Cecília Meireles: meltdown em directo na SIC

Cecília Meireles, como qualquer político profissional com uma longa carreira parlamentar, terá as suas clientelas. A grande distribuição, ao que tudo indica, será uma delas. Não vejo outra explicação para o meltdown a que se assistiu na SIC Notícias, em debate com Mariana Mortágua sobre a inflação artificial que alguns hipermercados estão a impor aos seus clientes.

No início desta montagem, temos uma Cecília Meireles cheia de certezas. E grita, como nunca a tinha visto, em defesa dos lucros da grande distribuição. Chega a ser comovente, tanta convicção, e uma pessoa até fica com a sensação de haver no horizonte um qualquer lugar num conselho de administração. [Read more…]

PSD e PS ou o festival das falsas equivalências

Já se sabe que o Chega é um conjunto heteróclito de descontentes e/ou de oportunistas que, independentemente de tudo, não apreciam o jogo democrático e nem sequer o disfarçam, grunhindo ameaças sob a capa de uma alegada frontalidade politicamente incorrecta que é só vontade de bater em quem tem ideias contrárias.

Os melhores amigos da cheganada estão no Partido Social talvez Democrata e no Partido dito Socialista. As últimas letras das siglas parecem andar a perder força. O PSD continua a namorar o Chega, não vá dar-se o caso de os dois copularem e conceberem maioria; o PS continua a viver dos rendimentos que o namoro dos outros lhe proporciona, esvaziando uma esquerda que não sabe por onde subir.

Miguel Pinto Luz, vice-presidente do PSD, esteve na convenção do Chega e sentiu-se na obrigação de se justificar. Foi fácil: disse que o Chega estava para a direita como o Bloco de Esquerda estava para a esquerda, uma gente radical e barulhenta. Antevê-se o milagre: o PS aliou-se com o Chega de esquerda? O PSD aliar-se-á com o Bloco de direita.

António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar, apresentou no Parlamento um país que parece estar melhor do que as pessoas (nota-se aqui um aroma a Montenegro?). Quando Mariana Mortágua criticou a ausência dos problemas salariais no discurso do ministro, este acusou-a de ser retrógrada, inimiga das tecnologias, no exercício velhinho de confundir alhos com bugalhos. [Read more…]

“Não há graça que não faça o FMI”

Bartoon, de Luís Afonso, no jornal Público.

Durão Barroso, especialista em invasões

Se eu estiver enganado, por favor, corrigi-me, mas o Durão Barroso não apareceu aqui há dias a comentar a invasão russa? Faz todo o sentido – Durão sabe o que é estar ao lado de gente igual ao Putin, gente que inventa pretextos para invasões, guerras que nunca deveriam ter começado, como a maior parte das guerras.

Antes que alguém se distraia (e mesmo assim, nunca irei a tempo de prever todas as distracções), verberar a invasão do Iraque está muito longe de corresponder a elogiar Saddam, o que serve para levar uma pessoa a pensar que, por vezes, é muito difícil escolher um lado, porque há gente odiosa de ambos os dois ou ambos os três ou ambos muitos. Mais uma nota para os distraídos: no caso da Ucrânia, é muito fácil, para já, escolher um lado. Depois, logo se vê, ainda que o Putin já não vá a tempo de se redimir, mesmo se o Ocidente que o condena tenha andado a alimentá-lo durante muitos anos, fechando os olhos com muita força, enquanto estendia a mão, era uma moeda para o ceguinho, por favor. [Read more…]

Reposição

No passado dia onze de Março, aqui no Aventar, o colega Fernando Moreira de Sá publicou “Mariana Mortágua: Um pedido de desculpas aos leitores”, onde pede desculpa por, num texto anterior, ter suposto que Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, envolta em polémica, desconheceria a lei que estaria a quebrar, como afirmou publicamente, pois “a deputada Mariana Mortágua foi uma das subscritoras da lei em causa”. Sobre isso, não sei, não fiz esse trabalho de casa, até para não me/vos enganar. Deixo para o Fernando.

