Expressão que servia para indicar que se estava com dificuldade em resolver um problema. Agora, poderá ser utilizada por alguém que quer que os problemas dos seus concidadãos sejam resolvidos.
A solução grega
Se tudo o resto falhar, estou em crer que o governo grego faz um calendário solidário com fotos ousadas e refinancia o país até 2020.
Verdes em Portugal: um ecologismo a precisar de emancipação
Sobre aquilo a que chamou «Comunismo envergonhado» escreveu em 1999 o meu amigo (e já desaparecido) José Manuel Palma Martins. Dizia ele já ser «tempo de o Partido Comunista Português deixar de usar máscaras eleitorais como FEPU, APU ou CDU, siglas envergonhadas da foice e do martelo» e de um partido já há muito «adulto, quase sempre terceiro na hierarquia democrática» do País, e que, tendo sido capaz de sobreviver a «lutas e dissidências», não carecia de apoio «em muletas de satélites». E nesse mesmo seu texto, chamava Palma Martins a atenção para o atraso da emergência em Portugal de uma força política de motivação ecológica, «projectada não para a Esquerda ou a Direita, mas para o Futuro.» Dezasseis anos mais tarde, e nada. E não me venham dizer que temos os Verdes, porque a coligação do Partido Ecologista “Os Verdes” com o PCP (a CDU) tem proporcionado aos ecologistas uma existência pouco mais que pífia, que não faz de modo nenhum justiça à real necessidade e potencial de representação na sociedade de uma força partidária ecologista em que, designadamente, uma fatia não negligenciável de jovens (muitos abstencionistas) pudesse rever-se. Um ecologismo a precisar de emancipação, em suma.
Darwinismo universitário?
Municipalização da educação: quietinhos, não respirem, já está!
Santana Castilho *
Nuno Crato, Poiares Maduro e os autarcas experimentalistas trataram a Educação como se fosse uma grande rotunda e os professores como pacientes sujeitos a raio xis: quietinhos, não respirem, já está! É o mais generoso que se pode dizer quando se analisa o processo e a proposta de Contrato Interadministrativo de Delegação de Competências, com que pretendem pôr em prática o que é comumente designado por municipalização da Educação. O processo teve a clareza de um pântano. O documento são 28 páginas de verbo magro e matreirice gorda. Deplorável, para qualquer Administração pública decente. Adequado a um Governo a que só falta privatizar o Galo de Barcelos. Passemos a alguns factos ilustrativos da mediocridade, que todos não cabem.
Várias cláusulas da proposta de contrato são ilegais, porque desrespeitam o regime de autonomia, administração e gestão das escolas públicas, fixado em três diplomas (DL nº 75/2008, de 22 de Abril, DL nº 224/2009, de 11 de Setembro, e DL nº 137/2012, de 2 de Julho). É o caso concreto da alteração das competências dos conselhos gerais e dos directores, que só um decreto-lei poderia derrogar. O choque entre a lei e o contrato é mais gritante no caso das escolas com contratos de autonomia. Aqui, são duas portarias (a nº 265/2012 e a nº 44/2014) implodidas pela autocracia dos contratantes. [Read more…]
A armadilha
Quem siga a politiquice terá reparado no recorrente tema “presidenciais”. Guterres avança? E Marcelo? Santana acha mesmo que se esqueceram da incubadora? E aquela personagem do Batman irá a votos? Enfim, uma novela recorrentemente alimentada por PSD e PS.
Compreende-se que assim seja, já que essa é a próxima eleição. Ou não será esse o caso?
Pois o caso é, de facto, outro. A seguir teremos eleições legislativas, das quais pouco se fala, sendo a agenda mediática alimentada com uma eleição secundária neste momento.
É uma estratégia que interessa simultaneamente ao governo e ao PS. Ao primeiro para adiar a discussão do que será o próximo programa de governo e ao segundo para adiar a discussão do que será o próximo programa de governo. Ambos procuram fugir da explicitação do que será a sua futura governação, a saber, a continuação da política de mais impostos, mais cortes e mais privatizações.
E quanto menos se falar do que vão fazer mais manso andará o povo, sem que cresça espaço para uma solução Syriza por cá. Infelizmente, ainda vamos sofrer muito até que o arco do poder caia.
Agora a vida vale menos de 21 euros
Pelo menos, assim parece.
Na semana passada assistimos a um doente implorar pela sua vida porque não lhe compravam um tratamento de cerca de quarenta mil euros. Depois desta triste cena (não critico, obviamente, o senhor nem o seu desespero, acho a cena triste porque ninguém devia ter que implorar assim pela sua vida perante ninguém, muito menos perante gente que mais não é do que verme), lá se arranjou o medicamento, porque, embora o Estado deva fazer tudo para salvar vidas, mas não a todo o custo, depois do escândalo que aconteceu, seria muito mau que mais pessoas morressem sem tratamentos. Nessa altura, o valor da vida estava em menos de 42 mil euros, com oferta de um tratamento por cada paciente que não melhorasse com o referido medicamento.
Esta semana, contudo, a bolsa de valores vitais sofreu uma reviravolta e cada cabeça passa a valer menos de 21 euros. Mas não quero ser má para este governo tão simpático e cumpridor que até vai antecipar o pagamento da dívida. À custa de muita miséria e morte, mas que é isso comparado com a honradez? No caso dos doentes psiquiátricos até se percebe, afinal não são muito bons da cabeça, logo, o valor por cabeça de certeza será menor. Para além disso, poder-se-à dizer que não há um risco directo de perda de vida. Mas tratando-se de um medicamento que é administrado em situações de urgência a doentes esquizofrénicos e bipolares, não haverá realmente risco de vida do próprio e de terceiros? Ah e tal, argumenta o Infarmed, não há injectável, mas há comprimido. Ah, então pronto! E quem é que vai enfiar o comprimido na boca de um paciente descompensado em situação de urgência? Nanja eu! Pois… É impossível. Só mesmo por via intramuscular.
O que vai ser preciso para que estas pessoas tenham de novo acesso ao medicamento? Que terá um doente de fazer para fazer aumentar o valor da sua vida? Apontar uma arma ao ministro?
No meio disto tudo, o que dizer dos laboratórios? Evidentemente que eles (neste caso a Lilly) não estão isentos de culpa e deveriam ser penalizados pelo aproveitamento que fazem. É inadmissível que um medicamento aumente de 5 euros para mais de 21. As suas garras estão tão sujas de sangue quanto as dos governantes que taxam o valor da vida conforme lhes dá jeito.
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