Logo agora que a torneira do Estado fechou

o Novo Banco começou a dar lucro. 561 milhões em 2022. E tu, acreditas em bruxas?

Velho Banco

O Novo Banco, conta-nos Diogo Cavaleiro, no Expresso, irá amanhã anunciar ao país, pela primeiríssima vez, um ano de lucros. É verdade, lucros. Lucros! Depois de viver toda a sua existência a empreender com o nosso dinheiro, o Novo Banco começou a dar dinheiro. E são milhões, senhoras e senhores, milhões!

E quanto destes lucros nos será devolvido?

Bolha. Não há nada para devolver. Foi tudo a fundo perdido.

E o que é que o Novo Banco vai fazer?

Vai pedir mais 200 milhões ao Fundo de Resolução, que também é nosso, e de onde já saiu para cima de uma TAP, só em mesadas para o Novo Banco, que mais parece o velho, do outro senhor que parece que ficou doente. Dizem que vai ser tratado na Sardenha, mas só lá para o Verão.

À custa das nossas possibilidades

NB

Ricardo Araújo Pereira sintetizou o embuste na perfeição, numa das últimas edições do Governo Sombra: imaginem que eu tenho um quilo de maçãs, que me custou 2€, e vendo-o a uma pessoa, que eu não sei quem é, por 1€. E essa pessoa diz-me assim “tens 1€ que me emprestes?”, para me pagar o euro. Eu empresto, e depois peço ao fundo de resolução o euro que falta.

Não, não é nada estranho. Acontece todos os dias, em todo o lado onde o capitalismo é quem mais ordena. Desta vez soube-se, porque, convenhamos, o Novo Banco é um banco em decadência, desde a sua criação, e há muito dinheiro dos cofres públicos que se perdeu por lá, para não falar no Salgado, no Sócrates e nos restantes indivíduos que pilharam o GES, depois do GES ter pilhado meio mundo. E quando estamos a falar de pessoas e entidades caídas em desgraça, a coragem dos holofotes mediáticos tende a aumenta substancialmente. [Read more…]

Viver acima das possibilidades é a senhora vossa mãe!

 

O Novo Banco perdoou uma dívida de 25 milhões de euros à Clínica Maló. O Estado emprestou 850 milhões de euros ao Fundo de Resolução para a injeção de 1.149 milhões de euros no Novo Banco. Pelo meio, há umas histórias que ainda incluem Joe Berardo e Luís Filipe Vieira, entre outros.

Um banco não é menos do que uma pessoa, penso eu, e será, no mínimo, um animal. Não sei se o PAN incluirá os bancos nas pessoas ou nos animais, mas acredito que uma instituição constituída por pessoas (não sei se haverá instituições sem pessoas, mas isso agora não interessa nada) terá sempre qualquer coisa de humano, o que pode não ser bom, porque os humanos estão cheios de doenças. Um banco poderá estar abrangido, portanto, pelos direitos humanos, que um banco também é gente.

Se uma pessoa, mesmo que seja gente, tiver uma dívida, está em condições de perdoar, por sua vez, a um devedor? Imagine o leitor que emprestou uma quantia a um amigo ou a um conhecido (não sei bem se um banco poderá ser amigo de alguém, mas terá conhecimentos, será conhecido) e que esse amigo ou conhecido, não tendo ainda pago o que lhe deve, lhe diz qualquer coisa como “Aqui há tempos, emprestei uns dinheiros a Fulano, mas como o gajo andava um bocado à rasca, perdoei-lhe parte da dívida.” Algumas pessoas são assim; têm um vocabulário limitado, é verdade, ficam-se por um pedestre “gajo” ou um subterrâneo “à rasca”. Os bancos não são melhores, são só pessoas. [Read more…]

Uma história de TERROR!

bes

Carlos Paz

BES / NovoBanco – Algo está PROFUNDAMENTE ERRADO!
Não pode ser SÓ incompetência. Não é possível!

