Portugal, o atraso económico e os empresários terceiro-mundistas

Quando se discute a fuga de jovens para o estrangeiro, o debate centra-se muito na questão fiscal e muito pouco nos baixos salários e na ganância de empresários que querem CVs de excelência a preço de imigrante ilegal de Odemira. Profissionais qualificados têm um custo proporcional às suas competências. E, se o ordenado for proporcional e justo, os impostos serão um problema menor. Não é à toa que as sociedades mais prósperas assentam em modelos sociais apoiados em impostos altos.

Um tecido empresarial com visão terceiro-mundista é inimigo do desenvolvimento e nunca, em momento algum, alavancará uma economia de primeiro mundo. Passamos os dias a falar nos fracos políticos que temos, mas é igualmente importante debater, sem medos, o problema dos empresários que querem pagar 760€ a jovens com mestrados. Quando não são doutoramentos. Sem noção não saímos da cepa torta.

Desculpem lá, mas isto só pode ser gozo

(…) a decisão de não avançar para a equiparação das licenciaturas pré-Bolonha a mestrados, conforme tinha sido anunciada em Março, “decorreu da consulta pública” sobre o novo diploma (…)

“Dados os resultados da consulta pública, que contou com mais de 100 contributos, foi considerado pelo Governo que não devia ser alterado o enquadramento legal existente”

“é para isso que servem as consultas públicas” [Público]

Estas declarações são do ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor, o que deu o dito pelo não dito, faltando saber porquê. À Antena 1 afirmou, inclusivamente, que tal não havia sido prometido.

Mas qual consulta pública? É público algo que não se sabe que existe? 100 contributos? Que representatividade tem esta amostra no número de licenciados pré-Bolonha? Marginal, obviamente.

Eis o exemplo do político-gelatina, incapaz de manter a palavra e contorcendo-se entre explicações sem explicar a reviravolta. Foi o ministro das finanças que não autorizou?!

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O papel

Onde está a diferença entre um curso de 5 anos e um curso de 5 anos? No papel, acessível por uns milhares de euros. Grão a grão se enche o papo do financiamento do ensino superior.

Sócrates e Relvas reeditados em Madrid

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Fotografia@El Boletin

Sócrates fez cadeiras ao Domingo, Relvas teve equivalências a várias cadeiras da Universidade da Vida, muito popular no Facebook, e Cristina Cifuentes, líder do governo regional de Madrid, obteve um mestrado com notas falsificadas, avança o El Diario, citado pelo Expresso.

A investigação do jornal espanhol revela que a classificação do trabalho final do mestrado, “Não apresentado”, foi alterada para “Muito bom”, dois anos após a conclusão dos estudos da conservadora, e acrescenta que Cifuentes raramente ia às aulas e terá feito exames em datas diferentes dos demais alunos.  [Read more…]

Maria de Belém

Só para relembrar, que isso já foi há uns anos, quem é que lhe pagou mesmo o Mestrado?

Dijsselbloem meets Miguel Relvas

Eurogrupo           Foto@Freedom Bytes

Jeroen Dijsselbloem, ministro das Finanças holandês, presidente do Eurogrupo e ponta de lança do Austeridade FC, foi apanhado num momento Miguel Relvas: o seu CV referia um mestrado em Economia Empresarial pela universidade de College Cork, Irlanda, algo que, infelizmente para Dijsselbloem, nunca seria possível na medida em que tal mestrado simplesmente não existe na referida universidade.

Vamos imaginar, por breves momentos, que o CV aldrabado era de Varoufakis. Conseguem imaginar a tropa de choque do regime, montada nos seus unicórnios cor-de-rosa, bandeira com os focinhos de Hayek e Hitler em riste, a despejar chumbo grosso no alvo do momento? Seria épico mas, as far as we know, a cavalaria do regime terá que esperar porque o CV do Varoufakis é mesmo dele, não um embuste pseudo-académico relviano (acho que inventei uma palavra).

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Uma prova para o Sr. deputado

Há sempre uma surpresa ao voltar de uma página.michael

A FENPROF levou ao Parlamento a questão da prova de Nuno Crato aos Docentes Contratados. Trata-se de um instrumento humilhante para quem, há anos e anos, educa os nossos alunos. Gente com formações diversas, cada vez mais ao nível dos Mestrados e dos Doutoramentos, se calhar um bocadito, quase nada, ao nível de alguns dos nossos deputados…

Fui espreitar, confesso, o currículo destes representantes e eis que vi com agrado o currículo do Michael Seufert. Eu que não sou de intrigas, que não gostei nada das questões em torno das habilitações de outros personagens, fiquei curioso e tenho uma pergunta que talvez alguém me possa ajudar a responder:

– é possível frequentar um Mestrado sem ter concluído uma licenciatura?

Se calhar é, mas não deixa de ser curioso, que um estudante como este venha sugerir que os Professores façam a Prova! Deve ser para evitar repetir o erro dos docentes que o deixaram chegar à Faculdade. Só pode!

Para quando o mestrado para orientador de aparcamento de viaturas?

Para quando o mestrado para “orientador de aparcamento de viaturas”? Ou, como denominam os invejosos e os ignorantes, para “arrumador”?

É mais do que tempo, que diabo!

Para quem queira inteirar-se melhor, é só clicar aqui.

Entretanto, ao ler o anúncio, vem à minha memória os discursos acerca do Alqueva, do Alentejo, do regadio, da agricultura, das prioridades, etc. Não sei porquê…

Boston Legal

Curriculum de Valter Lemos

 

 

Curriculum de Isabel Alçada

 

 

Sobre estes Mestrados feitos em Boston, ver  aqui.