They are dumb proposals.
— Frank Zappa
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O novo ano lectivo começa na próxima semana. Felizmente, como nos garantiram há uns anos, a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 corre sobre rodas.
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Expor ao vento. Arejar. Segurar pelas ventas. Farejar, pressentir, suspeitar. Chegar.
They are dumb proposals.
— Frank Zappa
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O novo ano lectivo começa na próxima semana. Felizmente, como nos garantiram há uns anos, a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 corre sobre rodas.
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«I’m a determinist: “que sera, sera”». You can’t do that.
— John Searle [26:23]I want to deny flat out a premise that you started with, that you mentioned yourself just a minute ago, you said: “The future is inevitable, if determinism is true”. First of all, I want to say, that phrase, “the future is inevitable”, well just doesn’t mean anything. The future’s going to happen, whatever it is.
— Daniel Dennett
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Onde? No sítio do costume.
Como estamos no último dia de Janeiro de 2018, convém recordar a garantia dada pelo ILTEC em meados de Março de 2013:
o AOLP90 já foi quase plenamente aplicado, como o Estado determinou, sem problemas de maior
Continuação de uma óptima semana.
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Esta reafectação parece-me ser extremamente problemática.
À un moment, elle se fait tej par son keum et elle se réveille à oualpé dans un champ de blé. Du coup, elle est trop déprimée, elle a le seum de la vie, elle se suicide.
Com certeza.
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© JO\303\203O RELVAS (http://bit.ly/2zmwknD)
Exactamente: “com certeza”. Foi a resposta do primeiro-ministro, quando interrogado sobre a confiança em relação à aprovação do OE2018. Infelizmente, não perguntaram a António Costa acerca da qualidade técnica do OE2018. A certeza acerca da aprovação de um diploma depende de uma avaliação do desenrolar de negociações e da celebração de acordos entre partes: neste caso, entre PS, PCP, PEV e BE. E o primeiro-ministro, obviamente, “com certeza”. Agora. Porque, há uns anos, perante um documento exactamente com as mesmas falhas técnicas, António Costa votou contra a proposta do Governo.
Todavia, a certeza quanto à qualidade técnica de um documento depende de uma leitura pormenorizada e de alguma bagagem relativamente a aspectos concretos. Por exemplo (e fica como alerta para o futuro próximo), se alguém acreditar que [Read more…]
PADRE: Cinco años, día por día. ¡Ay, Dios mío!
— Federico Garcia Lorca, Así que pasen cinco añosDans le modèle de Klein, l’état spatial est l’opération linguistique de base dans la représentation de l’espace.
— Arnaud Arslangul (2007)Fast alle Schnecken, nur etwa drei Gattungen ausgenommen, haben ihre Drehung, wenn man von oben herab, d. i. von der Spitze zur Mündung gehet, von der Linken gegen die Rechte.
— Kant, Von dem ersten Grunde des Unterschiedes der Gegenden im Raum
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Quando, há cinco anos, isto começou a acontecer de forma sistemática
dei início à recolha de material para um documento, apresentado, um ano mais tarde, na Assembleia da República. A única resposta pública que então obtive foi do ILTEC:
Tal não invalida, é claro, que sejam legítimas as preocupações que o autor expressa no seu trabalho. É importante que os órgãos oficiais, sobretudo num período de transição como este, se esforcem por dar o exemplo e evitem erros.
De facto, cinco anos depois de os fatos e afins terem começado a ocupar quer o lugar dos factos e afins, quer o quotidiano dos leitores do Diário da República, eis o resultado das acções silenciosas que terão sido conduzidas pelos responsáveis políticos para combater o flagelo ortográfico em curso, baseadas evidentemente em estudos secretíssimos e, sem qualquer sombra de dúvida, aturados, demorados e muito rigorosos:
Efectivamente, 2 de Janeiro de 2012 e 2 de Janeiro de 2017.
Contudo, hoje é dia 6. O que terá acontecido hoje, dia 6 de Janeiro de 2017? [Read more…]
Eu não devia, nós não devíamos, publicar estas listas. A própria visão duma grafia errada vai criar, pouco que seja, uma habituação. Os nossos neurónios não são parvos.
