O Califado não tem fronteiras

O ataque ao Hotel Corinthia em Trípoli é a prova de que, conceptualmente, o projecto do restabelecimento do Califado Islâmico não obedece a fronteiras, apesar de ter bem definido a sua base terrestre entre a Síria e o Iraque.
A existência desta territorialidade é a novidade face à anterior proposta da Al-Qaeda, para além do élan histórico-psicológico que o Bilad Al-Sham, as Terras do Levante, têm na memória colectiva dos muçulmanos, particularmente dos árabes da região do Médio Oriente, com o estabelecimento do primeiro Califado (Omíada), cuja capital foi Damasco, após a morte do Profeta (não confundir com o primeiro Califa, após a morte deste). [Read more…]

Uma semana depois em Atenas

Peter_Paul_Rubens_The Virgin as the Woman of the Apocalypse

O fim do mundo não em cuecas mas na desgraça anunciada. Sete criancinhas comidas ao pequeno almoço. O horror. As prateleiras vazias nos supermercados. A tragédia. Trinta igrejas saqueadas. Enfim, o caos: em dois dias a bolsa de Atenas recupera todas as perdas desde as eleições.

Assim não há vacina que lhes valha.

Peter Paul Rubens, A Virgem no Apocalipse, (1624, para a Catedral de Freising, Alemanha

 

Os cães ladram e o Syriza passa

Syriza

As elites nervosas não largam o Syriza. Espumam-se todos os dias e fazem figuras tão patéticas que parecem estar a competir por um qualquer prémio de imbecilidade. Uns escrevem cartas hipócritas com excesso de vírgulas, outros, mais versados na arte da aldrabice, classificam as ideias do Syriza como sendo um “conto de crianças” com a mesma lata com que nos contaram aquele conto de embalar jotinhas em que o príncipe encantado social-democrata chegaria ao poder sem que tal implicasse aumentar impostos, cortar pensões ou vender os tais anéis. Que moral têm estes sujeitos para dar lições ao novo governo grego que ainda agora iniciou funções, principalmente depois daquilo que fizeram ao nosso país? Como é que é possível que pessoas com o mínimo de discernimento e bom senso confiem nesta gente de carácter altamente duvidoso, capaz de mentir sem qualquer tipo de reservas com o intuito único de se instalar no poder? Parafraseando Pedro Passos Coelho “Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?

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Tributar fortunas a milionários gregos

É a sugestão do dia do partido de Angela Merkel. Ouviste Passos?

Radical é o capitalismo

Capture

Publicada a 29/01 no diário As Beiras.

Embora o Syriza inclua na composição da sua designação a palavra radical, está longe de poder ser considerado um partido radical. Trata-se de um autêntico partido de esquerda, de espectro largo, com algumas semelhanças com o nosso BE. Ocupa um espaço político deixado livre pela deriva dos socialistas para o centro e pelo isolamento do partido comunista, mais preocupado em assegurar a sua sobrevivência.

O que é radical na verdadeira aceção da palavra, é o capitalismo dos dias de hoje. A política do FMI é radical quando aplica uma taxa de 5% aos empréstimos à Grécia e a Portugal. Quantos negócios sérios dão lucros de 5% durante 5 ou 10 anos? Pior, como se pagam anos a fio 5% de juro quando o crescimento na melhor das hipóteses não descola de 1 ou 2%? O capitalismo financeiro é radical quando permitiu uma fraude de cerca de 130 mil milhões de euros, só em 2013, graças apenas a esquemas resultantes do segredo bancário (ver G. Zucman, “A riqueza oculta das nações”, Temas e Debates, 2014). Esta quantia seria suficiente para resolver a crise das dívidas de vários países europeus. O capitalismo financeiro é radical quando permite esquemas de otimização fiscal através de compra e venda a preços fictícios entre sucursais de multinacionais, como muito provavelmente fará a Jerónimo Martins e outras empresas com sede na Holanda.