O que sei é que, no texto escrito pelo colega Moreira de Sá, é apresentado como sustentação do que é afirmado, o Projecto de Lei 768/XII/4, projecto esse que, sim, foi da autoria do Bloco (e, como tal, com a ajuda da Mortágua má). No entanto, esse Projecto de Lei 768/XII/4 foi rejeitado na Assembleia da República, na votação na generalidade, com os votos contra de PS, PSD e CDS-PP. A bem da Justiça, fica corrigido o erro.

Mariana Mortágua errou. Aparentemente, já corrigiu o erro.

Fernando Moreira de Sá errou. Não chegou a corrigir o erro, mas cá estou também para ajudar.

As minhas desculpas aos leitores pela confusão.

O caso Mortágua

está na moda e passará de moda, como passou o caso Fazenda: «ficarmos com três grafias é absolutamente insustentável, não faz sentido nenhum, é de uma ilogicidade total».

Mariana Mortágua: Um pedido de desculpas aos leitores

Ontem errei. Escrevi um texto com o título: Mariana Mortágua, a moral e a Lei entram num bar…. e, sem saber, induzi em erro os leitores. Passo a explicar:

Dei a entender que a deputada em causa desconhecia a Lei. E com isso, erradamente, desculpei-a em parte. Acontece que fiquei a saber hoje de um dado que desconhecia: a deputada Mariana Mortágua foi uma das subscritoras da lei em causa. Não tendo, por isso mesmo, qualquer desculpa para não a ter cumprido. Pelo meu erro, mesmo tendo sido involuntário, peço desculpas aos leitores e ao Aventar.

Mariana Mortágua, a moral e a Lei entram num bar….

Foi paga durante meses pelo comentário televisivo, o que é incompatível com a sua exclusividade parlamentar. A bloquista esclarece que não se apercebeu da regra e, depois de contactada pela SÁBADO, pediu para devolver os 10% que recebeu a mais. E agora vai abdicar do salário na SIC Notícias.

A deputada Mariana Mortágua foi apanhada em falso. Não sei se é a primeira vez. Até admito, sinceramente, que não soubesse da alteração legal. Quem nunca? Eu já fui multado por desconhecimento. Acontece.

O problema é outro. A deputada Mariana Mortágua, e muito bem, não perdoa deslizes a ninguém. Sejam eles poderosos ou meros adversários políticos. Por isso, perante a situação deveria ter pedido desculpas. Não o fez. Ainda. Pode vir a fazê-lo entretanto. Também mudou de alinhamento na questão da Ucrânia e não lhe caíram os parentes na lama. Agora, que não venha com a sua costumeira superioridade moral. Violou a Lei. Eu até penso que perante o que fez, após a denúncia da revista Sábado (corrigiu, acertou contas) está, para mim, o caso resolvido. Mesmo sabendo que a ignorância da Lei não aproveita a ninguém.

Será que aprendeu a lição? É que para ela, quando toca aos seus opositores políticos, eles não violam a lei, são logo corruptos. E o estilo desta deputada, uma espécie de guardiã da moralidade, ficou bastante manchado em tudo isto.

 

 

Markos Leivikov: o oligarca preferido do jet set português

Já passaram dez anos, desde aquele réveillon em Cascais, marcado pelos diamantes e pela boa disposição. O anfitrião, proprietário do chiquérrimo Farol Design Hotel, era Markos Leivikov (na foto, à esquerda), oligarca russo com ligação directa a Putin e a outros oligarcas da rede de crime organizado dirigida a partir do Kremlin.

Não surpreende, esta proximidade entre Leivikov e o jet set português, também ele repleto de tios e tias, maridos e mulheres dos oligarcas locais, pendurados nos negócios do Estado e nas mais variadas formas de corrupção e tráfico de influências. Fazem parte do mesmo habitat natural. Leivikov, no fundo, é aquele animal selvagem, proveniente de um destino longínquo para dar um toque de exotismo ao zoológico da cleptocracia nacional, e ser admirado pela corte de percevejos eco-chiques da Comporta, agora que os oligarcas angolanos estão em vias de extinção.