Mas silenciar também não é opção. Há uma justificada esperança de que a acumulação de destemperos gere algum susto. Não, definitivamente, os nossos neurónios não são parvos.
Entretanto, da parte dos responsáveis, sim, objectiva ou subjectivamente responsáveis, nem um pio. Onde está o comunicado do ILTEC, onde a nota da Academia, onde o sussurro de João Malaca Casteleiro e colegas, fazendo saber o mínimo dos mínimos: que «não foi isto o que quisemos»?
Senhores e amigos: tem de haver uma maneira de tirar estes cidadãos da zona de conforto em que, desde há anos, se acoitam. Aceitam-se sugestões com tino. Dispensam-se brados d’alma. [Read more…]
De Caras, RTP, 19/6/2013 (http://bit.ly/12J0oFc)
On a tout reçu. Tout s’est déroulé exactement comme prévu. On a même pu faire la rotation pour optimiser la réception de la lumière sur les panneaux solaires.
— Jean-Pierre BibringRecebemos tudo. Correu exatamente como planeámos. Tivemos até de fazer uma rotação para otimizar a recessão de luz sobre os painéis solares.
— Jean-Pierre Bibring (tradução: Agência Lusa)
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Não se lembravam da *excessão completa? Não se preocupem. Estou cá para os lembretes. Foi no dia 19 de Junho de 2013. Há muito, muito tempo.
Anteontem, durante um intervalo para café, liguei o computador e recebi uma notificação de um grupo do Facebook que conheço relativamente bem. Percebi de imediato a grave consequência do meu espanto: a *recessão escapara-me. Obrigado, Fernando Venâncio.
Agora, concentremo-nos apenas na grafia da epígrafe — sim, só na grafia da epígrafe: deixei, há muitos anos, de criticar traduções na praça pública.
É verdade, não correu exactamente como planeado, mas correu como previsto. Aliás, só não poderia prever ocorrências de *recessão em vez de receção quem nunca se debruçou sobre a função da letra ‘p’, parte do grafema complexo (dígrafo) <ep>, em palavras como decepção, excepção, intercepção, percepção ou recepção (e fiquemo-nos por estas). Sim, há letras que fazem parte de grafemas complexos (dígrafos), como a letra ‘c’ faz parte do grafema complexo (dígrafo) <ac>, quando nos referimos, por exemplo, a palavras como acção, coacção, infracção, reacção ou subtracção.
A letra ‘p’ tem função diacrítica em recepção? Tem, certamente. Aliás, basta apreciar a *recessão da Lusa, propagada pela SIC, pelo Jornal de Notícias, pelo Correio da Manhã, pelo Destak e pelo Expresso (e por outros que, entretanto, felizmente, corrigiram), para perceber – ou conjecturar com algum grau de exactidão sobre – as razões que levam a uma ocorrência de *recessão, em vez de receção.
Efectivamente, nas palavras em -epção, a letra ‘p’ tem um valor diacrítico. Mas não só. A letra ‘p’ é um sinal gráfico que permite distinguir, de forma clara, a palavra – isolada ou em enunciado, mesmo estando descontextualizada –, tendo esse carácter distintivo um impacto na memória ortográfica dos leitores/escreventes. Na ausência do sinal (‘p’ em recepção), uma ‘receção’ pode degenerar e transformar-se em *recessão. Não foi planeado, mas estava previsto. Exemplarmente, recordemos quer a nótula II do meu comentário à *excessão da entrevista a Nuno Crato, quer este parágrafo de artigo [Read more…]
© dpa (http://bit.ly/1voxc4m)
"Any minute now I’m expecting all hell to break loose"
— Bob Dylan, Things Have Changed
António Costa aceitou o desafio do jornal Observador, respondeu às perguntas do Political Compass e, aparentemente, não terá pestanejado quando leu esta tradução de “It’s a sad reflection on our society that something as basic as drinking water is now a bottled, branded consumer product”:
O fato de a água que bebemos ser um produto de consumo de marca e engarrafado é um triste reflexo da sociedade em que vivemos.
