III – Religião, Economia e Manifesto Comunista. As pretensões da família Marx

O Manifesto do Partido Comunista combina a seriedade filosófica mais profunda com o talento mais mordaz. Imagine a Rousseau, Voltaire, Holbach, Lessing, Heine e Hegel fundidos numa só pessoa – digo fundidos e não confundidos num monte – e o meu amigo terá o Dr. Marx.

O Manifesto acaba com uma revisão da actividade política dos partidos comunistas e do socialismo em todos os países da Europa e com uma expressão de temor: Uma parte da burguesia procura remediar os males sociais com o fim de consolidar a sociedade burguesa. Nessa categoria enfileiram-se os economistas, os filantropos, os humanitários, os que se ocupam em melhorar a sorte da classe operária, os organizadores de beneficências, os protectores dos animais, os fundadores das sociedades de temperança, enfim os reformadores de gabinete de toda categoria.

Chegou-se até a elaborar esse socialismo burguês em sistemas completos.

Como exemplo, citemos a Filosofia da Miséria, de Proudhon.

Os socialistas burgueses querem as condições de vida da sociedade moderna sem as lutas e os perigos que dela decorrem fatalmente. Querem a sociedade actual, mas eliminando os elementos que a revolucionam e a dissolvem. Querem a burguesia sem o proletariado. Como é natural, a burguesia concebe o mundo em que domina como o melhor dos mundos possível. O socialismo burguês elabora em um sistema mais ou menos completo essa concepção consoladora. Quando convida o proletariado a realizar esses sistemas e entrar na nova Jerusalém, no fundo o que pretende é induzi-lo a manter-se na sociedade actual, desembaraçando-se, porém, do ódio que ele vota a essa sociedade.

Uma outra forma desse socialismo, menos sistemática, porém mais prática, procura fazer com que os operários se afastem de qualquer movimento revolucionário, demonstrando-lhes que não será tal ou qual mudança política, mas somente uma transformação das condições da vida material e das relações económicas, que poderá ser proveitosa para eles. Notai que, por transformação das condições da vida material, esse socialismo não compreende em absoluto a abolição das relações burguesas de produção – o que só é possível por via revolucionária, – mas, apenas reformas administrativas realizadas sobre a base das próprias relações de produção burguesas e que, portanto, não afectam as relações entre o capital e o trabalho assalariado, servindo, no melhor dos casos, para diminuir os gastos da burguesia com seu domínio e simplificar o trabalho administrativo de seu Estado. O socialismo burguês só atinge uma expressão adequada quando adequada se torna uma simples figura de retórica.[9]

Os meus comentários são evidentes. No entanto, há mais um comentário que desejava acrescentar, esse de se Marx era satanista, ao escrever textos que podiam ofender a dignidade humana e a fé das pessoas. A resposta é evidente: a questão é colocada por um presbítero evangélico, tem uma intenção. Aliás, Marx nunca falou contra a religião, como é possível ler nos seus textos, ainda dentro de este Manifesto, escrito ao calor da tristeza pelos delitos cometidos contra o povo de Paris e contra vários membros da, fundada por ele, Associação Internacional dos Trabalhadores, narrada antes.

Os Jovens Hegelianos[10] interpretavam o aparato estatal inteiro como, em última análise, um clamor para se legitimar sobre a base de doutrinas religiosas; especificamente o Luteranismo na Prússia contemporânea, mas eles generalizaram a teoria para ser aplicável a qualquer Estado suportado por qualquer religião. Entendiam que todas as leis estavam, finalmente, baseadas nas doutrinas Bíblicas. Bem ao contrário do que eu pessoalmente defendo nos meus textos e ao longo da minha vida académica toda: a religião é a lógica da cultura, orienta o comportamento dos seres humanos, orienta a economia como interacção lucrativa entre os seres humanos. A religião está baseada em conceitos económicos, base da teoria da economia ou a organização da vida no lar e na vida pública ou sociedade. Quem gere a economia, são especialistas em finanças, por outras palavras Ciência que tem por fim coadunar os interesses pecuniários do Estado com o bem-estar público. Idealmente, acrescentaria como ideia. Quem gere as finanças, é o governo, em que o povo deposita a sua soberania. Se o governo não entende da ciência das finanças, acaba por passar por apertos e falências que levam à desconfiança dos gestores….problema que corre com a história por causa do lucro de poucos e salário de muitos. Falência na que facilmente um povo cai se os seus governantes no investem em bens lucrativos e deviam a moeda para quem pode obter mais-valia em outros sectores, países, estados. Acontecia antes, como acontece hoje. Hegelianos ou social-democratas: confiam na divindade, sem reparar que o investimento é lucrativo no fabrico de bens para vender.

A consequência da actividade dos jovens hegelianos foi sabotar a religiosidade que orientava a exploração. No meu ver, de forma pouco inteligente. Sem ser teólogos nem especialistas em doutrinas religiosas, ou em hermenêutica religiosa ou em patrística, entraram de forma filosófica em solo desconhecidos. Como tal, o plano deles para sabotar o que eles concebiam como o aparato do estado corrupto e despótico, era atacar a base filosófica da religião. No processo, eles se tornaram os primeiros estudantes bíblicos objectivos e não religiosos desde Espinoza[11] em seu Tratado Teológico – Politico. Grande erro. Não são as divindades as que nos salvam de falências, são os que praticam o investimento lucrativo. Como exemplo:

David Strauss[12] escreveu Das Leben Jesu (A vida de Jesus), onde ele argumentou que os ensinamentos originais de Jesus tinham sido ligeiramente deturpados e modificados através dos séculos por propósitos políticos. Strauss argumentou que a mensagem original de Jesus era destinada aos pobres e oprimidos da sociedade, e não para o estabelecimento (establishment). Esses ensinamentos tinham sido usurpados pelo estabelecimento (establishment) para manipular e oprimir as populações do mundo prometendo a elas uma recompensa no pós vida se elas se mantivessem em seus lugares (obedientes) e não se levantassem ou rebelassem contra o rico. Isso se coloca em oposição directa aos ensinamentos de Jesus, que estava liderando um movimento de massa dos pobres, e dessa maneira Strauss percebeu que a religião estado era inválida.

Bruno Bauer [13]foi mais longe, e alegou que a história inteira de Jesus era um mito. Ele não encontrou nenhum registo de alguém chamado Yeshua de Nazaré em quaisquer registos da então ainda existente Roma. (Pesquisas posteriores, na verdade, encontraram tais citações, notadamente pelo historiador Romano Tacitus e o historiador Judeu Flávio Josefo, apesar de que podem ser forjados.) Bauer argumentou que quase todas as figuras históricas mais eminentes na Antiguidade são citadas em outros trabalhos (e.g., Aristófanes imitando Sócrates em seus papéis), mas como ele (Bauer) não pôde encontrar quaisquer de tais referências a Jesus, da mesma forma a história inteira Jesus foi fabricada.

Ludwig Feuerbach[14] escreveu um perfil psicológico de um crente chamado Das Wesen Christentums (A essência da Cristandade). Ele argumentou que ao crente é apresentada uma doutrina que estimula a projecção de fantasias para o mundo. Crentes são encorajados a acreditar em milagres, e a idealizar todas as fraquezas deles imaginando um Deus omnipotente, omnisciente, imortal que representa a antítese de todas as falhas e deficiências humanas.

Nenhum deles teólogos ou financistas…O único que cria a teoria para obter lucro com mais-valia, é outro jovem hegeliano.

