Javier Milei foi a Washington lamber a mão do dono

Já sabia que o tolinho recebe conselhos do cão, mas não contava que começasse o percurso a lamber a mão do establishment.

Genocídio à vista no gueto de Gaza?

Conhecendo Israel como qualquer político americano conhece, Joe Biden deixou um recado, após declarar total apoio à ofensiva.

Recordou que a guerra tem regras. Mesmo quando estamos muito zangados.

E não foi o único a dar ênfase ao direito internacional.

E porque o fez?

Porque Israel comete crimes de guerra há décadas, por questões menores, pese embora raramente se lhe aplique qualquer tipo de consequência.

Ter o tio Sam como padrinho tem as suas vantagens. [Read more…]

O muro de Joe Biden

Um dos compromissos eleitorais de Joe Biden, que alegadamente o distinguia de Donald Trump, assentava na total oposição à construção do muro na fronteira sul, para conter a emigração ilegal.

Nem um centímetro de muro, garantia o então candidato democrata.

E o que sucede?

Sucede que, na semana passada, a Casa Branca anunciou a construção de 32km de muro em Starr County, no Texas.

Donald Trump agradece. Vai dar um cartaz muito jeitoso, para campanha que se avizinha.

Tatuagem do dia

Um ano depois, andam meia dúzia de pombos perdidos a tentar falar de paz num céu infestado de falcões que não querem o fim desta guerra e já andam a preparar as próximas.

PAULO BALDAIA, NO DN

20 DE FEVEREIRO DE 2023

Fotografia: BRENDAN SMIALOWSKI (AFP)

Joe Biden em visita surpresa a Kiev (c/ video)

Trump rastejou e poliu os sapatos de Putin em Helsínquia, Biden visitou Kiev ao som das sirenes. Goste-se ou não de Biden – e eu não morro de amores por ele – a diferença é inequívoca.

Elon Musk e outros palermas

A propósito da polémica Elon Musk/Twitter, tenho dificuldade em decidir-me sobre o lado mais palerma desta equação:

  • Se o daquela esquerda que arranca cabelos porque aquilo agora é do Musk, porque liberdade de expressão e não-sei-quê, mas que estava perfeitamente confortável com accionistas que já lá estavam, tipo o primo do Bin Salman, como de resto está confortável com o Bezos no Washington Post ou o Zuckerberg na META, ambos conhecidos pelo seu profundo compromisso com a democracia.
  • Se o daquela direita que quer fazer dele um herói anti-globalista e anti-sistema, quando o Musk é o homem mais rico do mundo, perfeitamente integrado no sistema e na elite global, e a sua SpaceX vive de contratos com o Estado americano. Só este ano foram 2 mil milhões de dólares. Pagos pelo cofre cuja chave está na mão de Joe Biden, que é precisamente o inimigo público n°1 dessa mesma direita.

Não consigo decidir. Ambos os lados estão fortíssimos na palermice. Alguém lhes diga que o Twitter é uma empresa privada e não um organismo público com a missão de defender a democracia. E que o Elon Musk quer ganhar dinheiro e introduzirá as mudanças que quiser para rentabilizar o Twitter segundo a sua visão.

E que só lá está quem quer.

O timing de Nancy Pelosi

O timing da visita de Nancy Pelosi a Taiwan não é inocente e ameaça directamente a segurança da população daquele país. De todos os momentos que poderiam ter sido escolhidos pela speaker da câmara dos representantes, Pelosi decidiu escolher o momento de maior tensão mundial desde a guerra nos Balcãs.

Não é inocente e, parece-me, tem mais a ver com política interna norte-americana do que com as aspirações independentistas do povo de Taiwan. Um país que, é bom recordar, os EUA não reconhecem enquanto Estado soberano. E são apenas 13, os Estados que reconhecem. Os EUA chegaram a reconhecer, durante vários anos, mas a globalização, o capitalismo e os renminbis falaram mais alto.

Como sempre falam.

