As Televisões, os jovens e a professora de Espinho

No ‘aventar’, o episódio da professora da Escola Sá Couto de Espinho já foi devidamente dissecado, e por quem sabe mais da matéria do que eu; o João Paulo, por exemplo. Limito-me a repetir a opinião de que a professora esteve mal, facilitando até as críticas dos detractores da luta dos professores. Foi um tiro no pé.

Mas o que me traz aqui não é propriamente o juízo sobre a atitude da professora e dos alunos. É, isso sim, o habitual comportamento sensacionalista das nossas televisões, as quais, ora uma, ora outra, têm dedicado ao assunto vários tempos de antena, em sucessivos noticiários. Desde que se fale de sexo, mesmo neste caso nada feliz, as imagens vendem e captam audiências. E este é o objectivo.

Hoje, depois do almoço, entrei num restaurante para tomar  café. Olhei para o ecrã e pronto: dentro da tal lógica do sensacionalismo e da luta, a qualquer preço, pelas audiências, lá estava a TVI com as imagens no ar da professora de Espinho, com o locutor a debitar aquilo que eu já ouvira não sei quantas vezes.

Não deixa de ser contraditório, sobretudo por parte da TVI, este prestimoso cuidado com os interesses da educação dos meninos na escola. De facto, a contradição ainda é mais grave, porque a dita TVI distribui, há anos, abundantes doses de ‘Morangos com açúcar’, cujo cenário principal é a escola, apresentada como espaço lúdico, propício a amores e desamores, paixões e jogos sensuais. Com tudo isto, os nossos jovens, mesmo de 12/13 anos e mais novos, têm beneficiado de prolongadas lições de namoricos e de aventuras mais atrevidas.

Do palavreado à vestimenta, dos diálogos aos penteados, ‘Morangos com açúcar’ é “boé fixe meu” – é o que me apetece dizer ao José Eduardo Moniz, pedindo-lhe, ao mesmo tempo, que se calem e deixem a professora de Espinho entregue ao processo que lhe foi instaurado. Presumo que, nesta hora, a suspensão já a sufoca.

Comments

  1. O sexo vende. Os ‘casos’ mais escandalosos vendem. Sexo e escândalos vendem mais. Seja na televisão, rádios, jornais. O problema não está na comunicação social. O problema, a haver problema, está em toda a sociedade, em todos nós.

  2. Adalberto Mar says:

    Nós- TODOS NÓS-REPITO …TU, EU, ELE, ELA, NÓS VÓS ELES,ELAS, SOMOS a cereja no CIMO DO BOLO..YES… GUILTY ALL OF US!

  3. Luis Moreira says:

    Nem mais!Dizer “que ouve aulas de sexo” e “acabar numa orgia” e depois vamos ver com mais atenção e tudo não passa de uma professora a falar de banalidades, embora fora de si.O tratamento das Televisões tem sido miserável.Eu que tenho uma mente doentia, cheguei a pensar que os alunos tinham conseguido um dos meus sonhos de adolescente.Fazer amor em plena aula com a minha professora de “ginástica”(agora educação física, muito mais fino)

  4. Adalberto Mar says:

    Lá está ele….isto até me envergonha..ele está sempre com a «BITOLA» no mei do cérebro!!!! SERÁ QUE..E ONDE ARRANJARÁ ESTE MARUJO ESPAÇO PARA OS LIVROS E A INTELIGÊNCIA SE A SALSICHA OCUPA O ESPAÇO TODO DEDICADO À INTELIGÊNCIA??!! EU NEM SEI COMO É QUE ELE ESCREVE COISAS TÃO ACERTADAS!! DE CERTEZA QUE É NO ESPAÇO QUE SAI LOGO DO DUCHE GELADO..E ANTES MESMO DE COMEÇAR A PENSAr!! dasssss que ardido nao páaaaaara nuncaaaaa!!! ESTE HOMEM NÃO PODE SER DO NORTE!!!

  5. […] na aula por uma aluna, eu vejo de forma transversal uma outra. Não é a questão do excessivo floclore televisivo da praxe. Não é como um professor deve ser. Não é a questão de este país se estar (novamente) a tornar […]

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