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Marco Galinha, Mariana Mortágua, a oligarquia russa e o tablóide Tal & Qual

Marco Galinha, proprietário do Grupo Bel, que detém a Global Média (DN, JN e TSF), tem estado nas bocas do mundo pela sua ligação a Markus Leivikov, oligarca russo com vários investimentos em Portugal, sócio e sogro do tubarão da comunicação social portuguesa.

As ligações de Leivikov ao regime cleptocrata de Putin e a outros oligarcas são já bastante conhecidas, e foram alvo de análise na RTP, no programa A Prova dos Factos, não deixando grande margem para dúvidas, pese embora o negacionismo de Marco Galinha, quando confrontado com a natureza sombria do enorme património do seu sogro e sócio, com ligações estreitas à cúpula do regime russo.

Mariana Mortágua, o maior pesadelo da elite financeira e empresarial versada na trafulhice, foi quem denunciou a ligação de Marco Galinha a Markus Leivikov. Meteu o dedo na ferida e afrontou o big shot, como é seu costume. Poucos dias depois, no tablóide Tal & Qual, Mortágua é acusada de, e cito, “Só depois de a avença ter sido suspensa se lembrou de atacar quem lhe paga…” referindo-se a condição de colunista do JN da deputada do BE.

Mas o que tem o tablóide renascido das cinzas a ver com esta trama, se nem faz parte do império de Marco Galinha?

Nada de mais. Apenas o facto de Marco Galinha ter feito tudo para que o Tal & Qual voltasse a ver a luz do dia, como nos permite concluir a publicação em baixo, de José Paulo Fernandes-Fafe, jornalista ligado ao tablóide desde os seus primórdios, que volta a integrar a equipa após a ressurreição do título. E o tablóide, ao contrário daquilo que acusa Mariana Mortágua, não ataca quem lhe paga. Opta antes por fazer o frete, com honras de capa, como se de um grande acontecimento se tratasse.

Curiosamente, vemos na mesma capa André Ventura em grande destaque, por uma alegada e não provada tampa que terá dado a Vladimir Putin, o que não deixa também de ser curioso, ou não tivesse Marco Galinha assumido querer mais espaço para o CH – do qual o seu irmão é militante activo e bem relacionado – nos títulos da Global Media. Uma coincidência, seguramente. Sobre essa e outras coincidências, vale a pena ler o Miguel Carvalho, na Visão.

E ainda há quem ache que é a esquerda que controla a imprensa deste país. Yeah right…

A hipocrisia não escolhe lado

Quem assistiu ao debate (Linhas Vermelhas) entre Adolfo Mesquita Nunes e Mariana Mortágua fica a perceber uma coisa muito simples: a hipocrisia não escolhe lado.

Como justifica Mariana Mortágua os seus ziguezagues na invasão da Ucrânia? Com os ziguezagues das posições de Mesquita Nunes. Ou seja, o passado deste como governante e a forma como tratou a Rússia não faz dele a pessoa ideal para esta discussão. O que Mariana Mortágua dizia até há três semanas e antes, não faz dela a melhor pessoa para entrar nesta discussão.

Estão bons um para o outro.

 

O novelo ou A novela

Vamos fazer as contas.

1 – Mariana Mortágua, do BE, expõe ligações de Marco Galinha, dono da Global Media, ao regime russo;

2 – Joana Petiz, sub-directora do DN, do grupo Global Media, escreve um editorial onde mente três vezes acerca do Bloco de Esquerda, sendo obrigada a retractar-se, no mesmo dia;

3 – Marco Galinha desmente ligações ao regime russo;

4 – O semanário NOVO lança uma capa mentirosa sobre Mariana Mortágua, afirmando que, na origem das denúncias da deputada, está a cessação dos pagamentos a Mariana Mortágua, que escreve no JN (da Global Media) desde 2015;

5 – Mariana Mortágua desmente a capa do semanário NOVO, acrescentando que sempre foi paga pelas suas crónicas no JN, nunca tendo deixado de o ser;

6 – André Ventura, líder da extrema-direita, embarca nas mentiras e partilha as notícias como se fossem verdadeiras;

7 – José Belo, do grupo BEL, irmão de Marco Galinha, é militante do Chega;

8 – RTP diz que, apesar do desmentido por parte do presidente da Global Media, há mesmo ligações ao regime russo;

9 – A mentira tem perna curta;

10 – Vejam o programa “A Prova dos Factos”, hoje a seguir ao Telejornal, na RTP1.

