Desconversas em família

marcelo caetanoAguiar-Branco vem defender o direito de Passos Coelho a criticar o Tribunal Constitucional ou o Grupo Desportivo Leões da Agra. Congratulo-me com a preocupação que o ministro da Defesa revela com os direitos adquiridos, como, por exemplo, o direito a criticar.

É certo que foi o mesmo Aguiar-Branco a propor ao bispo das Forças Armadas que escolhesse “entre ser bispo das Forças Armadas e ser comentador político”, quando dom Januário criticou o governo. Seria importante que o ministro publicasse uma lista dos cargos que retiram ao respectivo detentor o direito a criticar instituições. O de primeiro-ministro, felizmente, não é um deles.

Voltando à vaca fria, concordo com Aguiar-Branco: o Tribunal Constitucional pode e deve ser escrutinado e criticado. E, sim, o primeiro-ministro tem direito a exercer esse escrutínio e essa crítica. Penso, ainda, que Passos Coelho não deve ser obrigado a escolher entre manter-se em funções e fazer comentário político.

Num país civilizado, no entanto, o primeiro-ministro que critica outro órgão de soberania deve fazê-lo de modo extremamente responsável. No caso dos acórdãos do Tribunal Constitucional, Passos Coelho tinha a obrigação de apontar os erros cometidos, explicar quais as falhas na interpretação dada à Constituição, tornando evidente a falta de bom senso dos juízes. Em vez disso, de acordo com a sua natureza, limitou-se à rábula do “aumento da factura” e apontou para o Ratton expiatório. Um dia, havemos de viver num país civilizado.

Editora Leya confirma inutilidade do acordo ortográfico

Segundo muitos defensores do chamado acordo ortográfico (AO90), o mundo lusófono, por obra e graça de tão fantástico instrumento, iria ficar coberto de edições únicas. Basta lembrar o que disseram Fernando Cristóvão e Evanildo Bechara, entre outros.

A editora Leya é praticante da religião acordista e, depois de ter comprado meio mundo editorial em Portugal, estendeu os seus negócios ao Brasil. Tal circunstância poderia servir, portanto, para confirmar que as edições brasileira e portuguesa das mesmas obras seriam completamente iguais.

A propósito, Thais Marques, directora de marketing da Leya no Brasil, produz estas surpreendentes declarações:

A facilidade do idioma comum, segundo a diretora, não pode ser apontada como um facilitador, já que muitas obras seguem passando por um processo de “abrasileiramento” ou, ao contrário, quando se trata de obras brasileiras levadas a Portugal.

“Não adaptamos obras literárias, mas livros de ficção comerciais continuam a ter de passar por uma edição, para ser ‘abrasileirados'”, comenta, a acrescentar que os direitos de publicação de obras estrangeiras, por exemplo, são feitos país a país e muitos títulos que são da Leya no Brasil, não o são em Portugal.

O português utilizado é um pouco estranho, com uma “facilidade” que não é “um facilitador” ou a referência a um contrário de “abrasileiramento” que poderá corresponder a um “desabrasileiramento”. Independentemente disso, é fácil perceber que a Leya não tem edições iguais para os dois países e Thais Marques chega ao ponto de afirmar que, no fundo, estamos separados por uma língua comum.

Nada de novo: o poder dos levianos é o prejuízo dos cidadãos. Enquanto os primeiros brincam aos acordos, os outros são reduzidos a mexilhão, vítimas de uma instabilidade ortográfica que é filha de uma quimera.

Tu, que Virginalizas o Paleio

Imaginemos que num Regime como o nosso um Primeiro-Ministro estava mesmo a tornar-se perigoso [o que de facto já aconteceu e só se resolveu graças a eleições, tardias!, PM cuja periculosidade mostra-a o respectivo legado, este mar de merda em que vogamos, meio mundo de contas para pagar, desemprego massivo, carências básicas, emigração angustiosa, choro e ranger de dentes]. Quem, dentre todos os caramelos da política, dentre toda a fauna de avençados e subvencionados vitaliciamente graças a ela; quem dentre os mega-advogados do Regime, os proenças, os júdice, os abancados nas TV, os abonados dos Orçamentos porque sim; quem dentre todos os filhos dilectos do Regime poderia falar e ser credível para nos avisar?! Qualquer um, menos Alegre, um hipócrita, perito em virginalizar o discurso capitão-gancho de uma vida passada a descansar, a passear e a suspirar. Qualquer um, menos Soares. No entanto, a cansativa jacobinância alternante está sempre aí, à boca da antena. Surge sumo-sacerdotal, indigna-se, caga sentenças, opina definitivamente. E é sempre a mesma, para nos lembrar quem efectivamente tutela isto com os seus vastos abdómens e quem é que tem o direito exclusivo a apascentar a nacional mediocridade tal como ela é, com as bancarrotas corruptas que pariu desde os idos de setenta e o statu quo que a nada aspira senão à cepa torta.