Esse diferente Jovem Hegeliano, era Karl Marx. Em princípio simpatizante dessa estratégia de ataque à Cristandade para sabotar o estabelecimento da Prússia, mas mais tarde formou ideias divergentes e rompeu com os Jovens Hegelianos. Marx concluiu que religião não é a base do poder da classe estabelecida e que governa. Não, é a posse do capital – terras, dinheiro, e os meios de produção – que está situado no coração do poder de estabelecimento. Marx percebeu que a religião era apenas uma cortina de fumaça para obscurecer essa verdadeira base de poder de estabelecimento, e certamente, era um amparo vital para o oprimido proletariado – “o ópio do povo,” o único conforto deles numa vida na qual ele não estaria disposto a abandonar.

Max Stirner[15] ocasionalmente interagia com os Jovens Hegelianos, mas manteve posições muito contrárias desses pensadores, consequentemente, ele satirizou e imitou todos eles em seu mais aclamado trecho do nominalist Der Einzige und Sein Eigentum (O Ego e o próprio eu).

Os Jovens Hegelianos não eram populares na universidade devido às opiniões radicais deles sobre religião e sociedade. Bauer foi dispensado do posto de professor em 1842, e Marx e outros estudantes foram advertidos de que não deveriam – se incomodar em submeter as suas dissertações a Universidade de Berlim, pois elas certamente seriam mal recebidas devido a reputação dos seus comportamentos rebeldes, radicais e revolucionários.

Os Jovens Hegelianos, [16]depois conhecidos como os Hegelianos de Esquerda, foram um grupo de estudantes e jovens professores na Universidade Humboldt de Berlim após a morte de Georg Hegel ocorrida em 1831. Os Jovens Hegelianos foram opositores ao popular grupo Hegeliano de direita, os que detinham as cadeiras do departamento e outras posições de prestígio na universidade e no governo.
A filosofia política teorizada por Hegel, pode-se ler em duas direcções: a da esquerda revolucionária, ou a conservadora que anelavam cargos de poder, quer na Universidade, quer no Governo dos Estados Alemães. Os Hegelianos de direita perceberam que as séries de evoluções dialécticas históricas tinham sido completadas, e que a sociedade da Prússia, como ela existia, era a culminação de todo o desenvolvimento social para a época, com um extenso sistema de serviços civis, boas universidades, industrialização, e alta empregabilidade. Os Jovens Hegelianos acreditavam que ainda haveria mudanças dialécticas mais extensas para acontecer, e que a sociedade da Prússia da época estava longe da perfeição e ainda continha focos de pobreza, governo censura tinha lugar, e os não Luteranos sofriam com a discriminação religiosa.

Corrente ideológica que interpretava que o aparato estatal inteiro como, em última análise, era um clamor por legitimidade baseada em doutrinas religiosas; especificamente o Luteranismo na Prússia contemporânea, mas eles generalizaram a teoria para ser aplicável a qualquer Estado suportado por qualquer religião. Todas as leis foram finalmente baseadas nas doutrinas Bíblicas.

Esta teorização não era contra o sentimento de fé, era contra o uso de esse sentimento em procura de uma melhor hierarquia social. Contra o uso feito pelo Imperador da Prússia e a sua corte e os mais ricos da terra, que com ele estavam, para explorar ao povo que nada tinha. Era o grito de liberdade que muitos tentaram lançar para libertar ao povo das garras da exploração dos proprietários de terras, industrias e minas, especialmente desse denominado carvão. Não era simples, para quem, em criança, tinha sido educada na confissão cristã, atacada por eles nesses dias, se retirar dos seus sentimentos e conhecimentos. A prova de ser Marx um devoto luterano, é exactamente este saber de que a fé era para viver em paz e harmonia, enquanto a sua manipulação, era o grito de desgarro de um povo pobre. Não é em vão que Marx, na sua crítica a filosofia de Hegel, tenha dito: “O sofrimento religioso é, a um único e mesmo tempo, a expressão do sofrimento real e um protesto contra o sofrimento real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração e a alma de condições desalmadas. É o ópio do povo”.[17]

No meu ver, um filósofo sem formação religiosa, não era capaz de dois factos: primeiro, de entender e escrever sobre a religião; segundo, da criticar. Para criticar um sistema de fé, é preciso saber o seu conteúdo, conhece-la dentro dos seus parâmetros e os seus artigos e a exercer. Não é em vão que os filósofos que criticaram a fé luterana, referidos mais acima, tiveram que estudar teologia, história da Igreja, doutrina e a universalizar, que é o que faz qualquer académico para provar a sua hipótese: é o denominado método comparativo que, normalmente, é desconhecido pela maior parte das pessoas. Não apenas o povo, bem como os académicos, que conhecem bem a sua ciência, mas conhecem mal a sua cultura. Ou, eventualmente, a sua especialidade não lhes permite tempo livre para outros saberes.

No entanto, no meu ver, o saber enciclopédico é uma regalia ou um presente que poucos têm hoje em dia, na agitada vida do neo-liberalismo, doutrina económica que faz correr às pessoas para ganhar mais um tostão ou um melhor lugar na hierarquia social. Degraus que todo o mundo de hoje, Século XXI, tenta escalarem. Escalar não é qualquer palavra. Como referi no meu livro, hoje no prelo, talvez ao se publicar este texto, já nas bancadas, Para sempre Tricinco. Allende e Eu, 2007, Tinta da China, digo, como referi nesse livro, as palavras falam. Escalar e subir degraus de qualquer maneira e modo para triunfar e esmagar aos que nos contradizem, desdizem, manipulam as nossas palavras ou pretendem o mesmo tipo de objectivo. Não é em vão que o Dicionário que me assiste na escrita, define assim o verbo escalar[18]. De todos os significados, o que me parece mais adequado, é o de trepar. Os intelectuais que nos Séculos XV a XIX e ainda XX, andam a defender tropelias cometidas contra os seres humanos sem valia, é dizer, aos que apenas solicitam dinheiro em troca da sua força de trabalho e o da sua família, têm que entrar aos textos sagrados de cada fé, para defender aos que são atropelados, aos que nem se vestir podem, aos desamparados, aos que são despedidos. Não há, no meu ver, acção mais religiosa, que esse colaborar de solidariedade, sem esperar reciprocidade em troca. Era impossível para um sem abrigo, entender o tipo de defesa doutoral que é feito para ele pelos doutores de saber exacto. A sobrevivência não permite tempo para pensar com racionalidade nem deixa entender espaços mais largos dentro do qual se desenvolve a sua vida histórica. Um intelectual não é obrigado, também não, a entender a doutrina, a escolástica ou doutrina tomista ou de Tomás de Aquino, derivada de Aristóteles e do seu leitos muçulmano, Al – Farabi, que, sem dar por isso, o transmitira ao Ocidente, põe meio de Tomás de Aquino e as leituras de Al – Farabi que ele tinha feito, às escondidas, bem entendido, para não ser levado à fogueira pelos membros da sua ordem, que expurgavam aos cristãos por ler livros proibidos, ou por não ser da sua fé, ou por abris o entendimento a outros saberes, que permitiam optar. Esse optar religioso, como tenho definido antes neste texto, entre o bem e o mal dentro dos padrões de comportamento ou da cultura da sociedade na qual vivemos. Mas, uma série deles, tiveram, desde o Século XV da nossa era até o dia de hoje, que entrar pelas doutrinas para defender ao povo. Estão enumerados, com as suas obras, antes desta página. Para o leitor lembrar, primeiro, está mais do que comprovado o facto de Marx ser luterano no seu pensar infantil e da adolescência: era conveniente trepar para o cristianismo desde a fé judaica, ou não havia trabalho. A seguir, na vida adulta, Marx tenta lutar pela humanidade da forma que ele sabia fazer: com os seus escritos e, especialmente, com o seu escrito do melhor de livros de história económica, investigado, provado, redigido com uma calma e serenidade, usando apenas o método hegeliano da dialéctica, convertido por ele em matéria que puxa ideias e não ideias que criam outras ideias. Como dizem Tom Bottomore e Maximillian Rubel no livro Karl Marx: Selected Writtings in Sociology and Social Philosophy: O Capital de Marx tem pouco de Hegel. É, na maior parte do texto, una apresentação e análise de dados sociológicos e históricos que nuca antes fora produzida. De facto, O Capital, entre outros valores como texto resultado de pesquisa, um dos primeiros e mais valiosos trabalhos em história social concebido de uma maneira sociológica, é dizer, uma história das instituições sociais ao longo do tempo. É um trabalho científico e, ao mesmo tempo, uma acusação ética [pelos crimes cometidos pela humanidade contra a humanidade a minha inserção]. Na sua forma e conteúdo, exprime o pensamento pragmático de Marx sobre a ciência….no nosso entendimento, Marx deve a Hegel por outro tipo de assuntos que os que vulgarmente se comentam….. desde o começo, é um oponente  a teoria política de Hegel  e da sua teoria filosófica da história…desde o começo dos seis escritos, é possível perceber que deve mais a Saint-Simon,  [ao seu amigo Saint-Simoniano Moses Hess, ao seu professor Ludwig Gall, do que a Hegel][19]”, como referi antes.

