Já não há maus da fita como antigamente

As figuras lendárias e românticas dos grandes vilões perderam-se no tempo. Ficaram os registos históricos e os mitos cinematográficos feitos à medida da grandeza de James Cagney, George Raft, Humphrey Bogart, Edward G. Robinson e outros, nas suas interpretações de maus da fita.

Nos dias de hoje, não há estrela da sétima arte que consiga dar corpo e voz aos grandes maus da fita da actualidade. Porque estes não têm propriamente um rosto: são corporações cujos bairros e cartéis que dominam são nações inteiras, onde estabelecem as regras de jogo por ratios, taxas, indexes, cotações e notações, e traficam aquilo que tornou o mundo inteiro dependente: financiamento.

O domínio das mortes sangrentas a tiros de metralhadora num beco, ou em ambientes de fumo e devaneio do jogo ou da prostituição, acabou. Agora assassina-se identidades nacionais com séculos de história, esmaga-se a dignidade de um povo, instiga-se à escravidão e à fome.

Com todo o brilhantismo que se lhes reconhece, como poderão Robert De Niro ou Al Pacino marcar na tela a sua representação dos grandes maus da fita de hoje?

Não podem. Porque já não há maus da fita como antigamente.

Comments

  1. madalena says:

    pois , e o azar azarinho é que não há herois , nem difusos sequer , como os vilões. estamos em guerra e é cada um por si , não que isso não esteja de acordo com a individualista sociedade de consumo , mas tão necessitados que estamos de uns “generais “, caramba. com estes crominhos das jotas europeias não vamos lá.

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading