A julgar por aquilo que se vai ouvindo e lendo em boa parte da imprensa nacional, e pelo seu reflexo mais ou menos adulterado nas redes sociais, o plano de vacinação em Portugal está a ser o maior desastre da história desde o Estado Novo. Já ouvimos dizer que é culpa do socialismo, que somos um país de terceiro mundo e que a coisa tem o dedo do Bill Gates. Se estivermos bem atentos, somos até capazes de ouvir, bem lá no fundo, alguém a sussurrar: “Venezueeeeeela”.
O Convento de Cristo, a Ordem e o Caos
Este era o estado em que se encontrava, até há poucos meses atrás, o túmulo do fundador da Ordem de Cristo, D. Dinis, plantador de naus a haver, o grande Rei Lavrador, Espírito maior da História e do Universalismo de Portugal.
Quando pontual faz lembrar irrevogável
Tal como irrevogável foi o adjectivo escolhido por Paulo Portas para caracterizar a sua demissão, é lógico que Nuno Crato use “pontual” para classificar cada um dos vários problemas que continuam a ocorrer neste princípio de ano lectivo.
O problema de Crato não é a incompetência. Sobre Educação e escolas nada sabe e nada quer saber, do mesmo modo, afinal, que um assassino contratado não pode sentir pena das vítimas, sob pena de não conseguir assassinar, quebrando, desse modo, os compromissos assumidos.
Não é bonito encher um texto com hiperligações, mas não é possível ignorar o caos lançado sobre as escolas por um ministro que é tão sério como pontuais são os inúmeros casos que afectam a vida de alunos, pais e escolas. Há para todos os gostos: falta de professores e de funcionários, alunos sem aulas, manuais surpreendentemente desactualizados, tudo razões suficientes para que um ministro sentisse vergonha ou fosse demitido.
Novos manuais de Matemática e de Português lançam caos nas escolas
Mais de mil alunos de Tavira sem aulas por falta de resposta da tutela
Maior escola básica de Palmela fechada por falta de pessoal auxiliar
Mais de 500 turmas do 1º ciclo ainda sem aulas
Escolas recorrem a plano de substituição para ocupar alunos
Escolas: “Faltam preencher 1991 horários”
Maioria das escolas sem professores está na região de Lisboa
Nuno Crato não sabe o que é um ano lectivo
Não saber o que é um ano lectivo corresponde, na prática, a uma condição sine qua non para se ser Ministro da Educação em Portugal. Nisso, como em muita outras coisas, Nuno Crato tem-se mostrado à altura do cargo, não destoando dos seus antecessores.
Tentarei, de forma sumária e simples, ajudar os próximos ministros a perceber este conceito tão espantosamente simples.
Em primeiro lugar, é importante perceber que se trata de um período. Foi por isso que o inventor do conceito resolveu usar a palavra “ano”. Concedo, ainda assim, que a dificuldade do ministro não esteja neste termo. Talvez o problema esteja em “lectivo”, que os adjectivos são palavras terríveis.
Uma consulta a qualquer dicionário ajudará Nuno Crato a perceber que o adjectivo é equivalente a escolar. Poderemos, assim, concluir que “ano lectivo” se refere a um período em que há aulas. [Read more…]
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