Ler o Capital, texto que Marx dedicara vinte anos de pesquisa e de escrita, têm-me ensinado mais ética e sociologia, antropologia e economia, que qualquer outro texto lido o investigado por mim. É apenas ver o índice, para entender não apenas do que trata, bem como da capacidade de Marx de entender a história e as ideias religiosa, ao fazer, enquanto escreve ciência, juízos de valor sobre a forma de produção em cronologias diferentes da história do mundo, nunca visitadas põe ele O livro I, foi publicado em 1867[20]. È preciso, penso eu, acrescentar que o livro não tem apenas por título O Capital. Cada Volume tem um título diferente, referido em nota de rodapé. O primeiro é O Processo de produção do capital. De resto, pode-se ver na nota de rodapé referida.

Se Marx não tiver tido uma educação luterana, nunca teria entrado nas lutas políticas do seu tempo, e da maneira em que ele entrara, rodeado de Saint-Simonianos, entre os quais o seu professor do Curso de Berlim, onde teve que fugir por causa da polícia prussiana andar trás dele pelos textos republicanos que ele escrevia. No seu curso de Berlim, ouviu as aulas de um outro Saimt-Simoniano, Eduard Gans. Ainda em Jena, na sua terra Rhineland, Moses Hess, o seu amigo, escrevia textos Simonianos no jornal Reinnische  Zeitung, amigo que, no ver do Bottomore e Rubel, o introduziram ao livro de Lorenz von Stein: Sozialismus und Kommunism – des heutigen Frankreichs, de 1842[21], que ele revistara para o jornal onde estava a trabalhar: Rheinische Zeitung. Teve que fugir da Alemanha em 1842, refugiar-se em Paris, onde ficou apavorado pelas revoltas e a pobreza de um país onde a revolução tinha acontecido recentemente. Foi tão grande a sua tristeza, que pensou aí a sua parte do Manifesto Comunista, com um bem conhecido Engels, começo de amizade referida neste texto, em 1842, em Berlim. Mesmo sítio em que Jenny o redigiu e soube por no papel uma certa distância que Marx e Engels não conseguiam. Foi no seu exílio em Paris que ele reparara que não entendia o que era o”materialismo” ou “economia” do que se falava na França. Bom leitor, de imediato tomou contacto com os textos de Quesnay, especialmente o Quadro Económico. Para o entender, usou os textos de um estudante de Quesnay, Adam Smith, que investigou e escreveu em 1976 An enquire into the reasons and causes of the wealth of nations, bem como com a obra de David Ricardo e as suas ideias sobre impostos e terra comum. A sua obra foi devorada por Marx: O alto preço do ouro, uma prova da depreciação das notas bancárias (The high price of bullion, a proof of the depreciation of bank notes), em 1810; Ensaio sobre a influência de um baixo preço do cereal sobre os lucros do capital (Essay on the influence of a low price of corn on the profits of stock), em 1815; Princípios da economia política e tributação (Principles of political economy and taxation), em 1817 (reeditado em 1819 e 1821). Base mínima para entender a acção luterana da Karl Marx, que, após entender que a economia era a base material da vida, nos escritos dos Católicos Saint – Simon, um ultra católico médico da Corte de Louis XIV, François Quesnay que salvara à França da falência, de um fugitivo português judeu sefardí, primeiro na Holanda, a seguir na Grã-bretanha, da sua rejeição da religião positivista de Auguste Comte, acabo por adquirir um saber enciclopédico e definiu que o mundo deles vivia baixo o peso do capital, que definiu nos seus textos de 1862 e 1863: Teoria da mais-valia, como uma instituição sociológica, é dizer, como a instituição do controlo privado dos meios de produção. Por outras palavras, nos seus textos citados, diz: “Baseado na concepção materialista e dialéctica da História interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades e das lutas de classes daí consequentes. O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho, o que diferencia os homens dos animais e possibilita o progresso de sua emancipação da escassez da natureza, o que proporciona o desenvolvimento das potencialidades humanas. Mais-valia é o nome dado por Karl Marx à diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador, que seria a base da exploração no sistema capitalista.

Ia um não devoto luterano trabalhar da maneira que Marx trabalhou? Ia um investidor pensar das relações sociais como Marx as pensou, analisou ao longo de décadas? Ia ter o conceito de ser humano que Marx usou? Tão simples como Joanir Fernando Ribeiro sintetizou: “da concepção antropológica  nas obras do jovem Marx, a saber, nos Manuscritos e em A Ideologia Alemã. O pensamento do jovem Marx, principalmente nos Manuscritos, aparentemente está marcado por posições teóricas idealistas: a concepção de uma natureza humana genérica, a partir da qual Marx critica a condição sócio-histórica do ser humano. A teoria da revolução de Marx parece fundamentar-se nessa concepção de um ideal de ser humano. Não há ainda uma teoria sobre o capital e consequentemente sua teoria fica ao perigo de ser tomado por um certo moralismo arbitrário. Em uma primeira aproximação a antropologia marxista parece não ter fundamento histórico[22].

Finalmente, os críticos de Marx, que são muitos, esquecem que outros como ele entraram pelo saber devido antes de falar. Os casos, já citados, são: Espinoza em seu Tratado Teológico – Politico. David Strauss e Das Leben Jesu (A vida de Jesus), Ludwig Feuerbach e A essência da Cristandade. Finalmente, após um breve período com os hegelianos de esquerda, Marx pensa e diz: Karl Marx, era em princípio simpatizante dessa estratégia de ataque à Cristandade para sabotar o estabelecimento da Prússia, mas mais tarde formou ideias divergentes e rompeu com os Jovens Hegelianos.

Mas um ópio que é apenas um subterfúgio para tontos, especialmente para a classe doutoral que nunca leu Marx e pode dizer calmamente: Marx, para além de patético e perigoso, é injusto. Kant, como Fichte, foram perseguidos pelo cristianismo luterano da sua época, exactamente porque as suas teorias não coincidiam com os cânones da religião. Fichte foi mesmo destituído de uma cátedra universitária, devido a pressões da igreja luterana alemã. Dizer que Kant estava ao lado do status quo da “religião burguesa” é um absurdo[23]. Marx é também patético e por isso, perigoso, porque (fazendo parceria com Nietzsche) está na origem de grande percentagem do Horror do século XX, que todos nós devemos sublimar, mas nunca esquecer. Sobre a religião, escreve Marx:

“Todas as formas e produtos da consciência podem ser eliminados, não mediante a crítica intelectual, (…) mas só através da transformação prática das relações sociais existentes, de que derivam essas mesmas fantasias idealistas. (…) Não é a crítica, mas a revolução, a força motriz da História, e também da história da religião, da filosofia e de qualquer outra teoria.” – Karl Marx (Ib.)