Aliás, este “fato de a água” nem sequer é uma tradução: é o produto de uma deturpação da versão portuguesa, criada pelo Público:
O facto de a água que bebemos ser um produto de consumo de marca e engarrafado é um triste reflexo da sociedade em que vivemos.
Sim, o problema é grave. Efectivamente, este fato é um triste reflexo da sociedade em que vivemos. Considerando a gravidade do problema, prometo aos leitores do Aventar alguns meses de descanso sobre este assunto.
Em 21 de Março de 2013 (ou seja, há cerca de ano e meio), o ILTEC pronunciou-se nos seguintes termos [Read more…]
Antes de interromper, durante cerca de um mês, a minha actividade no Aventar, permitam-me uns rápidos parágrafos acerca de grafia ontem surgida na RTP que por cá se apanha.
Qual será o motivo invocado por escreventes de português europeu que adoptam o Acordo Ortográfico de 1990 – por convicção, opção ou coacção – para grafarem *caraterização em vez de caracterização? Levando em consideração o único e incorrecto critério que rege a base IV do Acordo Ortográfico de 1990 – “o critério fonético (ou da pronúncia [sic])” – e sabendo que as directrizes para uma “pronúncia culta da língua” se encontram em obras de referência, a consulta dos dois dicionários de português europeu com transcrição fonética (IPA) permite-nos confirmar ou ficar a saber que ao ‘c’ da sequência -ct- de caracterização corresponde sempre uma oclusiva velar surda, isto é, em linguagem, o ‘c’ medial de caracterização é sempre pronunciado – cf. GDLP, 2004, p. 284 & DLPC, 2001, p. 688. Ou seja, sempre [kɐɾɐktɨɾizɐˈsɐ̃ũ̯] e nunca [kɐɾɐtɨɾizɐˈsɐ̃ũ̯]. Por isso, por muito que custe aos adeptos do Acordo Ortográfico de 1990, a grafia *caraterização não é válida em português europeu e esta [kɐ.ɾɐ.tɨ.ɾi.zɐ.sˈɐ̃w] só serve para alimentar confusões.
Existe frequentemente um enorme fosso quer entre a percepção que temos [Read more…]
O Record decidiu atribuir importância a uma amálgama de Edson Arantes do Nascimento: Schweinsteiger & Schwarznegger → Schweinstnegger. É pena que o pioneiro Record – sim, se bem se lembram, já lá vão cinco anos (cf. Emiliano, 2009, p. 4) – ande tão preocupado com um lapso de Pelé e tão indiferente à mixórdia adoptada nos textos que publica.
Repare-se quer neste belo e recente exemplar de grafia Schwarzenegger
quer nestoutro exemplar (dos tempos do pioneirismo) de grafia Schweinsteiger
quer neste fresquíssimo e emblemático exemplar de grafia Schweinstnegger
À segunda-feira, cultivo o doloroso hábito de ler o Diário da República. Ontem, por mero acaso, reparei em [Read more…]
© Lusa (http://bit.ly/1mmlQYz)
Uma marca de cervejas pôs “Paulo Bento a dar táctica [sim, exactamente: ‘táctica’ e ‘tácticas’] para unir os portugueses à Seleção”. Seleção? Seleção. Felizmente, existe concorrência.
Lembramo-nos todos certamente daquilo que foi escrito, há mais de um ano, acerca da aplicação do Acordo Ortográfico de 1990: “o AOLP90 já foi quase plenamente aplicado, como o Estado determinou, sem problemas de maior”. Efectivamente, plenamente aplicado e sem problemas de maior.
Convém que os responsáveis por um anúncio com quase quatro anos aproveitem a resposta do actual presidente da Comissão Europeia – “é importante respirar, ter uma pausa, pensar, reflectir…” –, admitam aquilo que salta aos olhos de todos (no Expresso não se adopta o Acordo Ortográfico de 1990) e acabem com este triste e deprimente espectáculo. Porque “a coisa mais normal do mundo” é um português escrever ‘reflectir’. Reflectir? Sim: reflectir.
