Da nova governança europeia, crise do euro e da Europa, ao Vidas Alternativas

A  última quinzena que vivemos foi um período dramático  para Portugal, e para a Europa.
Houve graves riscos de rupturas económico-financeiras, por via dos ataques  que centrais de especuladores lançaram contra as dívidas soberanas de alguns Estados do Sul, designadamente Portugal, Espanha,e e até  Itália.
O Banco Central Europeu  teve de intervir, injectar dinheiro no sistema, e assim, evitar algumas possíveis bancarrotas.
Ficou agora claro  que a agenda europeia,em nome da solidariedade e do Euro- que a Alemanha tem evitado – é que comanda as agendas nacionais,e os diferentes e dolorosos PEC´s que estao a ser aplicados , para os trabalhadores dos diferentes países pagarem, como se os erros fossem deles. Há  um ataque ao Estado Social, ao Estado Previdência, tal como o concebemos na Europa desde o pós guerra.
Já é nitido que vai ser necessária uma governança europeia,centralizada,   que coordene sobretudo as políticas fiscais dos diferentes países, evite os nacionalismos e os gastos excessivos que os políticos gostam de fazer ,para deixar nome, ou obra, sem cuidar do futuro.
Sócrates ou os seus ministros andam  num vai e vem,para nos trazer os recados ou ordens de Bruxelas, e o que ontem nos anunciavam como  verdade, hoje já não é face à nova conjuntura  económico -financeira, global.
 
Temos de poupar, temos de produzir mais,  temos de criar mais riqueza, moderar os hábitos de consumo justamente num momento em que tudo isto parece muito difícil e as pessoas  desmobilizadas, não acreditam no futuro.
È possível  que venham outros impostos, outros cortes,   ou haja inflação, mas o que nos fica como  amargo na boca, desde  já ,  é que nem nos EUA, nem na Europa, nem em Portugal, até ao momento,  foram encontrados culpados.
 
Desde a falência dos dois grandes bancos americanos , há cerca de dois anos que eram prevísiveis  algumas destas consequências.
Ninguem viu, ninguém se importou, ninguém avisou,ninguém tomou medidas…
Nos EUA só um magnata da finança, Mardoch foi julgado e condenado. Todos os outros estão aí, e depois de apoiados pelo governo dos EUA para salvar os seus bancos,  estão já  a atacar as mudanças no sistema que o Presidente Obama quer impor, para evitar novos desmandos.
Os que levaram a Grécia ao descalabro sentam-se hoje  calmamente, no Parlamento, em Atenas, nas bancadas da oposiçao de direita , e  atacam o Governo, no poder há seis meses, saído de novas eleiçoes, em que eles foram derrotados e que está a tentar salvar de algum modo o país, do descalabro em que o deixaram.
Em Espanha, os grandes  fautores da bolha imobiliária,envolvidos em enormes escândalos de corrupção, ao mais alto nível estadual ,  dizem que o Governo de Zapatero fala disso só para desviar as atenções da crise e do desemprego.
Em Portugal, é o que todos sabemos…
Entretanto, é muito provável que o  nosso turismo venha a ser  afectado com a crise, pelo que, creio, era uma boa altura  de começar a fazer pacotes integrados com a Espanha, para atrair gente para cá ,já que os nossos dois países  vivem muito do turismo, são complementares ,e precisam de dinheiro, mesmo que venha desvalorizado.
 
Enfim, os cidadãos pagantes  devem começar a mobilizar-se  na procura de soluções alternativas,  credíveis, solidárias  e pró activas para esta situação.
Mas a  notícia mais interessante da semana  foi a promulgação da lei dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, por um contrariado Presidente Cavaco.
Assunto arrumado! Desespero enorme, para  alguma extrema direita fundamentalista,  que nao se conforma, e vai ainda, tentar reverter a lei .
Foi um grande passo em frente no plano dos Direitos Humanos, exemplar, para todo o Mundo.
 
O VA desta semana  traz-nos uma grande entrevista com S.José Almeida,  jornalista do “Público”, autora do livro “Homossexuais no Estado Novo”.
Depois, Luís Mateus, militante laicista,  fala-nos  de uma nova arrumação dos feridos religiosos e laicos ao longo do ano para melhorar a eficácia das empresas, sem prejuizo dos trabalhadores, respeitando a laicidade do Estado.
Terminamos  com um grupo de jovens estudantes  dos ISCSP ,na Ajuda ,  que estão a fazer um estudo sobre estigmatização social,designadamente, da homossexualidade.
 

Comments

  1. Luís Moreira says:

    O Estado Social Europeu tão mal tratado é a esperança a que todos se agarram. É obra da social-democracia para quem se esquece…


  2. Sem duvida,mas o pior é que a dita social democracia foi abandonando o Estado Social para se embrenhar no euro e se deixar contaminar pelo capitalismo neo liberal.Agora acorda,mas infelizmente bastante debilitada,e nao é capaz de apresentar novas ideias mobilizadoras.E precisamos de ideias à esquerda face à previsivel viragem à direita.

    • Luís Moreira says:

      Esta deriva neo-liberal mostrou ao que vem. Já não engana ninguem. A social-democracia é ,novamente, o sistema que pode salvar o planeta.