Do virtual para o real:

Pois eu, Pedro Correia, tenho que discordar de ti.

Discordando por entender que existe uma grande confusão na tua argumentação. A primeira no tocante a um pretenso neo-liberalismo de Passos Coelho. Será que defender tratar diferente o que é diferente é ser-se neo-liberal? Será que compreender a necessidade de uma presença diminuta do Estado na nossa vida é ser-se neo-liberal? Será que acreditar na iniciativa privada é ser-se neo-liberal? Quem pensa assim só pode ter uma resposta da minha parte: então eu sou neo-liberal mesmo sabendo que não o sou. Sou apenas Liberal, ponto.

O que PPC defende é algo simples de sintetizar: tratar diferente o que é diferente. Entende que a Saúde como a Educação, etc, devem ser assegurados pelo Estado mas não necessariamente de forma gratuita. Ou seja, sendo simplista que isto é um blogue e não uma tese, garantir o acesso de todos mas sabendo que aqueles que podem pagar, o fazem de molde a que aqueles que não podem não tenham de o fazer. Por outro lado, permitindo que os privados o possam fazer por vez do Estado desde que o façam melhor e com menos custos. Isto é ser neo-liberal?

Depois vamos a algo mais grave: carácter.

O PSD e PPC deram a mão ao Governo e a Sócrates? Sim, é verdade. Hoje estamos devidamente informados (mesmo que algumas coisas ainda mais graves tenham sido, deliberadamente, omitidas), foi uma emergência para evitar: a Bancarrota, a entrada do FMI, o colapso do nosso sistema financeiro e, resumidamente, a perda das poupanças de todos e o descalabro da nossa economia. Sim, Pedro Correia, fui mais longe do que aquilo que PPC disse ontem, mas eu posso fazê-lo, não sou candidato a nada, sou mero blogger e as minhas palavras não assustam ninguém.

Mas, afirmares que PPC “apunhalou”, “puxou o tapete”, “cegueira egocêntrica”? Desculpa, mas é um perfeito disparate o que estás a dizer. Vamos a factos: quando o PSD e PPC tomaram conhecimento, pelo próprio Governo, da situação aflitiva em que se encontrava o país e perante o cenário apresentado, em nome do interesse nacional, deram a mão ao governo. Melhor dito, deram a mão ao país. Enquanto reuniam, o governo assina um contrato inacreditável com a Mota-Coelho-Engil. Depois da segunda reunião, avançam com a loucura do TGV (Caia-Poceirão) e pelo caminho, o Líder Parlamentar do PS faz um conjunto de afirmações grotescas sobre PPC e as desculpas em política. Sem esquecer a rábula socretina do tango.

O líder do PSD pediu desculpa. Alguns podem não gostar. Outros poderiam fazer diferente. Não te esqueças que PPC prometeu não aumentar impostos e faltou com a promessa. Será que não devia uma desculpa, mesmo sabendo hoje (como sei) as circunstâncias atenuantes da quebra? Olha, eu pedia desculpa. Mas isso sou eu.

Como hoje explicou, sabiamente, o Vice-presidente do PSD na Sic Notícias, mesmo não concordando o PSD com as políticas deste governo, mesmo sabendo que estamos perante um cadáver adiado que merece uma valente vassourada, o sentido das responsabilidades e a necessidade de proteger os interesses superiores dos portugueses e de Portugal, obrigam a que, nesta hora, neste momento, seja fundamental agir como se agiu, mesmo que tal prejudique o PSD e o seu líder. Mas foi fundamental colocar os interesses de Portugal acima dos interesses e de meras jogadas partidárias.

O que separa Sócrates de Passos Coelho é tanto que eu prefiro resumir: o primeiro vive num Portugal virtual. O segundo pensa no Portugal real.

Comments

  1. Luís Moreira says:

    E o problema e as culpas são de quem à esquerda, não contribui para afastar cenários de pesadelo para o país, especialmente, os mais pobres. O problema é que o PS prefere governar em minoria a juntar-se ao PC e ao BE! E todos sabemos porquê. Porque ambos os partidos não querem ter responsabilidades governativas, oferecem a lua ao país, e vão continuar assim. Oa partidos irmãos do PCP e do BE desapareceram nos países onde foram governo.Tenho aí um texto para domingo, sobre o assunto!

  2. Pedro Correia says:

    Caro Fernando: Acabo de ler este teu poste. Tenho alguns compromissos mas, assim que possível, prometo resposta a dois ou três pontos que levantas.
    Um abraço.

  3. maria monteiro says:

    Luís, eu gostava de oferecer muito mais que a Lua, mas porque vivo no Portugal real… sou mais modesta e limito-me a oferecer o possível… um possível que é sempre tão pouco.

    Quem sabe se oferecendo Marte … sempre tinha cor vermelha ; -)

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