Há três anos, garantiram-nos que
A adopção do Acordo Ortográfico pelos órgãos de comunicação social tem vindo a contribuir, numa base quotidiana e de forma progressiva e natural, para a familiarização da população com as novas regras ortográficas.
Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, Diário da República, 1.ª série — N.º 17 — 25 de Janeiro de 2011, p. 488
Mais recentemente, ficámos a saber que
A verdade, porém, é que, apesar de o final do período de transição ainda se encontrar distante, ao nível do ensino, das instituições oficiais, nacionais e internacionais, e das restantes entidades públicas, o AOLP90 já foi quase plenamente aplicado, como o Estado determinou, sem problemas de maior
“A verdade, porém”? Salvo melhor opinião, a “verdade, porém” é a “familiarização da população” com o contato. O resto é superstição.
Desejo-vos um óptimo fim-de-semana, efectivamente “sem problemas de maior”.
Acabo de ler (através de ligação, neste excelente texto da Sarah) a Síntese. Por qualquer motivo que me escapa, lida a Síntese, lembrei-me, não de um, não de dois, mas de três, sim, três Orçamentos do Estado.
Vejamos aquilo que a Síntese nos conta: “terceiro sector” e “por setor de atividade”; “outros subsectores” e “transferências para outros subsetores“; “despesa efectiva” e “conjunto da receita efetiva“; “impostos indirectos” e “impostos indiretos“; “impostos directos” e “impostos diretos“; “última actualização” e “pela atualização das pensões”; “outros activos financeiros” e “com ativos financeiros” — ia-me esquecendo quer da cereja em cima do bolo (“Direção-Geral de Protecção Social”), quer da pièce de résistance (“pelo fato da informação não estar disponível”).
Sim, foi há dez meses que o ILTEC nos garantiu que:
o AOLP90 já foi quase plenamente aplicado, como o Estado determinou, sem problemas de maior
Não sei, nem tenho nada a ver com isso. Aquilo que impressiona nesta notícia é a descontracção daqueles que grafam seleção em vez de selecção e Julho em vez de julho e, numa demonstração de segurança ortográfica à prova de bala, adoptam *contatando. Sim, *contatando, evidentemente — a variação sobre um tema conhecido continua e, aparentemente, veio para ficar. Claro, claro, o AO90 está a ser aplicado e, ainda por cima, “sem problemas de maior“. Sim, pois, claro.
Há poucos dias, fiquei a saber que ‘co-adopção’ (à qual já dediquei umas linhas aqui e ali) conseguiu uns miseráveis 2% numa iniciativa da Porto Editora — confesso que acabei por não perceber qual das grafias foi a concurso. Aliás, tenho algumas dúvidas acerca da elegibilidade para uma competição deste tipo de uma palavra que, como é do domínio público, é actualmente grafada de três formas diferentes: a da Bayer, a do AO90 e a outra.
Durante as (sempre, sempre) curtas e (infelizmente) chuvosas férias em Portugal, soube também (obrigado, J. Manuel Cordeiro, pelo pertinente apontador) que “a inserção do número de contribuinte na fatura [sic] permitirá a qualquer consumidor final habilitar-se a ganhar um carro por semana”. O tema da *fatura é fascinante e já surgiu por estas bandas. Conceptualmente, “fatura simplificada” é redundante. E “fatura com inserção do número de contribuinte” é um paradoxo, pois, sendo ‘fatura’ o mesmo que ‘factura simplificada’, aquilo que efectivamente acabamos por obter é “factura simplificada com inserção do número de contribuinte”. Como sabemos, ”factura simplificada com inserção do número de contribuinte” não faz qualquer sentido e quem escreveu a legenda da foto que ilustra o artigo apontado concordará comigo.
Contudo, admito, ao ler a notícia, a dúvida que imediatamente me assaltou foi a de saber se é possível, ao pedir uma factura, ganhar um Lamborghini. Para mim, o conceito “um carro” é extremamente vago. Se querem mesmo oferecer-me um carro, era este Lamborghini Aventador, sff.