Este é o princípio da lobotomia violenta anti-religiosa proposta por Karl Marx; resumindo: nada de crítica intelectual, porque os assuntos resolvem-se à lei da bomba. Marx tem sido o Aiatola do materialismo histórico…..

É como se anda a pensar!

Mas, o que se anda a pensar? As ideias de Marx, são diferentes para cada país de que trata do materialismo histórico. Os países europeus têm-se convertido em social – democracias, por outras palavras, em países neoliberais com uma certa intervenção do estado para controlar a produção, preços e aceso ao trabalho, formas de organizar convénios de troca de produtos e de trabalho produtivo. No Século XIX, de Marx e a Rainha Victoria, havia duplicidade de éticas. O próprio Marx tinha uma medida para a sua vida pública e outra para a vida pessoal e de família.

No entanto, o que interessa é a forma e maneira da evolução do pensamento de Marx, as suas descobertas e os seus fracassos.

Bem sabemos que Marx tinha uma dupla ideia religiosa: nasce judeu, é criado como cristão, e depois esquece tudo ao passar a ser a sua religião o materialismo histórico…. Onde havia, no seu entender, injustiças, lá estava ele, especialmente as causadas pela mais-valia. Mouros, judeus, cristãos, era todo igual: onde houver lucro sem correspondência com o salário, Marx entreva. Escreveu sobre os judeus na Prússia, em 1843, esse o seu livro A Questão Judaica. Porquê? Porque eram explorados, não por serem judeus. Livro que advém da sua admiração sentida por Hegel na sua juventude. Pensa mais, namora, casa, aprende de Feurebach e Hegel passa a ser, em 1843, esse citado e tornado a citar livro sobre Uma Contribuição à Crítica da Filosofia do direito de Hegel[24].

 É dito dele ter sido um admirador de Hegel, mas essa forma irrequieta de ser, o levara rapidamente a abandonar ao seu professor, que trabalhava apenas sobre ideias sem pensar na materialidade da vida. É Ludwig Feurebach que pensa que a maçã existe antes da ideia, o que faz dele materialista. Ideias dum filósofo que o encantaram por entender a história como a da matéria. Feurebach escreveu, como digo antes em este capítulo, um perfil psicológico de um crente chamado Das Wesen Christentums (A essência da Cristandade)[25]. Ele argumentou que ao crente é apresentada uma doutrina que estimula a projecção de fantasias para o mundo. Crentes são encorajados a acreditar em milagres, e a idealizar todas as fraquezas deles imaginando um Deus omnipotente, omnisciente, imortal que representa a antítese de todas as falhas e deficiências humanas. Filósofo que o encantara, mas que viria, também, a criticar mais tarde nas suas Teses sobre Feuerbach de 1845.[26] Como Engels costumava dizer, Marx era um lutador da forma em que esta citado no Anexo 1. Eu acrescentaria que era um arrogante por causa de andar sempre em debates, procurar amizades, contradizer-se com essas amizades, louvar os seus livros para, a seguir, debater sobre eles de forma contraditória, como fez com Jean Pierre Proudhon e o seu livro Contradições Económicas ou Filosofia da Miséria (1846)[27] De imediato, Marx ripostou com o seu texto de 1847 A Miséria da Filosofia[28], como está já comentado, a mais rápida resposta a uma tese que não condiz com o seu pensamento.

Donde, não foi por acaso que Marx critica a Hegel. Tinha sido seduzido pelas teses de Ludwig Feuerbach[29] e as suas ideias dobre direito e religião exprimidas nos seus textos originais de 1841 e de 1848, traduzidos em língua lusa portuguesa em1988 e 1989[30]. Os originais de 1839, para o primeiro, e o de 1848, influenciaram a Marx e o animaram a escrever essa crítica à Filosofia do Direito de Hegel, especialmente essas duas primeiras partes referidas de 1839. No entanto, como conhecedor da religião que Marx era, a sua crítica às ideias religiosas de Hegel, baseadas nas de Feuerbach, são apenas para esclarecer o papel da religião na vida social. “Marx queria dizer que a religião funciona no sentido de pacificar os oprimidos; a opressão é definitivamente um erro moral. A religião – dizia ele – reflecte o que falta na sociedade; é uma idealização das aspirações do povo que não podem ser satisfeitas de imediato. As condições sociais da Europa nos meados do século passado tinham reduzido os trabalhadores a pouco mais que escravos; as mesmas condições produziram uma religião que prometia um mundo melhor na outra vida.

Se na sua juventude, Karl Marx foi um jovem hegeliano, era por ser um homem de fé. Os jovens hegelianos eram homens de fé. Marx também, como é possível apreciar dos textos escritos para a sua educação, citados antes: A vida cristã segundo o Evangelho de São João e a sua tese A diferença entre as filosofias da natureza em Demócrito e Epicuro, essas duas obras reiteradamente citadas. Com tudo, os seus avanços sobre o materialismo histórico faz a Marx  rapidamente abandonar as teses materialistas de Feuerbach, analisadas antes e mais profundamente, quase no fim do texto.

Marx e o seu novo mestre de momento, estão despachados. O elo dos jovens hegelianos denominados de esquerda era outro. Os jovens hegelianos interpretavam o aparato estatal inteiro como um clamor legítimo baseado no luteranismo. Dai os seus estudos sobre a religião: Espinoza primeiro e o seu Tratado Teológico – Politico[31]. Apesar de não ser um Jovem Hegeliano, o texto de Espinoza influencia a vários deles. Espinoza defendia que a divindade era ao mesmo tempo natureza e ideia. Este livro trata de religião e política, como sugere o título. Tal evidência não esgota, porém, o seu conteúdo, nem esclarece grandemente o alcance dos seus enunciados. Ninguém, a bem dizer, já hoje contesta que a religião e a política de que se fala aqui estão intimamente conectadas com a filosofia demonstrada na Ética. E, no entanto, dizer isso ainda não é tudo. Porque o Tratado Teológico-Político não é apenas uma obra que tenha subjacente a concepção da realidade reivindicada pelo autor ou que para ela remeta, como teria irremediavelmente de acontecer; é, sim, a primeira e, em muitos aspectos, definitiva explanação do sistema espinosista, a tentativa programada de recuperar o que a racionalidade em moldes Ogeométricos” insinuava como desordem ou servidão a resgatar pela liberdade intelectual, sem suspeitar que é precisamente aí que se decide toda a gama de possibilidades de interacção dessas partículas do todo que são os homens[32]. Este panteísmo[33] de Espinoza, era o que faltava aos hegelianos de esquerda para afirmar que a divindade era uma criação humana.

No entanto, as várias religiões atribuem, por outras palavras, conferem à Divindade qualidades ou capacidades que a afastam dos seres humanos. Esses atributos são debatidos por Espinoza e pelos hegelianos, que pretendiam uma divindade mais humana, panteísta. Normalmente, as confissões conferem capacidades impossíveis de atingir por um ser humano, excepto para os seus representantes, como os profetas, as autoridades investidas por meio de sacramentos para agir em nome da divindade, especialmente se esses representantes governam. Era o desespero dos jovens hegelianos. Esses atributos são, pelo menos para os cristãos de qualquer igreja, os seguintes: desde os tempos apostólicos a Igreja identificou nada menos que quinze Atributos Divinos e que a literatura, até ao momento presente, tem tentado explicar, para nossa informação e para nossa formação. São os seguintes: Deus Uno. Quer dizer que Deus é o único Ser que deve existir. Não podem existir mais deuses, (politeísmo); Deus não é apenas um chefe ou presidente (Henoteísmo) e muito menos um Deus bom em contrapartida com um Deus mau (Maniqueísmo).

