Ouvir ao minuto 12, no canal 1 alemão, dito por Michalis Pantelouris, jornalista greco-germânico. Uma apropriação de riqueza desta grandeza não terá acontecido por via legal. Mas pode resolver-se legalmente, basta o estado querer.
GREXIT
Eis um neologismo para as conversas dos próximos dias. GReece + EXIT, que essencialmente se traduz em ou baixam a bola ou rua.
Entretanto, o colaboracionista Pires de Lima é citado pela Reuters sobre o assunto:
Economy Minister Antonio Pires de Lima told the Reuters Euro Zone Summit that Lisbon had chosen a route “which was not the easiest one” to recover credibility and return to growth, and “that is also our attitude to the situation in other countries”. [REUTERS]
Ah tal não somos a Grécia. E com efeito, nota-se. Eles trabalham para reconquistar a soberania e aqui baixam-se as calças. Quanto à cassete da austeridade, é de ver a reportagem – surpresa, surpresa! – do canal 1 alemão sobre os ganhos da Alemanha com a crise do euro.
Erros de transcrição? Exactamente

© AFP via Nouvel Observateur (http://bit.ly/16ujO5z)
Acabo de ler, no Expresso, uma notícia sobre “erros de transcrição” nas “escutas telefónicas para o processo dos submarinos”. O Expresso distingue “aquilo” em vez de “a Kiel”, “Monte Canal” em vez de “famoso canal”, “Canalis” em vez de “canal”. Contudo, por motivos que me escapam, o Expresso não se debruça sobre outros óbvios (e gravíssimos) erros na transcrição:
- “impercetível” em vez de “imperceptível”,
- “exato” em vez de “exacto”,
- “exatamente” em vez de “exactamente”.
De facto, ouvindo a transcrição, além de não detectar qualquer ocorrência de *[izɐtɐˈmẽtɨ], verifico que aquele *’exato’ é incorrecto (uma vez que, é sabido, ‘exactamente’ = ‘exacta’ + ‘mente’) e reparo na ocorrência de *’impercetível’, palavra sem qualquer significado em português europeu, pois a pronunciação corresponde a [ĩpɨɾsɛˈtivɛɫ] e não a *[ĩpɨɾsɨˈtivɛɫ]. Sendo [ĩpɨɾsɛˈtivɛɫ], logo, ‘imperceptível’: QED (este e não o outro).
Quem não detecta tais falhas (mais óbvias e mais graves) não é detective: quando muito, será *detetive — palavra com padrão grafémico semelhante ao da primeira pessoa do singular do pretérito perfeito do verbo ‘deter’ (‘detive’) e, no mínimo, homógrafa da correspondente flexão do verbo *deteter: *detetenho, *deteténs, *detetém, *detetemos, *detetendes, *detetêm; *detetive, *detetiveste, *deteteve, *detetivemos, *detetivestes, *detetiveram; etc.
P.P. – Então? Já cheguei. Aterrei agora.
A.P. – Aterraste onde?
P.P. – Aterrei da Alemanha.
A.P. – Ainda foste à Alemanha?
P.P. – Ainda fui, ainda fui, aquilo!
A.P. – Fizeste muito bem. Ao (impercetível).
P.P. – Ao Canalis, exato.
A.P. – O Monte Canal é a promessa do Bismark.
P.P. – Exatamente, exatamente…
Aperta-se o cerco à austeridade
Renzi rejeita lições orçamentais de Angela Merkel. O demónio Varoufakis não dá sossego à IURD liberal.
Em defesa da blasfémia
Francisco Teixeira
A questão da blasfémia é mais central do que pode parecer. Poder blasfemar e isso ser legal é assumir que os limites do real, aquilo que é divino e não pode ser tocado, afinal podem ser empurrados para trás e desse modo permitir ampliar os limites do que é ser humano. Temos, então, se queremos que o humano seja mais que uma cristalização logo no início, que nos define e definiu para todo o sempre, de insultar os deuses, as religiões e a sua pretensão de definição totalitária e absoluta. E sim senhor, a coisa não vai lá com proposições bem-educadas e trocas argumentativas de tipo académico. Sem uma ampla iconoclastia as religiões definem-nos para todo o sempre e não passaremos, para todo o sempre, de anjos de cera, a amarelecer no altar.
Basta uma relativamente simples análise histórica para perceber que a liberdade sempre se fez no confronto com o religioso, o divino e as igrejas. Foi esse confronto, ganho, pelo menos desde 1789, pelos democratas e liberais, que permitiu que as igrejas deixassem de ser a medida das consciências individuais e da própria ideia de religioso. Bem entendido, não há pensamento sem mediação e algum tipo de relação comunitária sempre terá que existir para que se possa pensar. Mas o fim do comunitarismo religioso obrigatório foi, é, uma condição necessária da liberdade. Se eu não puder imaginar outro Mundo, sem constrangimentos dogmáticos, nada é possível a que ainda se possa chamar humano. [Read more…]
Fisco, essa praga de SPAM
O SPAM, a par com os trolls, é uma praga que assola quem se aventure na Internet. O fisco, desde há algum tempo, tornou-se numa entidade que passou a enviar SPAM aos portugueses, mais uns que passaram a usar os endereços de correio eléctrico para enviar correio não solicitado e, como se não fosse suficiente, pleno de verborreia inútil e propagandista.