A propósito, ontem, ao chegar a casa, deparei-me não só com os habituais “fatos constantes da candidatura”, mas também com uma salada mista de gosto bastante duvidoso. Sim, no sítio do costume:
Foi em Março do ano passado (para os mais distraídos, convém lembrar que nos encontramos em Janeiro deste ano) que o ILTEC nos garantiu
o AOLP90 já foi quase plenamente aplicado, como o Estado determinou, sem problemas de maior.
Porto visto do Hotel Yeatman – Gaia. Panorâmica MS ICE (http://bit.ly/19cEvUM).
Através de uma tradução, fiquei a saber que, segundo a Câmara Municipal da minha cidade, “[o] facto de o Porto voltar a ser seleccionado [✓] reflecte [✓] bem a sua notoriedade, atractividade [✓] e excelência enquanto destino turístico”.
Para quem gosta de fazer contas com o Acordo Ortográfico de 1990, esta frase é um excelente ponto de partida.
Há sempre a possibilidade, se a prática na Câmara Municipal do Porto for semelhante à de outras organizações, de na tradução termos de facto aquilo que se encontrava no original. Adiante.
É verdade, o facto encontra-se quer na tradução, em ortografia portuguesa europeia, quer no original, redigido na grafia aventureira de 90. Claro, é evidente. Claro, é evidente, digo eu. Hoje, no Diário da República, podemos ler “aos demais fatos constantes na candidatura” e “pelo fato de o único candidato opositor ao mesmo ter ficado excluído”.
Sim, foi há cerca de nove meses que o ILTEC nos garantiu:
O AOLP90 já foi quase plenamente aplicado, como o Estado determinou, sem problemas de maior“.
Paul Cézanne
A pedreira de Bibémus (http://bit.ly/1bhb2GZ)
Sim, em princípio, serão dezasseis (16) os *impato ocorridos no Diário da República desde 22 de Março deste ano — trata-se de resultados preliminares, podendo sempre haver alguma ocorrência escondida, mas, na devida altura, apresentarei os resultados definitivos e aproveitarei para actualizar a tabela da página 6. Se me perguntardes o porquê de me referir a ocorrências de *impato (16) de 22 de Março de 2013 até anteontem, responder-vos-ei: pois, evidentemente, porque foi no dia 21 de Março de 2013 que o ILTEC nos garantiu
o AOLP90 já foi quase plenamente aplicado, como o Estado determinou, sem problemas de maior [Read more…]
O Diário de Notícias entrevistou José Carlos — futebolista que, como se depreende e bem, nunca representou a selecção brasileira.
Pois, segundo o ILTEC, ‘respectivamente’ “não é usado em Portugal”.
Contudo, se a Folha de São Paulo tivesse entrevistado José Carlos, em vez de *respetivamente, teríamos ‘respectivamente’.
Bem-vindos, de novo, ao fabuloso mundo da “unidade essencial da língua portuguesa“.
A verdade, porém, é que, apesar de o final do período de transição ainda se encontrar distante, ao nível do ensino, das instituições oficiais, nacionais e internacionais, e das restantes entidades públicas, o AOLP90 já foi quase plenamente aplicado, como o Estado determinou, sem problemas de maior
No entanto, passados seis meses:
Peço desculpa pela interrupção.
Agora, já podem continuar a encolher os ombros e a achar que isto não está a acontecer.
Não constitui segredo que, independentemente da declaração de intenções, o Expresso é adepto da ortografia portuguesa europeia — só os mais distraídos poderão acreditar que o Acordo Ortográfico de 1990 está a ser aplicado e, ainda por cima, “sem problemas de maior“.
Ontem, por exemplo, através do Diário da República, soubemos que existem candidaturas “formalizadas mediante requerimento dirigido ao Sr. Presidente do Conselho Diretivo [AO90]”, podendo estas “ser entregues diretamente [AO90]” ou pelo correio, “com aviso de recepção [✓]”, devendo, no requerimento, indicar-se o “contato [???] telefónico”.