Deus Verdadeiro. Quer dizer que Deus realmente existe e não é apenas um reflexo da nossa imaginação que projecta em nós os sentimentos do medo ou da sugestão, ou nos mergulha em desejos de felicidade puramente humana. Deus Vivo. Quer dizer que Deus é um Ser cuja essência é a Sua própria vida. É um Ser cuja actividade se identifica com a Sua própria natureza. Deus Eterno. Quer dizer que para Deus nunca houve passado, como se antes não tivesse existido. Nem haverá futuro, como se alguma vez pudesse deixar de existir. Em Deus há só Presente, e d’Ele só se pode dizer que Existe. Quando Deus, identificado com YAHWEH (Javé), apareceu a Moisés na sarça-ardente e Moisés lhe perguntou qual era o Seu nome, Deus respondeu: – Eus sou Aquele que Sou. (Ex.3/4). Deus Imenso. Quer dizer que Deus não está sujeito a nenhuma limitação do lugar ou do espaço ou do tempo. Está todo em toda a parte ao mesmo tempo. Deus Incompreensível. Quer dizer que Deus não está sujeito a nenhuma limitação do conhecimento, como sucede connosco; não está limitado, nem pela dimensão de um corpo nem pela de um espírito criado. Deus Infinito. Quer dizer que Deus não só não tem limitações, mas também e sobretudo que Deus tem a plenitude de todas as perfeições.

Ele é Omnisciente, Omnipotente e tem a plenitude do Ser. Deus Omnipotente. Quer dizer que todas as coisas foram criadas por Ele e que nada que se pode conceber poderia existir sem Ele.

Evidentemente Deus não pode fazer o que por natureza é impossível, como fazer um círculo quadrado, etc. Deus Único. Quer dizer que não pode haver outro Deus, não pode haver outro igual. Se houvesse outro Deus perfeitamente igual, confundir-se-ia um com o outro e seria um só. Só que houvesse uma pequena diferença, nenhum poderia ser Infinito, ou eterno, isto é, nenhum poderia ter Todos as perfeições em grau infinito.

Deus Puro Espírito. Quer dizer que Deus não está limitado pelas dimensões corporais ou espaciais.

Deus é um Ser espiritual, que pensa e que quer; que sabe e que ama. Deus é, no mais profundo sentido, um Deus pessoal e nunca apenas uma força impessoal ou energia cósmica.

Deus Totalmente Simples. Quer dizer que Deus não é um composto de partes como

o nosso corpo, a nossa alma e todas as substâncias em que há propriedades acidentais.

Amor, Justiça, Perdão, Infinidade, Omnipotência, Vida… é tudo a Sua própria natureza. Deus Imutável. Quer dizer que Deus, por ser eterno, tem a plenitude do Ser e, por isso, nada n’Ele se pode mudar. Nada tem para adquirir nem nada pode perder. O que tem é o que é e isso permanece para sempre. Deus Transcendente. Quer dizer que Deus não só está acima de todos os outros seres, mas que também é completamente distinto de todo o mundo. Deus é totalmente outro. Deus Perfeitamente Feliz. Quer dizer que Deus em Si mesmo e por Si mesmo é a completa Felicidade, sem depender da felicidade de qualquer outro ser.

Deus é o Mais Sublime. Quer dizer que Deus é belo no mais alto grau. Em Filosofia diz-se que O Belo é aquilo que agrada. Pois Deus é exactamente Belo, Aquele que agrada por Si mesmo.

As Escrituras condenam todos aqueles que são seduzidos pelas criaturas:

– Se, encantados pela beleza de tais coisas, as tomarem por deuses, reconheçam quanto é melhor do que elas o seu Senhor, porque foi o criador da Beleza que fez todas estas coisas. (Sab[34]. 13/3).

Todavia, devemos reconhecer e compreender também o que é que se deve entender por Atributos relativos de Deus…

Atributos Relativos de Deus são as perfeições divinas de Deus em relação com o mundo que Ele mesmo criou. Diz o Catecismo da Igreja Católica no seu artigo 41 do texto em formato de papel, página 28, edição já citada, o seguinte: Todas as criaturas são portadoras duma certa semelhança de Deus, especialmente o homem, criado à imagem e semelhança de Deus. As múltiplas perfeições das criaturas (a sua verdade, a sua bondade, a sua beleza) reflectem, pois, a perfeição infinita de Deus. Como consequência, pode-se falar de Deus a partir das perfeições das suas criaturas: por serem grandes e belas as coisas criadas é que se pode contemplar, por analogia, o seu autor (Sab.13/5)[35]. Pequeno consolo que a hierarquia nos quer oferecer….

Referia antes que era o desespero dos jovens hegelianos, mas não apenas. É o desespero de todo crente. Há essa espécie de adágio ou provérbio, essa máxima que expressa em poucas palavras, ideais tornadas vulgares que recordam com seriedade o que é usual. Essa, máxima ou sentença popular que diz: Deus escreve direito por linhas tortas….para consolar essa falta de entendimento do que todo fiel deve saber. O desespero é o de todo um povo subordinado a hierarquias consagradas ou com óleo real ou com sacramentos[36], ou, ainda, com elevação a hierarquias outorgadas por quem tem mais poder.

O único hegeliano que fica na história, é Karl Marx,. Marx concluiu que religião não é a base do poder de estabelecimento, como está provado mais acima, mas sim a posse de capital – terras, dinheiro, e os meios de produção – que está situado no coração  do poder de estabelecimento. Essa cortina de fumaça, frase marxista com fundo profundamente teórico, resultado de anos de pesquisa, por ele definida, é, certamente, um amparo vital para o oprimido proletariado. Esse ópio do povo, o único conforto de uma vida a qual ele não estaria disposto a abandonar.

Mas, não abandonou. Converteu o ópio do povo, no Manifesto Comunista, com partido político, greves e lutas radicais de levantamento drástico contra os opressores. Motivo pelo qual todo o que era, dor, seja, venha a ser ópio do povo no sentido de socialismo científico, teriam a sorte que acontecera como com Babeuf e essa ponte de lutadores, até a morte de Allende, a guerra do Iraque, a Faixa de Gaza e a crises económica causada pelos que hoje nos oprimem e que estão a ser julgados. Marx nos acordou para essa realidade. Daí, o Ayatola do socialismo! Dai, as pretensões da família Marx, que cresce e se expande na medida que somos todos iguais, de diversa maneira, nos diversos continentes. Essa família que ainda grita: proletários do mundo, uni-vos!


[1] Retirado da página 3 do Manifesto.

[2] Página 3 do Manifesto em pdf

[3] Boron, Atilio,1971: A. Filosofia política e crítica da sociedade burguesa: O legado teórico de Karl Marx. Em publicação: Filosofia política moderna. De Hobbes a Marx Boron, Atilio, CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales; DCP-FFLCH, Departamento de Ciências Politicas, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, Universidade de Sao Paulo. 2006. ISBN: 978-987-1183-47-0

[4] Berlin, Isaiah (1964) Karl Marx (Buenos Aires: Sur).

