O bico ao prego

O texto de João Paulo (aqui abaixo) deixou-me espantado. O professor João Paulo, elemento activo de uma classe profissional que é das mais importantes de todas ao longa da história, prefere não julgar por antecipação, dado que não tem todos os elementos ao seu dispor sobre o caso da professora de Espinho. Aceito. Tem toda a lógica.

No entanto, aproveita o momento para analisar a riqueza linguística da letra de uma das bandas da moda. Uma letra cujo teor incomoda. Bem sei que a ideia não é desculpar o eventual erro da senhora professora. Acho, pelo menos é a minha ideia, que João Paulo quer dizer não haver grande mal, se o houver, em falar de sexo nas aulas, porque a miudagem está farta de ouvir falar disso.

Só que este é um argumento pouco consistente. A letra de Da Weasel hoje é tão agressiva como os gingares de anca do Elvis nos anos 50, as letras de alguns temas dos Beatles, Pink Floyd ou Deep Purple nos anos 60, para não falar de Sex Pistols nos anos 70, entre muitos outros. Será que o incómodo acontece porque, desta vez, a professora não é, não pode ser, considerada vítima, mesmo que possa não ser uma culpada? Será que é por, desta vez, a haver responsabilidades, não se pode atirar a culpa para cima do ministério ou da DREN?

É claro que os jovens, mesmo os acabados de chegar à adolescência, sabem mais de sexo, ou da palavra sexo, do que há uns anos atrás. É a evolução. Há sexo a toda a hora na televisão, nos programas juvenis, na publicidade, nas notícias, em conversas de café, em ‘bocas’ que se mandam em reuniões de família. Está lá, ponto.

O problema, aqui, não está apenas nos comentários impróprios. Está também, e sobretudo, na atitude, nas ameaças e intimidações que terão sido feitas. E, neste aspecto, não vale iludir as palavras.

Comments

  1. […] a tornar num país de “bufos”. Não é a questão partidária. Não é a questão se os comentários da professora são próprios ou não. Tudo isso foi bem analisado e se calhar até em demasia, por toda a […]

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