Preto no branco: a aposta na exportação e na globalização desatada produz pobreza e desigualdade social

Não é nada de novo: há os vencedores e há os vencidos do actual modelo de globalização. A quimera de que o “livre comércio” é bom para todos não passa disso, de uma quimera batida à exaustão para justificar a expansão do modelo dominante, que não só aumenta a desigualdade, como fomenta aberrações “compensatórias” e atentados contra o clima.

Mas não deixa de ser irónico e bombástico que, no seu último relatório sobre a Alemanha, venha o FMI atestar à campeã europeia das exportações o efeito tóxico da sua aposta desproporcionada na exportação: a Alemanha, com os seus volumosos excedentes de exportação, não só produz desequilíbrios massivos na zona do euro, como também aumenta os desequilíbrios sociais na própria Alemanha. Milhões de alemães pouco beneficiaram do aumento das exportações, enquanto os crescentes excedentes alemães das últimas duas décadas foram acompanhados por um aumento acentuado dos rendimentos de topo na Alemanha, constata o FMI. Actualmente, os 10% mais ricos possuem 60% dos activos líquidos, sendo este o valor mais elevado na zona do euro.”

Mas, mas… não era a Alemanha que detinha a “receita” para a Europa??? E vem agora o Fundo Monetário Internacional, esse galeão da economia neoliberal, puxar publicamente as orelhas à campeã??? Espantoso.

Tão espantoso quanto inconsequente. A Alemanha prossegue inabalável, ignorando o aumento da pobreza no país1 , bem como os efeitos do modelo para as “periferias” e propulsionando a globalização baseada no consumo predador de recursos naturais a nível da UE e global.

A discrepância entre as constatações de fracasso social e destruição ambiental por um lado, e a progressão triunfante da ideologia neoliberal por outro, é cada vez mais gritante. Porém, a gritaria não passa de música maviosa aos ouvidos das multinacionais e dos governantes incapazes que lhes servem de sabujos.


1 Segundo o 5º Relatório do Governo Alemão sobre Pobreza e Riqueza, referente a 2017,  15,7% da população vive abaixo ou no limiar da pobreza. Trata-se de quase 13 milhões de pessoas. Um aumento de 3% em relação a 2002.

 

Obrigado!

De Guimarães, o exemplo.

Finalmente uma boa notícia

enfermeiraParece que a política do governo começa por fim a produzir os seus frutos de forma assinalável. Sobretudo no plano da sustentabilidade da Segurança Social.

As más línguas do costume diziam que os despedimentos em massa e o desemprego não ajudavam nada ao equilíbrio de contas da Seg. Social.

Essa corja de viperinos extremistas insinuava que haver menos pessoas a descontar e mais a receber (apesar de pouco estas últimas), estava para o equilíbrio das contas como um turista com destino ao Porto apanhar o comboio para Faro.

Ou que fazer emigrar a população em idade fértil não era uma boa ideia para assegurar a estabilidade do sistema e a inexistência de broken links geracionais. Vontade de maldizer está bom de ver.

Os ingleses estão muito contentes com os nossos enfermeiros.

Os alemães pelam-se pelos engenheiros que nós formámos.engenheiros

E, todos juntos, pelam-se pelos descontos que uns e outros fazem para as respectivas seguranças sociais. E pela produtividade que entregam. E pelas crianças que irão certamente contribuir para o futuro dos seus sistemas.

Entre outros assets exportamos pessoas qualificadas e férteis e isso contribui para o equilíbrio da balança, de qualquer coisa, de alguém, algures!

bebés

É ou não é uma oportunidade, cambada de velhos do Restelo?

Que ignorantes, pá!

A salvação está nas PMEs exportadoras…

A EDP, a Galp, a CGD, os bancos, os centros comerciais, a TMN, a Refer, a Rave, as autoestradas, as pontes, o TGV, o aeroporto, as milhentas empresas que absorvem as mais valias do nosso trabalho, que não saem da órbita do Estado com boys e girls, as construtoras que apresentam milhões de lucros todos os meses, todas estas empresas não são chamadas quando toca o sinal de alerta!

São as PMEs que representam 80% do emprego e 70% do PIB que ninguem conhece, que não fazem primeiras páginas, que não vão ao Prós e Contras, essas, são as chamadas. Não pertencem ao PSI 20, nem frequentam os corredores do poder, labutam e operam em mercados altamente concorrênciais, onde ganha quem tem mérito, qualidade e preço competitivo. Estes empresários metem lá o seu dinheiro, muitas vezes garantindo empréstimos bancários com a propriedade da família, arriscando, persistindo…

Mas os melhores CEOs do Mundo estão nas grandes empresas de rendimento garantido, em monopólio ou perto disso, apoiados pelas “golden-shares” do Estado, onde trabalham os filhos e os netos de tudo o que é político ou que já foi, ganhando o que nunca ganhariam se estivessem num mercado livre.