[5] McLellan, David 1971 The Thought of Karl Marx. An Introduction (New York: Harper Torchbooks)., página 116

[6] Charles Robert Darwin (Shrewsbury, 12 de Fevereiro de 1809Downe, Kent, 19 de Abril de 1882) foi um naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da selecção natural e sexual[1]. Esta teoria se desenvolveu no que é agora considerado o paradigma central para explicação de diversos fenómenos na Biologia.[2] Foi laureado com a medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1859. Fonte:  The Complete Works of Darwin Online – Biography; John van Wyhe 2008, entre outros textos. John van Wyhe é um historiador da ciência, normalmente reside na Universidade de Cambidge. Tem sido o fundador e Director do programa Darwin Online, Membro Adjunto do Christ’s College (A Faculdade de Darwin) e membro da British Society for the History of Science. A pesquisa recente de Van Wyhe’s, tem desafiado a ideia de que Darwin teria mantido em segredo a sua teoria durante 20 anos (Darwin’s delay).
Van Wyhe hoje em dia esta a publicar três livros e vários ensaios curtos escritos por Darwin para o ano 2009: Darwin’s shorter publications, Darwin’s notebooks from the voyage of the Beagle, um pequeno panfleto sobre Darwin in Cambridge e uma biografia de Darwin, à que se pode aceder em  http://classiques.uqac.ca/classiques/darwin_charles_robert/darwin.htm l

O livro que comocionara ao mundo, especialmente a burguesia, é de 1859, Cambridge University Press, e tem por título The descent of Man and Selection in Relation to Sex- o que em luso brasileiro tem sido traduzido em 1974, como A origem do Homem e a Selecção Natural, Hemus, São Paulo- Texto que pode ser lido em inglês em:  http://www.talkorigins.org/faqs/origin.html

[7] Moses Hess (Bonn, 21 de Junho de 1812Paris, 6 de Abril de 1875) foi um precursor do que mais tarde se chamaria sionismo. Suas obras mais importantes são: História santa da humanidade (1837), Triarquia europeia (1841) e Roma e Jerusalém (1862). Mudou seu nome para Moritz Hess, tendo mais tarde o revertido para Moses.

Hess recebeu uma educação religiosa tradicional do seu avô, tendo, mais tarde, estudado filosofia na Universidade de Bonn e vivido em Paris como correspondente de um periódico socialista nos acontecimentos da revolução de 1848. Amigo e colaborador de Karl Marx e Friedrich Engels. Nesta época era partidário da assimilação dos judeus. Posteriormente Hess deixou de atribuir às causas económicas e à luta de classes um papel preponderante na história, tendendo a privilegiar as lutas raciais e entre nacionalidades.

[9] Página 18 do Manifesto

[10] Os jovens hegelianos são analisados por David McLellan, 1969:The young hegelians and Karl Marx, Papermack, MacMillan Press Londres. Excertos do texto podem ser lidos em: http://ann.sagepub.com/cgi/pdf_extract/392/1/224-a

[11] Benedictus de Spinoza (Amsterdã, 24 de Novembro de 1632Haia, 21 de Fevereiro de 1677), forma latinizada de Baruch de Spinoza (em hebraico: ברוך שפינוזה), também conhecido por Bento de Espinoza (português europeu) ou Benedito Espinoza (português brasileiro), foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu nos Países Baixos em uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno. No seu Tratado Teológico – Político de 1670, diz: Não existe, aliás, nenhuma coisa de ímpio naquilo que sustentamos, pois Salomão, Isaías, Josué, etc., apesar de serem profetas, foram, contudo, homens e nada do que é humano se lhes deve considerar estranho.

Benedictus de Spinoza (1632-1677): Tratado Teológico Político, Capítulo II, Dos Profetas, pág 41. Martins Fontes, São Paulo, 2003. Há uma versão com tradução melhor da Imprensa Nacional, Casa da Moeda, 1988, que recomendo pela claridade da sua tradução, de Diogo Pires Aurélio. Licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa; Doutorado em Filosofia Moderna e agregado em Filosofia Social e Política pela Universidade Nova de Lisboa. Traduziu e prefaciou edições de Maquiavel (O Príncipe), Espinosa (Tratado Teológico – Político e Tratado Político) e Richelieu (Testamento Político). Publicou, na área da filosofia, as seguintes obras: Um fio de nada, ensaio sobre a tolerância (1997), A vontade de sistema, estudos sobre filosofia e política (1998), Imaginação e poder, estudo sobre a filosofia política de Espinosa (2000), Razão e Violência (2007), Representação Política (2009). Prefaciou a edição portuguesa do livro de Jacques Rancière, O ódio à democracia (2007). Coordena o projecto de investigação «Global Justice and International Terrorism», financiado pela FCT.

[12] David Friedrich Strauss (Ludwigsburg, Alemanha, 27 de Janeiro de 18088 de Fevereiro de 1874) foi um teólogo e exegeta alemão.

Em Setembro de 1825 iniciou os seus estudos de teologia no seminário protestante de Tübingen, sendo depois professor no seminário de Maulbroon.

Discípulo de Hegel, tornou-se muito conhecido após a publicação, em 1835, da obra Vida de Jesus, que causou escândalo nos meios religiosos da Alemanha. Para Strauss, o sucesso do cristianismo explicava-se por um “mito de Jesus”, que teria sido forjado pela mentalidade judaica dos tempos apostólicos, e que não poderia ser sustentada pela ciência moderna – perspectiva depois adoptada por Ernest Renan na sua Vida de Jesus. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/David_Friedrich_Strauss

[13] Bruno Bauer, está referido antes dentro de este capítulo. E a sua obra, na página acima desta nota de rodapé.

[14] Ludwig Andreas Feuerbach (Landshut, 28 de Julho de 1804 — Rechenberg, Nuremberg, 13 de Setembro de 1872) foi um filósofo alemão. Feuerbach é reconhecido pela teologia humanista e pela influência que o pensamento exerce sobre Karl Marx. Abandona os estudos de Teologia para tornar-se aluno do filósofo Hegel, durante dois anos, em Berlim. Em 1828, passa a estudar ciências naturais em Erlangen e dois anos depois publica anonimamente o primeiro livro, “Pensamentos sobre Morte e Imortalidade”. Nesse trabalho ataca a ideia da imortalidade, sustentando que, após a morte, as qualidades humanas são absorvidas pela natureza. Escreve “Abelardo e Heloísa” (1834), “Piere Bayle” (1838) e “Sobre Filosofia e Cristianismo” (1839). Na primeira parte desta última obra, que influencia Marx, discute a “essência verdadeira ou antropológica da religião”. Na segunda parte analisa a “essência falsa ou teológica”. De acordo com esta filosofia, a religião é uma forma de alienação que projecta os conceitos do ideal humano em um ser supremo. Ao atacar religiosos ortodoxos entre 1848 e 1849, anos de turbulência política, é considerado um herói por muitos revolucionários. Morre em Rechenberg, na Alemanha.

Para Feuerbach, a alienação religiosa segue-se dentro de uma teoria teológica buscando a razão e a essência do homem no mundo, mas o homem é essencialmente antropológico na característica humana, pois adquire sentimentos e sensibilidade. É desta forma que Feuerbach observa a alienação decorrente em cada indivíduo que busca uma relação substancial entre Homem e Deus. No meu ver, o que faz famoso a Feurebach, além das suas ideias e textos é essa ideia sobre a que baseia a sua filosofia, que diz: O homem é aquilo que come

A situação material em que o homem vive é que o cria. Feuerbach nega o conceito de que exista primeiro a ideia e depois a matéria. Para ele a maçã real precede a ideia da maçã. Afirma que deveríamos entender Hegel de cabeça para baixo. Para Feuerbach, Hegel descreve o homem de ponta-cabeça. Deve ter sido a frase que seduziu a Marx e o fez materialista, abandonando assim o idealismo hegeliano.

As minhas fontes são os livros de Feurebach: (1841) 1988: A essência do cristianismo, texto que retira o mito da religião e o faz acessível a vida material

Um comentário deve-se acrescentar:o solene desvelar dos tesouros ocultos do homem, a revelação de seus pensamentos íntimos, a confissão pública de seus segredos de amor.”
“Como forem os pensamentos e a disposições do homem, assim será o seu Deus; quanto valor tiver um homem, exatamente isto e não mais, será o valor de seu Deus. Consciência de Deus é autoconsciência, conhecimento de Deus é autoconhecimento”.
“Deus é a mais alta subjetividade do homem, abstraída de si mesmo.”
“Este é o mistério da religião: o homem projeta o seu ser na objetividade e então se transforma a si mesmo num objeto face a esta imagem de si mesmo, assim convertida em sujeito.”
(Trechos de A Essência do Cristianismo de L. Feuerbach O comentário é do académico brasileiro José Ricardo Martins, e que faço meu após a leitura do texto, edidato por Papirus, São Paulo, texto comigo em formato de papel. Em linha, esta acesivel em:  http://www.marxists.org/reference/archive/feuerbach/works/lectures/index.htm

[15] Johann Kaspar Schmidt, conhecido pelo pseudónimo Max Stirner, (Bayreuth, 25 de Outubro de 1806Berlim, 26 de Junho de 1856) foi um escritor e filósofo alemão, com trabalhos centrados no existencialismo, niilismo e no Anarquismo individualista.