Depois do mau resultado do Bloco nas últimas Legislativas, a campanha negra está em curso. Empresários, munidos da sua teia de influências, tentam conspurcar o BE usando a calúnia e a mentira.

Cá estaremos.

Um mais um ainda é igual a dois?

Mariana Mortágua mostra ligações do dono da Global Media a oligarca russo

O editorial mentiroso do DN (que pertence à Global Media), assinado por Joana Petiz, começa a fazer sentido.

Fotografia: Duarte Roriz

Conversas vadias 13

A décima terceira edição das “Conversas vadias”, andou à volta de cabras, cabritos e cabritas, Sporting, festa, tesão, Palestina, polícia, tomates, F. C. Porto, final da liga dos campeões europeus, Amorim, Benfica, Luís Filipe Vieira, audição parlamentar (ou para lamentar?…), João Cotrim Figueiredo, Iniciativa Liberal, soundbite, Mariana Mortágua, Paulo Querido, João Galamba, Twitter, Fátima, lenços brancos, Jesus, Maria João Abreu, carpe diem, Branca de Neve, Marretas, Astérix, Fausto, U2 e museus.

Quando aos vadios: António Fernando Nabais, Fernando Moreira e José Mário Teixeira.

Conversas Vadias
Conversas Vadias
Conversas vadias 13







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É tudo muito liberal, mas…

… quando o assunto é o capital, a coisa muda de figura.

A prestação do deputado João Cotrim Figueiredo, da Iniciativa Liberal, durante a sessão de inquérito de ontem, em que foi ouvido Luís Filipe Vieira, para mim não foi uma desilusão. Porquanto, só se desilude quem iludido está.

Antes, foi uma confirmação do que eu penso da Iniciativa Liberal: “vinho novo em odres velhos”.

Por isso, quanto ao que aconteceu ontem na audição parlamentar de Luís Filipe Vieira a instâncias de João Cotrim Figueiredo, eu até poderei ser suspeito para falar do deputado da Iniciativa Liberal.

Mas, o nosso Fernando Moreira de Sá, não

Aquela tentativa, a que o nosso Francisco Salvador Figueiredo chama de momento de humor, por parte de João Cotrim Figueiredo, ao dizer “Nesta segunda ronda vou aproveitar para fazer a segunda pergunta que os portugueses mais querem saber, sendo que obviamente a primeira é saber como é que se gasta 100 milhões numa época e se fica em terceiro“, foi infeliz, mas propositada.

Enquanto português, por mim, o Benfica até pode gastar 500 milhões e ficar em último: desde que nenhum desse dinheiro saia do meu bolso ou do Orçamento do Estado, é-me totalmente indiferente.

Falo por mim, sabendo que falo, também, o que muitos outros portugueses pensam. Incluindo liberais, que defendem que tal matéria diz respeito aos privados e não ao Estado.

A questão é que com essa espécie de humor, João Cotrim Figueiredo acabou por brincar numa audição de uma comissão de inquérito, que visa, também, apurar quem e como enriqueceu à custa do empobrecimento de um povo. E, quando a Iniciativa Liberal, tanto apregoa moralismo sobre como se gasta ou deve gastar o dinheiro público.

Então, qual foi o propósito de  João Cotrim Figueiredo, ao brincar com um assunto grave e num momento sério, e que deveria ser caro à Iniciativa Liberal?

Não tenhamos ilusões: para conseguir mais um “soundbite”.

Porque, no fim de contas, é a isso que a Iniciativa Liberal se resume: cartazes e “soundbites”.

Mas, não pode brincar com coisas sérias? [Read more…]

Duarte Marques, o cúmplice acusador

Por uma vez, concordo com Duarte Marques, especialmente porque, sem se aperceber (Duarte Marques nunca desilude), o pobre está a fazer, em parte, uma autocrítica: o Serviço Nacional de Saúde está a piorar progressivamente devido às políticas deste governo, que se limita a prosseguir o trabalho iniciado por José Sócrates e continuadas entusiasticamente por um Passos Coelho que se orgulhou de ir além da troika.

Duarte Marques integra um centrão que, graças a uma escoliose política, está, há anos, inclinado para uma direita que se apoderou do Estado para o esvaziar, entregando-o a amigos do privado e privando os cidadãos de serviços mínimos de qualidade, na Saúde ou na Educação. No seu último texto para o Expresso, atribui a falta de condições dos hospitais (de que PSD e CDS são co-responsáveis) à reposição de salários, esquecendo, convenientemente, os muitos desvarios em que participaram vários amigos e aparentes adversários que têm dividido o bolo público em benefício de poucos.

Leia-se, entretanto, o texto de Mariana Mortágua, a propósito deste mesmo tema, mesmo sabendo que, segundo Duarte Marques, o Bloco de Esquerda tenha contribuído para a ocultação do que se está a passar no SNS, confirmando-se a incompetência do BE, tendo em conta que os problemas estão  a ser abundantemente divulgados (mas, lá está!, Duarte Marques nunca desilude). Ao surpreendente deputado, por ser cúmplice de tudo o que se está a passar, recomenda-se o mesmo tratamento que um certo médico prescreveu a um paciente.

António Costa tem de explicar

Completamente de acordo com a grande Mariana Mortágua e com essa criaturinha adorável que dá pelo nome de João Galamba. As provisões do Banco de Portugal devem estar ao serviço das políticas públicas.
Agora que o Grupo de Trabalho fez o seu (excelente) trabalho, cabe ao primeiro-ministro António Costa explicar se concorda ou não com as suas conclusões: as provisões, a reestruturação da dívida, etc.
É que, se não concordar, tem de explicar por que razão é contra um conjunto de soluções que reduz a dívida pública para cerca de 90% do PIB. E se for contra, terá de arcar com as responsabilidades da sua decisão.

Menos demagogia, sff.

Um artigo de Mariana Mortágua, que desmonta a propaganda barata de Passos Coelho.

Que se explique Passos Coelho*
Querem deitar a mão às reservas do Banco de Portugal para rapar o fundo ao tacho“. Foi assim que Passos Coelho se referiu à proposta do Grupo de Trabalho sobre a Dívida Pública para reduzir os futuros acréscimos de novas provisões do Banco de Portugal (BdP).

Pode ser que Passos não saiba do que está a falar, mas o mais provável é que esteja deliberadamente a recorrer a demagogia barata e desinformada para tirar ganhos políticos do medo que procura criar nas pessoas.

A matéria é complexa, mas vale a ipena ser explicada. [Read more…]

A conspiração de Paula Teixeira da Cruz

A falta de “verdade democrática”, seja lá o que a senhora quis dizer com isso, deve ser combatida. Afinal de contas, se falta verdade, é porque alguém nos anda a mentir. Mas não é com sugestões de conluio entre Ricardo Salgado e Mariana Mortágua que a coisa lá vai. Tal como não vai lá com manipulação de dados sobre a pedofilia ou com a utilização de funcionários públicos para fins eleitorais. Mas é sempre interessante ver Paula Teixeira da Cruz dar estas belas lições de disparate e parvoíce no hemiciclo. Poucas intervenções são tão representativas do estado a que chegou o PSD.