Morte, Orgias, Nudismo

Os bons princípios do PC chinês estão a ser corrompidos pelas seduções ocidentais: mortes de luxo dentro de Ferraris, filhos do papá nus dentro dos Ferraris com gajas nuas para sexo a alta velocidade dentro dos Ferraris, indemnizações fraudulentas às famílias das gajas nuas gravemente feridas que depois morrem fora dos Ferraris dos filhos Partido contra a parede.

José Luis Arnaut

Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és

Passos e Fidel

Passos e Fidel têm em comum o auto-entretenimento em habilidades discursivas, prolongadas no tempo, para audiências encurraladas. Fazem-no sem papéis. Que a dejecção oral durasse para lá do sono e do interesse humanamente suportável pelos demais relevou um vector sádico em Fidel e começa a ser visto como vício doutrinário que sodomiza psiques em Passos. A longevidade de Fidel não o canoniza nem absolve de uma série de crimes e intolerâncias só possíveis sob a religião de Estado “comunismo”, quando o comunismo, na defesa dos seus dogmas, era muito mais mortífero que muitas ditaduras de Direita somadas. Adiante.

Ora, Passos, que vai tendo cada vez menos cabelo, além de improvisar imperdoavelmente durante uma hora ou mais, vitimando as mais variadas audiências, diz umas coisas que geram nos Socialistas mais viscerais e na Esquerda mais guardiã do templo um tipo de rasgar de vestes que merece tese ou divã, uma reactividade exagerada, muito própria do mais fanático dos mullah. Se o Das Kapital já quase não é citado nem googleado e a Bíblia perde foros de best-seller, por que motivo há-de ser poupada à crítica e à blasfémia a Constituição da República Portuguesa, um texto desdentado e datado, Corão que pouco nos rege e pouco nos guia?! E por que motivo os juízes que presuntivamente velam por ela, colocados pelos partidos e partidarizadores do que ajuízam, não podem ser objecto de contraditório?! [Read more…]

Piropos

antero80

Alto e pára o baile

Vou citar para vós o que, em letras gordas, vinha nos jornais portugueses, e não só, nos últimos dias:

“MERKEL QUER MAIS AUSTERIDADE NOS PAÍSES EM DIFICULDADE”;

“CRISE RENDEU À ALEMANHA MAIS DE 50 BILIÕES DE EUROS”;

“PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA ALEMÃ, ULRICH GRILLO, PROPÕE COMO ALTERNATIVA NA RESOLUÇÃO DA CRISE GREGA QUE ATENAS TRANSFIRA PARTE DO PATRIMÓNIO NACIONAL PARA O FUNDO DE RESGATE EUROPEU, QUE PODERÁ VENDÊ-LO PARA SE FINANCIAR”.

Esta é uma verdadeira declaração de guerra destruidora, sem tiros nem bombardeamentos, contra a Grécia, Chipre, Malta, Irlanda, Itália, Espanha e Portugal. Que ninguém caia na tola ilusão de pensar que esta ameaça é contra os outros, não contra Portugal. É contra todos estes e, lá mais para diante, atingirá a França e outros mais. Render os países em dificuldade pela fome, criar-lhes uma situação económica e financeira tal que, caídos na miséria, não terão meios de amortizar a dívida e pedirão mais empréstimos aos agiotas. A pouco e pouco, apanhar-lhes tudo o que tiverem de mais valioso no seu património a pretexto de amortizar a dívida. Quem sabe até se as ilhas que pertencem a alguns países em perda de soberania. [Read more…]

Coelho transforma-se em porco

pocilgaOs animais nunca deixaram de falar. Na verdade, estou ansioso por ouvir uma história que comece por “No tempo em que os animais se calaram…”, porque já falaram muito mais do que deviam.

Devo dizer que gosto muito de animais, porque, como se costuma dizer nas revistas femininas, se eu não gostar de mim, quem gostará? Para além disso, tenho por eles um enorme respeito e é por isso que acredito que não devem estar fechados em jaulas ou dirigir governos de países: enjaulados, são infelizes; governando, atacam os seres humanos.

Nem sempre é fácil distinguir onde começa o animal e acaba o homem, mas este, tal como o imagino, não se rege pela lei da selva e procura viver numa sociedade em que os mais fracos são protegidos. Infelizmente, quando o homem é um animal político, revela uma triste tendência para confirmar Plauto, quando dizia que o “homem é lobo do homem”. Justiça seja feita a José Sócrates, que admitiu ser um animal feroz.

Por esta altura do ano, em Castelo de Vide, há como que uma transumância que junta jovens animais políticos. O objectivo é aprender a caçar com os mais velhos. [Read more…]