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Papa Francisco e Macron são os primeiros a abrir os olhos para a paz

Após a abominável invasão da Ucrânia pela Rússia iniciada a 24 de Fevereiro assistimos a uma escalada ininterrupta de violência na ocupação de território por Putin, mas também a uma escalada de discursos belicistas por parte do Ocidente, seja através da OTAN, do Presidente dos Estados Unidos e da União Europeia.
Discursos de paz, de cessar-fogo imediato, de negociações sérias com o empenho dos mais poderosos, esbarram na compreensão pela revolta e resistência a que os ucranianos têm legítimo direito. No entanto, depois de tantos mortos a ocorrerem diariamente, será eticamente louvável continuar a incitar uma resistência que só provoca vítimas e que, a não ser que ocorra algo de muito inesperado, nada conseguirá em seu proveito?

Papa Francisco (imagem Agência Eclesia)

Depois do passeio de Joe Biden pelos seus domínios europeus, na reunião da OTAN, na participação no Conselho Europeu, na visita à Polónia, ficamos a saber, se é que dúvidas acalentávamos, que os Estados Unidos estão interessados na continuidade [Read more…]

Venezuela abraça o capitalismo, ou como reciclar um ditador quando precisamos dele

Segundo a Bloomberg, há venezuelanos a voltar ao país, devido a um volte-face inesperado: a Venezuela decidiu abraçar o capitalismo.

Lendo uma coisa destas, assim pela manhã, fica-se com a sensação que teve um lugar um golpe de Estado em Caracas, liderado pelo Guaidó e financiado pelos EUA, que derrubou Nicolás Maduro. Querem ver que, com as TVs ocupadíssimas em loops sobre a invasão da Ucrânia, tão ocupadas que já nem a pandemia tem um holofote que lhe valha, a coisa lhes passou ao lado?

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Caros senhores da guerra,

Não há imperialismo bom e imperialismo mau.

Existe Rússia, China, EUA, UE e NATO. As ententes da guerra. Espero que se fodam todos bem fodidos.

Só o povo salva o povo.

Protesto anti-guerra. Estados Unidos da América, 1970. Autor desconhecido.

Abdul Ghani Baradar, o terrorista que Donald Trump normalizou

Abdul Ghani Baradar, actual vice-Emir do Emirado Islâmico do Afeganistão, foi um dos fundadores dos Taliban. Às suas ordens, milhares foram presos, torturados e mortos. Baradar matou, impôs o totalitarismo religioso, oprimiu mulheres e crianças, semeou o terror.

Em 2010, Baradar foi detido na cidade paquistanesa de Karachi. Foi libertado oito anos mais tarde, devido à influência decisiva da administração Trump. O que me leva a afirmar que os EUA estiveram envolvidos na libertação do líder terrorista são as palavras do enviado especial de Washington, Zalmay Khalilzad, que o reiterou. E quem sou eu para duvidar das palavras do enviado de Trump que Biden manteve no cargo.

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Liberalismo explicado às criancinhas

Aguarda-se, a todo o momento, uma aula magistral por eminente teórico defensor do liberalismo económico sobre o papel da proibição de particulares e/ou empresas investirem onde e em quem bem entenderem. (ver notícia)

Joe Biden – mudança de política relativamente às Coreias

No passado dia 21 de Maio, na cimeira entre Joe Biden e Moon Jae-in, abriu-se uma nova página na política dos Estados Unidos relativamente às duas Coreias.
Biden recusa-se a continuar a tratar o Presidente da Coreia do Norte como alguém fiável para negociar, apontando para a ausência de qualquer evolução nas últimas 4 presidências, recolocando a Coreia do Sul como principal aliada e interlocutora para as questões da península dividida.

Se é certo que Moon Jae-in continua a não mostrar disponibilidade para abordar o dossier China, uma vez que é o principal parceiro económico da Coreia do Sul, é verdade que abre aos EEUU a sua fortíssima indústria tecnológica de chips, com o intuito de desenvolver uma parceria bem sucedida para travar e/ou rivalizar com a tecnologia 5G chinesa. Mau grado a tentativa de Trump de proibir os países europeus de aderirem à 5G, não foi bastante para evitar a sua disseminação por toda a Europa.
Biden não pretende [Read more…]

Chamar os Putins pelos nomes

Joe Biden chamou assassino a Vladimir Putin, e logo um coro de virgens ofendidas surgiu a rasgar as vestes, pelos mais variados motivos que vão da vassalagem a Moscovo, que impera no leste da Europa, ao anti-imperialismo estado-unidense, passando pela fábula da diplomacia, inútil contra tiranos totalitários, ou peloa receios de que o Ocidente perca o acesso ao enorme mercado russo.

