Mentiroso

É falso, ou se quiserem uma falácia de treta, que os funcionários públicos ganhem mais que quem trabalha no privado, conforme afirmou Passos Coelho, e os neocons por aí repetem, baseando-se num estudo do Banco de Portugal datado de 2001. Para comparar salários temos de comparar habilitações.

A maioria dos trabalhadores do sector privado (72,5%) tinha, em 2005, o ensino básico, e apenas 11% possuíam o ensino superior. Já a maioria dos funcionários da administração pública tinha mais habilitações que escolaridade básica. E 44% concluíram uma formação de nível superior.

Portanto, “apenas pelo facto de a percentagem de trabalhadores com o ensino superior na AP ser muito superior ao privado, concluiu-se que o rendimento da função pública tem de ser 3,5 vezes superior ao do privado. Se utilizarmos o estudo do Banco de Portugal, a percentagem de trabalhadores com o ensino superior deveria ser cinco vezes superior ao privado”, diz Eugénio Rosa. E, acrescenta, “o próprio estudo do Banco de Portugal reconhece que se análise foi (sic) feita por categorias se conclui que se verifica uma penalização salarial dos trabalhadores da administração pública.” DN

E já agora, segundo o mesmo Eugénio Rosa  “entre 2000 e 2011, o poder de compra das remunerações dos trabalhadores da Função Pública diminuiu entre -8 (trabalhadores com remunerações até 1500 €) e -15,5% (trabalhadores com remunerações superiores a 1500€), enquanto no sector privado, em idêntico período (2000-2011), o poder de compra das remunerações, de acordo com os dados oficiais, aumentou 8%.”

Seria bem mais honesto explicar porque se virou o saque aos salários em primeiro lugar para os funcionários públicos: “a função pública não é a base eleitoral deste governo“, conforme confessava um governante ao Expresso desta semana…

Comments

  1. O que me deixa espantada é PPC usar esta mentira para justificar o injustificável, ou seja, que um cidadão que ganhe 1000 euros vai ter uma redução de 14% no seu rendimento de 2012 desde que trabalhe para o estado, enquanto um que ganhe os mesmos 1000 no sector privado não sofrerá qualquer redução. Os mil euros no sector público são mais altos que os mesmos 1000 euros no sector privado? Passada a fase em que fiquei atónita com esta tentativa de justificação, compreendi em parte a intenção da medida: embaratecer o custo do trabalho. Senão vejamos: os trabalhadores abrangidos pelo roubo que possam mudar para o sector privado aceitarão facilmente uma redução de salário pois pior-do-que-o-que-estão-não-ficam, será o caso dos médicos, por exemplo. Os que não conseguem passar para o privado de livre iniciativa, dado por exemplo a especialidade da sua função (imagine-se um maquinista p.ex), fazem muito provavelmente parte do SEE que está na calha para privatização/concessão. Desta forma as empresas interessadas nesses negócios irão receber trabalhadores mais baratinhos.

  2. Pisca says:

    Atenção, cuidado muito cuidado, o estudo do Eugénio Rosa não é de fiar, porque o mesmo é militante do PCP e colaborador da CGTP, de acordo com um dos comentarios do Blasfémias

    Ainda se fosse do Frasquilho ou outra personalidade independente e “óh nesta!!”

  3. Orlando Gonçalves says:

    Que mentiroso!…

    Em muito pouco tempo o “Capataz dos Banqueiros “, PPC, comprovou que é um descarado mentiroso, fazendo o contrário do que afirmava, e revelando-se com muito mais defeitos de ética e de princípios, que criticava nos governantes anteriores.
    Se ainda lhe restasse alguma vergonha, não aparecia mais ao povo português.
    Mais um grande mentiroso no “governo” do País!… Para desgraça de Portugal…

  4. Serpa says:

    Nada de espantar. João José Cardoso e Eugénio Rosa, ambos funcionários públicos, a mesma luta.

    • Que eu saiba o Eugénio Rosa não é funcionário público. Pago pelo estado é também o autor da mentira. Mas claro, ataca-se o mensageiro quando não se consegue contra-argumentar a mensagem.

