Dar colo ao bebé

Ainda alguém me há-de explicar, com racionalidade e argumentos sólidos, por que razão é que o líder da extrema-direita tem direito a tanta exposição mediática nos órgãos de comunicação social deste país.

Afinal, não precisam de me explicar, a resposta é simples: dá audiências. Tanto os que gostam da besta como os que a detestam, são encantados com notícias e entrevistas visando o Chega e seu “querido líder” e nem todos podem ser como eu, que quando vê a cara do homem ou ouve a sua voz, corre para o comando da TV para mudar imediatamente de canal. É um sentimento tão visceral que sou incapaz de manter o “gajo de Alfama” no meu raio de visão ou de lhe dar a oportunidade, nem que seja por um segundo, de me rasgar os tímpanos com a sua voz.

Resumindo, porque já abordei este tema e explanei a minha opinião, o Chega não é um fenómeno político. O Chega é um fenómeno televisivo e, por conseguinte, é um fenómeno de audiências. E não, nem todos são pequeno-burgueses como eu e, como tal, a maioria do país ainda passa muitas horas em frente à televisão, o que faz com que este encantador de antas chegue a casa de muita gente. Portanto, o Chega cresce porque lhe dão palco de forma desmesurada face à sua real importância. Nasceu na televisão, mora na televisão e há-de continuar a ser alimentado pela televisão. É a consequência da mercantilização do jornalismo.

E não é aqui dito que um partido com representação parlamentar (e a sua fundação e existência é outra estória) não deva ter audiências. Mas numa altura em que anda tudo a falar do “crescimento do populismo” e do “combate contra a extrema-direita”, convinha, se calhar, por começar a não ser um veículo para as mensagens da extrema-direita que tanto dizemos querer combater. O aldrabão-mor conseguiu ter apenas cerca de 40 minutos a menos de exposição do que, imagine-se, o primeiro-ministro. Acima do presidente da República. E, pasme-se, o PCP é o único partido que nem sequer aparece no top 10. Se calhar, neste ponto, aqueles que tentam equiparar o Chega ao PCP (e até ao Bloco, que consegue um 8.o lugar), deviam começar por tentar dar mais audiências a BE e a PCP… pelo menos para tentarmos aferir se essa equivalência é, como é, estúpida.

Continuem, portanto, a alimentar o monstro. E ele continuará a crescer.

81 Mil. Porque um número é um número, é um número, é um número.

O mês de Março vai ficar para a história recente do Aventar. No conjunto leitores/ouvintes, o blogue ultrapassou os 81 mil leitores e ouvintes num só mês, números que já não se viam há muitos anos e que confirmam uma tendência de crescimento verificada desde o último trimestre de 2020. E a estes valores não foram incluídas nem as visualizações nem as estatísticas das nossas páginas nas redes sociais (onde se destaca o Twitter com uma subida consistente nos últimos meses).

A criação do PodAventar, o podcast do blogue Aventar, ajudou e muito a estes números que fazem lembrar os tempos áureos da blogosfera portuguesa. Sem esquecer a chegada de novos membros a esta equipa que continua, 12 anos depois, a renovar-se. Contudo, existe outra razão para este crescimento: a blogosfera enquanto espaço de Liberdade. Aqui (WordPress) o senhor Zucker ainda não consegue introduzir a censura. Aqui (Aventar) todos os autores são livres de escrever o que lhes apetece. Como não estamos sozinhos na blogosfera, nem ela está morta, sabemos que existe um novo fenómeno de regresso de alguns antigos bloggers à blogosfera portuguesa. O que mais nos alegra é ver uma nova geração a chegar. A geração dos nascidos depois de 1990. Cheios de curiosidade. Cheios de vontade. Com uma força tremenda. O Aventar pode orgulhar-se de ser o primeiro dos “velhinhos” a receber essa nova geração e a criar essa mistura de gerações. Sempre com uma regra: Liberdade. Liberdade de expressão. Liberdade de pensamento.

A todos os nossos leitores o devido e sentido: Obrigado.

A futebolização do País

Pedro Correia

Vivemos por estes dias mergulhados na futebolização do País. As pantalhas dedicam horas sem fim à conversa de taberna sobre bola transposta para os estúdios televisivos. Os partidos manipulam militantes, tratando-os como membros de claques de futebol. Os debates políticos estão cheios de metáforas associadas ao chamado desporto-rei. E a linguagem mediática imita o pior dos jargões ouvidos nos estádios, anunciando divergências ao som de clarins de guerra.

Há dois aspectos a ter em conta neste fenómeno: um é o factor de identidade tribal potenciado pelos clubes desportivos. Em regra este é um factor positivo: o ser humano necessita de mecanismos de afinidade grupal e quando faltam outros, mais tradicionais, o desporto – ou, no caso português, apenas o futebol – potencia-o como forma de preencher algum vazio deixado pelos restantes (família, igrejas, sindicatos, partidos, academias, etc.)

Outro – muito diferente e claramente negativo – é o da diabolização do antagonista. Este é um fenómeno com ramificações muito diferentes, e algumas bem recentes, influenciadas pela linguagem dicotómica das redes sociais, que tendem a ver tudo a preto e branco, numa réplica do imaginário infantil (cowboys & índios; polícias & ladrões, etc) transfigurado para a idade adulta. [Read more…]

República das bananas…

Parolice, nacional-parvoíce, populismo, é difícil baixar mais o nível…

Zombies

Assisti ao cortejo sinistro que passou esta manhã pelos corredores de Belém e pergunto-me, já que estão a surgir debaixo das pedras “associações” que parecem criadas para este efeito, se ainda há por aí uns restos da Legião Portuguesa que possam acudir, também, ao presidente. Ou até, talvez, uma associação de amigos da PIDE na reforma. O palácio de Belém parece, por estas horas, uma feira de horrores, uma espécie de comboio fantasma, alimentado, talvez, pelo discurso psicótico de Passos Coelho que as televisões repetem sem cessar.
À tarde serão recebidas as Centrais Sindicais. No seu lugar tomaria alguma medicação preventiva. O espaço está infectado.

Aventar

Quatro anos, quatro milhões de visitas. Agora numa média de 4000 a 5000 diárias. Entretanto os jornais

Por falar em audiências

As nossas voltaram à normalidade depois de uma crise em meados de Outubro seguida de hibernação num sapal.

Claro que isto tem umas explicações técnicas, mas não vos vou chatear com minudências. Fiquemos pelo é sempre bom saber-se que valemos por nós próprios. E chega.

A Bíblia foi o primeiro blogue colectivo

Do que percebo do assunto, e não é muito, parece-me que a Bíblia foi o primeiro Blogue Colectivo da história da Humanidade. Cada autor ia escrevendo uma parte sobre a sua área de especialidade e, no fim, reuniram tudo e ficou um livro todo janota.

Mesmo sem Sitemeter, estou em crer que a Bíblia não tem rival no que diz respeito às audiências.

Perdoem-me se incorro em Blasfémias…