Hoje foi um email com 644 palavras, metade das quais com uma treta legal, bilingue, mas não nas duas línguas oficiais em Portugal, como se poderia esperar, e o resto com uma ameaça velada sobre perda de benefícios caso não me torne bufo verificador de facturas. Infelizmente, não é por causa das facturas que tenho perdido benefícios mas sim porque o governo decidiu aumentar os impostos que me comem metade do salário, que passei a trabalhar mais 7 dias por ano porque esse mesmo governo apagou 4 feriados e me acabou com 3 dias de férias. Não foram as facturas que aumentaram as taxas moderadores nem fizeram crescer o tempo de espera nos serviços. Foi o governo que o fez, tal como me aumentou o tempo de trabalho até que um dia me possa reformar. É o governo, e não as facturas que não vou verificar, ou só me faltava trabalhar mais por causa do governo e ainda ir trabalhar de borla para o governo, quem me tem retirado direitos, deixando-me apenas com os deveres.
O fisco, ao contrário de muitos que também enviam SPAM, não indica como é se sai da lista de SPAM deles. Não sabendo se isso será legal, ético é que não será. Mas isso já é assunto que há muito deixou de preocupar as pessoas que tomam conta do estado.
Sempre na pandeireta
Temos que lhe tirar o chapéu. Qual Sócrates qual quê? Paulo Portas é que é o verdadeiro animal político. Malhava forte em quem lhe apetecia nos tempos do Independente, Cavaco que o diga. Enxovalhava a “maçada” que eram os partidos políticos “burgueses“, constituídos essencialmente por quadros “muito medíocres, que não têm mais nada que fazer da vida ou que acham que aquela é a forma principal de subir na vida“. Escola na JSD, ascensão meteórica no CDS, deputado, líder parlamentar, eurodeputado, ministro da Defesa e posteriormente de Estado em acumulação com outras pastas – com uns insignificantes 8,72% nas Legislativas de 2002 – regressa ao governo para os Negócios Estrangeiros com Passos Coelho, que coloca em cheque 2 anos depois com um episódio épico da história contemporânea portuguesa, a “demissão irrevogável”, e acaba como vice-primeiro ministro. Há quem acredite que terá mesmo mais poder que o próprio primeiro-ministro. Confesso que sou um deles. E bastaram 14,30% nas últimas Legislativas. Portas dá-lhe muito forte na pandeireta.
Pelo caminho soube contornar tudo o que lhe apareceu pela frente, do caso Moderna aos fatídicos submarinos, e não há Carlos Alexandre ou Jacinto Leite Capelo Rego que se intrometa no seu caminho. Portas é o expoente máximo do trepador político que, sem as armas dos amigos grandes do bloco central, já mandou mais do que a esmagadora maioria das suas fileiras. No meio dos “muito medíocres, que não têm mais nada que fazer da vida ou que acham que aquela é a forma principal de subir na vida” Portas desfila de pandeireta como o flautista entre os ratos. Desta vez, a maioria fica com o papel de vilão e Portas, sempre a dar-lhe, até está disposto a dar umas explicações aos deputados. Mas só lá mais para a frente. Em breve. Até lá não o chateiem que ele não está para aturar a maçada dos Vistos Gold e tem muita pandeireta para tocar.
Benetton, paga o que deves
Soube recentemente, através da Avaaz, que, quase dois anos depois da tragédia de Rana Plaza, no Bangladesh, a Benetton continua sem dar um chavo de compensação às vítimas, duplamente vítimas, destes carrascos. Algumas empresas deram um contributo quase insignificante, ao que pude averiguar. Vergonhoso perante o que todos lucram, mas alguma coisa deram. A Benetton nem isso.
Como se não bastasse a exploração a que estes operários são sempre sujeitos para que empresas sem escrúpulos tenham cada vez maiores lucros, ainda lhes é negada uma soma compensatória e mais que devida, para que possam fazer face aos problemas de saúde com que ficaram ou à perda de salários.
Está agora a ser feita uma campanha, mais uma, para pressionar aquela empresa multimilionária a pagar o que é devido aos sobreviventes daquele malfadado dia.
A ideia é que se assine esta petição. Fica aqui o link, para quem quiser dar um empurrãozinho.
Eu, para além de ter assinado a petição, há muito que não entro em nenhuma loja desses exploradores sem consciência. Continuo na minha sempre que posso, o que é nacional é bom e ajuda a nossa economia. Evito dar a ganhar a ladrões, exploradores, assassinos.
Num altura em que em Portugal tanto se discute – e bem – o valor da vida, convém não esquecer aqueles cuja vida não tem qualquer valor para os empregadores, para o seu governo e para quem veste a moda que eles produzem sem querer saber de onde é que aquilo vem. É que o que está longe da vista não nos afecta…
Sobre armadilhas petrolíferas que se calhar vão dar merda
Angola quer renegociar. Alguém chame o FMI antes que o preço dos preservativos volte a subir na Venezuela. Alguém disse Goldman Sachs?
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