Putin é um facínora que deve ser sancionado, embargado e isolado. E a cada novo negócio que a Europa ou os EUA fazem com o regime de Moscovo, onde praticamente toda a economia está concentrada nas mãos dos oligarcas UE gravitam em torno do Kremlin e da figura do seu imperador, é mais um prego que se martela no caixão da democracia, mais um milhão que Putin transfere para os seus satélites europeus, mais um passo na legitimação da autocracia, com cada vez mais adeptos no bloco europeu.

Esteve bem, Joe Biden, ao apelidar Vladimir Putin de assassino. Porque é exactamente isso que ele é. Depois de quatro anos de vassalagem bajuladora de Trump, é tempo de chamar os ursos pelo nome e assumir uma posição de ruptura. Enquanto o Ocidente não for capaz de se demarcar deste é de outros regimes, como o chinês ou o Saudita, a democracia continuará a ser um mero eufemismo para o colaboracionismo que nos assiste. Não foi para isto que se derrubou a Cortina de Ferro. Putin é nosso inimigo e é tempo de o começarmos a tratar como tal.

Quem poderá traduzir “Lágrima de Preta”?

O racismo pretende construir muros e prisões. Estrutural ou não, deve ser combatido. O objectivo é erradicá-lo, extinguir o racista, não através da violência física, mas condenando-o à inexistência, através da educação, da cultura e das artes. Das artes, insisto. Tudo isto será utopia, mas é pela utopia que devemos ir.

O anti-racismo deve servir para derrubar muros, para explicar ao mundo que não estamos separados pela cor da pele. Como tantas lutas legítimas, também o anti-racismo está sujeito a exageros e perversões. Qual é a diferença? O racismo deve ser destruído, o anti-racismo precisa de ser melhorado. O problema de quem faz força em sentido contrário reside, por vezes, num excesso nascido da revolta ou da necessidade de compensar a força do inimigo.

Recentemente, na Holanda, surgiu uma polémica a propósito da tradução do poema que Amanda Gorman escreveu e declamou na tomada de posse de Joe Biden. Quando se soube que Marieke Lucas Rijneveld, a tradutora escolhida, era uma mulher branca, houve uma revolta tal que esta, apesar de avalizada pela própria autora, pediu desculpa e retirou-se. Pelos vistos, aquele poema só pode ser traduzido por alguém com a mesma cor de pele da autora.

O anti-racismo transforma-se, assim, num racismo de sinal contrário, mesmo que as intenções sejam, originalmente, as melhores. [Read more…]

Recessão democrática

No take introdutório do GPS emitido na passada semana na RTP3, Fareed Zakaria apresentou a sua visão sobre aquela que deve ser a prioridade das prioridades da Administração Biden: conter a pandemia. Conter a pandemia, salvar pessoas, vacinar mais e mais rápido, recuperar a economia e mostrar ao mundo que os EUA podem liderar no combate à pandemia e à crise económica, e voltar a ocupar a posição de farol das democracias liberais, reconstruindo alianças estilhaçadas por quatro anos de governação destrutiva, recuperando a credibilidade perdida, redefinindo prioridades diplomáticas, estratégicas e geopolíticas, reafirmando o papel dos EUA no mundo e recolocando o país no centro da política internacional. Uma missão quase-impossível, pelo menos no curto prazo, depois dos estragos causados pelo furacão Trump.

No mesmo programa, David Miliband usou um termo que ouvi pela primeira vez, “democratic recession”, associado não só à governação Trump, mas a toda a onda de populismo oportunista, mais ou menos autoritária, sempre grosseira e arrogante, ideologicamente vazia, no sentido filosófico da palavra, e cuja artilharia pesada consiste na divisão, exacerbada pela construção artificial de um (ou mais) inimigo comum, pela transformação de minorias em bodes expiatórios, para efeitos de distracção, e numa profunda instrumentalização do medo, de feridas mal saradas, do ressentimento e do ódio, como catalisador da violência miliciana.

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Joe Biden

… já foi eleito tantas vezes, nas últimas semanas, que poderá ser obrigado a cumprir três ou quatro mandatos seguidos.