A principal obra de Stirner, O único e sua propriedade, apareceu pela primeira vez em Leipzig em 1844. O desenvolvimento de sua filosofia, no entanto, poderia ser relacionado a uma série de artigos que apareceram pouco antes desta obra central, mais especificamente O falso princípio de nossa educação e Arte e religião.

Em O único e sua propriedade, Stirner faz uma crítica radicalmente anti-autoritária e individualista da sociedade prussiana contemporânea, bem como à tão citada modernidade da sociedade ocidental. Oferece ainda um vislumbre da existência humana que descreve o ego como uma não – entidade criativa além da linguagem e da realidade, ao contrário do que pregava boa parte da tradição filosófica ocidental.

Em suma, o livro proclama que todas as religiões e ideologias se assentam em conceitos vazios, que, após solapados pelos interesses pessoais (i.e. egoístas) dos indivíduos, revelam sua invalidade. O mesmo é válido às instituições sociais que sustentam estes conceitos, seja o estado, a legislação, igreja, o sistema educacional, ou outra instituição que reclame autoridade sobre o indivíduo.

[16] Esta parte do texto, é uma síntese feita por mim para entender que a luta radical contra a burguesia, passava pelas ideias denominadas religiosas usadas pelos que estavam no poder para manter calmo ao povo. A aristocracia e a burguesia, usavam não apenas os sentimentos de fé, também rituais, dias de comemoração de santos padroeiros, em fim, uma manipulação do que tinha sido organizado por Luthero e Calvin. Os académicos, vários de eles religiosos, tiveram que entrar dentro dos textos sagrados para entender essa manipulação. Até pareciam pessoas da religião cristã luterana que fortemente imperava nesses tempos. A informação completa está em: http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Jovens_hegelianos&redirect=no

[17] Marx, Karl, 1843, Crítica à Filosofia do direito de Hegel, texto publicado postumamente. Desconheço o ano da primeira edição, mas existe a da Editora Bomtempo, 2005, São Paulo Em linha com comentário em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%ADtica_da_Filosofia_do_Direito_de_Hege l

[18] De escala v. tr.,  subir por escala ou escada; entrar por cima de muros ou pelas janelas; trepar; assolar, destruir; distribuir, designar serviço por escala; golpear; adj. 2 Gén.,

Diz-se da quantidade que possui uma magnitude mas não uma direcção, como seja o tempo, a massa e o comprimento, em: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx

[19] Bottomore. Tom; Rubel, Maximillian, (orgs) (1956) 1976: Karl Marx. Selected Writings in Sociology and Social Philosophy, 272 pp,  da página 24. O texto está em inglês, com a minha tradução e interpretações em [ ]

[20] A primeira edição, de 1864 do Livro I, foi ainda em vida de Marx. Escrito em alemão, a sua língua, traduzido ao inglês pela sua filha Jenny e por Engels, revisto por Marx. Os livros II e III, editados post portem. O conteúdo pode ser lido em: http://www.marxists.org/portugues/marx/1867/ocapital-v1/index.htm Os Volumes foram publicados em anos diferentes, com a paciência de Engels, de Karl Kautsky e outros. O livro foi publicado sempre em alemão a primeira versão e em anos diferentes: 3.1 Livro 1 – o processo de produção do capital 1867 3.2 Livro 2 – o processo de circulação do capital 1885 3.3 Livro 3 – o processo global da produção capitalista 1894 3.4 Livro 4 – Teorias da mais valia 1905 3.5 Capítulo VI inédito de O Capital . 1ª Edição em Português:

Fonte da Presente Transcrição: Centelha – Promoção do Livro, SARL, Coimbra, 1974.

Tradução de:   J. Teixeira Martins e Vital Moreira.

Transcrição de: Alexandre Linares.

HTML por José Braz para Marxists Internet Archive, 2005.

[21] O texto em inglês, é: History of the French Social Movements from 1789 to the Present in which he introduced the term “social movement” into scholarly discussions. For Stein, the social movement was basically understood as a movement from society to the state, created by the inequalities in the economy, making the proletariat part of politics through representation. The book was translated into the English by Kaethe Mengelberg and published by Bedminster Press in 1964 (Cahman, 1966)-etirado de biogradia de Stein em:  http://en.wikipedia.org/wiki/Lorenz_von_Stein

[23] Retirado de um blogue do Google, sem autor, em: http://espectivas.wordpress.com/2007/11/07/complementando-karl-marx-2/

[25] Ludwig Feuerbach escreveu um perfil psicológico de um crente chamado Das Wesen Christentums (A essência da Cristandade). Ele argumentou que ao crente é apresentada uma doutrina que estimula a projecção de fantasias para o mundo. Crentes são encorajados a acreditar em milagres, e a idealizar todas as fraquezas deles imaginando um Deus omnipotente, omnisciente, imortal que representa a antítese de todas as falhas e deficiências humanas. Os seus livros não estão em linha. Uma síntese apenas pode dar a entender o seu pensamento e a impressão que causara nas ideias de Marx: A situação material em que o homem vive é que o cria. Feuerbach nega o conceito de que exista primeiro a ideia e depois a matéria. Para ele a maçã real precede a ideia da maçã. Afirma que deveríamos entender Hegel de cabeça para baixo. Para Feuerbach, Hegel descreve o homem de ponta – cabeça. Mais texto em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Feuerbach

[26] Estas teses podem ser lidas em: http://www.marxists.org/portugues/marx/1845/tesfeuer.htm , publicadas em português pelas  edições Avante.  Escrito: primavera de 1845.

Publicado pela primeira vez: por Engels, em 1888, como apêndice à edição em livro da sua obra Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Alemã Clássica, Estugarda 1888, pp. 69-72. Publicado segundo a versão de Engels de 1888, em cotejo com a redacção original de Marx.

Traduzido: do alemão por Álvaro Pina.
Transcrito por Fred Leite Siqueira Campos para The Marxists Internet Archive.

[27] Biografia e comentários sobre o autor e os seus textos, podem ser lidos em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre-Joseph_Proudhon#Obras

[28] Ambos os livros enfrentaram o boicote e o silêncio dos autores liberais em suas terras de origem, por isso “Contradições…” vendeu pouco na França e “Miséria…” pouco na Alemanha. O livro proudhoniano porém se tornou um sucesso no meio operário europeu. Fora da França, teve várias reedições. Na Alemanha (justamente a terra de Marx) as reedições foram após a morte de Marx. Em vida, não soube enfrentar o boicote (mas mais tarde, com Engels, traçaria várias estratégias para enfrentar o boicote no lançamento de O Capital) e “Miséria…”, que vendeu pouco na época, se juntaria à lista dos livros pouco vendidos durante a vida do autor, até se tornar sucesso no meio operário, mas apenas no século XX. A (CVa) história esta narrada em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mis%C3%A9ria_da_Filosofia. O texto em francês, é denominado Misère de la philosophie Réponse à la Philosophie de la Misère de M. Proudhon (1847) pode ser lido em: http://classiques.uqac.ca/classiques/Marx_karl/misere_philo/Marx_Misere_philo.doc