Enquanto os portugueses não perceberem esta ganância, e andarem convencidos que estas empresas que vivem à custa do Estado e em condições particulares de “posição dominante”, são a chave do problema, nunca saíremos desta economia moribunda que não cria riqueza e que arrasta tantos cidadãos para a miséria. Sem aumentar a produtividade nem as contas públicas no “são” nos safam! Sem criar riqueza como pagamos as dívidas?

A prioridade são as empresas exportadoras que tambem substituem importações, que vendem valor acrescentado, que se dedicam a actividades onde o país tem vantagens competitivas. Peter Drucker, o célebre guru da gestão das empresas já cá fez um estudo a dizer tudo isto. Apontou as actividades a apoiar pelo Estado e os “clusteres” a desenvolver.

Mas, ao contrário, nos últimos trinta anos só ouvimos os políticos a defenderem as grandes obras públicas! Porque será?

Carta aberta ao Ministro dos Negócios Estrangeiros

Exmo. Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros,

Não nos restando muito tempo para evitar o pior, vou directamente ao assunto e vou ser muito frontal. Peço-lhe que não o considere uma falta de respeito. Vou lhe falar de ESTRATÉGIA.

A ideia de que Portugal, para tornar o PEC suportável e bem sucedido, precisa de mais receitas provenientes do crescimento da economia é, em princípio, correcta. Neste sentido, desde há mais de 15 anos postulo que Portugal “reforce relações”. Infelizmente a “euro-farra” toldou a visão para este objectivo fundamental. Agora chegou a hora da verdade!

Desculpe que lhe diga: a sua frase “sobretudo quando a situação económica exige que Portugal mobilize todos os seus recursos para vender mais”, não acerta, em termos estratégicos, no objectivo certo. Por isso, quanto muito, poderá ter sucessos passageiros. [Read more…]

Contribuição do Grupo BES para o PIB – 2

Submarino sem os serviços da ESCOM

Documento prova pagamento de luvas à empresa ESCOM, a tal que recebeu 30 milhões de euros por consultoria no negócio dos submarinos, titula hoje o Correio da Manhã.

Esta contribuição para o PIB já foi aqui tratada, após o presidente do BES  nos vir dizer que o Grupo é composto por 400 empresas e contribui para o PIB em 1,5%. Eu acredito que sim, embora a minha definição de contribuição para o PIB não seja bem a mesma, é que o Grupo BES está em todas as empresas que são  protegidas pelo Estado, onde retira, não só os seus rendimentos accionistas como vende os seus serviços financeiros, de seguros, de consultoria, onde coloca os seus quadros…

A minha admiração cresceria imenso se os investimentos do Grupo BES se orientassem para as actividades de bens e serviços transaccionáveis e exportáveis, operando em mercados competitivos e abertos sem estar envolvido com o Estado, por ele protegido, e não correndo riscos.

Cada vez mais no nosso país a soma é muito inferior às partes. Estas estão milionárias e recomendam-se, o país é que está cada vez mais pobre.

Os desígnios de Sócrates

Deixemo-nos de ingenuidades. Este governo tem um objectivo. Lançar os megaprojectos que interessam a construtoras, bancos, consultores, por forma a que se tornem irreversíveis.

 

O TGV já vai em cinco linhas, quando Sócrates nunca conseguiu explicar como rentabiliza uma só que seja. O aeroporto , a sua dimensão, face ao futuro do transporte aéreo que serviu para o impor , não serve agora para o parar. Quanto à construção por módulos conforme as necessidades,  nem uma palavra.

 

A ponte, a terceira, sobre o Tejo avança, quando a Vasco da Gama nem um terço da sua capacidade tem esgotada.

 

Tudo isto para financiar com dívida externa a juntar à monstruosa que já temos que pagar.

 

A composição deste governo reforça este desígnio, um núcleo duro, coeso, que centraliza o que interessa e na periferia, ministros sem qualquer peso político, a quem está reservado o fogo de artíficio.

 

Os casos que envolvem José Sócrates diminuiram-no, fragilizaram-no e como já hoje se percebe, nenhum primeiro ministro a governar em maioria teve tão forte diminuição de votos quanto este. Com este governo estão os poderosos deste país, os gestores por nomeação política, os milhares de funcionários socialistas.

 

O país empobreceu nos últimos anos, com especial ênfase nos últimos três anos e vai continuar a empobrecer, pese embora já sermos o mais pobre da UE.

 

Recuperar o tecido empresarial das PMEs, que representam 70% do emprego e 80% das exportações é que é a tarefa nacional. Inovar, ajudar a torná-las competitivas, desenvolver e exportar tecnologia, isso sim,  é que é um desígnio nacional.

 

Endividar o país para fazer mais umas obras de betão, nada tem de grande.