os discursos teóricos sobre a regionalização e o efeito concreto das medidas no terreno, este é um projecto que poderá fazer sentido desenvolver-se dentro do perímetro de reabilitação urbana do centro histórico do Porto e não com o intuito de criar uma nova centralidade urbana. É um projecto com muito mérito e potencial demonstrador do que seria uma reabilitação dos espaços de retalho e centros de habitação, um verdadeiro “living lab” em espaço urbano, com recurso a um forte investimento em TIC, e resultar num efeito demonstrador mundial capaz de catalisar fluxos de peritos urbanísticos, historiadores, arquitectos, geógrafos, artistas, turistas, estudantes e empresas.

É mais fácil construir de novo do que reabilitar. Mas este projecto só será efectivamente desafiante se for desenvolvido num espaço urbano a reabilitar. Paredes tem a sua função no espaço da região Norte, e os seus responsáveis têm muito mérito na concepção do projecto, mas não me parece claramente que, depois, tenha de passar por mais uma obra faraónica e geradora de mais estátuas na Terra.

José Ferraz Alves

O escritório do Dalby

Colocações de professores saem hoje à tarde

Estou expectante porque, mesmo sendo QZP, provavelmente não vou ficar colocado e, como tal, lá vou andar de escola em escola nos próximos quatro anos, sempre com a vida adiada e sem uma escola a que possa realmentre chamar de minha.
Em telefonema para a DGRHE, acabam de me garantir que as colocações do Concurso Nacional de Professores são publicadas hoje à tarde.
A ver vamos.

UMA SONDAGEM PARA LISBOA

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VELHA DE TRÊS DIAS
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.Conhecida por alguns já vai para três dias ou mais (que desígnios terão levado a que se atrasasse a sua publicação?), chegou agora a público uma sondagem que nos diz que Santana e Costa estão empatados.
Ainda há poucas semanas era para muitos impensável que Santana Lopes pudesse voltar às lides, e eis que a dra Manuela lhe dá a mão. Ainda há poucas semanas se dizia que Santana não tinha hipóteses frente a Costa e eis que, mesmo antes das eleições europeias, se falava já na possibilidade de isso acontecer. Ainda há pouco tempo Costa era ganhador certo para a Câmara de Lisboa, e agora, nesta sondagem, isso é tudo menos certo.
É verdade que Costa se perfila já como sucessor de Pinto de Sousa à frente do partido, tendo já criticado posições deste, logo no dia (noite) da expressiva derrota nas eleições europeias, pelo que a vitória ou derrota na câmara passa a ser quase irrelevante para ele. Mas o que interessa agora é a capacidade de se erguer e de combate que Santana Lopes tem. É um verdadeiro político, que agrada às massas, que sabe o que dizer e como, e mais importante quando. Ou senão, vejamos a ideia lançada para mais um túnel na capital, de que, já toda a gente fala, de que já toda a gente opina, apagando por completo o protagonismo de Costa nesta pré-campanha.
A procissão ainda vai no adro, e Pedro Santana Lopes tem a câmara de Lisboa ao seu alcance, com mais facilidade do que se poderia julgar.

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São as PME's, estúpido!

Cegos, ceguinhos e ceguetas, durante toda esta crise, e muito antes dela, nunca quiseram ver a razão que assiste a quem defende que o modelo económico assente nas grandes obras públicas, há muito que está esgotado!
Basta olhar para o resultado. Após ciclos de megaprojectos continuamos pobres como sempre, desiguais e sem horizontes.
Insistir em autoestradas quando já temos o rídiculo record de sermos o país da UE com mais autoestradas por habitante é, no mínimo, burrice.
Querer um TGV no quadro macro económico e financeiro actual é, no mínimo, não perceber que a dívida que temos já irá empobrecer o país nos próximos anos. Não precisamos de mais dívida nem de projectos inviáveis. Não se autosustenta, por não termos massa crítica quer em população quer em território.
Ter um novo aeroporto quando tudo indica que o transporte aéreo vai percorrer caminhos que ninguem se atreve a prever é , no mínimo, pouco prudente.
Mas agora, após ter enterrado milhões em bancos e grandes empresas,e ter passado todo este tempo, quer fazer um pacto com as PMEs. Com a mesma convicção que há semanas as ignorava agora vê nas PMEs a tábua de salvação. Qual naufrago, agarra-se ao que resta !
Vamos ver por esta blogoesfera os arautos da “verdade oficial” mudar de opinião, tecer loas, a este “flic-flac” tardio e sem vergonha!
São as PMEs ,estúpidos! Representam 70% do emprego, inovam, produzem produtos e bens transaccionáveis para exportação, criam emprego a curto prazo, e incorporam grande parte de produtos portugueses!
Todos sabemos que a máquina que é preciso alimentar exige grandes obras públicas, mas chega, o interesse nacional está primeiro!

Onde escreves os teus posts

Em casa, num misto de escritório e parque infantil.

Escritório

Em jeito de comentário, apenas o meu muito obrigado a todos os amigos desta equipas do Aventar – tem sido um ENORME prazer partilhar este espaço com todos Vós.