Efectivamente, tudo corre bem e sem problemas de maior.
Continuação de um óptimo fim-de-semana.
Decifremos a grafia de Rui Oliveira e Costa: por um lado, ‘efetuados’ em vez de ‘efectuados’, ‘objetivo’ em vez de ‘objectivo’, ‘exceção’ em vez de ‘excepção’; por outro, ‘Setembro’, sem pestanejar. Enfim, há quem garanta que o Acordo Ortográfico de 1990 “já foi quase plenamente aplicado (…) sem problemas de maior”, acrescentando que “esse movimento de aplicação tem sido amplamente acompanhado pela comunicação social”.
Nota-se.
Efectivamente, depois do “fato imputável”, do “conhecimento desse fato”, da “gravidade do fato”, dos “documentos comprovativos dos fatos”, dos “outros fatos previstos na lei”, dos “pontos de contato das réguas com o tronco da árvore”, do “contato das réguas com a árvore”, da “Seção de Recursos Humanos” e da “Seção de Expediente e Arquivo”, tudo no Diário da República de sexta-feira (sim, a saga continua), só nos faltava mais esta. Sim, de facto, “sem problemas de maior”.
Em vez do êxito deste Verão, recordemos o “Walk Like an Egytian”… Perdão: Egyptian. Pois. Com pê. Ägypter? Sim, também serve.
Francisco Sosa Wagner (Reuters/UE: http://bit.ly/1cngda6)
Revejam o primeiro ‘Machete’, por favor: é um péssimo filme, mas tem uma cena em que Danny Trejo abre a barriga a um tipo e usa os seus intestinos para fugir pela janela de um hospital. É a imagem perfeita deste país: esquartejado e, ainda assim, cheio de penduras. Não admira que o Portugal de hoje dê a volta à tripa a qualquer pessoa de bem.João Miguel Tavares, Público, 30/7/2013
Em trânsito para voluntário retiro nas margens do Neckar e depois de reflectir profundamente acerca de alguns dos episódios mais interessantes deste Verão (como as linhas em epígrafe), confesso a minha indecisão entre redigir uns dois ou três parágrafos sobre esta excelente série, com desnecessária incursão por memórias das minhas peregrinações a Tormes e a S. Miguel (se Seide ou Ceide, lá mais para a frente, passada a época dos pepinos, falaremos), compor umas nótulas soltas acerca da surpreendente querela Chomsky / Žižek – a propósito, ofereço-vos quatro episódios (Chomsky Ataca, Žižek Responde, Chomsky Contra-Ataca e Žižek Volta à Carga) e dois bónus (Afirma Thompson e Investigações Starkianas) – ou tecer umas inoportunas e estivais considerações, depois de conhecido este momento histórico (vale a pena ler o artigo de Teresa Firmino, no Público).
No entanto, em vez de redigir, compor, tecer, ou de me deixar enredar no espírito época dos pepinos ou serpientes de verano, preferi debruçar-me sobre outro assunto importante (sim, aquele) e a culpa é da minha Ministra da Educação. [Read more…]
Estava sossegado a tomar o meu café, depois de umas páginas sobre o Cícero e o Timeu de Platão, quando, sei lá bem porquê, comecei a ler as notícias do dia e me deparei com um título fundador (já S. Tomás de Aquino lembrava, no De Ente et Essentia e bem acompanhado pelo Estagirita, que “[q]uia parvus error in principio magnus est in fine”). Decidi, muito rapidamente, trazer de novo ao Aventar aquela que é, aparentemente, uma das mais enigmáticas bases do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90): a XVI.
Segundo o Público, «[d]epois de Áustria, Finlândia, Alemanha e Israel, Portugal é o quinto país onde a co-adopção de crianças por casais homossexuais foi aprovada». Acrescentaria que, sendo o quinto país em que a co-adopção de crianças por casais homossexuais foi aprovada, Portugal será muito provavelmente o primeiro a não saber escrevê-la. Salvo honrosas e excelentes excepções, como o Público.