Portugueses que sabem que houve fraude nas eleições americanas

Há portugueses que têm a certeza absoluta de que houve fraude nas eleições americanas. Viram, com aqueles olhos que a terra há-de engolir ou que o crematório reduzirá a pó, vídeos e provas (evidências, em português técnico) que mostram irrefutavelmente a vergonha que foi a eleição de Joe Biden.

Eleição, ponto e vírgula, que aquilo não foi eleição nenhuma, foram truques atrás de truques, porque há coisas que não passam cá para fora.

(coisas que não passam cá para fora é uma expressão que só conseguimos encontrar em ambientes altamente especializados, frequentados por especialistas doutorados pela universidade da vida, do balcão de café e das caixas de comentários. As coisas que não passam cá para fora são escondidas lá dentro por gente que não quer que se saiba. Os especialistas em coisas que não passam cá para fora têm, no entanto, acesso privilegiado a toda essa informação. Aquilo que garante que sabem de que é que se está a falar fica patente em afirmações como “e mais não digo”, que é, no fundo, um diploma oral, ou “você sabe muito bem de que é que estou a falar”, frase acompanhada de uma fungadela elucidativa e de um sapiente arquear de sobrancelha) [Read more…]

A democracia ganhou, mas não se livrou do trumpismo

Quando penso naquilo que me move, politicamente falando, a resposta é tão simples quanto a genial Sophia a colocou: movem-me os dias iniciais inteiros e limpos. Dias que fazem renascer a esperança na construção de um mundo e de um futuro um bocadinho melhor. Dias como estes. Dias em que abrimos a janela e sentimos aquela brisa boa da democracia a bater-nos nas trombas, entretanto transformadas em caras felizes, aliviadas pelo ponto final que os Estados Unidos da América decidiram colocaram na era sombria do neofascismo trumpista. Já temos problemas que cheguem no Ocidente, não precisamos de mais quatro anos desse idoso trafulha, com idade mental insuficiente para frequentar um jardim de infância.
A queda de Donald Trump é um balão de oxigénio para o mundo democrático, e isso explica, a meu ver, a forma como, por todo o mundo, mulheres e homens de esquerda e de direita, liberais e conservadores, festejaram a eleição de um candidato de centro-direita, que a narrativa mais fundamentalista acusava de ser um socialista, termo que, nos EUA, ainda significa, para milhões de pessoas, União Soviética (uma espécie de Venezuela, versão old school). Houve mesmo quem afirmasse que Biden tinha um programa comunista, só para termos a noção do patamar de absurdo em que nos situamos. A risota que não terá sido em Wall Street.

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Fascismo Cultural

A democracia não é nem pode ser neutra. A democracia tem valores e princípios sobre a qual foi construída, e deve defendê-los com todos os recursos à sua disposição. Não poderia ser de outra maneira.

A sua natureza plural, contudo, encerra um perigo, que é o de permitir que os seus inimigos, aqueles que a querem destruir, possam ter uma palavra a dizer na sua condução. Alguns deles estão, estiveram e têm perspectivas de chegar ao poder, mas o seu líder acaba de cair. E o espectáculo não está a ser bonito de se ver.

Com Trump em modo meltdown conspiracy, os Proud Boys standing back and by, focos de contestação organizada à porta de estações de contagem de votos nos Estados que ainda continuam por fechar, o Bin Laden da extrema-direita internacional mostrou ao que vinha e acabou banido do Twitter. No seu canal, Steve Bannon, estratega da vitória de Trump em 2016, deixou um recado ao ainda presidente: despedir Fauci e Christopher Wray, director do FBI, mas só porque o “presidente é bondoso”. Se fosse ele, a coisa piava de outra forma:

Eu gostava de voltar atrás e estar nos bons velhos tempos da Inglaterra durante a dinastia Tudor e pôr a cabeça deles em estacas” e colocá-las de “cada lado da Casa Branca como um aviso aos burocratas federais

A democracia não é nem pode ser neutra. A democracia tem limites, linhas vermelhas, e uma delas é não tolerar métodos medievais de terror. Mas é essa, a alternativa que a extrema-direita tem para oferecer. Chamemos-lhes fascismo cultural. E os democratas a procrastinar, armados em Chamberlains, fiados na virgem e no wishful thinking.