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Para percebermos um pouco do que se está a passar (é impossível perceber tudo – é tão mau que não existe NENHUMA explicação plausível, aceitável, credível, etc…) vale a pena revisitarmos um pouco a história de tudo o que se passou:

A – Período BES/GES

1) Sob a direção de Ricardo Salgado, José Maria Ricciardi, José Manuel Espírito Santo, Ricardo Abecassis, Fernando Manuel Espírito Santo, Manuel Fernando Espírito Santo, António Ricciardi, Pedro Mosqueira do Amaral e Amílcar Morais Pires, entre outros, o Grupo Espírito Santo (GES) fez uma gestão de tal forma desastrada de todos os seus investimentos que entrou em processo de colapso financeiro;
2) O referido colapso financeiro foi sendo escondido ao longo dos anos através de uma série de operações que drenaram os fundos do BES para o GES;
3) Este processo correu SEMPRE sem que a supervisão do Banco de Portugal (BdP), dirigida primeiro por Vitor Constâncio e depois por Carlos Costa, se apercebesse do que quer que seja daquilo que se estava a passar (desvios massivos de dinheiro do BES e dos seus Clientes para esconder os PÉSSIMOS resultados de Gestão do GES);
4) Depois de totalmente destruído o GES, o BES estava perto da falência, numa altura em que todos no mercado falavam disso (auditores, jornalistas, comentadores, etc…), MENOS o regulador/supervisor (Carlos Costa e o seu BdP);
5) Em último estertor os supracitados gestores do GES/BES, com a anuência de Carlos Costa e do BdP, promoveram um processo de aumento de capital do BES – recordemos que Banco estava tecnicamente falido, mas estava a ser protegido pela INCOMPETÊNCIA (para bem da nossa sanidade mental coletiva enquanto Nação, vamos acreditar que nessa época os atos e as decisões decorreram SÓ de pura incompetência) de regulação e supervisão do BdP;
6) Este processo de aumento de capital de um Banco que estava FALIDO teve o alto patrocínio do Banco de Portugal (de Carlos Costa), da CMVM (de Carlos Tavares), do poder político (Cavaco Silva e Maria Luis Albuquerque) e de diversos jornalistas e comentadores (como Marcelo Rebelo de Sousa, amigo e visita de casa da “família”);
7) Nesta altura Carlos Costa (e o BdP) já se tinha apercebido de indícios de Gestão Danosa no BES (em favor do GES e de amigos) mas não tinha coragem para afastar Ricardo Salgado e a sua clique da Administração do Banco – nessa altura Carlos Costa pede (e paga com o NOSSO dinheiro) diversos pareceres jurídicos para provarem que NÃO podia afastar Ricardo Salgado, tendo no entanto a maioria dos jurisconsultos consultados optado por referir que Carlos Costa, se quisesse, podia MESMO afastar Ricardo Salgado;
8) A Administração do BES apercebeu-se que já NADA seria possível fazer para salvar o Banco (BES) tendo havido alguém (ainda se espera um esclarecimento das autoridades judiciais) que promoveu uma imensa purga de fundos, numa única semana, que arruinou definitivamente o Banco;
9) Apercebendo-se tarde, demasiado tarde, do ENORME problema que tinha entre mãos, Carlos Costa afasta finalmente Ricardo Salgado que nomeia para seu substituto o seu próprio braço direito (Amilcar Morais Pires, Administrador Financeiro do BES) que estava envolvido em TODO o processo e, aparentemente (continuamos a aguardar esclarecimentos das autoridades judiciais), em TODAS as decisões;
10) O Banco entra numa espiral negativa e no final da semana fatídica da purga de fundos (nunca esclarecida pelas autoridades judiciais), Carlos Costa é finalmente obrigado a agir (o BdP já não podia continuar a fingir que não percebia o que se estava a passar);
11) Carlos Costa que tinha feito parte da equipa de Durão Barroso em Bruxelas, recorre às autoridades Europeias e promove a montagem, com o patrocínio (ou o comando, nunca o saberemos) da Comissão Europeia e do BCE, de uma operação de “resolução bancária” para o BES;
12) Convém aqui recordar que, apesar de ser este o modelo definido pela TROIKA para os problemas dos Bancos Europeus, este tipo de solução foi ensaiada no BES e NUNCA mais voltou a ser usada em lado nenhum da Europa (mesmo no BANIF em que o “nome” foi o mesmo, a operação foi muito distinta). [Read more…]

E você, também acredita que o prejuízo da venda do Novo Banco não sairá do seu bolso?