Efectivamente, segundo a base XVI do AO90, «[n]as formações com prefixos (como, por exemplo […] (co- […]), só se emprega o hífen nos seguintes casos: a) Nas formações em que o segundo elemento começa por h: […], co-herdeiro […]; b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento […]; Não se emprega, pois, o hífen […] Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente […] coeducação».
Ora, sabendo nós [Read more…]
Há umas semanas, algures entre o Teams e o Zoom, o cronista apresentou, entre outros artigos, os New Methods for Second-language (L2) Speech Research, do Flege — e achou curiosa a serendipidade do próximo parágrafo que lhe caiu ao colo, o dos new methods do nosso querido Krugman. A serendipidade. Nada encontrareis igual àquilo. Nada. Garanto. […]
Como escreve Natalie B. Compton, “um urso fez uma pausa para uma extensa sessão fotográfica“. Onde? Em Boulder, CO, nos Estados Unidos da América.
N.B.:
Debate político entre Aventadores. A Esquerda, a Direita, e não só.
A actualidade em análise com as opiniões dos participantes no Aventar sobre a actualidade.
Debate sobre política, sociedade, actualidade, entre outros.
As músicas escolhidas pelos participantes do Aventar com espaço para entrevistas e apresentação de novas bandas, tendências e sonoridades.
Aqui reinam as palavras. Em prosa ou poesia. A obra e os autores.
O analfabetismo tem 292 809 pessoas, enquanto no Porto há menos de 232 000 (dados de 2021).
O assunto é tão grave que até partilho um artigo do Expresso.
Amanhã, em Liège, no Reflektor, Thurston Moore Group (com Steve Shelley). Depois de amanhã, em Courtrai (Kortrijk, no original), Lee Ranaldo, com os fabulosos The Wild Classical Ensemble. Só nos falta a Kim Gordon.
Pais pedem aulas extra para compensar efeitos das greves de professores
o Novo Banco começou a dar lucro. 561 milhões em 2022. E tu, acreditas em bruxas?
Durão Barroso não é nem padre, nem conservador: é José, não é [xoˈse], pois não, não é. Irá casar-se (com alguém). Não irá casar ninguém.
no valor de 3 milhões de euros, entraram no país de forma ilegal? Então o Bolsonaro não era o campeão da honestidade?
fixou o preços dos bens essenciais, em 1980, para combater a inflação. O nosso Aníbal já era bolivariano ainda o Chávez era uma criança.
Enforcamento, ataque cardíaco e quedas de muitos andares ou lanços de escadas, eis como se “suicidam” os oligarcas na Rússia contemporânea. Em princípio foram gajos da CIA. No Kremlin são todos bons rapazes. Goodfellas.
Retirar “referências racistas” dos livros/filmes de 007? Qualquer dia, ”Twelve Years a Slave” ou “Django Unchained” serão cancelados.
Foi para isto que vim ao mundo? Estava tão bem a baloiçar num escroto qualquer, tão descansadinho.
E uma linguista chamada Emily M. Bender está preocupada com o que irá acontecer quando deixarmos de nos lembrar disto. Acrescente-se.
Foto: New York Magazine: https://nym.ag/3misKaW
Exactamente, cacofonia. Hoje, lembrei-me dos Cacophony, a banda do excelente Marty Friedman. Antes de ter ido para os Megadeth, com os quais voltou a tocar anteontem. Siga.
Oh! E não se atira ao Pepê? Porquê? Calimero, Calimero. Aquele abraço.
O que vale é que em Lisboa não falta onde alojar estudantes deslocados e a preços baratos.
Onde? No Diário da República e no Porto Canal. That is the question. Whether ‘tis nobler in the mind to suffer… OK.
Maria de Lurdes Rodrigues escreveu uma crónica intitulada “Defender a escola pública”. Em breve, uma raposa irá publicar um livro intitulado “Defender o galinheiro”
Lição n.º 1: Concentrar elementos do mesmo campo semântico. Exemplo: “Erguemos os alicerces necessários para podermos afirmar hoje, com confiança, que não começámos pelo telhado. A Habitação foi sempre uma prioridade para nós“.
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