Biden não será a alternativa óptima, mas é o analgésico possível para uma América em carne viva. A democracia está estilhaçada, mas sobreviverá para viver mais um dia. Caberá aos democratas decidir se estão verdadeiramente dispostos a lutar por ela, contra a pandemia do nacional-trumpismo.

Entretanto, na América em ebulição

Quase 24 horas depois do fecho das últimas urnas nos EUA, ainda não sabemos quem será o próximo presidente da nação que dita as regras do jogo internacional. E é possível que ainda não fique tudo fechado hoje, para não falar na mais que provável tentativa de impugnação que se seguirá, caso Biden leve a melhor, e que Donald Trump vem ensaiando desde o segundo debate.

Biden leva uma vantagem confortável, que, à hora que escrevo, é de 39 grandes eleitores. Está a 17 do número mágico dos 270 e é já o candidato presidencial mais votado de sempre em presidenciais nos EUA, ultrapassando pela primeira vez a barreira dos 70 milhões de votos. Para ser mais preciso, Joe Biden leva neste momento 71,5 milhões de votos, contra os 68 milhões de Donald Trump. O candidato mais votado de sempre era Obama, com 69,5 milhões. Em 2016, Trump ganhou com quase 63 milhões contra Hilary, que conseguiu quase 66. Só para colocarmos as coisas em perspectiva. [Read more…]

The Handmaid’s Trump

Em 2016, a 10 meses do final do seu mandato, a maioria republicana no Senado impediu Barack Obama de substituir o falecido juiz Antonin, do Supremo Tribunal. O líder dos republicanos, Mitch McConnell, justificava a decisão com o argumento de que os eleitores teriam uma palavra a dizer, pelo que a substituição do juiz do Supremo só deveria ocorrer após o acto eleitoral marcado para o final desse ano.

Quatro anos volvidos, Donald Trump nomeou Amy Coney Barrett, na sequência do falecimento da icónica Ruth Bader Ginsberg, a menos de um mês das presidenciais. O ainda líder dos republicanos, Mitch McConnell, bem como a bancada republicana no Senado estado-unidense, nada tiveram a opor. Os eleitores, esses, nada puderam ou tiveram a dizer.

Desta forma, cumpriu-se a vontade de Donald Trump, que nomeu o seu terceiro magistrado vitalício na mais alta instância jurídica dos EUA, ampliando a maioria republicana no Supremo. Uma maioria com a qual o presidente conta para invalidar uma possível vitória de Joe Biden na secretaria, plano em marcha há várias semanas, assente na narrativa da fraude eleitoral.

O cerco está montado. Mesmo que Biden vença as eleições, o Supremo Tribunal dos EUA será uma força de bloqueio à governação do novo presidente. E com três juízes nomeados por Trump, a última das quais uma ultraconservadora membro da People of Praise, uma organização fundamentalista católica que advoga, por exemplo, que as mulheres se devem submeter à vontade dos seus maridos, o cenário não é nada animador. Após vários episódios verídicos de Black Mirror, a realidade parece apostada em reproduzir The Handmaid’s Tale.

O espectro político norte-americano: percepção VS realidade

Bernie Sanders against the system

Nos chamados early states, Bernie Sanders parecia imparável na corrida pela nomeação democrata, apesar da oposição do establishment do DNC e dos tais moderados que Wall Street, o lobby do armamento e a big pharma costumam trazer na lapela para operações de marketing fofinhas. No Nevada, a vitória foi esmagadora. Na Carolina do Sul, a vitória de Biden era expectável. Mas o sistema cercou Sanders. Klobuchar e Buttigieg, do tal grupo dos moderados de lapela, abdicaram no timing perfeito, jurando lealdade a Joe Biden, um candidato fraco que será esmagado por Trump com a mesma facilidade com que esmagou Hilary Clinton, ao passo que Warren se mantém na corrida, ainda que sem grandes hipóteses, fragmentando um eleitorado que, em larga medida, partilha com Sanders. Resta Mike Bloomberg, um oportunista endinheirado, proveniente do Partido Republicano, que está aí para nos recordar que, na “Land of the free”, se pode disputar a presidência pelo preço certo em euros.

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