Sim, é preciso perder a vergonha de lutar por mais justiça social

imposto

Mariana Mortágua ainda é, por estes dias, o fetiche da direita radical, da imprensa e dos cronistas afectos à direita radical, do incansável e dissimulado ministério da propaganda, dos ayatollahs do fundamentalismo neoliberal e de personagens trampolineiras que aproveitaram a deixa para longos textos sentimentais e hipócritas que emocionaram umas quantas tias do social um pouco por todo o país. Todos lamentam, a uma só voz, a ameaça soviética presente nas palavras da dirigente bloquista. As elites, assustadíssimas, preparam a fuga de capitais. Os investidores externos, em pânico, riscaram Portugal do mapa. Seria justo que todos os jogos da próxima jornada da Liga Portuguesa começassem com um minuto de silêncio em memória dos políticos falecidos e devassados pelo arquitecto Saraiva das vítimas deste ataque cruel. [Read more…]

Carta do Canadá – Pesada herança

A tempestade arruaceira que os dirigentes do PSD e do CDS fizeram por causa das declarações de Mariana Mortágua no último congresso do PS, merecem ser analisadas.

Gritar histericamente que com essas declarações regressavam os tempos do estalinismo e o assalto à propriedade privada é, em 2016, mais do que despropositado: é estúpido. Mais estúpido ainda porque os autores da balela sabem muito bem que não é assim e estão a usar uma arma de arremesso salazarista que, como foi provado em 1974, não funciona. O comunismo, o fascismo, o nazismo, não se evitam com atoardas para amedrontar. Evitam-se com governação séria, competente e transparente que garanta aos cidadãos liberdade de expressão e reunião, igualdade perante a lei, direito a habitação, saúde, trabalho, ensino e apoio social em caso de fatalidade, assim como uma digna representação do  país no mundo e respeito por todo e qualquer cidadão. Governações injustas é que dão origem a extremismos de má memória.

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Sobre a ameaça da tributação soviética

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Paulo Baldaia, esse perigoso marxista-leninista, expõe, com clareza, a forma como a opinião pública tem sido manipulada no seguimento das polémicas declarações de Mariana Mortágua. Vale a pena ler o artigo na íntegra.

Revista Sábado em versão Correio da Manhã

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Nem vou perder tempo com a forma reles e baixa como a revista Sábado procura transformar as declarações da Mariana Mortágua num ataque a quem poupa, como se as mesmas visassem o comum dos mortais que, ao longo de uma vida de trabalho, acumulou um pequeno pé-de-meia. Só quem está nisto de má-fé pode afirmar tal barbaridade. Mas usar o pai da deputada do BE para justificar este pseudo-argumento, como se Mariana Mortágua fosse responsável por aquilo que o pai fez ou deixou de fazer, está ao nível do mais tóxico esgoto jornalístico. Isto sim, é deprimente. E perigoso.

Imagem via Os truques da imprensa portuguesa

O saque

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Habitam em Portugal cerca de 10 milhões de portugueses, dos quais perto de 44 mil, 0,44% da população portanto, serão abrangidos pelo perigoso e totalitário imposto da comandante-ministra-das-finanças-sombra-fetiche-da-direita-radical-trotskista-leninista-chavista Mariana Mortágua, que segundo uma série de fanáticos da seita neoliberal, coadjuvados por um pequeno exército de indivíduos que, nas redes sociais, espalha o pânico e a indignação com histórias emocionantes que parecem retiradas da revista Maria, manipulando, sabe-se lá a mando de quem, alguns milhares de portugueses, será o fim do rectângulo à beira-mar plantado. Porquê? Ninguém sabe. Deve ser pelo mesmo motivo que os juros da dívida não parariam de subir, que o desemprego não pararia de aumentar, que a UE aplicaria sanções a Portugal, que o défice haveria de subir para os 6 ou 7% ou que as agências de rating não perdoariam as heresias da Geringonça. Não há seitas sem profecias da desgraça. O suicídio colectivo, já terá data marcada? Já se faz tarde. [Read more…]

Ao cuidado dos camaradas do PSD

psd

Faz ou não faz sentido, perante os valores da social-democracia, que aqueles que têm rendimentos mais elevados, tenham de ter, em cima de todos os impostos que já pagam, nomeadamente do IRS, uma taxa de solidariedade adicional? Eu acho que faz sentido. Como faz sentido aqueles, que tinham activos imobiliários acima e um milhão de euros, que têm uma tributação agravada por causa disso. É ou não é um bom princípio social-democrata, de dizer a todos os portugueses, que podemos isentar, ou podemos aliviar, o esforço que poderia ser pedido àqueles que têm menos, pedindo um contributo adicional àqueles que têm mais? Eu orgulho-me disso.

