Os adeptos do Chega, tanto os mais ferrenhos, como aqueles que começam as frases com “eu não voto neles mas…” estão irritados com o timing da reportagem da SIC, dedicada ao partido de extrema-direita. Já eu prefiro saudar o Pedro Coelho, um dos melhores jornalistas de investigação deste país, que, ao contrário da narrativa repetida pelos adeptos do Chega, nunca poupou partido algum e já deixou em maus lençóis, várias vezes, os poderosos aparelhos do PS e do PSD, antes e depois de eleições. A reportagem sobre o caso BES, “Assalto ao Castelo”, por exemplo, é absolutamente destrutiva para o PS e para o consulado Sócrates. Já antes se havia também debruçado sobre o caso BPN, onde, claro, não poupou o PSD e o cavaquismo.
Podia continuar a enumerar exemplos, do Pedro Coelho e de outros excelentes jornalistas de investigação, como Paulo Pena ou José António Cerejo, mas seria inútil. O adepto do Chega não se interessa por dados objectivos, porque o Chega, tal como o catolicismo ou o islamismo, é uma religião, com enorme potencial para se transformar em fanatismo ideológico, cego e absolutamente imune a factos. Interessa-me, isso sim, sublinhar o seguinte: não há timings para fazer jornalismo. Este documentário está a ser produzido há largos meses, não tendo chegado ao ecrã mais cedo pelo mesmo motivo que tem colocado a nossa vida em suspenso: a pandemia. Não obstante, o jornalismo de investigação não tem que fazer compassos de espera para deixar passar procissões. Tem, isso sim, que informar devidamente o cidadão, para que este possa, no caso da antecâmara de um acto eleitoral, fazer a escolha mais informada possível.
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