Quando não se consegue imaginar a possibilidade de dizer não, não se está a negociar

Varoufakis explica o acordo e como se escreve a palavra negociar, legendado em português.

Vítal Moreira

Em rota de colisão no partido?

Memória vigilante

Não, não sou anti-alemão nem nada que se pareça. Mas procuro também não ser ingénuo. Estamos e queremos continuar em paz, mas convém não ter memória curta. Esta citação não é uma provocação nem se ignora a diferença de contexto. Mas talvez seja bom para todos (todos!) lembrar tempos não muito antigos, uma certa maneira de ver:

Fazemos unicamente o que convém ao nosso povo e, neste caso, o interesse do povo germânico consiste no estabelecimento de uma rigorosa ordem alemã nestes países, sem prestar a menor atenção às reclamações, mais ou menos justificadas, das pequenas nacionalidades” ( Joseph Goebbels)

A excelência na gestão da saúde… de algumas empresas

«Os “médicos a dias” custam ao Serviço Nacional de Saúde mais de 70 milhões de euros por ano. Saiba quem anda a ganhar dinheiro com a contratação de tarefeiros» [VISÃO]

Que agora comer é um luxo, é um luxo

 

Não se percebe, ou será apenas uma dificuldade minha, como pode ser que, apesar da crise, continuem a multiplicar-se os restaurantes. Nem sequer aqueles capazes de agradar a um público heterogéneo, mas cada vez mais especializados em coisinhas pequenas, maniazinhas, tiques refinados. Depois da moda das hamburguerias, agora é ver abrir as casas que só têm chás, as que só têm torradas, o restaurante que serve comida em pratos para cão (por Tutatis!), a casa que se especializou em cereais com leite, a que só confecciona refeições com conservas. No meu nada turístico bairro, cheio de casas em ruína e velhotes a sobreviver com reformas miseráveis, abriu um restaurante gourmet, com cozinha de fusão, ementas em inglês, citações refinadas na parede. Durou exactamente cinco semanas, das quais passou quatro às moscas. Era uma espécie de extraterrestre que nos aterrou ali e que olhávamos com a mesma estupefacção com que espreitaríamos uma manada de unicórnios a atravessar a rua. Um dia desapareceu para dar lugar ao velho cartaz “Aluga-se” que já conhecíamos bem. [Read more…]

Os pompeus

Quando eu andava na escola primária, na primeira parte do século passado e em África, havia sempre em cada turma um Pompeu (ou uma Pompeia). Que vinha a ser um ser sisudo, penteadinho, que não se misturava nas brincadeiras do recreio, que mirava com olhos de detective todos e cada um, que denunciava e fazia queixinhas, e que sobre isto mal o professor perguntava quem sabe? se levantava logo de mão no ar. Oferecia-se para ir ao quadro, lambia os pés dos professores. Tinham estas qualidades todas, ninguém os suportava e, sempre que podíamos, enfiávamos uns bofetões naquelas caras estanhadas Ninguém os convidava para nada, nem na escola nem fora da escola. Eram tão excepcionais que nos ficaram na memória, como exemplo de lástima. Estou em crer que todos rezávamos para nunca termos um irmão Pompeu.

Pela vida fora ainda fui encontrando uns quantos Pompeus, incluindo na minha profissão. Sempre que tinha de lidar com eles, lá me vinha aquele desejo nascido na remota infância de lhes ir à fuça. Fiquei-me sempre pelo sensato conselho das terras ribatejanas: trela no lombo e campos da Golegã com eles. [Read more…]