Se acredita não fique alarmado. Anda por aí muito boa gente que acredita no Pai Natal, na inocência de José Sócrates ou na justiça portuguesa. Mas factos são factos, independentemente do que digam as Marias Luís Albuquerques desta vida. Quando um banco rebenta, você paga, não bufa (ou bufa um pouquinho vá lá) e nem se chateia muito com isso. Se chateasse não continuava a votar naqueles que resgatam bancos com o seu dinheiro. Isto no caso de integrar o lote, cada vez mais pequeno, da maioria da população que continua a votar no bloco central que resgata banqueiros.  [Read more…]

Serão senis ou tomam-nos a todos por otários?

Lisboa, 30/07/2013 - Maria Luís Albuquerque, ministra de Estado e das Finanças, foi ouvida esta tarde na comissão Parlamentar de Inquérito à celebração de Contratos de Gestão de Risco Financeiro por Empresas do Sector Público para esclarecimentos sobre os swaps, na Assembleia da República em Lisboa. ( Steven Governo / Global Imagens )

Vamos lá escrever isto com cuidado não me vá aparecer um troglodita em fúria pela frente: o ser que surge na foto afirmou ontem, sem rodeios nem meias palavras, que reitera o que sempre disse: que os “contribuintes não serão chamados para cobrir prejuízo. Da venda do fabuloso banco bom pois claro!

Assim de repente vêm-me à cabeça Teixeira dos Santos a garantir ao país que o BPN não ia custar um euro aos contribuintes. Ou Cavaco Silva a afirmar que os portugueses podiam confiar no BES, para poucos dias depois se indignar com uma jornalista que o confrontou com essas declarações, afirmando não as ter feito. Confesso que no segundo caso estou mais inclinado para a senilidade.

Agora temos esta personagem, tímida aspirante a líder do PSD e ao cargo de chefe do governo, que não aparenta estar senil mas que parece tomar-nos a todos por otários. Vamos lá ver se nos entendemos: se houver prejuízo – e nesta fase só mesmo quem se deixa adormecer com contos de crianças para embalar jotas é que poderá acreditar em tal patranha – uma parte dessa factura sai do nosso bolso. O Fundo de Resolução tem como maior “accionista” a CGD, um banco público que irá registar perdas que, por ser uma instituição pública, são perdas de todos os portugueses. Tão simples quanto isto. Até Pedro Passos Coelho admitiu que esta solução pode gerar encargos para os contribuintes. Mas a mulher está parva ou quê?

Resta-nos cruzar os dedos para que esta inevitabilidade não seja apenas a ponta do icebergue.

Foto@Dinheiro Vivo

Com o bloco central quem paga é você!

tax payers banks

José Ramalho, vice-presidente do Banco de Portugal, a entidade supervisora que não supervisiona coisa nenhuma, disse ontem na comissão de inquérito do BES que seriam os bancos a pagar a factura do Novo Banco. Muitos contribuintes respiram de alívio ao ouvir estas palavras, pois não percebem que a Caixa Geral de Depósitos também é um banco, que por sinal é público e como tal de todos nós. Outros percebem isso mas esquecem-se que a contribuição de cada banco para o fundo de resolução é proporcional à sua quota de mercado e a CGD, nem de propósito, é quem tem a maior. Fica o lembrete. Seja o PS, seja o PSD, seja o BPN ou o BES, quem paga a factura, de uma maneira ou de outra, é sempre o mesmo. Sim meu caro, é você. Mas não se preocupe que o Sócrates está preso na cela nº44 e comeu cozido à portuguesa ao jantar. Se o Sócrates está preso é porque está tudo bem.