[29] Feüerbach, Ludwig, 1841: Das Wesen des Christentums, traduzido como: A Essência do Cristianismo, Papirus, Campinas, Brasil. Sobre Filosofia e Cristianismo” em 1988. Na primeira parte desta última obra, que influencia Marx, discute a “essência verdadeira ou antropológica da religião”. Na segunda parte analisa a “essência falsa ou teológica”. De acordo com esta filosofia, a religião é uma forma de alienação que projecta os conceitos do ideal humano em um ser supremo. Ao atacar religiosos ortodoxos entre 1848 e 1849, anos de turbulência política, é considerado um herói por muitos revolucionários. Referido em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Feuerbach. Há um comentário sobre as teses de Feuerbach, parece-me irresistível não acrescentar: A RELIGIÃO SOB UM OUTRO OLHAR:
Comentário sobre o livro A Essência do Cristianismo” de Ludwig Feuerbach.
Por José Ricardo Martins

“O solene desvelar dos tesouros ocultos do homem, a revelação de seus pensamentos íntimos, a confissão pública de seus segredos de amor.”
“Como forem os pensamentos e a disposições or de seu Deus. Consciência de Deus é autoconsciência, conhecimento de Deus é autoconhecimento” do homem, assim será o seu Deus; quanto valor tiver um homem, exatamente isto e não mais, será o val.
“Deus é a mais alta subjectividade do homem, abstraída de si mesmo.”
“Este é o mistério da religião: o homem projeta o seu ser na objetividade e então se transforma a si mesmo num objeto face a esta imagem de si mesmo, assim convertida em sujeito”. O homem se distingue do animal pela consciência.” Em outra passagem afirma: “Consciência é a característica de um ser perfeito”. O homem tem consciência de si através do objeto. Ou seja, o outro: o eu e o tu, na visão positivista. A trindade humana – amor, razão e vontade – é a essência do próprio homem, é o homem completo:
– a força do pensamento é a luz do conhecimento, a razão; – a força da vontade é a energia do carácter;
– a força do coração é o amor.  Querer, sentir e pensar são perfeições, essências, realidades… são infinitos, ilimitados. É ser consciente de si mesmo. É íssimo, ser consciente de uma perfeição como imperfeição; impossível sentir o sentimento impossível, afirma Feuerbach nos remetendo à Descartes quando fala que Deus só pode ser um ser perfeitomo limitado, impossível pensar o pensamento como limitado. Assim, o Ser Absoluto, o Deus do homem, é a sua própria essência
(Ecertos do texto A Essência do Cristianismo de L. Feuerbach)

Mais texto aqui

[30] Feuerbach, Ludwig, (1848-49) 1989: A Essência da Religião, Papirus, Campinas, São Paulo. É este o texto que ataca aos cristãos ortodoxos. Ao atacar religiosos ortodoxos entre 1848 e 1849, anos de turbulência política, é considerado um herói por muitos revolucionários. É com este autor que aparece a palavra que seria usada mais tarde por Marx e por Bento XVI o Ratzinger: alienação. Diz assim: Para Feuerbach, a alienação religiosa segue-se dentro de uma teoria teológica buscando a razão e a essência do homem no mundo, mas o homem é essencialmente antropológico na característica humana, pois adquire sentimentos e sensibilidade. É desta forma que Feuerbach observa a alienação decorrente em cada indivíduo que busca uma relação substancial entre Homem e Deus.

O que proporcionou esse pensamento de Feuerbach foi a influência da teoria de Hegel e, mais tarde, a teoria de Marx. Posteriormente, nessas duas linhas de pensamento, uma teórica, a outra prática, Feuerbach busca a fórmula do Homem v Para Feuerbach, a alienação religiosa segue-se dentro de uma teoria teológica buscando a razão e a essência do homem no mundo, mas o homem é essencialmente antropológico na característica humana, pois adquire sentimentos e sensibilidade. É desta forma que Feuerbach observa a alienação decorrente em cada indivíduo que busca uma relação substancial entre Homem e Deus.

O que proporcionou esse pensamento de Feuerbach foi a influência da teoria de Hegel e, mais tarde, a teoria de Marx. Posteriormente, nessas duas linhas de pensamento, uma teórica, a outra prática, Feuerbach busca a fórmula do Homem vs. Deus vs. Religião. Mais texto, em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Feuerbach

Antes de acabar esta nota, não resisto comentar que estes filósofos eram todos homens de fé, mas que a forma burguesa de exprimir essa crença, acaba por os levar a criticar a burguesia opressora no ponto que era mais fraco para eles: o uso da religião para oprimir aos seres humanos sem meios. O ataque não é contra a religião, é contra o uso que de ela se faz. Pelo que Feuerbach procura transferir a materialidade dentro das crenças ideais, como Marx e Bento XVI fariam mais tarde. O texto é meu, não precisa citação

[31] Espinoza, Baruch, (1670) 1988: Tratado Teológico – Político, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, em formato de papel. Era também denominado Benedictus de Spinoza (Amsterdã, 24 de novembro de 1632Haia, 21 de fevereiro de 1677), forma latinizada de Baruch de Spinoza (em hebraico: ברוך שפינוזה), também conhecido por Bento de Espinosa (português europeu) ou Benedito Espinosa (português brasileiro), foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu nos Países Baixos em uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno… Spinoza defendeu que Deus e Natureza eram dois nomes para a mesma realidade, a saber, a única substância em que consiste o universo e do qual todas as entidades menores constituem modalidades ou modificações. Ele afirmou que Deus sive Natura (“Deus ou Natureza” em latim) era um ser de infinitos atributos, entre os quais a extensão (sob o conceito actual de matéria) e o pensamento eram apenas dois conhecidos por nós.

A sua visão da natureza da realidade, então, fez tratar os mundos físicos e mentais como dois mundos diferentes ou submundos paralelos que nem se sobrepõem nem interagem mas coexistem em uma coisa só que é a substância. Esta formulação é uma solução pampsíquica relacionada à particular concepção panteísta de Spinoza. Pampsiquismo ou fenómeno psicofísico é, segundo Umberto Padovani, a influência recíproca entre alma e o corpo, concepção historicamente ligada ao monismo. Mais texto, em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bento_de_Espinosa#T.C3.B3picos_spinozanos

[33]  Doutrina ou sistema filosófico que só admite como Deus o todo, a universalidade dos seres. Por outras palavras há divindade espiritual, a divindade é todo o grupo social, composto de seres humanos com capacidades físicas e mentais ou substância material com pensamento, donde o pensamento é a união da alma e o corpo, especialmente do corpo e a alma social. O comentário é meu, não precisa citação. Comentário que retira memórias históricas do meu pensamento. No tempo de Espinoza, o pensamento feudal era alentado pela crença na divindade única e omnipotente. Os atributos da divindade orientavam o comportamento de todos os seres humanos. É a ideia que desenvolva mais em frente

[34] Sab. Ou O Livro da Sabedoria é, por ordem cronológica, o último livro do. Antigo Testamento.

 Os Livros Sapienciais são os cinco livros do Antigo Testamento, conhecidos pelos nomes de Provérbios, Job, Coélet ou Eclesiastes, Ben Sirá ou Eclesiástico e Sabedoria, para além dos dois livros poéticos, os Salmos e o Cântico dos Cânticos. Mais explicações em:  http://www.eses.pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia/ebook_hist_idpedag/Cap%201%20%20Antiguidade%20Oriental%20%20Prov%C3%A9rbios%20e%20livro%20da%20sabedoria.pdf

[35] Síntese do Catecismo da Igreja Católica, versão de 1991, citada antes e também mais em frente.

[36] Na confissão católica é definido como um acto instituído por Deus para purificar e santificar as almas, para as consagrar ou as tornar sagradas ou invioláveis. Que desespero para a multidão dos que não são sagrados e que devem suportar

 

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