Pequim regressou aos exercícios militares nas fronteiras de Taiwan, simulando bombardeamentos e um cerco total à ilha. É o intensificar de um passo crucial na sua afirmação internacional. Se os EUA podem provocar os seus inimigos com exercícios militares em qualquer ponto do globo, os chineses sentem-se igualmente livres para o fazer no seu quintal, mais ainda quando se trata de um território que o consideram seu.
Taiwan, é bom que estejamos cientes disso, tem os dias contados. Porque não tem argumentos militares para dissuadir um ataque de larga escala e porque, ao contrário, por exemplo, da Ucrânia, não é sequer reconhecido como um Estado soberano. Os próprios EUA, que sempre usaram Taiwan como instrumento de política externa na região, não reconhecem a sua independência. Reconhecem, apenas e só, a sua rentabilidade e valor geoestratégico.
É sabido que os chineses são pacientes. E Xi Jinping tem sido muito claro sobre o posicionamento do país face à província rebelde. Julgo que será uma questão de tempo até que um destes exercícios, cada vez mais frequente, se converta numa invasão real. E o momento é perfeito, numa fase em que o Ocidente está cada vez mais enterrado em dívidas, ingovernabilidade e no conflito em curso na fronteira leste, com a perspectiva real de que os EUA deixem a Europa à sua sorte, caso Trump ou DeSantis derrotem Biden em 2024. Virá Washington em auxílio de Taipé, em caso de invasão chinesa? A Casa Branca diz frequentemente que sim, mas é pouco provável que convença as instituições e os americanos a manter dois conflitos em curso, contra duas potências nucleares. E se os custos do embargo à economia russa foram tão prejudiciais para o modo de vida ocidental, aplicar igual receita à China, da qual a economia europeia e americana dependem umbilicalmente, poderá ser a estocada final no que resta da hegemonia americana.
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