Pedro Passos Coelho, num longínquo comício em 2014.

Imagem e video confiscados à Geringonça

Partir a esquerda

Esta súbita enxurrada de “notícias” e posts sobre Mariana Mortágua comandar o PS não é acidental. É a óbvia tentativa de provocar fricções no PS e no PCP, como tábua de salvação face ao Diabo que teima em não chegar – e o fim do mês está à porta.

Há de facto um pequeno partido que mandou no partido maior. Foi o CDS do Portas, com a sua demissão irrevogável, que condicionou todo o plano político do PSD em 2013. Talvez seja por isso que Cristas e companhia, tendo-se olhando ao espelho, procuram nos outros os sinais que viram em si mesmos faz pouco tempo.

Não estou lá, nos partidos da Geringonça, para saber se a Mariana manda. Do que vejo, não encontro sinais disso. Mas que importa isso, se se acabou de construir um spin tão bom?

A propósito do mais recente êxito do liberalismo pró-subsídio(-dependente)

Já tem uns dias, mas é tão certeiro que dói:

A conclusão de Marques Mendes é simples: as escolas privadas são por natureza melhores (“não é por acaso que nos rankings as escolas públicas vêm todas cá para baixo”) e o corte do financiamento público deixará o acesso à melhor educação apenas ao alcance dos ricos. Se a referência aos rankings reduz ao absurdo a defesa do indefensável, o exemplo escolhido prova a falácia do argumento. É que o Agrupamento de Escolas de Paços de Brandão recebeu em 2015, pela mão do ex-ministro Nuno Crato, um crédito de horas “pela eficácia educativa” e “redução do abandono escolar”. Foi mesmo, de entre todos os agrupamentos do país, um dos oito que receberam a distinção máxima.

Marques Mentes“, de Mariana Mortágua (JN). O resto está aqui.

Mariana Mortágua e a arte da demolição

Chega a ser comovente, o semblante de Maria Luís Albuquerque no final da intervenção demolidora da Mariana Mortágua, que recordou a inicialmente sorridente ex-ministra que o governo que integrou falhou sucessivamente todas as metas a que se propôs. Que mais não fez do que um exercício de subserviência face ao poder quase-absoluto de Bruxelas. Que o pensamento político e económico do PSD não passa de um reflexo das exigências de Bruxelas. Porque não existe. O PSD obedece. 
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O triunfo das Mulheres do Bloco

Mulheres

Num país de valores antiquados e conservadores, a cena política é ainda dominada por homens. É certo que já tivemos Maria de Lurdes Pintasilgo a chefiar o governo durante escassos meses, Assunção Esteves a presidir à Assembleia da República e umas quantas ministras e secretárias de Estado, sempre em acentuada minoria face aos seus pares do sexo oposto, mas a verdade é que a política portuguesa ainda é um couto masculino e nada parece indicar mudanças no curto prazo.

Depois temos o Bloco de Esquerda. Coube a Catarina Martins a difícil sucessão do carismático Francisco Louçã, num dueto inesperado e temporário com João Semedo, mas, depois de uma campanha eleitoral extremamente bem-sucedida para as Legislativas, foi sob sua liderança que o Bloco conseguiu o seu melhor resultado eleitoral de sempre e, mais simbólico ainda, foi com Catarina Martins que os muros à esquerda caíram e possibilitaram o histórico acordo de governo que permitiu derrubar a coligação PàF. [Read more…]

Sérgio Monteiro, “O predador”

A radiografia do privatizador, por Mariana Mortágua.