  5. A locomotiva que o Estado tem a obrigação de ser, para puxar o País no caminho do pogresso não existe. O Portugal de hoje, tal como o de ontem, não dispõe de gente de bem e de competência no leme rumo ao futuro. Não. Os dois partidos que se alternam na governação são feitos de gentes que mostram as caudas tipo pavões e que só governam bem os seus bolsos. É o que acontece sempre que se fazem golpes de Estado em vez de Revoluções. As democracias não se fazem por decreto, e não são dogmas como as religiões. As democracias só são válidas quando o Povo as entende. Se Deus existe, Ele que reze por nós, os que caímos nas mãos de tantos e improdutivos aldrabões!

  6. Longe de mim defender Passos Coelho, mas não se pode comparar público e privado, tout court. Se comparar o sector dos serviços privado com o sector de serviços público, verá que não existe a diferença de habilitações entre público e privado. Agora se comparar uma fábrica com um hospital … Para haver honestidade, isto tinha de ser feito sector a sector. Como trabalhador nos RH de uma grande empresa, digo-lhe que a taxa de licenciados é de 45%, igual portanto, à função pública. Como não é honesto pegar em números globais como fez PPC, JJC está a cair na mesma falácia em sentido inverso. E que fique bem claro que respeito igualmente um trabalhador do calçado e um professor universitário. São ambos indispensáveis à sociedade.

    • Estamos de acordo: a haver comparação bem feita teria de o ser sector a sector: quanto ganha um médico, um professor, um engenheiro, etc.
      E mesmo assim beneficiando sempre o privado, todos sabemos que a este nível muita gente recebe parte do salário em coisas como telemóveis, veículos, beneficiando fiscalmente a empresa e o trabalhador.
      O estudo do BdP, o de 2009, não faz isso, explicando que não existem dados disponíveis para tal.
      http://www.bportugal.pt/pt-PT/EstudosEconomicos/Publicacoes/Paginas/BdPPublicationsResearchDetail.aspx?PublicationId=345
      A lógica que o Eugénio Rosa seguiu é a única possível. E posso adiantar que quanto aos professores do privado não são contas fáceis de fazer (teoricamente ganham à hora, se lhes pagarem a extraordinárias, é claro). Já agora: o aumento das aposentações antecipadas baixou, e não foi pouco, as médias salariais em cada carreira.

  7. Estudos existem, provavelmente não existe é a vontade de os divulgar. Todas as empresas com mais de 10 trabalhadores são obrigadas a entregar o Relatório Único (ex Quadros de Pessoal) que permitem além de análise aos salários e seus componentes, as habilitações, acções de formação, benefícios etc. etc. Ora o sector público (estranhamente) está isento desta obrigatoriedade o que distorce logo qualquer estudo sério.
    <a href="http://www.gep.mtss.gov.pt/estatistica/index.php&quot; "http://www.gep.mtss.gov.pt/estatistica/index.php&quot;

    • Não existem estudos completos, pela simples razão de que nem se sabe quantos funcionários públicos existem. E como é óbvio esses dados deveriam ser compilados e publicados.

      • Antes de mais obrigado pelas suas respostas. O facto de não existirem dados para o Estado, que são obrigatório para os privados é preocupante. Não se pode querer conhecer a casa dos outros sem mostrar a nossa. A partir do momento em que se impõem obrigações a terceiros que não cumprimos todas as especulações são possíveis (os boys, as cunhas etc. etc). E por isso que não gosto de ver diabolizar o sector privado. Sabe-se lá que caixas de Pandora se abririam se o sector público divulgasse estas informações.

        Cumps,

Trackbacks

  1. […] A esquerda resolveu responder ao (agora) mediático estudo do Banco de Portugal em que aparentemente o Primeiro Ministro se baseou para dizer que os funcionários públicos ganhariam mais 10% a 15% do que os funcionários do sector privado com dois “estudos” de um economista da CGTP e da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública, intitulados ”A Mentira Como Instrumento de Manipulação da Opinião Pública (2009)” e “Ataque às Funções Sociais do Estado e Aos Trabalhadores da Função Pública (2011)”. Gostaria de fazer alguns comentários, não exaustivos, a esses “estudos”: […]

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